As últimas mensagens dos soldados.
Enviado: Qui Mar 25, 2004 7:14 pm
AS COISAS QUE ELES ESCREVERAM.
New York Times, 21 de março de 2004.
Um ano atrás, nesse dia, a América sofreu suas primeiras baixas da guerra no Iraque: um helicóptero caiu no deserto próximo a Cidade do Kuwait, matando quatro fuzileiros navais, enquanto outros dois foram mortos por fogo de armas leves.
No outono passado, a editoria publicou trechos de cartas para casa de alguns homens e mulheres que morreram no Iraque. Desde então, mais 176 soldados foram mortos, de acordo com o Pentágono, elevando o número total de baixas para 570. Abaixo estão trechos de algumas das últimas cartas que alguns militares do Exército dos Estados Unidos, enviaram para suas famílias.
Trechos das cartas para sua esposa, do 2º tenente Todd J. Bryant, 23 anos, de Riverside, Califórnia.
Ele era líder de pelotão de tanques da Companhia C, I Batalhão do 34º Regimento Blindado, 1ª Brigada da 1ª Divisão de Infantaria (Mecanizada). O tenente Bryant foi morto em 31 de outubro, por uma bomba caseira, enquanto patrulhava próximo a Fallujah. Ele havia se casado com sua amada Jenifer, no dia 30 de agosto de 2003, dez dias antes de ser enviado para o Iraque.
Sexta-Feira, 19 de setembro, 2003.
Faltam-me palavras para expressar o redemoinho de emoções que estou atravessando agora. Ainda estamos no Iraque, um dia depois de regressar à nossa base. Por enquanto, as estradas estão seguras, mas amanhã, vamos voltar ao "território índio": lá tem havido numerosos ataques ao longo da nossa rota e, francamente, estou assustado. Amanhã, vou descobrir se quatro anos em West Point e 250 mil dólares do dinheiro do contribuinte produziram um lider eficiente. Não sei se vou conseguir dormir essa noite, mas vou tentar.
A imagem que continua aparecendo na minha mente é de você, naquela nave lateral da igreja, quando seu pai colocou sua mão sobre a minha. Tudo o que penso é nisso - e como nos unimos para toda a vida. É por isso que eu preciso fazer o melhor que puder e voltar, são e salvo, para você. Sua família confiou você à mim, e eu não posso tomar conta de você, se não puder tomar conta de mim. Eu te amo, com todo meu coração.
Segunda-Feira, 22 de setembro
Hoje, as coisas não foram muito bem. Saímos em missão, no início da tarde. Logo antes do local onde deveríamos fazer a volta e retornar, fomos alvejados. Eu estou OK... Esses "Humvees" blindados são muito bons, mas eu preferia estar no meu tanque. Nós tivemos um outro sujeito ferido mas, graças à Deus, nada sério.
Quinta-feira, 25 de setembro
Bem, hoje tivemos todos os tipos de contato e, graças à Deus, ninguém saiu ferido. Eu continuo pressionando o comandante para tentar descobrir quanto tempo vamos continuar aqui. Ele não sabe, é claro, e só pode especular. O negócio é que, se ele disser seis meses, e acabar sendo doze, isso iria matar o moral. E o moral já está bem baixo aqui, como você pode imaginar. Sem correspondência, uma porção de trabalho, calor e a comida ruim fazem isso com uma tropa.
Terça-feira, 30 de setembro
Hoje foi tudo calmo. Tivemos uma missão de manhã, sem incidentes, graças à Deus. Então eu fui à igreja e, quando voltei, tudo estava legal. Estar aqui me fez apreciar tantas coisas, é gozado - coisinhas como ir ao Wal-Mart ou ao IHOP *. Eu te amo tanto, Jen, e eu sinto a sua falta, mais do que qualquer outra coisa. Eu não quero mais ficar outro dia longe de você, enquanto eu viver. Depois que eu sair do Exército, daqui há três anos e nove meses, eu acho que vou ter de arrumar um trabalho que não exija viagens de negócios...
(*) Uma cadeia de restaurantes.
Segunda-feira, 20 de outubro
Esse lugar é assustador. É doloroso ser tão jovem e ter de se perguntar, todo dia, se você vai ver o amanhã. Qualquer dia que não temos missão, como hoje, é um dia muito bom. Eu tento imaginar quanto tempo mais até que voltemos para casa, mas eu compreendo que toda vez que saio dos portões é perigoso. Tanto quanto eu saiba, ainda estamos programados para ficar aqui, até março.
Sábado, 25 de outubro
Hoje foi muito perturbador. Estávamos fazendo nossa limpeza de rota usual, quando recebemos um chamado de rádio de que um comboio civil tinha sido atacado, cerca de oito quilômetros à nossa frente. Nós aceleramos e asseguramos a área, para que pudéssemos ministrar assistência médica. Já havia um par de "Bradleys" lá, quando chegamos. Portanto, nós desembarcamos nosso médico e começamos a estabelecer a segurança, e um dos "Bradleys" chamou a evacuação médica. Nós asseguramos uma zona de desembarque para o helicóptero chegar.
Bem, uma viatura havia sido atingida por uma bomba que rompeu o tanque de gasolina, e ela pegou fogo. Duas pessoas morreram e uma foi levada ao hospital antes que chegássemos. O resto estava amontoado por trás de uma das "vans" remanescentes. Um sujeito era um contratador americano e tinha alguns guarda-costas britânicos. A segunda "van" tinha três corpos nela, um dos quais estava bem feio, porque a espinha do sujeito havia sido rompida e sua cabeça pendia dela. Eles morreram como resultado de fogo de armas leves, provalvemente AK-47. Fez-me sentir bem, de estar em um caminhão blindado.
Quinta-feira, 30 de outubro (o penúltimo dia de vida do tenente)
Hoje, acordamos bem cedo, para uma missão. Eu saí e fiz um reconhecimento de estrada, de rotina, e voltei. Logo quando eu deitei para tirar um cochilo, recebemos um chamado dizendo que havia um protesto no portão da frente, e nós tínhamos de ir estabelecer a segurança. Isso durou umas 4 horas e meia. Quando voltamos disso, tivemos outro serviço a fazer, portanto, sem cochilo para mim.
Mas, depois da tempestade, a calmaria, e essa veio quando chegaram as cartas de casa! Seis cartas e um pacote! Oba! Eu tenho a melhor esposa do mundo... Todas as suas cartas foram maravilhosas e vão fazer a minha alegria toda a semana, e provavelmente, até novembro.
Trechos de uma carta para sua mãe e seu padrasto, do capitão Pierre E. Piché, 29 anos, de Starksboro, Vermont. Ele foi designado para o Batalhão de Apoio Avançado 626, da 101ª Divisão Aeroterrestre (Assalto Aéreo), Forte Campbell, Kentuck.
O Capitão Piché foi morto em 15 de novembro, quando seu helicóptero chocou-se com outro aparelho, próximo a Mosul.
Quarta-feira, 6 de agosto de 2003.
Posso dizer que vou estar em casa no início de fevereiro... Definitivamente, estou procurando um jeito de sair da vida militar. Foi bom o que ela fez por mim, eu não lamento nada, mas é hora de sair. Eu vejo que o futuro reserva uma porção de outros desdobramentos... estou orgulhoso de defender meu país, mas eu não quero ficar defendendo ele, constantemente, pelos próximos 10-15 anos.
Estou pensando no magistério ou na polícia, quando eu sair. De um jeito ou de outro, eu ainda quero fazer um trabalho que tenha um impacto positivo no mundo. Eu não sou algum idealista que acha que pode mudar o mundo, mas eu ainda posso fazer algo de bom. Eu quero ser capaz de acreditar no que estou fazendo. Eu prefiro o caminho do magistério, porque tem uma programação mais previsível e eu posso ficar falando de política e história o dia inteiro (algo que eu gosto muito). Eu tive alguns bons professores, quando cresci, e eu acho que seria legal se eu pudesse fazer o que eles fizeram.
Trechos de uma mensagem de e-mail, para sua família, da praça de primeira-classe Holly J. McGeogh, 19 anos, de Taylor, Michigan.
Ela era uma mecânica de caminhões leves, designada para a Companhia A, 4º Batalhão de Apoio Avançado, 4ª Divisão de Infantaria (Mecanizada), de Forte Hood, Texas. A praça McGeogh foi morta em 31 de janeiro, próximo a Kirkuk, por uma IED, jargão militar para dispositivo explosivo improvisado (Improvised Explosive Device).
Segunda-feira, 5 de janeiro de 2004.
Oi, gente, como vai esse lado do mundo? As coisas estão OK, aqui. Hoje, quando minha seção atravessou os portões, vimos alguém jogar uma lata no chão, e pensamos que fosse uma IED. Assim, eu parei no ato, e recuei. Nós estabelecemos segurança. Então, chamamos a Companhia Charlie para dar uma olhada.
Bem, terminou que não era uma IED. Eu me senti um pouco embaraçada, mas ao mesmo tempo, eu sabia que tinhamos feito a coisa certa. E eu tenho plena confiança no pessoal com quem eu sirvo - se eles sentem que a vida de alguém está em perigo, eles fazem tudo que está ao seu alcance para não deixar nada acontecer.
De qualquer modo, isso foi a coisa mais excitante que aconteceu hoje - até agora. Tudo aqui está bem e eu estou me saindo bem... Eu sou muito grata por ter uma família tão amorosa! Eu realmente mal posso esperar para voltar para casa. Eu não posso esperar para ver todo mundo, eu realmente sinto taaaaaanto a falta de todos vocês - se não fosse por vocês, pessoal, eu nunca seria capaz de passar por tudo isso.
Trechos de uma carta e mensagem de e-mail para sua família do sargento Michael A. DiRaimondo, 22 anos, de Simi Valley, Califórnia. Ele foi designado para a Companhia Médica 571 (Ambulância Aérea), Forte Carson, Colorado.
O sargento DiRaimondo, que planejava se tornar um bombeiro paramédico, foi morto em 8 de janeiro, quando seu helicóptero foi abatido durante uma missão de evacuação médica, próximo a Fallujah.
Quinta-feira, 4 de setembro de 2003
A vida é tão preciosa. Viver dia após dia, com boa saúde, ou apenas feliz, provavelmente é o que me faz tão feliz agora. Eu tento não pensar que o que faço me deixa feliz. Apenas estar vivo, ter uma família maravilhosa, bons amigos, olhar o nascer do sol, manhã após manhã - é isso que me faz sentir bem. Eu acho que as pessoas levam suas vidas como se elas fossem garantidas. Alguns apenas ainda não atingiram aquela parte de suas vidas onde se pára e se diz, "Eu sou uma pessoa tão sortuda por ter a vida que eu tenho."
Domingo, 4 de janeiro de 2004
O Dia de Ano Novo foi muito ocupado para mim. Ele começou às 5 da manhã, e se prolongou por horas. Missão após missão. Eu tive oito pacientes nesse dia. Eu perdi um, mas nada poderia ajudá-lo quando eu cheguei até ele. Foi triste, mas todos temos que continuar. É uma coisa triste pensar que eu posso ver isso e, então, ir lanchar como se nada houvesse acontecido. Mesmo assim, eu sempre vou lembrar desse soldado.
A maioria dos caras não gostam desse serviço, porque você vê uma porção de coisas sangrentas. Mas eu vejo como um treinamento pra o futuro. Estive pensando, um bocado, sobre o meu futuro, ultimamente. Quem sabe o que vai acontecer, certo?
New York Times, 21 de março de 2004.
Um ano atrás, nesse dia, a América sofreu suas primeiras baixas da guerra no Iraque: um helicóptero caiu no deserto próximo a Cidade do Kuwait, matando quatro fuzileiros navais, enquanto outros dois foram mortos por fogo de armas leves.
No outono passado, a editoria publicou trechos de cartas para casa de alguns homens e mulheres que morreram no Iraque. Desde então, mais 176 soldados foram mortos, de acordo com o Pentágono, elevando o número total de baixas para 570. Abaixo estão trechos de algumas das últimas cartas que alguns militares do Exército dos Estados Unidos, enviaram para suas famílias.
Trechos das cartas para sua esposa, do 2º tenente Todd J. Bryant, 23 anos, de Riverside, Califórnia.
Ele era líder de pelotão de tanques da Companhia C, I Batalhão do 34º Regimento Blindado, 1ª Brigada da 1ª Divisão de Infantaria (Mecanizada). O tenente Bryant foi morto em 31 de outubro, por uma bomba caseira, enquanto patrulhava próximo a Fallujah. Ele havia se casado com sua amada Jenifer, no dia 30 de agosto de 2003, dez dias antes de ser enviado para o Iraque.
Sexta-Feira, 19 de setembro, 2003.
Faltam-me palavras para expressar o redemoinho de emoções que estou atravessando agora. Ainda estamos no Iraque, um dia depois de regressar à nossa base. Por enquanto, as estradas estão seguras, mas amanhã, vamos voltar ao "território índio": lá tem havido numerosos ataques ao longo da nossa rota e, francamente, estou assustado. Amanhã, vou descobrir se quatro anos em West Point e 250 mil dólares do dinheiro do contribuinte produziram um lider eficiente. Não sei se vou conseguir dormir essa noite, mas vou tentar.
A imagem que continua aparecendo na minha mente é de você, naquela nave lateral da igreja, quando seu pai colocou sua mão sobre a minha. Tudo o que penso é nisso - e como nos unimos para toda a vida. É por isso que eu preciso fazer o melhor que puder e voltar, são e salvo, para você. Sua família confiou você à mim, e eu não posso tomar conta de você, se não puder tomar conta de mim. Eu te amo, com todo meu coração.
Segunda-Feira, 22 de setembro
Hoje, as coisas não foram muito bem. Saímos em missão, no início da tarde. Logo antes do local onde deveríamos fazer a volta e retornar, fomos alvejados. Eu estou OK... Esses "Humvees" blindados são muito bons, mas eu preferia estar no meu tanque. Nós tivemos um outro sujeito ferido mas, graças à Deus, nada sério.
Quinta-feira, 25 de setembro
Bem, hoje tivemos todos os tipos de contato e, graças à Deus, ninguém saiu ferido. Eu continuo pressionando o comandante para tentar descobrir quanto tempo vamos continuar aqui. Ele não sabe, é claro, e só pode especular. O negócio é que, se ele disser seis meses, e acabar sendo doze, isso iria matar o moral. E o moral já está bem baixo aqui, como você pode imaginar. Sem correspondência, uma porção de trabalho, calor e a comida ruim fazem isso com uma tropa.
Terça-feira, 30 de setembro
Hoje foi tudo calmo. Tivemos uma missão de manhã, sem incidentes, graças à Deus. Então eu fui à igreja e, quando voltei, tudo estava legal. Estar aqui me fez apreciar tantas coisas, é gozado - coisinhas como ir ao Wal-Mart ou ao IHOP *. Eu te amo tanto, Jen, e eu sinto a sua falta, mais do que qualquer outra coisa. Eu não quero mais ficar outro dia longe de você, enquanto eu viver. Depois que eu sair do Exército, daqui há três anos e nove meses, eu acho que vou ter de arrumar um trabalho que não exija viagens de negócios...
(*) Uma cadeia de restaurantes.
Segunda-feira, 20 de outubro
Esse lugar é assustador. É doloroso ser tão jovem e ter de se perguntar, todo dia, se você vai ver o amanhã. Qualquer dia que não temos missão, como hoje, é um dia muito bom. Eu tento imaginar quanto tempo mais até que voltemos para casa, mas eu compreendo que toda vez que saio dos portões é perigoso. Tanto quanto eu saiba, ainda estamos programados para ficar aqui, até março.
Sábado, 25 de outubro
Hoje foi muito perturbador. Estávamos fazendo nossa limpeza de rota usual, quando recebemos um chamado de rádio de que um comboio civil tinha sido atacado, cerca de oito quilômetros à nossa frente. Nós aceleramos e asseguramos a área, para que pudéssemos ministrar assistência médica. Já havia um par de "Bradleys" lá, quando chegamos. Portanto, nós desembarcamos nosso médico e começamos a estabelecer a segurança, e um dos "Bradleys" chamou a evacuação médica. Nós asseguramos uma zona de desembarque para o helicóptero chegar.
Bem, uma viatura havia sido atingida por uma bomba que rompeu o tanque de gasolina, e ela pegou fogo. Duas pessoas morreram e uma foi levada ao hospital antes que chegássemos. O resto estava amontoado por trás de uma das "vans" remanescentes. Um sujeito era um contratador americano e tinha alguns guarda-costas britânicos. A segunda "van" tinha três corpos nela, um dos quais estava bem feio, porque a espinha do sujeito havia sido rompida e sua cabeça pendia dela. Eles morreram como resultado de fogo de armas leves, provalvemente AK-47. Fez-me sentir bem, de estar em um caminhão blindado.
Quinta-feira, 30 de outubro (o penúltimo dia de vida do tenente)
Hoje, acordamos bem cedo, para uma missão. Eu saí e fiz um reconhecimento de estrada, de rotina, e voltei. Logo quando eu deitei para tirar um cochilo, recebemos um chamado dizendo que havia um protesto no portão da frente, e nós tínhamos de ir estabelecer a segurança. Isso durou umas 4 horas e meia. Quando voltamos disso, tivemos outro serviço a fazer, portanto, sem cochilo para mim.
Mas, depois da tempestade, a calmaria, e essa veio quando chegaram as cartas de casa! Seis cartas e um pacote! Oba! Eu tenho a melhor esposa do mundo... Todas as suas cartas foram maravilhosas e vão fazer a minha alegria toda a semana, e provavelmente, até novembro.
Trechos de uma carta para sua mãe e seu padrasto, do capitão Pierre E. Piché, 29 anos, de Starksboro, Vermont. Ele foi designado para o Batalhão de Apoio Avançado 626, da 101ª Divisão Aeroterrestre (Assalto Aéreo), Forte Campbell, Kentuck.
O Capitão Piché foi morto em 15 de novembro, quando seu helicóptero chocou-se com outro aparelho, próximo a Mosul.
Quarta-feira, 6 de agosto de 2003.
Posso dizer que vou estar em casa no início de fevereiro... Definitivamente, estou procurando um jeito de sair da vida militar. Foi bom o que ela fez por mim, eu não lamento nada, mas é hora de sair. Eu vejo que o futuro reserva uma porção de outros desdobramentos... estou orgulhoso de defender meu país, mas eu não quero ficar defendendo ele, constantemente, pelos próximos 10-15 anos.
Estou pensando no magistério ou na polícia, quando eu sair. De um jeito ou de outro, eu ainda quero fazer um trabalho que tenha um impacto positivo no mundo. Eu não sou algum idealista que acha que pode mudar o mundo, mas eu ainda posso fazer algo de bom. Eu quero ser capaz de acreditar no que estou fazendo. Eu prefiro o caminho do magistério, porque tem uma programação mais previsível e eu posso ficar falando de política e história o dia inteiro (algo que eu gosto muito). Eu tive alguns bons professores, quando cresci, e eu acho que seria legal se eu pudesse fazer o que eles fizeram.
Trechos de uma mensagem de e-mail, para sua família, da praça de primeira-classe Holly J. McGeogh, 19 anos, de Taylor, Michigan.
Ela era uma mecânica de caminhões leves, designada para a Companhia A, 4º Batalhão de Apoio Avançado, 4ª Divisão de Infantaria (Mecanizada), de Forte Hood, Texas. A praça McGeogh foi morta em 31 de janeiro, próximo a Kirkuk, por uma IED, jargão militar para dispositivo explosivo improvisado (Improvised Explosive Device).
Segunda-feira, 5 de janeiro de 2004.
Oi, gente, como vai esse lado do mundo? As coisas estão OK, aqui. Hoje, quando minha seção atravessou os portões, vimos alguém jogar uma lata no chão, e pensamos que fosse uma IED. Assim, eu parei no ato, e recuei. Nós estabelecemos segurança. Então, chamamos a Companhia Charlie para dar uma olhada.
Bem, terminou que não era uma IED. Eu me senti um pouco embaraçada, mas ao mesmo tempo, eu sabia que tinhamos feito a coisa certa. E eu tenho plena confiança no pessoal com quem eu sirvo - se eles sentem que a vida de alguém está em perigo, eles fazem tudo que está ao seu alcance para não deixar nada acontecer.
De qualquer modo, isso foi a coisa mais excitante que aconteceu hoje - até agora. Tudo aqui está bem e eu estou me saindo bem... Eu sou muito grata por ter uma família tão amorosa! Eu realmente mal posso esperar para voltar para casa. Eu não posso esperar para ver todo mundo, eu realmente sinto taaaaaanto a falta de todos vocês - se não fosse por vocês, pessoal, eu nunca seria capaz de passar por tudo isso.
Trechos de uma carta e mensagem de e-mail para sua família do sargento Michael A. DiRaimondo, 22 anos, de Simi Valley, Califórnia. Ele foi designado para a Companhia Médica 571 (Ambulância Aérea), Forte Carson, Colorado.
O sargento DiRaimondo, que planejava se tornar um bombeiro paramédico, foi morto em 8 de janeiro, quando seu helicóptero foi abatido durante uma missão de evacuação médica, próximo a Fallujah.
Quinta-feira, 4 de setembro de 2003
A vida é tão preciosa. Viver dia após dia, com boa saúde, ou apenas feliz, provavelmente é o que me faz tão feliz agora. Eu tento não pensar que o que faço me deixa feliz. Apenas estar vivo, ter uma família maravilhosa, bons amigos, olhar o nascer do sol, manhã após manhã - é isso que me faz sentir bem. Eu acho que as pessoas levam suas vidas como se elas fossem garantidas. Alguns apenas ainda não atingiram aquela parte de suas vidas onde se pára e se diz, "Eu sou uma pessoa tão sortuda por ter a vida que eu tenho."
Domingo, 4 de janeiro de 2004
O Dia de Ano Novo foi muito ocupado para mim. Ele começou às 5 da manhã, e se prolongou por horas. Missão após missão. Eu tive oito pacientes nesse dia. Eu perdi um, mas nada poderia ajudá-lo quando eu cheguei até ele. Foi triste, mas todos temos que continuar. É uma coisa triste pensar que eu posso ver isso e, então, ir lanchar como se nada houvesse acontecido. Mesmo assim, eu sempre vou lembrar desse soldado.
A maioria dos caras não gostam desse serviço, porque você vê uma porção de coisas sangrentas. Mas eu vejo como um treinamento pra o futuro. Estive pensando, um bocado, sobre o meu futuro, ultimamente. Quem sabe o que vai acontecer, certo?