Marino escreveu:Os navios com radares phased array já são realidade.
Os países que utilizam o SPY americano são os EUA, Japão, Espanha e Noruega, se não me esqueço de nenhum mais.
Os europeus estão usando o sistema APAR (Active Phased Array Radar), e são a Alemanha, com sua espetacular F-124, a Holanda, com a De Zeven Provincien, a Itália e França, creio que usarão na FREEM, Grécia, com FREEM, se também não me esqueço de outro país.
Este é um problema sério. Estamos caindo no gap tecnológico que existia antes da incorporação das Niteroi, quando usávamos CTs americanos com sistemas analógicos da WW II.
Qualquer navio novo a ser construído no Brasil deve levar em conta 2 premissas:
1) Radar Phased Array; e
2) Sistemas de Lançamento Vertical.
Acredito que o caminho seja este Marino.
Hoje existe uma boa oferta de itens tanto para mísseis de lançamento vertical quanto radares phase array na Europa, e devemos ter algumas novidades em Israel nos próximos anos. O problema é o de sempre, o preço anda um pouco salgado, mesmo para bolsos primeiro mundistas, o que dirá na América do Sul.
Acho que devemos adotar algumas outras premissas também sobre a construção destes futuros navios. A MB desenvolveu com grande competência sistemas de guerra eletrônica, data link e sistemas de controle de dados, que não podem ser negligenciados de forma alguma neste novo projeto.
Parece obvio, mas as vezes no Brasil acontece. Programas como o Mirage-2000C, P-3BR, são exemplo maravilhosos de ir na contra mão do que já produzimos localmente. O próprio projeto do radar SCP-01 é outro exemplo, em 1988 encomendaram um projeto que não serviria para equipar os futuros caças F-5 e Mirage III que na época sabia-se que passaria por modernização futura. Enquanto a MB pensava 15 anos a frente no ModFrag a FAB pensava 10 anos atrasada no programa F-5BR e A-1M.
Existem algumas abordagens também sobre a filosofia de projeto. Uma idéia seria a melhoria do projeto base da classe Niterói. A outra seria a compra de um projeto base na Europa.
Eu particularmente sou pragmática. Teríamos que perguntar. Qual a opção mais barata?
Digo isto, porque idealmente claro que seria desejável projetar o navio todo, mas como não temos recursos, acredito que uma economia em projeto e construção do casco propriamente dito, seria uma ótima oportunidade de investirmos na qualidade de sensores e armamentos.
Como o programa AMX ou a Classe Inhaúma mostrou, é questionável construirmos a plataforma, de uma maneira geral ambos são projetos de plataformas apenas medianos, e não existir recursos para melhorar a plataforma a um nível de sistema de armas pleno.
E a tecnologia nacional?
Bem, a tecnologia nacional, teria que estar no software, em alguns sensores, em alguns armamentos, e uma abordagem logística e operacional melhor.
Acredito que possamos chegar a conclusão de que não vale nem a pena construirmos o navio no AMRJ, sendo montado na Europa, e recebendo a montagem final no Brasil de acordo com a especificações da MB. Se isto tornar o processo mais barato, rápido e racional, porque não?
A cada dia que passa, estou convencida que o AMRJ deve focar mais a construção de submarinos, uma atividade que sim, é primordial o seu domínio. Eventualmente podemos manter a capacidade nacional de construção de navios de superfície em projetos mais simples como o NaPaOc.
Outra abordagem sobre estes navios que possa ser interessante ao debate, é sobre um projeto puramente Diesel com velocidade de 25 nós, como as La Lafayette, a custo de aquisição e manutenção inferiores, ou um projeto COGAG ou GOGOD como temos hoje, caso a velocidade de 30 nos por pequenos períodos seja imprescindível. Confesso que não tenho conhecimento operacional para opinar.
O fato é que este tipo de programa, seja no Brasil, seja na Europa ou em qualquer pais, desperta questões políticas e sindicais que são muitas vezes contraditórias ao caminho ótimo de custos e prazos.
Se conseguirmos uma visão racional sobre este projeto, como definirmos exatamente o que é importante ser de domínio nacional e o que é mais pratico e barato importar, bem, ai temos a chance de construir ótimos navios.
O impacto destas novas escoltas, como você citou Marino, é o mesmo da Classe Niterói, porem o Brasil de hoje não é o mesmo do de 30 anos atrás, o nível de complexidade de um navio estado da arte, cresceu exponencialmente. Repetir o ótimo trabalho feito na classe Niterói, é um desafio hoje muito maior, e para desafios grandes, só existe uma opção.
Estratégias excelentes. O mediano nos conduz ao mediano.