Assalto Aeromóvel no vale do Ia Drang

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Piffer
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Assalto Aeromóvel no vale do Ia Drang

#1 Mensagem por Piffer » Sex Dez 22, 2006 9:40 pm

Comecei hoje uma série de posts no meu blog sobre esta operação:
http://pff.blogsome.com/2006/12/22/a-zo ... ntroducao/

É a primeira descrição detalhada de operações históricas que estou fazendo. Deixem suas críticas.

Abraços,




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#2 Mensagem por 3rdMillhouse » Sáb Dez 30, 2006 1:48 am

Vou ler, me interesso muito pelas batalhas da Guerra do Vietnam.




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#3 Mensagem por Pablo Maica » Sáb Dez 30, 2006 4:33 am

Piffer um outro livro interessante que mostra muito bem a situação tática desta batalha é o "7 Batalhas no Vietnam" da biblioteca do exrecito... o primeiro cpaitule é dedicado inteiramente sobre esta operação.


Um abraço e t+ :D




Piffer
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#4 Mensagem por Piffer » Sáb Dez 30, 2006 9:47 am

Pois é... Estou usando ele como uma das fontes de consulta principais.

O que eu descobri, pesquisando é que aquele capítulo é praticamente uma cópia da Análise Pós-Ação que o TC Moore escreveu depois do combate.

Ontem coloquei mais um capítulo lá...




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Clermont
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#5 Mensagem por Clermont » Sáb Dez 30, 2006 11:09 am

Eu tenho esse esse capítulo do "Sete Batalhas" no meu HD, (ou melhor, uma versão traduzida do original). Se alguém tiver interesse, eu posso postar, aqui nesse tópico.




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rodrigo
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#6 Mensagem por rodrigo » Sáb Dez 30, 2006 1:26 pm

Eu tenho esse esse capítulo do "Sete Batalhas" no meu HD, (ou melhor, uma versão traduzida do original). Se alguém tiver interesse, eu posso postar, aqui nesse tópico.
Isso não é pergunta que se faça! Posta logo aí! [080]




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a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
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#7 Mensagem por Piffer » Sáb Dez 30, 2006 1:29 pm

O link para a APA original do TC Moore, que serviu de base para o livro:

http://www.lzxray.com/documents/aar-xray.pdf




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Re:

#8 Mensagem por Clermont » Sáb Mar 07, 2009 8:24 pm

rodrigo escreveu:Isso não é pergunta que se faça! Posta logo aí! [080]
Com um ligeiro - mínimo, insignificante, negligível, coisa à toa, bem pequenininho - atraso, aí vai...

ASSALTO HELITRANSPORTADO - PREPARATIVOS.

John Cash.

Até o outono de 1965 as operações anti-guerrilha, do tipo "bater e correr", contra unidades irregulares vietcong caracterizaram, preponderantemente, a atividade das unidades americanas no Vietnam. Todavia, no decorrer da semana que antecede o dia de Ação de Graças (última quinta-feira de novembro), este tipo de atividade alterou-se drasticamente dentro do vale do rio Ia Drang, região coberta por árvores de pequeno porte e mato ralo e situada na parte ocidental da província de Pleiku, ao longo da fronteira com o Camboja. Ali registrou-se, pela primeira vez, o engajamento de regimentos do Exército Regular do Vietnam do Norte, dirigido por um comando de valor divisão, em combate convencional contra forças dos Estados Unidos.

O I Batalhão do 7º Regimento da 1ª Divisão de Cavalaria (Aeromóvel) desempenhou o papel principal nesta batalha.

O Quartel-General da Frente de Campanha das Alturas Ocidentais do general norte-vietnamita Chu Huy Man havia concebido um ousado plano para operações nas alturas centrais da República do Vietnam, denominado Campanha “Tay Nguyen”, e que seria desencadeado no outono de 1965. O plano inimigo previa uma ofensiva contra o planalto central, abrangendo as províncias de Kontum, Pleiku, Binh Dihn e Phu Bom e visava à destruição dos campos das Forças Especiais em Plei Me, Dak Sut e Duc Co, a destruição da sede do comando do distrito de Le Tahn e a conquista da cidade de Pleiku. As unidades atacantes incluíam os 32º e 66º Regimentos do Exército norte-vietnamita.

No fim do mês de outubro, depois de uma tentativa frustrada para conquistar o campo das Forças Especiais em Plei Me, os 32º e 33º Regimentos foram perseguidos por unidades da 1ª Brigada da 1ª Divisão de Cavalaria na região de Pleiku. Quando o campo em Plei Me se viu ameaçado, as unidades americanas estavam desdobradas a oeste de suas bases em An Khe e engajadas, havia doze dias, tanto em operações de busca e destruição como em operações de reconhecimento em força; a maior parte dessas operações, quase todas bem-sucedidas, implicava em combates renhidos.

(...)

No dia 9 de novembro, a 1ª Brigada (1ª Bda) foi substituída pela 3ª , denominada Brigada Garry Owen, denominação que muito honrava os cavalarianos da 3ª Bda. Originariamente, Garry Owen tinha sido uma canção celta cantada pelos Lanceiros da Irlanda, mas fôra adotada como canção da unidade pelo 7º Regimento de Cavalaria, comandado pelo General Custer, durante as Guerras Índias no séc. XIX (...). Ao substituir a 1ª Bda, a 3ª era constituída pelos I e II Batalhões do 7º de Cavalaria e reforçada, para esta operação, pelo II Batalhão do 5º Regimento de Cavalaria (II/5º).

O major-general Harry O. Kinnard, comandante da 1ª Divisão de Cavalaria (Cmt-1ª DC), receava que os norte-vietnamitas pudessem desaparecer da região; por isto, ordenou ao coronel Thomas W. Brown, comandante da 3ª Brigada (Cmt-3ª Bda), que empregasse suas unidades ao sul e sudeste de Plei Me. Oficial magro e alto, bem escolado em técnicas aeromóveis e muito experiente em táticas de infantaria, o Cel Brown começou a impulsionar uma vigorosa busca no dia 10 de novembro, utilizando patrulhamento de saturação com grupos de combate (GC) e pelotões.
Como, após três dias de patrulhamento, apenas uns poucos norte-vietnamitas fossem descobertos, o General Kinnard ordenou ao Coronel Brown para revistar em direção oeste, rumo a fronteira cambojana. Ansioso para engajar um inimigo que estava se mostrando mais e mais evasivo, Brown focalizou sua atenção na área densamente florestada ao sul do Rio Ia Drang, na base do maciço Chu Pong, uma escarpada massa montanhosa ao longo da fronteira sul-vietnamita com o Camboja.

Para Brown a perspectiva de achar o inimigo próximo às margens do pouco sinuoso Rio Ia Drang pareciam boas. Este setor tinha sido um bastião do Viet Minh que antes havia lutado contra os franceses na Indochina. E durante um recente briefing de inteligência, Brown tinha visto no mapa de situação do G-2, uma grande estrela vermelha indicando uma provável grande base para, pelo menos, um regimento norte-vietnamita, que a poderia estar utilizando como estação intermediária para soldados infiltrando-se no Vietnam do Sul. Tropas amigas, além do mais, não tinham estado nesta área já há algum tempo. Se esses esforços falhassem, o Coronel Brown planejava revistar mais para o sul, ainda mais próximo da fronteira cambojana.

No dia 10 de novembro, sem se deixar abater pelas baixas elevadas ocorridas durante o ataque fracassado contra Plei Me, o General Chu Huy Man decidiu realizar nova tentativa no dia 16. A zona de reunião escolhida para a preparação do novo ataque incluía exatamente a região em que o Cel Brown decidira efetuar a busca.

Durante a ação contra Plei Me o 33º Regimento norte-vietnamita tivera 890 mortos, 100 desaparecidos e 500 feridos do seu efetivo inicial de 2200 combatentes. Na ocasião, o regimento reorganizava-se, transformando-se em batalhão reforçado, no vale situado entre o rio Ia Drang e a colina 542, o pico mais elevado do maciço Chu Pong naquela região. Treze quilômetros a oeste, na margem norte do Ia Drang, achava-se o 32º Regimento, ainda uma considerável força combatente, apesar de haver sofrido perdas no ataque contra Plei Me. A força principal para a segunda tentativa inimiga contra o campo das Forças Especiais americanas em Plei Me, era o recém-chegado 66º Regimento norte-vietnamita. Já no dia 11 de novembro, seus três batalhões achavam-se em posição em ambas as margens do Ia Drang, alguns quilômetros a oeste do 33º Rgt. O Gen Chu Huy Man pretendia reforçar os três regimentos de infantaria com um batalhão de morteiros 120 mm e um batalhão de metralhadoras duplas 14,5 mm. Entretanto, estas duas unidades ainda estavam se deslocando pela Trilha Ho Chi Minh, no Camboja, a caminho da zona de reunião.

Enquanto isto, desenvolvia-se a operação planejada pelo cel Brown. Seu oficial de operações era o major Henri-Gerard ("Pete") Mallet, cuja função anterior fora a de subcomandante do II/7º de Cavalaria. No dia 13 de novembro, Brown determinou a Mallet que deslocasse o I/7º para uma nova área de operações a sudoeste de Plei Me e que preparasse uma ordem sucinta para colocar o batalhão na base do pico do Chu Pong (colina 542), local que lhe serviria do ponto de partida para operações de busca e destruição nas redondezas.

Neste mesmo dia, com um lápis dermatográfico, o maj Mallet desenhou no mapa de situação uma área de quinze quilômetros quadrados, aproximadamente. Até aqui, as áreas de buscas atribuídas aos batalhões de cavalaria eram designadas por nomes de cores. Tendo esgotado as cores primárias nesse ponto, ele designou esse setor, que possuía a forma de uma palheta de pintor, de Área LIME.

Às 17:00 h do dia 13, o Cel Brown encontrou-se com o tenente-coronel Harold G. Moore, Cmt do I/7º de Cavalaria, no posto de comando da Companhia A, ao sul de Plei Me. Ordenou a Moore que executasse um ataque aeromóvel, na manhã do dia seguinte, dentro do vale do Ia Drang, na região ao norte do ponto culminante de Chu Pong, e realizasse operações de busca e destruição durante o dia 15 de novembro. Embora a brigada pudesse contar com 24 helicópteros (hlcp) por dia, o cel Brown só poderia atribuir 16 hlcp para o deslocamento do I/7º; seus outros dois batalhões (II/7º e II/5º) necessitavam de 4 hlcp cada um, para atividades de suprimentos e deslocamentos locais de elementos de valor GC ou pelotão.

O apoio de fogo, elemento importante em um assalto aéreo, seria proporcionado por duas baterias de obuseiros 105 mm do I Batalhão do 21º Regimento de Artilharia de Campanha. As peças ocupariam posições na zona de desembarque FALCON (ZD-FALCON), localizada a 9 Km a leste da área de busca. Uma bateria ia ser transportada por via aérea, de Plei Me para FALCON, ao alvorecer do dia 14, antes do ataque; a outra já estava em posição.

Demonstrando certa preocupação, o cel Brown lembrou a Moore que mantivesse suas companhias de fuzileiros dentro da distância de apoio mútuo. Ambos sabia muito bem que o batalhão ainda não fora testado em combate contra uma força inimiga de vulto. O ten-cel Moore regressou ao seu PC, em Plei Me, e logo iniciou intensa atividade. Ligou-se pelo rádio com os comandantes das Companhias A e C, cujas tropas executavam o patrulhamento de saturação nos respectivos setores, e ordenou-lhes que reunissem seus homens, ao alvorecer do dia 14 de novembro, nas maiores zonas de embarque dos seus setores e que se preparassem, eles próprios, para um reconhecimento da área de alvos. Moore providenciou hlcp para transportar a Companhia B de volta a Plei Me ao alvorecer do dia 14, retirando-a do quartel-general da brigada localizado a vinte minutos de vôo a sudoeste de Plei Me. Esta companhia deslocara-se para lá, na tarde do dia 13, com a missão de proteger o posto de comando (PC) de Brown e outras instalações logísticas e administrativas. Em seguida, Moore fixou para as 08:00 h do dia seguinte o momento da expedição da ordem de operações, a ser precedida por um vôo de reconhecimento. Supervisionou os preparativos da unidade até as 22:00 h, quando ficou pronto tudo aquilo que precisava ser feito antes do vôo de reconhecimento.

À noite, antes de deitar-se, o ten-cel Moore reexaminou o seu plano e decidiu adotar um novo método nesta operação. Ao invés de lançar cada companhia em uma Zona de Desembarque própria, como fizera nos dias anteriores, utilizaria uma única ZD para o batalhão inteiro. Com isto, disporia de todo o poder de fogo da unidade se encontrasse o inimigo logo ao desembarcar. Era verdade que havia muito tempo as unidades americanas não engajavam uma força inimiga de vulto, mas gravara-se em sua mente a estrela vermelha que ele e o cel Brown haviam visto no mapa, indicando uma possível base inimiga.

O ten-cel Moore examinou suas disponibilidades. Não haveria problema de apoio de fogo. Nas operações anteriores recebera excelente apoio proporcionado pelo 21º de Artilharia de Campanha, pela aviação tática e pelos helicópteros armados; em caso de necessidade, sabia que o Cel Brown providenciaria apoio de fogo adicional.

Já a questão do efetivo era um pouco diferente. Dos vinte e três oficiais previstos para as três companhias de fuzileiros (Cias A, B, C) e de apoio (Cia D), o batalhão dispunha de vinte, todos eles incorporados à unidade desde a instrução de assalto aéreo em Fort Benning na Geórgia. Os claros no efetivo de praças eram mais preocupantes, porque o I/7º contava apenas com dois terços do efetivo previsto. Muitas das baixas registradas durante os dois primeiros meses da permanência da unidade no Vietnam decorriam seja da ação da malária, seja da conclusão do prazo de convocação das praças. Além disto, cerca de 10 homens do batalhão achavam-se em viagem para o centro de recuperação e descanso, bem como 3 a 5 homens de cada Cia tinham ficado em Camp Radcliff, o acantonamento permanente em An Khe, por motivos diversos: problemas de saúde, serviço de guarda, atividade administrativa etc. Apesar de tudo, o ten-cel Moore não estava excessivamente preocupado, pois já executara outras missões de busca e destruição com o mesmo efetivo. Por outro lado, é raro o comandante que dispõe de uma unidade com 100% do efetivo previsto.

O dia 14 amanheceu limpo e claro; por volta das 06:00 h os hlcp CH-47 “Chinook” já haviam transportado a Cia B do QG-Bda para Plei Me. Como a companhia ficara concentrada em uma única zona de reunião, o ten-cel Moore escolheu-a para ser a primeira a desembarcar na área de alvos. Enquanto supervisionava os preparativos, o capitão John D. Herren, cmt da Cia B, fumava seu cachimbo e meditava sobre a operação. Ele e seus comandados não haviam dormido durante a noite anterior, fato compreensível em um PC-Bda bastante agitado. Alguns minutos antes da meia-noite de 12 de novembro o PC sofrera um ataque de uma força local vietcong, do qual resultaram sete mortos e vinte e três feridos. Só restava a Herren confiar em que a falta de repouso não afetasse muito a capacidade combativa de seus homens.

A turma de reconhecimento reuniu-se sob o barulho ensurdecedor dos hlcp. Concluído o transporte da companhia de Herren, os aparelhos haviam iniciado o transporte da Bateria A (Bia A) do I/21º de Artilharia para FALCON, onde já se encontrava a Bia C. Para ouvirem o ten-cel Moore, estavam reunidos os Cmt da Companhia de Comando do batalhão; das Cia A e D; um chefe de seção de batedores da Tropa C do I Esquadrão do 9º Regimento de Cavalaria (a unidade de reconhecimento divisionária) ; o major Bruce P, Grandall, Cmt da Companhia A do Batalhão de Aviação 229 (Aeromóvel) e o S-3 (oficial de operações de batalhão) do I/7º, capitão Gregory P. Dillon. Moore informou o grupo sobre a missão do batalhão, a rota de vôo e o que deveria ser observado. Depois disto, a turma de reconhecimento partiu em dois hlcp UH-1D Huey escoltados por dois hlcp armados UH-1B.

Os quatro hlcp dirigiram-se para sudoeste, voando a 760 m de altura e dentro de uma formação que proporcionava uma certa dissimulação, mas permitia completa observação da área de alvos. Ao atingirem um ponto a cerca de 8 km a sudeste do rio Ia Drang voltaram-se para o norte e voaram em linha reta até Duc Co; sobrevoaram este local durante cinco minutos e executaram retorno em rota paralela à inicial. Às 08:15 h estavam de volta a Plei Me.

Novamente reunidos, os integrantes da turma de reconhecimento discutiram sobre as possíveis zonas de desembarque a serem localizadas nas clareiras observadas durante o vôo. Enquanto discutiam, chegou a ordem de operações da brigada designando a área LIME como área principal de alvos. Em pouco tempo a escolha de zonas de desembarque ficou reduzida a três opções: TANGO, X-RAY e YANKEE. O ten-cel Moore queria a maior zona disponível, aquela que não limitasse indevidamente a ação dos hlcp. Esta imposição eliminou TANGO; cercada por árvores altas, só poderia receber três, no máximo quatro "Hueys", ou seja a metade de um pelotão de fuzileiros (Pel Fzo) de cada vez. YANKEE e X-RAY poderiam acomodar, cada uma de oito a dez hlcp; isto é, logo de início, no momento mais crítico de um ataque aeromóvel, cada uma delas poderia receber um pelotão e meio, no mínimo. O ten-cel Moore anunciou que a sua escolha preliminar era X-RAY e ordenou ao chefe da Seção de Batedores do I/9º de Cavalaria que efetuasse um outro vôo rasante de reconhecimento ao longo do vale do Ia Drang. Cabia-lhe obter mais pormenores sobre X-RAY, YANKEE e o terreno circunvizinho, além de procurar indícios sobre a atividade inimiga.

A seção de batedores regressou 40 minutos depois. Os pilotos haviam visto inúmeras trilhas durante o vôo rasante, mas não haviam atraído nenhum fogo inimigo. Segundo eles, YANKEE poderia ser utilizada com algum risco, por causa de inúmeros troncos secos de árvores altas. X-RAY poderia receber, facilmente, de 8 a 10 hlcp; a poucas centenas de metros ao norte desta zona de desembarque, os pilotos identificaram fios telefônicos estendidos ao longo de uma trilha, no sentido leste-oeste. Este último indício era o que mais interessava ao ten-cel Moore. X-RAY ia ser a zona de desembarque principal; YANKEE e TANGO seriam zonas alternativas, a serem utilizadas mediante ordem. Já eram 08:55 h; com o planejamento completo, o ten-cel Moore voltou a reunir os cmt Cia, seu estado-maior (EM) e os representantes das forças de apoio para transmitir a sua ordem.

De acordo com as últimas informações disponíveis, havia um batalhão inimigo localizado a 5 km a noroeste de X-RAY. A sudoeste da ZD havia, provavelmente, uma outra força inimiga de valor indeterminado; acreditava-se existir uma base secreta 3 Km noroeste de X-RAY. A fim de revelar estes alvos, explicou Moore, o I Batalhão ia realizar um ataque aerotransportado contra X-RAY e, depois, buscar e destruir as forças inimigas, concentrando esforços contra os leitos dos córregos e contra o terreno elevado e coberto de vegetação. Sem dúvida, o reconhecimento rasante alertara o inimigo naquela região. A artilharia executaria uma preparação diversionária de 8 minutos contra YANKEE e TANGO, a fim de deixar o inimigo em dúvida sobre o local em que se efetuaria o desembarque. Seguir-se-ia uma preparação de 20 minutos contra X-RAY, com a maior parte das concentrações lançadas sobre as encostas de um esporão que sobressaía das alturas de Chu Pong, imediatamente a noroeste de X-RAY. Os fogos dos hlcp armados do II Batalhão (Foguete Aéreo) do 20º Regimento de Artilharia (Aeromóvel) varreriam durante 30 segundos, após a preparação de artilharia, com foguetes e fogo de metralhadora. A destruição dos alvos que restassem caberia aos hlcp armados de escolta, pertencentes à Cia A do Batalhão de Aviação 229.

Ao terminarem os fogos programados, 16 "Hueys" trariam a Cia B, comandada por Herren, para desembarcar e garantir a posse de X-RAY; depois dela chegariam as Cias A, C e D, nesta ordem. Depois de desembarcarem, as Cias A e B agrupar-se-iam em formação de ataque nos setores norte e nordeste de X-RAY, prontas para desencadear a busca para leste e nordeste mediante ordem, com a Cia A no lado direito. A Cia C, inicialmente escalada para constituir a reserva, após o desembarque deveria, mediante ordem, assumir a missão de segurança, exercida pela Cia B e ficar em condições de progredir para oeste e noroeste, realizando a busca nas cotas mais baixas de Chu Pong. Se a Cia C se deparasse com alguma coisa, Moore achava que, no mínimo, teria a sua unidade inteira pronta para socorrê-la. No começo, a prioridade de fogo era para a Cia B; assim que se iniciasse a progressão para oeste, a partir de X-RAY, a prioridade passaria para a Cia A.

O ten-cel Moore ordenou a cada companhia de fuzileiros que conduzisse um morteiro 81 mm e o máximo de munição possível e determinou que a Companhia D levasse os três morteiros 81 restantes. Quando todas as companhias estivessem em X-RAY, todos os morteiros reverteriam ao controle do Pelotão de Morteiros 81 (Pel Mrt 81) da Cia D.

No fim desta exposição o Ten-Cel Moore recebeu a informação de que a artilharia já estava em posição. A hora do desembarque aéreo em X-RAY foi marcada para as 10:30 h; como os 20 minutos de preparação deveriam terminar em hora menos um minuto., Moore percebeu que havia uma certa premência de tempo.




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Re: Assalto Aeromóvel no vale do Ia Drang

#9 Mensagem por Clermont » Sáb Mar 07, 2009 8:26 pm

ASSALTO HELITRANSPORTADO - Desembarque!

O I Batalhão do 7º Regimento de Cavalaria estava bem preparado para cumprir a missão. As normas gerais de ação prescreviam que cada fuzileiro conduzisse 300 cartuchos de munição para fuzil M-16, no mínimo; cada granadeiro disporia de 24 a 36 granadas HE para seu lança-granadas M-79 de 40 mm. Cada guarnição de metralhadora M-60 transportaria 800 cartuchos 7,62 mm em fitas. Cada GC disporia de dois lança-rojões anti-carro M-72 (descartáveis) de 66 mm e cada pelotão, de cinco a seis granadas fumígenas. Cada homem deveria ter, no mínimo, duas granadas defensivas M-26; uma ração C, dois cantis e ferramentas de sapa.

O cel Brown chegou quando Moore encerrava a transmissão da ordem; Moore explicou-lhe tudo, separadamente. O Cmt-Bda gostou do plano tático, concordou com a escolha de X-RAY para zona principal de desembarque e ficou satisfeito porque o conceito da operação de Moore seguia a diretriz por ele baixada na tarde do dia anterior.

Os fogos de preparação foram desencadeados às 10:17 de 14 de novembro, após ligeiro atraso provocado pela ocupação de posição excessivamente apressada das peças de artilharia em FALCON. Treze minutos depois os primeiros elementos da Cia B decolaram do campo de pouso em Plei Me, no meio de um barulho enorme e de uma nuvem de poeira vermelha. Enquanto as salvas dos obuseiros 105 mm varriam a área de alvos, 16 hlcp "Hueys" - quatro Pel a 4 hlcp - voavam em coluna e a 600 m de altura, na direção sudoeste. Após voarem dois quilômetros, baixaram a altitude até a altura do topo das árvores. Os helicópteros da artilharia de foguete aéreo bombardearam X-RAY durante 30 segundos, gastando a metade da munição disponível, e voltaram a voar em círculo, nas proximidades, prontos para atenderem a qualquer pedido de apoio. Em seguida chegaram os helicópteros armados de escolta, pertencentes ao 229, disparando foguetes e metralhadoras imediatamente na vanguarda dos helicópteros de transporte. À medida que estes últimos baixavam sobre a ZD, os metralhadores de porta e alguns fuzileiros disparavam suas armas contra as copas das árvores e moitas de capim.

Pulando dos hlcp, os homens da Cia B, com o ten-cel Moore entre eles, correram para os pontos arborizados, atirando intermitentemente contra possíveis posições inimigas. Às 10:48, os hlcp já estavam regressando a Plei Me para apanhar o restante da Cia B e os primeiros elementos da Cia A.

Vista do alto, X-RAY era plana e limpa, mas vista pelo cavalariano no solo adquiria uma aparência diferente. A ZD era coberta por capim-elefante de cor castanho-avermelhado, flexível e atingindo até 60 cm de altura, cobertura ideal para o rastejamento; era cercada por vegetação rala entremeada com uma ou outra árvore de grande porte. A região era cheia de formigueiros, alguns mais altos do que um homem em pé, muito bons para ninhos de metralhadora. Nos limites oeste e nordeste da zona de desembarque as árvores eram bem grossas e este tipo de vegetação estendia-se até as encostas do pico de Chu Pong, cuja altitude era de 542 m e cuja vegetação cerrada proporcionava excelente coberta para as tropas inimigas. No limite oeste da ZD corria o leito seco de um arroio, cujas margens atingiam a altura do peito de um homem em pé.

O capitão Herren observava satisfeito a atividade do líder do 1º Pel Fzo, 2º tenente Alan E. Deveny, no estabelecimento da segurança da ZD. De acordo com as ordens do ten-cel Moore, Herren empregava uma técnica nova. Ao invés de tentar a cobertura do perímetro da zona em todas as direções (360º) , como ocorrera nas operações anteriores, Herren ocultou o grosso da sua tropa em um capão de árvores e capim perto do centro da ZD, constituindo uma força de reação rápida, ao mesmo tempo em que os GC do pelotão de Deveny penetravam em direções diferentes, reconhecendo o terreno 50 à 100 m além do limite oeste de X-Ray. A técnica era boa, pois permitia ao capitão Herren dispor da sua subunidade, ao mesmo tempo em que conservava a flexibilidade para atuar - o que parecia prudente em face dos 30 min necessários para o posicionamento do batalhão inteiro na ZD. À medida que os homens do 1º Pel Fzo intensificavam o reconhecimento, Herren convenceu-se de que, se tivesse que haver luta, X-RAY seria o local ideal, por causa da sua proximidade com o "paraíso" inimigo do outro lado da fronteira com o Camboja. Todavia, a vanguarda do I/7º de Cavalaria desembarcara com sucesso e até então não encontrara resistência. Onde estava o inimigo?

Este percebera a aterragem dos hlcp americanos. Os elementos das unidades norte-vietnamitas, selecionados para atacar o Campo das FE americanas de Plei Me no dia 16, saíram de suas zonas de reunião, no vale do Ia Drang, no crepúsculo matutino de 14 de novembro. O desembarque dos cavalarianos do Cap Herren, em X-RAY, no meio da manhã, levou o General Chu Huy Man a mudar os planos rapidamente. Plei Me que esperasse. Os 66º e 33º RI (este, com efetivos de batalhão reforçado) atacariam a ZD ianque e destruiriam o inimigo. Por volta do meio-dia, dois batalhões do 66º e o recém-constituído batalhão reforçado do 33º preparavam-se para atacar, partir de posições na base do maciço Chu Pong, através do terreno imediatamente a oeste. Em X-RAY, o 1º Pelotão da Companhia B (1º/Cia B) prosseguia no reconhecimento. Às 11:20 os homens do ten Deveny acharam algo: vasculhando a macega, um fuzileiro surpreendeu um soldado inimigo a 50 m da ZD. O norte-vietnamita tentou se esconder, mas foi logo capturado pelo norte-americano. (...)

Cientificado do fato o ten-cel Moore correu para o local, junto com o seu S-2 (oficial de informações), capitão Thomas C. Metsker, e o montanhês que lhes serviam de intérprete. Ao interrogarem o prisioneiro, ficaram sabendo que se tratava de um desertor, sobrevivendo havia cinco dias alimentando-se só com bananas. O prisioneiro declarou que existiam três batalhões norte-vietnamitas no maciço Chu Pong, ansiosos para matar ianques, mas ainda incapazes de encontrá-los.

Agora tornava-se duplamente importante receber o restante do batalhão com rapidez e segurança. Alvoroçado, porém cauteloso, o ten-cel Moore ordenou ao cap Herren que intensificasse a busca e se preparasse para assumir a missão da Cia C: explorar o terreno no sopé do Chu Pong, dedicando especial atenção ao esporão situado a noroeste. Pelo rádio, Moore determinou ao seu S-3, capitão Dillon, sobrevoando a ZD no helicóptero de comando, que aterrizasse, apanhasse o prisioneiro e o levasse para o QG-3o Bda para ser interrogado.

Moore acabara de dar a missão a Herren quando apresentou-se o comandante da Companhia de Fuzileiros “A”, capitão Ramon A. Nadal II. Ex-oficial das Forças Especiais e servindo no Vietnam pela segunda vez, Nadal solicitou permissão para aproveitar os indícios obtidos pela Cia B. Moore já havia atribuído a missão a Herren; ordenou a Nadal que assumisse a missão de proporcionar segurança à ZD.

Para a progressão para noroeste, o Cap Herren lançou o 1º Pel Fzo de Deveny para o esporão, tendo à sua direita o 2º Pel comandado pelo 2º Ten Henry T. Herrick. Ordenou aos dois líderes de pelotão que progredissem lado a lado. Colocou o 3º Pel Fzo do 2º ten Dennis J. Deal atrás do 1º Pel, como reserva. Assim, o Cap Herren e sua Cia B iniciaram a progressão.

O 1º Pel de Deveny adiantou-se em relação ao 2º de Herrick após atravessar o leito seco do córrego que se estendia ao longo do flanco leste do esporão. Às 12:45 o 1º Pel chocou-se com uma força inimiga de valor pelotão, a qual atacou-o em ambos os flancos com tiros de armas leves.

Detido e sofrendo baixas, Deveny solicitou ajuda. Na tentativa de aliviar a pressão, o Cap Herren, pelo rádio, determinou ao 2º Pel de Herrick que estabelecesse contato com o flanco direito do 1º Pel. Ansioso para esclarecer a situação, Herrick manobrou seus 27 homens naquela direção. Poucos minutos após receber a ordem do Cmt-Cia, a ponta do 2º Pel chocou-se com um GC norte-vietnamita que se dirigia para X-RAY através de uma trilha bem nítida e que corria paralela à direção de progressão do pelotão. Espantados, os norte-vietnamitas fizeram meia-volta e saíram correndo pela trilha. O 2º Pel lançou-se em perseguição, com dois GC na frente e disparando suas armas. Pouco depois, o pelotão começou a receber tiros de enfiada, esporádicos e ineficazes, partidos do lado direito. Os dois GC atingiram a crista do esporão, a cerca de 100 m do leito seco do córrego. À direita e no sopé da elevação ficou o terceiro dos GC.

O ten Herrick pretendia continuar progredindo com os três GC em linha e o grupo de metralhadoras no flanco. Embora já não pudesse ver o inimigo, sabia que se encontrava em algum lugar à sua frente. Quando ia fazer o sinal para a retomada da progressão, o pessoal do 3º GC avistou cerca de 20 norte-vietnamitas rastejando na direção de dois grandes formigueiros, para o lado do flanco esquerdo do pelotão. O GC abriu fogo quando o último inimigo desaparecia atrás do formigueiro. Os norte-vietnamitas responderam ao fogo, mas o granadeiro do GC avaliou a distância e, em menos de um minuto, lançava uma granada 40 mm atrás da outra nas fileiras inimigas. Horripilantes gritos de agonia misturaram-se com o barulho das explosões.

Então, sem qualquer aviso prévio, irrompeu do flanco direito uma rajada de fogo inimigo. Esta fuzilaria matou o granadeiro e deteve o resto do GC. Herrick mandou instalar as duas metralhadoras M-60 na direção do GC detido e gritou para o líder deste, sargento-ajudante Clyde E. Savage, que recuasse sob a proteção dos tiros das mtr. As peças ocuparam as posições de tiro e Herrick enviou mensagem pelo rádio ao Cmt-Cia relatando a ocorrência; apesar disto, a situação piorou. Em poucos minutos, o 2º Pel inteiro era alvo de fogo partindo de todos os lados. Coberto pelas rajadas das M-60, o sgt Savage conseguiu retrair seu GC para o âmbito do pelotão, trazendo o M-79 do granadeiro morto, o qual ficou onde tombara, com uma Colt 45 na mão. Por entre fogo cada vez mais forte de armas diversas, inclusive morteiros e foguetes, o GC incorporou-se ao Pel, e juntou-se aos outros homens na formação apressada de um perímetro defensivo de 25 m.

Os metralhadores tiveram menos sorte no retraimento para o perímetro. A peça que estava mais próxima conseguiu rastejar até o pequeno círculo de cavalarianos deitados no solo, mas o fogo inimigo eliminou os quatro metralhadores da outra peça. Os norte-vietnamitas capturaram esta M-60 e passaram a dispará-la contra a posição do 2º Pel. Com exceção do observador avançado de artilharia (OA Art), 1º tenente William O. Riddle, que logo juntou-se ao 3º Pel na reserva do ten Deal, o restante da Sç Cmdo e o capitão Herren tinham ficado para trás dos pelotões; pelo rádio, Herren fez um relatório da situação para o ten-cel Moore. Para o Cmt da Cia B, que podia ouvir o tiroteio na mata à sua frente, o inimigo (Ini) parecia ser do valor de duas cias e tinha condições de isolar o 2º Pel do ten Herrick. Todavia, o cap Herren dispunha de poucos recursos para ajudar Herrick. já havia engajado o seu 3º Pel no apoio ao 1º Pel de Deveny e o único morteiro 81 da companhia já arremessara, tirando o máximo proveito, as 40 granadas HE que a guarnição da peça trouxera. Como Deveny parecia estar menos aferrado do que Herrick, o Cmt-Cia ordenou-lhe que tentasse alcançar Herrick. Se o 3º Pel de Deal pudesse logo se juntar ao 1º de Deveny, as duas frações teriam maior probabilidade de alcançar o 2º Pel.

Tendo reportado a ação ao ten-cel Moore, o cap Herren afastou-se do rádio bem a tempo de ver um soldado norte-vietnamita, há não mais do que 15 m, apontando-lhe uma arma. Rapidamente, Herren disparou uma rajada a partir da cintura, abaixou-se em busca de cobertura e arremessou uma granada.

Enquanto isto, na ZD, Moore alertava o cap Nadal, da Cia A, para que se preparasse para ajudar a Cia B de Herren, assim que a Cia C estivesse no solo. O combate se tornou mais feroz, exatamente quando desembarcaram o último pelotão da Cia A e os primeiros elementos da Cia C. Eram 13:30. No momento em que Moore virou-se para Nadal e ordenou-lhe que entregasse um pelotão a Herren, com a finalidade de abrir caminho até o 2o Pel de Herrick, algumas granadas de morteiro do inimigo caíram no capim-elefante, no centro da ZD. O cap Nadal deveria avançar com seus outros dois pelotões e estabelecer ligação com o flanco esquerdo da Cia B. Em seguida, o ten-cel Moore voltou-se para o capitão Robert H. Edwards, da Cia C e ordenou-lhe que montasse uma posição de bloqueio ao sul e sudoeste de X-RAY, bem dentro da linha de árvores, de onde poderia cobrir o flanco exposto da Cia A. Moore sabia que esta decisão era arriscada, porque ficava apenas com a Companhia de Apoio “D” como reserva e ainda tinha que defender a ZD em todas as direções. Adotando aquele dispositivo para a companhia de Edwards estaria expondo a sua retaguarda; todavia, diante da situação que evoluía rapidamente, e que corroborava o que lhe dissera o prisioneiro, esta parecia ser a decisão mais correta.

Neste ínterim, o S-3, cap Dillon, já de volta do QG-Bda, circulava sobre X-RAY, retransmitindo o desenrolar da batalha para o QG do Cel Brown. O ten-cel Moore localizou seu PC próximo de um formigueiro bem elevado, no centro da ZD. Pelo rádio, ordenou a Dillon que solicitasse apoio aéreo, de artilharia e dos hlcp lança-foguete a partir das orlas mais baixas das encostas de Chu Pong e, depois, deslocando-se sobre as vias de acesso do inimigo para X-RAY, batendo primeiro as de oeste e, em seguida, as do sul. Os alvos secundários seriam as ravinas que desciam do maciço e quaisquer posições de morteiros inimigas, identificadas ou suspeitas. A prioridade seria para o fogo pedido pelas companhias engajadas.

Dillon transmitiu os pedidos de apoio de fogo ao cap Jerry E. Whiteside, oficial de ligação (OLig) do 21º de Artilharia, e ao tenente Charles Hastings, Controlador Aéreo Avançado da USAF, ambos sentados ao seu lado. Poucos minutos depois os aviões da Base de Pleiku atacavam a área de alvos; também foram realizados dois ataques contra o fundo do vale, a noroeste, perto da localização provável do batalhão inimigo.

Embora a artilharia atendesse ao pedido rapidamente, no início os fogos não foram eficazes. Como não existiam pontos nítidos no terreno para serem utilizados como pontos de referência pelos combatentes, ficava difícil designar alvos para o apoio direto. Ao tomar conhecimento desta dificuldade o ten-cel Moore usou o rádio para dizer a Whiteside que empregasse a técnica de fazer as concentrações rolarem montanha abaixo na direção da ZD, partindo do sul e do oeste; em pouco tempo o fogo dos obuseiros 105 mm achava-se suficientemente próximo, a ponto de ajudar os cavalarianos do 7º Regimento. Ansioso para ajudar a Cia B, o cap Nadal acionou pelo rádio o líder do seu 2º Pelotão, 2º ten Walter J. Marm, ordenando-lhe que avançasse. Marm organizou seu pelotão (2º/Cia A) em formação de combate e partiu imediatamente da ZD em direção ao barulho do tiroteio. Como não havia tempo para consultar o cap Herren, o ten Marm planejou alcançar o flanco esquerdo da Cia B e progredir até ao perímetro do 2º/Cia B do ten Herrick. Mal acabara de atravessar o leito seco quando o 2º/Cia A deparou com dois norte-vietnamitas, os quais se renderam. Momentos depois, ao fazer contato com o 3º/Cia B do ten Deal, os soldados de ambos os pelotões avistaram elementos ini, trajando uniforme cáqui, e atravessando na frente dos pelotões, da esquerda para a direita. Parecia que Deal e Marm haviam encontrado o braço esquerdo da pinça envolvente que inicialmente flanqueara Herrick e que tentava agora, conforme se supunha, cercar a Companhia B inteira. Travou-se um violento tiroteio, com perdas para ambos os lados. Os inimigos desgarraram para a esquerda, rompendo momentaneamente o contato e, sem que Marm percebesse, tentando manobrar pela sua retaguarda através do leito seco do córrego.

Aproveitando a pausa, Marm reuniu os seus feridos e os de Deal e ordenou a um dos seus líderes de GC, sargento-ajudante Lonnie L. Parker, que os conduzisse de volta à ZD. Parker tentou, mas regressou após 20 min dizendo que o pelotão estava cercado. Marm duvidou que o inimigo pudesse ter-se deslocado com tanta rapidez, mas não podia ter certeza, pois, agora as tropas inimigas também se deslocavam para o seu flanco.

Quando a força norte-vietnamita de flanqueio, estimada como de valor cia, penetrou no leito seco, chocou-se com o restante da Cia A; ávido por entrar na refrega, Nadal avançara com os dois pelotões que lhe restavam. O 3º/Cia A foi o primeiro a se deparar com o inimigo no leito do córrego. A luta travou-se a curta distância. O líder do pelotão, 2º ten Robert E. Taft, ao correr em auxílio de um de seus líderes de GC, que já estava morto sem que Taft o soubesse, recebeu um tiro no pescoço e morreu instantaneamente.

Recuperando-se da surpresa inicial, os soldados da metade esquerda do 3º/Cia A treparam na margem do córrego e desencadearam um fogo mortífero sobre o inimigo. No meio do campo de luta jazia um fzo americano gravemente ferido, perto do corpo do ten Taft. Na hora que começou o tiroteio no leito seco do córrego, desembarcaram em X-Ray o restante da Cia C e os primeiros elementos da Cia D, trazidos pelos primeiros oito hlcp da quinta vaga de transporte. Aterraram sob uma saraivada de tiros de armas leves inimigas, causando ferimentos em um piloto e um metralhador de porta. No primeiro hlcp o capitão Louis R. LeFebvre, Cmt da Cia D, enxergava o ataque aéreo e o fogo de artilharia revolvendo o solo em torno de X-Ray. Ao inclinar-se para a frente para soltar o cinto de segurança, assim que o hlcp tocou o chão, LeFebvre sentiu um projétil raspar a parte de trás do seu pescoço. Olhou para a direita, instintivamente, a tempo de ver o seu rádio-operador (ROp) tombar para a frente, ainda preso ao assento pelo cinto de segurança, com um buraco de bala no lado esquerdo da cabeça. LeFebvre apanhou o aparelho de rádio do morto, saltou do hlcp, gritou para os que haviam saltado dos outros hlcp ordenando-lhes que o seguissem e correu para o bosque a oeste, distante cerca de 75 m. Apenas quatro homens o seguiram.

Sob fogo durante a corrida, alcançaram a segurança relativa do leito seco do córrego, que ainda ficava 35 m antes do bosque. O fogo era tão cerrado, principalmente na parte noroeste, que o ten-cel Moore ordenou pelo rádio aos 8 hlcp restantes que não aterrassem. O esporádico fogo de morteiros e foguetes, o estrondo das salvas de artilharia e o ribombar dos ataques aéreos que agora enchiam a pequena clareira, misturavam-se em contínuo e único rugido.

LeFebvre ouviu disparos à sua frente e de ambos os lados. Seu pequeno grupo ocupara posição exatamente à direita dos dois pelotões da Cia A, ainda engajados no combate com a força inimiga que tentara flanquear o pelotão de Marm. O cap LeFebvre e seus homens começaram a disparar, da posição que ocupavam no leito seco contra cerca de 25 a 30 norte-vietnamitas que se deslocavam para a esquerda e passando bem na frente da posição. Percebendo logo que precisava de maior potência de fogo, LeFebvre chamou pelo rádio o seu Pelotão Antitanque (que fora reorganizado como pelotão de fuzileiros), ordenando-lhe que se juntasse a ele. Ambos haviam chegado na última vaga de transporte, mas o Pel AT achava-se a 150 m à retaguarda, reunido na ZD e aguardando ordens. O Cmt em exercício do pelotão, sargento-ajudante George Gonzales, respondeu que estava a caminho. Em seguida, LeFebvre gritou para o líder do Pelotão de Morteiros, 1º tenente Raul E. Requera-Taboada, que o acompanhara no helicóptero e que ocupava posição a poucos metros de distância, para que mandasse avançar o ROp do pelotão, a fim de substituir o que ficara morto no helicóptero.

Mal acabara de chegar o ROp quando o cap LeFebvre deu com os olhos no cap Herren. O Cmt-Cia B informou-lhe que havia inimigos no sul, na direção de onde ele viera. Herren e seu ROp ocuparam posição do lado LeFebvre e começaram a atirar junto com os outros. Então, em rápida seqüência, o ROp de Herren foi morto, o braço direito do cap LeFebvre foi destroçado por uma saraivada de fogo de armas leves inimigas, e o ten Taboada sofreu um sério ferimento na perna. O cap Herren aplicou um torniquete no braço de LeFebvre e recomeçou a atirar.

Com a metade da quinta vaga desembarcada, a Cia C dispunha de todo o seu efetivo, com exceção dos que ocupavam três hlcp. Enquanto se desenrolava o combate da Cia A, seguido as instruções do cel Moore, o cap Edwards deslocou rapidamente os pelotões da Cia C para uma posição de bloqueio, ocupando 120 m de terreno adjacente ao flanco direito de Nadal. Edwards não teve que esperar muito. Poucos minutos depois uma força inimiga atacou a Cia C por oeste e sudoeste. Bem abrigados, os americanos desencadearam intenso fogo de enfiada. Os norte-vietnamitas, com efetivo estimado no valor cia reforçada, usavam capacetes e, semelhantes aqueles que atacaram as Cias A e B, estavam bem camuflados. Entretanto, com o auxílio dos ataques e aéreos e das concentrações de obuseiros 105 mm bem ajustadas, a Cia C deteve o inimigo, provocando baixas pesadas. Seu 1º Pel Fzo conseguiu capturar um prisioneiro, o qual foi evacuado rapidamente.

A decisão do ten-cel Moore de colocar a tropa de Edwards ao sul da de Nadal, ao invés de ao norte, demonstrou ser correta: o engajamento oportuno das Cias A e C conseguira frustrar a tentativa norte-vietnamita de dominar a ZD. Todavia, como sua retaguarda ainda se achava exposta, Moore ordenou a Edwards que cerrasse contato e coordenação com a Cia D à sua esquerda, ampliando o perímetro defensivo para o sul e sudeste, até a região matosa.

Edwards encontrou o sargento Gonzales, que assumira o comando da Cia D após a evacuação do cap LeFebre. Deixando os morteiros com guarnição reduzida, os dois deslocaram rapidamente o Pel AT e a parte dispensada do Pel Mrt pela retaguarda da Cia C. O Pelotão de Reconhecimento ainda não desembarcara. Ao realizar a coordenação com Gonzales, o Cap Edwards tomou conhecimento de que os morteiros 81 ainda não estavam centralizados.

Autorizado por Moore, Edwards colocou-os subordinados ao chefe da sua seção de morteiros até a chegada de um novo cmt de morteiros e respectiva central de tiro. Todavia, os morteiros não conseguiam proporcionar apoio de fogo eficaz, por causa da fumaça e da confusão que dificultavam a ajustagem dos tiros pelos observadores avançados. Ao realizar um ataque em vôo rasante sobre X-Ray, um avião A-1E “Skyraider” foi atingido por fogo terrestre cerrado; envolto em fumaça e chamas, o avião espatifou-se no solo a 2 Km da nordeste da ZD, matando o piloto. Quando soldados inimigos tentaram alcançar os destroços, helicópteros armados os destruíram com foguetes.

Faltavam poucos minutos para as 15:00; a julgar pelos relatórios das companhias, Moore estimou que o seu batalhão enfrentava uma força norte-vietnamita de 500 a 600 homens e que o inimigo iria reforçar este efetivo. Ligou-se pelo rádio com o cel Brown solicitou mais uma companhia de fuzileiros. Do QG-Bda Brown seguia os acontecimentos atentamente. Acompanhando pelo rádio a situação tática do I/7º de Cavalaria, tomou conhecimento do contato através dos informes transmitidos pela Cia B e concluiu que o batalhão ia ter muito trabalho. Por volta das 14:30 já estava sobrevoando X-RAY para avaliar a situação pessoalmente. Lá embaixo, Brown observou que a artilharia atirava da metade da encosta de Chu Pong para cima. Chamou o ten-cel Moore no rádio para que ele pedisse à artilharia que atirasse mais curto, onde poderia ser mais eficaz. O cel Brown não sabia que Moore autorizara a artilharia a bater alvos secundários, mais distantes, quando não estivesse atuando em missões específicas de apoio às tropas em contato.

O cel Brown havia meditado sobre o que fazer caso Moore solicitasse auxílio, pois estava convencido de que a situação era séria. Dos outros dois batalhões da brigada, apenas a Cia B do II Batalhão do 7º Regimento de Cavalaria achava-se concentrada num local (a Cia acabara de chegar ao QG-Bda para garantir a segurança do perímetro defensivo). Portanto, esta subunidade constituía uma escolha lógica; quando o ten-cel Moore solicitou ajuda, ao meio da tarde, o Cel Brown deu a Cia B em reforço ao I/7º. Uma outra Cia foi convocada para o serviço de guarda ao QG-Bda.

Com o correr da tarde o cel Brown sentiu que o inimigo estava tentando destruir o I/7º. Planejando mais para a frente, preparou-se para engajar mais reforços. Logo depois de decidir empregar a Cia B do II/7º, Brown convocou o tenente-coronel Robert B. Tully, comandante do II Batalhão do 5º Regimento de Cavalaria, e ordenou-lhe que reunisse a sua unidade na ZD VICTOR, 3 Km a sudeste de X-RAY, e o mais rapidamente possível. Brown informou a Tully que ele se deslocaria a pé, na manhã do dia seguinte (15 de novembro), para reforçar o batalhão de Moore, não só porque não agradava ao Cmt-Bda a idéia de lançar um fluxo contínuo de hlcp no que ainda poderia ser uma ZD "quente", como também porque tinha certeza de que o inimigo imaginaria ser esta a manobra provável e certamente estaria preparado para enfrentá-la. Depois, ordenou ao restante do II Batalhão do 7º de Cavalaria que se deslocasse para a ZD MACON alguns quilômetros ao norte de X-RAY, onde estaria mais próximo da ação e disponível, em caso de necessidade.




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Re: Assalto Aeromóvel no vale do Ia Drang

#10 Mensagem por Clermont » Sáb Mar 07, 2009 8:27 pm

ASSALTO HELITRANSPORTADO – COMBATE!

Por volta das 15:00 h (14 de novembro) o ten-cel Moore decidiu que já havia segurança suficiente para o desembarque dos elementos restantes do seu batalhão, além de ser absolutamente indispensável poder contar com o I/7º completo. O setor leste do perímetro ainda era alvejado pelo inimigo, mas a intensidade do fogo diminuíra bastante por causa das ações das Cias C e D. Minutos depois de receberem a ordem para desembarcar, chegaram ao solo o Pelotão de Reconhecimento (Pel Rec), três carregamentos de soldados da Cia C, o subcomandante e o primeiro-sargento da Cia D. O ten-cel Moore determinou ao 2º ten James L. Litton, Scmt da Cia D, que dispensasse o sargento Gonzales do comando (o qual já estava ferido), centralizasse o fogo de todos os morteiros do batalhão, desdobrasse o Pel Rec em torno da orla nordeste da ZD e proporcionasse segurança na área.

Na tentativa de reduzir a exposição dos aparelhos ao fogo ini, Moore passou a dirigir, pessoalmente, o acesso de hlcp para X-RAY. Mesmo assim, dois helicópteros sofreram danos durante a aterragem. Um deles foi atingido pelos tiros inimigos bem no motor e na hora de decolagem; viu-se obrigado a efetuar uma aterragem forçada em um campo limpo, um pouco fora da orla norte de X-RAY. O outro atingiu umas árvores com a lâmina do rotor, durante a aterragem, e não pôde decolar mais. As duas tripulações, que não haviam sofrido nenhum ferimento, foram evacuadas imediatamente; protegidos por soldados da Cia D, os hlcp danificados foram transportados, por helicópteros-guindaste do tipo “Chinook”, de volta à base. Apesar de tudo, outras tripulações de helicópteros continuaram a efetuar vôos para X-RAY, revelando coragem e audácia sob fogo inimigo.

Em terra melhorara bastante o atendimento aos feridos; logo no início da tarde chegaram 4 enfermeiros, o cirurgião do batalhão e suprimentos médicos. Instalaram um posto de socorro de emergência próximo do PC de Moore. Ao invés de expor os helicópteros de evacuação médica ao fogo inimigo, Moore solicitou ao Cmt da Cia de Recuperação de Helicópteros, maj Grandall, para evacuar as baixas até a ZD-FALCON nos helicópteros-guindaste. Com a ajuda de uma equipe de precursores que chegou pelas 16:00 h, o sistema funcionou muito bem.

Meia hora depois do restante do batalhão cerrar para X-RAY, os elementos das Cia A e B, que vinham tentando alcançar o pelotão do tenente Herrick, recuaram por ordem do ten-cel Moore para o leito seco do córrego, protegidos por fogo de artilharia e de morteiro, conduzindo seus mortos e feridos. Fracassaram todas as tentativas de chegar até Herrick, embora o 1º/Cia B do ten Deveny (com o Scmt da Cia B, 2º tenente Kenneth E. Duncan, supervisionando a operação) houvesse avançado até um ponto a 75 m de distância da força cercada e conseguisse por fim ligar-se com o 3º/Cia B do ten Deal. Não havia dúvida que o I/7º de Cavalaria enfrentava uma força inimiga agressiva, hábil na camuflagem e bem armada, capaz de atirar bem e sem medo de morrer. Apesar de tudo, o cel Moore decidiu fazer mais uma tentativa. Ordenou as Cia A e B que se preparassem para executar um ataque coordenado, apoiado por fogos potentes de preparação, com a finalidade de alcançar o pelotão cercado; enquanto isto, as Cia C e D continuariam a defender o perímetro, embora a Cia C ainda se achasse engajada em combate violento.

Enquanto isto, piorava progressivamente a situação da tropa cercada. O tenente Herrick e seus comandados tinham grande necessidade dos reforços que o ten-cel Moore estava tentando enviar. Os norte-vietnamitas fustigavam o reduzido perímetro com um fogo tão rasante que poucos cavalarianos do 2º/Cia B eram capazes de utilizar a ferramenta de sapa para cavar abrigo. Durante todo o tempo os homens respondiam ao fogo, provocando baixas elevadas entre o inimigo. Só com o seu fuzil M-16, o sargento-ajudante Savage pegou doze adversários. No meio da tarde, o ten Herrick foi atingido por um projétil que penetrou no quadril, percorreu o tronco e foi sair no ombro direito. Mesmo moribundo, o tenente permaneceu dirigindo a defesa do perímetro; nos últimos momentos de vida entregou ao sargento de pelotão, sargento-ajudante Carl L. Palmer, o livro de instruções sobre os códigos de comunicações, o qual deveria ser incinerado em caso de captura iminente. Disse a Palmer que redistribuísse a munição dos caídos, solicitasse fogo de artilharia e, assim que houvesse oportunidade, tentasse romper o cerco. O sargento Palmer já estava levemente ferido; mal assumiu a liderança do pelotão, porém, foi morto.

Assumiu o comando, o líder do 2º GC. Ajoelhou-se e murmurou, para ninguém em particular, que livraria o pelotão do perigo. Mal acabara de falar quanto uma bala lhe espatifou o crânio. Na mesma saraivada foi morto o OA de morteiro 81 mm. O sargento de reconhecimento da artilharia, que havia avançado com o pelotão, foi ferido no pescoço. Logo, começou a delirar e os soldados tiverem dificuldade para mantê-lo calado.

O sargento Savage, líder do 3º GC, então assumiu o comando. Apoderando-se do rádio do sargento artilheiro, começou a solicitar e a regular os tiros de artilharia. Em poucos minutos, conseguiu envolver o perímetro com concentrações bem ajustadas, algumas distantes apenas 20 m da posição defensiva. Este fogo contribuiu muito para desencorajar o inimigo a tentar uma carga final contra o pelotão americano, mas a situação deste ainda era precária. De um efetivo de 27 combatentes, 8 estavam mortos e 12 feridos, restando à fração um efetivo menor do que o de um grupo de combate.

Depois da primeira tentativa fracassada de salvar a força cercada, os dois pelotões restantes da Cia B voltaram para o leito seco do córrego, onde encontraram o capitão Herren. Os tenentes Deveny e Deal ouviam atentamente enquanto o Cmt-Cia explicava que uma preparação de artilharia precederia o ataque das duas companhias de fuzileiros, planejado pelo ten-cel Moore. O fogo seria comandado pelo observador avançado de artilharia, tenente Riddle. Depois, os pelotões avançariam em linha, a partir do leito seco do córrego. O leito seco também ia servir como linha de partida para a cia do Capitão Nadal . Como preparativo para o ataque os soldados da Cia A deixaram suas mochilas e receberam uma dotação extra de munição. Além do perigo localizado diretamente à sua frente, Nadal acreditava que a maior ameaça viria da esquerda, da direção de Chu Pong; por isto, planejou progredir naquela direção em coluna de pelotões, com o 2º Pel à testa e seguido pelos 1º e 3º Pel. Como não sabia a localização exata do pelotão cercado, o capitão Nadal decidiu orientar-se pela Cia B. Se não encontrasse resistência significativa depois de avançar um pouco, passaria a progredir com a companhia em cunha. Antes de partir para o combate, Nadal reuniu no leito seco o maior número possível dos seus comandados e explicou-lhes que um pelotão do 7º Regimento de Cavalaria se achava cercado e corria perigo, mas que eles iriam libertá-lo. Os homens reagiram com entusiasmo.

O ataque para alcançar o pelotão isolado começou às 16:20 h , precedido por uma forte preparação de artilharia e de foguetes de hlcp de ataque; a maior potência da preparação concentrou-se a ate 250 m de distância da Cia B, que tinha a prioridade de fogo. As Cia A e B transpuseram a linha de partida lado a lado. A progressão foi difícil praticamente desde o início. O inimigo conseguira infiltrar-se a até tão próximo do leito seco que o combate se tornou feroz logo adiante da linha de partida. Os norte-vietnamitas estavam bem camuflados, os uniformes cáquis confundiam-se com o capim-elefante marrom; mas o inimigo também se escondera nas árvores, cavara poços de tiro ("spider holes") e abrigara-se junto aos formigueiros.

Como primeiro homem da companhia a sair do leito seco, o capitão Nadal manteve-se na frente dos 1º e 2º pelotões durante uns poucos metros antes de se deparar com o inimigo. O 3º Pel ainda nem havia saído do leito seco, quando seu líder, 2º ten Wayne O. Johnson tombou gravemente ferido e, instantes depois, um líder de GC informou que um dos seus líderes de esquadra tinha sido morto.

Os homens do ten Marm tomaram a dianteira até serem detidos pelo fogo de uma metralhadora inimiga, que parecia partir de um formigueiro cerca de 30 m à frente. Expondo-se deliberadamente, a fim de identificar a localização exata do inimigo, Marm disparou um rojão anti-carro M-72 contra o monte de terra. A ação produziu algumas baixas, mas o fogo prosseguia. Achando que se tratava de correr até o monte e arremessar uma granada-de-mão na sua parte de trás, Marm fez sinal para que um seus homens cumprisse a missão. Nesta altura, a confusão era tal que um sargento que estava perto dele interpretou o gesto como sendo para lançar uma granada a partir do local onde se encontrava. Arremessou e a granada caiu curta. Sem ligar para a própria segurança, Marm avançou veloz pelo trecho limpo do terreno e atirou uma granada dentro da posição inimiga; a explosão matou alguns norte-vietnamitas e Marm liquidou o restante com seu fuzil M-16. Entretanto, alguns instantes depois, o tenente caiu, com um tiro no rosto (Marm sobreviveu e recebeu a Medalha de Honra por sua ação neste combate).

O capitão Nadal observava as baixas aumentarem à medida em que seus homens esforçavam-se para progredir. Todos os líderes de pelotão ou estavam mortos ou feridos; o OA de artilharia fora morto. Quatro de seus cavalarianos morreram a 2 m de distância do local onde ele se encontrava, inclusive o sargento de 1ª classe Jackie Gell, seu sargento de comunicações, que estava combatendo como rádio-operador. Passava um pouco das 17:00 h e em breve escureceria. Os pelotões de Nadal só haviam progredido 150 m e o tempo todo com extrema dificuldade. Convencido de que não poderia efetuar uma ruptura, Nadal entrou em contato com o Cmt-Btl e solicitou permissão para retrair. A permissão foi concedida.

A situação do Capitão Herren não era melhor do que a do Capitão Nadal. Apesar de tentar progredir, a partir do leito seco do córrego, usando o fogo e o movimento, Herren também viu seus homens engajados imediatamente após a linha de partida; como conseqüência, conquistou menos terreno do que a companhia de Nadal. Com o efetivo desfalcado já no início da operação, por volta das 17:00 h, Herren já experimentara mais de 30 baixas. Embora estivesse ansioso para chegar ao pelotão cercado, deteve sua progressão ao ouvir pelo rádio o pedido formulado pelo Capitão Nadal.

O ten-cel Moore não tinha opção a respeito do pedido de Nadal. Os americanos estavam combatendo em três ações distintas: duas companhias defendiam X-RAY, duas companhias atacavam e um pelotão estava cercado. Nessas circunstâncias, prosseguir seria arriscar a derrota do batalhão por partes, caso o inimigo percebesse e tirasse proveito da dificuldade em que Moore se encontrava. As forças em X-RAY estavam sujeitas a ataque potente proveniente de outras direções, assim, continuar a impulsionar as Cias A e B contra um inimigo tão tenaz era arriscar o aumento das baixas. Para Moore, a chave da sobrevivência do I/7º de Cavalaria residia na segurança física de X-RAY, principalmente em face do que lhe dissera o primeiro prisioneiro a respeito de três batalhões inimigos. Moore decidiu retrair suas forças, pretendendo atacar outra vez naquela noite ou ao alvorecer do dia seguinte, ou ordenar ao pelotão que retornasse às linhas americanas por infiltração entre as posições inimigas.

Todavia, não era fácil executar a decisão. O 1º/Cia A teve dificuldade para retrair com seus mortos e feridos, porque o fogo era muito cerrado. O capitão Nadal empregou o 3º Pel para ajudar a aliviar a pressão e auxiliar a remoção das baixas. Como havia perdido o observador avançado de artilharia, Nadal solicitou, através do cmt de batalhão uma cortina de fumaça na frente da companhia a fim de ocultar o retraimento. Quando Moore retransmitiu a solicitação, a central de tiro respondeu que não havia disponibilidade de munição fumígena. Lembrando-se de um truque que aprendera na Guerra da Coréia, Moore solicitou à artilharia que utilizasse granadas de fósforo branco. Isto pareceu dissuadir o inimigo; após o desencadeamento da concentração de artilharia, a intensidade do fogo hostil diminuiu imediatamente. O sucesso obtido pelo fogo de animou Nadal a solicitar sua repetição, alcançando bom resultado. Na execução das concentrações, as tropas americanas não foram atingidas quase que por milagre; ambas as companhias conseguiram romper o contato.

As 17:05 h desembarcaram em X-RAY o 2º Pelotão e a Seção de Comando da Companhia B do II Batalhão do 7º de Cavalaria. Por entres aplausos dos homens que se achavam na ZD, o capitão Myron Diduryk saltou do primeiro helicóptero, correu para o ten-cel Moore e saudou-o com a exclamação "Garry Owen, Sir!", o grito de guerra do 7º Regimento de Cavalaria. Moore explicou a situação tática a Diduryk, atribuiu-lhe o papel de reserva do I Batalhão e determinou que ele se preparasse para contra-atacar no setor de cada uma das companhias do batalhão, com ênfase no setor da Cia C. Mais ou menos uma hora depois, preocupado com o fato da Cia C estar com a responsabilidade pela maior parte do perímetro defensivo, Moore deu a ela, em reforço, o 2º Pelotão de Diduryk.

Os 120 homens do capitão Diduryk entravam no combate tão bem preparados quanto as subunidades do I/7º já engajadas. Cada fuzileiro dispunha de 15 a 20 carregadores de M-16 e cada guarnição de metralhadora M-60 trazia 4 caixas de munição, no mínimo. Os lança-granadas M-79 dispunham e 30 a 40 projéteis e cada homem da companhia conduzia pelo menos uma granada de mão defensiva. Além da dotação normal de munição para um pelotão, a subunidade trouxera dois morteiros 81 mm, com um total de 48 granadas HE.

Quando o 2º tenente James L. Lane, líder do 2º Pelotão da Cia B/II, apresentou-se com sua fração para receber instruções da Cia C, o capitão Edwards colocou-o no flanco direito do seu dispositivo defensivo, onde ele poderia estabelecer ligação com a Companhia A. Edwards não montou postos de escuta. O espesso capim-elefante reduzir-lhes-ia a utilidade e eles correriam perigo com as barragens de artilharia planejadas para 100 m à frente da posição.

Ao invés de enterrar-se, a Cia A aproveitou a vantagem do abrigo proporcionado pelo leito seco do córrego. Ali, o Capitão Nadal colocou todos os seus pelotões, com exceção de 4 homens do flanco esquerdo do seu 3º Pel que ficaram na margem do leito para estabelecerem a ligação com a Cia C.


A Cia B decidiu não utilizar o leito do córrego. Ao invés disto, o capitão Herren desdobrou seus dois pelotões desfalcados logo adiante do leito seco, ocupando uma frente de 150 m de terreno favorável à defesa, com uma média de 5 m de distância entre cada posição, e localizou o seu PC no leito do córrego, atrás da frente ocupada. Herren começou imediatamente a regular as barragens de artilharia para o mais próximo possível da posição e ordenou a seus homens que cavassem.

A Cia D continuou a ocupar seu setor no perímetro defensivo, sem nenhuma alteração.

Por volta das 18:00 h já desembarcara toda a Cia B do II/7º de Cavalaria. Meia hora depois, percebendo que o Pel Rec constituía uma força de efetivo suficiente para ser a reserva, prontamente disponível e localizada perto do formigueiro, o ten-cel Moore alterou a missão do capitão Diduryk, mandando-o mobilizar, com seus dois pelotões restantes, a parte do perímetro situada entre as Cias B e D. O 2º ten Cyrill R. Rescorla ligou o seu 1º Pelotão com a Cia B do I/7º, enquanto o 2º Tenente Albert E. Vernon ligou o flanco de seu 3º Pel com a Cia D, à esquerda. Diduryk colocou seus dois morteiros 81 mm com o I Batalhão, o que liberou alguns serventes para serem usados na defesa do perímetro. Em pouco tempo seus homens estavam cavando, limpando campos de tiro e ajustando as concentrações mais próximas.

Por volta das 19:00 h, o ten-cel Moore tinha o seu perímetro defensivo organizado, faltando completar apenas as regulações da artilharia e dos morteiros. De há muito o combate reduzira-se a um nível suportável de disparos esporádicos de tocaieiros; quando anoiteceu, os últimos mortos e feridos estavam sendo aerotransportados do Posto de Coleta do batalhão, nas vizinhanças do PC próximo do formigueiro, para FALCON. Nesta ocasião chegou um ressuprimento de munição, água, medicamentos e rações. O Posto de Socorro atingira um nível perigosamente baixo de disponibilidade dexadrine, morfina e ataduras e, em determinado momento, o suprimento de água atingira um nível tão crítico que alguns soldados, para aliviarem a sede, tiveram que comer a geléia pastosa da ração C. Na parte norte de X-RAY estabeleceu-se um local de aterragem noturna para até dois aparelhos. Embora sob observação e fogo do inimigo, o local era menos vulnerável do que os demais setores de X-RAY, onde haviam ocorrido os principais combates.

Às 18:50 h, o ten-cel Moore chamou pelo rádio o seu S-3, capitão Dillon, e ordenou-lhe que aterrasse o mais breve possível, trazendo mais dois operadores de rádio, o oficial de ligação da Artilharia, o Controlador Aéreo Avançado, mais munição para armas portáteis e água. A não ser nas pausas para reabastecimento, Dillon permanecera o tempo todo no helicóptero de comando, sobrevoando X-RAY, acompanhando a situação tática pelo rádio, retransmitindo informes para o QG da 3ª Brigada e passando instruções para as companhias de fuzileiros. O helicóptero servira como posto de observação aéreo, de onde o capitão Whiteside e o tenente Hastings dirigiam os fogos de artilharia e os ataques aéreos. De modo a cumprir as ordens do ten-cel Moore, Dillon requisitou dois hlcp de FALCON. Pelas 21:25, Dillon estava se aproximando de X-RAY vindo do sul, através de uma névoa de poeira e fumaça. Tão logo seu hlcp aproximou-se para o pouso, ele olhou para a esquerda e viu o que pareciam ser quatro ou cinco luzes piscando nas encostas dianteiras do Chu Pong. As luzes pairavam e tremulavam na escuridão. Ele supôs que se tratasse de soldados norte-vietnamitas usando lanternas para sinalizarem uns para os outros enquanto se movimentavam, pois ele se lembrou de um oficial de outra divisão americana ter relatado um incidente similar, dois meses antes, numa operação na Província de Binh Diem. Após desembarcar, Dillon passou essa informação para Whiteside e Hastings, como informação para alvos.

Durante as primeiras horas de escuridão, o ten-cel Moore, acompanhado pelo seu sargento-mor de batalhão, inspecionou o perímetro defensivo e conversou com os soldados. O moral da tropa era nitidamente elevado, apesar de estar enfrentando uma força inimiga considerável e de haver sofrido baixas. Moore ficou satisfeito porque as companhias estavam bem entrosadas, todos os morteiros haviam regulado os tiros, funcionava a contento o sistema de reabastecimento de munições e, de modo geral, sua unidade achava-se preparada para passar a noite.

Durante a noite o 66º RI norte-vietnamita deslocou o 8º Batalhão para o sul, a partir de uma posição ao norte do Ia Drang, e atribuiu-lhe a missão de pressionar o setor leste de X-RAY. Enquanto isso, o QG da Frente de Campanha providenciou o deslocamento do Batalhão H-15 da Força Principal Vietcong, localizado em uma zona de reunião bem ao sul da região onde se travava a luta. O 32º RI norte-vietnamita ainda não se deslocara da sua zona de reunião, também distante cerca de 12 quilômetros, e os batalhões de metralhadoras e de morteiros pesados ainda estavam a caminho de X-RAY.

Durante a noite, e de forma intermitente, as forças inimigas inquietaram, e sondaram todos os setores do perímetro americano, exceto o setor da Cia D; em todas as oportunidades o fogo da Artilharia, bem posicionada em FALCON, atenuou a agressividade do inimigo. Disparando 4000 granadas, as duas baterias de obuseiros 105 mm bateram, também, esporões e ravinas de Chu Pong, onde haviam sido avistadas algumas luzes. Durante a noite inteira foram efetuadas missões aerotáticas.

Enquanto isto, os remanescentes do 2º Pelotão da Cia B do I/7º de Cavalaria, continuavam a ser fortemente pressionados. O inimigo atacou três vezes, com o efetivo de, no mínimo, um pelotão reforçado, mas foi repelido pelo fogo de artilharia e das armas dos cavalarianos que resistiam na posição, inclusive os feridos que ainda podiam combater. O especialista nível 5 Charles H. Lose, socorrista sênior da companhia (que havia sido destacado pelo cap Herren para junto do pelotão, devido a carência de médicos) circulou por toda a área, expondo-se aos tiros enquanto atendia os feridos. Sua capacidade de trabalho e de improvisação, no decorrer do dia e durante a noite, salvou uma meia dúzia de vidas, pelo menos. Depois que se esgotaram as caixas de primeiros socorros e ataduras contidos na sua bolsa, utilizou o papel higiênico das rações C, que os soldados possuíam, para estancar os sangramentos. Sua calma, confiança e competência reanimaram os combatentes.

Ouviram-se toques de corneta ao redor da posição antes do segundo ataque, desencadeado às 03:45 h. Alguns toques pareciam vir do Chu Pong, de 200 à 400 m de distância. O Sgt Savage podia até ouvir a conversa, em sussurros, entre os inimigos, naquele cadência característica da língua vietnamita. O sargento pediu uma barragem de artilharia, com 15 minutos de duração, para saturar a área e, em seguida, um ataque aéreo contra o solo imediatamente à frente de suas posições. A combinação das duas ações, executadas sob a luz de pára-quedas luminosos, conteve o ataque. Savage percebeu que a iluminação da área revelava o seu dispositivo e, por isto, não a utilizou mais naquela noite.

Um terceiro e último ataque ocorreu, uma hora mais tarde, e foi tão malsucedido quanto os dois anteriores. Isolados, mas mantendo a posição a noite inteira, o sgt Savage e seus soldados podiam ouvir e, às vezes ver, o inimigo removendo seus mortos e feridos.

No QG-Bda, o coronel Brown continuava a avaliar o significado das ações daquele dia. Alegrou-se com o fato do I/7º de Cavalaria manter-se firme e com baixas moderadas, apesar das desvantagens, e convenceu-se de que o combate prosseguiria. Por rádio, solicitou um outro batalhão ao general Kinnard e recebeu a informação de que o I Batalhão do 5º Regimento de Cavalaria começaria a chegar ao QG da 3ª Bda na manhã seguinte.




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Clermont
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Re: Assalto Aeromóvel no vale do Ia Drang

#11 Mensagem por Clermont » Sáb Mar 07, 2009 8:29 pm

ASSALTO HELITRANSPORTADO – VITÓRIA.

Na manhã seguinte (15 de novembro), o ten-cel Moore já estava pronto, pois decidira, com antecedência, tentar, pela terceira vez, alcançar o pelotão isolado e, ao mesmo tempo, manter o perímetro. Tanto ele, como o S-3, sentiram que o inimigo faria o esforço principal contra o pelotão isolado. Desta vez, pretendia empregar três companhias de fuzileiros, ao invés de duas. Planejou empregar no esforço principal, mais uma vez, a Cia B, reforçada com um pelotão da Cia A, porque os homens do cap Herren estavam mais familiarizados com o terreno, logo atrás, Moore seguiria com a companhia de comando de batalhão (Cia Cdo). Atrás dele, as Cia A e C, à direita e à esquerda respectivamente, protegendo os flancos e prontas para ajudar o esforço principal, mediante ordem. O cap Dillon, S-3, ia ficar para trás com o restante do batalhão e as subunidades dadas em reforço, no perímetro, pronto para comandar esta força como reserva, se necessário.

Dez minutos após o alvorecer, o ten-cel Moore convocou todos os comandantes de companhia ao PC da Cia C, onde exporia os planos finais e com eles observaria a via de acesso do ataque. Determinou-lhes, também, que patrulhassem à frente e à retaguarda de suas posições no perímetro, procurando por infiltradores ou tocaieiros que se houvessem aproximado durante a noite.

Ao receber esta ordem, o cap Edwards, da Cia C, comunicou-se com seus líderes de pelotão, pelo rádio, e disse-lhes que enviassem patrulhas, de efetivo de GC , no mínimo, até 200 m de distância. As patrulhas mal saíram do perímetro e a tranqüilidade da manhã foi quebrada pelo fogo cerrado do inimigo. Os elementos de reconhecimento mais à esquerda, pertencentes aos 1º e 2º Pel Fzo, atraíram o fogo mais forte, proveniente das direções em frente e à esquerda. Responderam ao fogo e começaram a recuar para suas posições defensivas. Os norte-vietnamitas avançaram, bem camuflados, rastejando. Em pouco tempo as duas patrulhas de reconhecimento começaram a sofrer baixas, algumas até fatais, enquanto também eram atingidos soldados de outros pelotões que tentavam avançar em socorro dos companheiros.

Quando ouviu o tiroteio, o Cap Edwards tentou contato pelo rádio com os 1º e 2º Pel, para inteirar-se da situação, mas não conseguiu; cada um dos líderes de pelotão havia acompanhado o avanço da força de reconhecimento. Buscou, então, contato com o líder do seu 3º Pel, 2º tenente William W. Franklin, e com o líder do pelotão de reforço da Cia B do II/7º de Cavalaria, Ten Lane. Tranqüilizou-se quando soube que ambos haviam regressado ao perímetro sem grandes problemas; alguns homens ainda estavam tentando ajudar aos companheiros engajados com o inimigo.

No seu PC, o próprio Edwards podia ver uns 15 a 20 inimigos a cerca de 200 m à frente, deslocando-se em direção a ele. Comunicou-se com o ten-cel Moore, explicou-lhe a situação e pediu apoio de artilharia. Em seguida, ele e quatro soldados da sua Seção de Comando começaram a atirar com seus fuzis contra o inimigo que progredia. Edwards voltou a ligar-se com o batalhão e solicitou que a reserva lhe fosse dada em apoio.

Moore recusou, porque tanto ele como o cap Dillon ainda não estavam convencidos de que era lá que o inimigo realizava o esforço principal. Esperavam, sim, um ataque potente contra o pelotão isolado e queriam estar em condições de enfrentá-lo. Além disso, pelo que podiam ver e ouvir, parecia que a companhia de Edwards mantinha a posição, e já contava com a prioridade de fogo.

Entretanto, a situação da Cia C piorava; o inimigo chegou até a linha de abrigos individuais, apesar de sofrer pesadas baixas e a despeito do fogo cerrado dos obuseiros 105 mm e do apoio aéreo. O cap Edwards tentou empurrar para a esquerda o 3º Pel do ten Franklin, a fim de aliviar a pressão, mas o tiroteio era muito intenso. De repente, dois norte-vietnamitas apareceram 40 m à frente do PC. O cap Edwards se ergueu e lançou uma granada-de-mão contra eles; porém, tombou com uma bala de fuzil nas costas.

Às 07:15 h, ferido mas ainda consciente, Edwards tornou a pedir reforços. Desta vez o ten-cel Moore atendeu; ordenou à Cia A que enviasse um pelotão. No momento, a Sç Cdo da Cia C achava-se imobilizada por uma metralhadora norte-vietnamita localizada por trás de um formigueiro, logo à frente da linha de abrigos individuais. O SCmt de Edwards, 1º tenente John W. Arrington, saíra do PC-Btl, por ordem do ten-cel Moore, e avançara, tão logo Edwards caíra ferido. Enquanto recebia instruções do cap Edwards, inclinado sobre este, Arrington foi baleado no peito. Ao perceber que seus comandante e subcomandante estavam fora de ação, o ten Franklin saiu da posição do 3º Pel e começou a rastejar na direção da Sç Cdo. De imediato, foi atingido pelo fogo inimigo, ficando gravemente ferido.

Quase no mesmo momento em que a mensagem de Edwards, solicitando apoio, chegava ao PC-Btl, o inimigo atacou, em força, o setor da Cia D, perto das posições de morteiros. Agora, o batalhão estava sendo atacado de duas direções diferentes.

Assim que recebeu a ordem para liberar um pelotão, o cap Nadal deu a missão ao 2º Pel, do flanco direito, porque não quis enfraquecer a parte do perímetro mais próxima da Cia C. O efetivo restante estendeu-se para a direita, cobrindo a brecha aberta no seu dispositivo. O 2º Pel iniciou a travessia da ZD, em direção ao setor da Cia C. Ao aproximar-se do PC-Btl, deslocando-se em terreno limpo, foi atingido por fogo cerrado, que resultou em dois feridos e dois mortos. O pelotão desdobrou-se em linha, com todos os homens agachados e numa posição alguns metros atrás e à esquerda do flanco esquerdo do 3º Pel da Cia A, e exatamente atrás do flanco direito da Cia C. Isto é, permaneceu na posição em que fora detido. Ainda bem, pois esta posição era conveniente para a localização da reserva, tendo em vista a defesa em profundidade contra qualquer tentativa inimiga de alcançar o PC-Btl.

O combate prosseguia feroz. Às 07:45 h, o tiros rasantes norte-vietnamitas entrecruzavam a Zona de Desembarque X-RAY e, pelo menos, doze granadas de morteiro ou foguetes haviam arrebentado no seu interior. Perto de um formigueiro, jazia um americano morto e alguns feridos. Quem quer que se deslocasse na direção do setor da Cia C atraía o fogo inimigo imediatamente. Mesmo assim, os homens lutavam ferozmente. Um soldado da Cia D, que no curso da luta acabou entrando no setor da Cia C, avançou 50 m na direção do inimigo e, com seu fuzil M-16, em posição ajoelhada, acertou de 10 a 15 norte-vietnamitas.

O tenente-coronel alertou o Pel Rec para que se preparasse para um possível engajamento no setor, ou da Cia D, ou da Cia C. Em seguida, pelo rádio, chamou o cel Brown no QG-Bda, informou-o sobre a situação e solicitou reforços de mais uma companhia. O cel Brown aprovou o pedido e preparou a Cia A do II Batalhão do 7º de Cavalaria para ser enviada à ZD tão logo diminuísse a intensidade dos tiros.

Às 07:05 h, o ten-cel Moore ordenou a todas as companhias que lançassem granadas de fumaça colorida, a fim de que os observadores de artilharia, dos helicópteros de foguetes e da USAF pudessem ver o traçado do perímetro com maior facilidade; o Cmt-Btl queria desencadear o fogo de apoio o mais próximo possível da posição. Tão logo a fumaça se fez notada, o fogo foi desencadeado muito próximo das posições americanas. Vários obuses 105 mm caíram dentro do perímetro; um caça-bombardeiro F-105, numa surtida de noroeste para sudeste, lançou duas bombas de napalm na região do formigueiro, queimando soldados americanos, fazendo explodir cunhetes de munição de fuzil M-16, armazenados na região e quase fazendo explodir a reserva de granadas-de-mão. Enquanto os soldados tratavam de apagar o fogo, o cap Dillon correu para o centro da ZD e, sob tiros do inimigo, abriu um painel cor de cereja, a fim de que os aviões pudessem identificar melhor o PC.

Apesar da proximidade do fogo de apoio, pesado fogo continuou a varrer a ZD, sem descanso, enquanto as tropas norte-vietnamitas prosseguiam na tática padronizada de tentar misturar-se com os defensores americanos a fim de neutralizar o fogo de apoio inimigo. Um médico foi morto no PC-Btl, enquanto tratava de um dos feridos pelo ataque com napalm. Um dos rádio-operadores do ten-cel Moore foi atingido na cabeça por um projétil; ficou desacordado por meia-hora, mas seu capacete havia salvo sua vida.

Por volta das 08:30 h uma pequena força norte-vietnamita tinha mordido o flanco esquerdo do dispositivo da Cia A mas fora repelida. Mesmo assim, o setor da Companhia de Apoio “D” achava-se seriamente ameaçado. A guarnição dos morteiros disparava seus fuzis ao mesmo tempo em que colocava granadas nos tubos; uma repentina saraivada de balas destruiu um dos morteiros 81 mm. Na borda do perímetro, o Pel AT achava-se fortemente engajado. No momento, o batalhão sofria ataque de três direções; Moore deslocou o Pel Rec para o setor da Cia D, para aliviar um pouco a pressão naquele setor. Depois, pediu ao Cel Brown a companhia adicional e alertou ao capitão Diduryk da Cia B do II/7º de Cavalaria para entrar em ação. Ficaria com esta subunidade pronta para ação até que toda a Cia A do II Batalhão desembarcasse na ZD.

Moore ordenou ao cap Diduryk que reunisse sua Seção de Comando e seu 1º Pel Fzo na região do formigueiro. Diduryk só dispunha do 3º Pel para guarnecer todo o setor da companhia no perímetro, pois havia dado na noite anterior, o 2º Pel em reforço à Cia C do I/7º Assim, ordenou ao líder do 3º Pel, ten Vernon, que permanecesse na posição até ser substituído. O 1º Pel de Diduryk, embora ainda não se engajasse no combate, já tivera um soldado morto e outro ferido por causa do cerrado fogo norte-vietnamita.

Por volta das 09:00 h, o volume do fogo combinado americano começou a produzir resultado; o fogo norte-vietnamita esmaeceu. Dez minutos depois desembarcaram elementos da Companhia A do II Batalhão do 7º de Cavalaria. Moore ordenou ao comandante da companhia, capitão Joe Sludginis, que ocupasse o setor da cap Diduryk, o que foi feito após o contato entre os dois capitães.

Por volta das 10:00 h fracassara a tentativa desesperada do inimigo de sobrepujar o perímetro e os ataques cessaram. Persistiram, apenas, os disparos dos tocaieiros. Meia hora depois, a companhia de Diduryk contatou o pelotão do Ten Lane, no setor da Cia C do I/7º. O efetivo de Diduryk achava-se reforçado com o 3º Pel da Cia A do II/7º, que a ele se juntara imediatamente após o desembarque. Moore decidira manter o 3º Pel ali.

Enquanto isto, a menos de três quilômetros a sudeste da luta, novos reforços dirigiam-se para X-RAY. Partindo da ZD VICTOR, de manhã cedo, o II Batalhão do 5º Regimento de Cavalaria, comandado pelo tenente-coronel Tully, deslocava-se na direção do combate.

Esta comandante só conseguira reunir duas de suas companhias em VICTOR, antes do anoitecer do dia 14, fosse por causa da escassez de aeronaves no dia 13 de novembro, fosse por causa de dispersão de suas subunidades por uma área muito ampla. Houve um esforço muito grande para poder apanhar a Cia C e transportá-la para VICTOR, por causa da densidade da vegetação. Para abrir uma clareira para dois helicópteros, os soldados da Cia C gastaram mais de 15 quilos de explosivo plástico e danificaram 17 ferramentas de sapa.

Todavia, nas primeiras horas da manhã do dia 15, o ten-cel Tully já conseguira reunir suas três companhias, em cumprimento da ordem da Brigada. A tropa iniciou o deslocamento às 08:00 h, com as Companhias A e B na frente, à esquerda e à direita, respectivamente, e a Cia C atrás da Cia A. Tully utilizou este dispositivo, mais forte na esquerda, por causa da ameaça representada por Chu Pong. Estimou que se o inimigo atacasse novamente partiria daquela direção. Não tinha nenhum plano pronto sobre o que fazer quando chegasse a X-RAY, a não ser o de reforçar o I Batalhão do 7º Regimento. Os pormenores ficariam para depois.

Pouco depois de cessado o combate em X-RAY, os dois pelotões de ponta da Cia A do II/5º de Cavalaria foram detidos por fogo de metralhadora a 800 m de distância da ZD, da qual aproximavam-se vindos de leste. Imediatamente, o Cmt da Cia A, capitão Larry T. Bennett, manobrou o dispositivo dos dois pelotões em linha, para que retomassem a progressão. Depois, deslocou o 3º Pel para o flanco direito e avançou; atrás, como reserva, vinha o Pelotão de Apoio improvisado como pelotão de fuzileiros. A tropa rompeu a resistência rapidamente e aprisionou dois jovens norte-vietnamitas, apavorados.

Logo depois do meio-dia, os primeiros elementos do II/5º de Cavalaria alcançaram X-RAY. Os comandantes dos batalhões coordenaram o próximo movimento, concordando com a participação das Cias A e C do II/5º no esforço para alcançar o pelotão isolado, não só por estarem ambas na melhor posição para o ataque, como por se acharem mais descansadas e com efetivo mais completo. A Cia B do I/7º lideraria o ataque, porque o Cap Herren conhecia o terreno entre X-RAY e o pelotão cercado. Moore receberia a Cia B do II/5º no perímetro e permaneceria na retaguarda, ainda no comando, enquanto o ten-cel Tully acompanharia a tropa atacante. Os morteiros do II/5º permaneceriam em X-RAY e apoiariam o ataque.

A coordenação do ten-cel Tully com o cap Herren foi muito simples. Tully forneceu a Herren as freqüências de rádio e os codinomes da rede-rádio, disse-lhe onde fazer a ligação com a sua Cia A e ordenou-lhe que iniciasse o deslocamento quando pronto. Às 13:15 h, precedida pelas salvas de artilharia e de helicópteros de apoio de fogo, a força de socorro iniciou a progressão com a companhia comandada por Herren à direita e Cia A do II/5º à esquerda.

Quinze minutos após a partida da força de socorro para fora do perímetro, Moore ordenou a todas as subunidades restantes que vasculhassem o campo de batalha até uma profundidade de 300 m. E elas logo descobriram o preço elevado pago pelo inimigo durante o combate: cadáveres inimigos juncavam as vizinhanças do perímetro, alguns empilhados atrás dos formigueiros; pedaços de corpos, armas e equipamento jaziam espalhados nas bordas do perímetro; ataduras ao longo das trilhas revelavam a remoção de muitos feridos.

O I Batalhão do 7º Regimento de Cavalaria também sofreu baixas, num total equivalente ao efetivo de todo um pelotão. Os cadáveres americanos jaziam por entre os mortos do inimigo, demonstrando a ferocidade da luta. Um fuzileiro da Cia C tombou com as mãos apertando a garganta do norte-vietnamita morto na sua posição. O líder do 1º Pelotão da Cia C morreu em um abrigo individual cercado por cinco cadáveres norte-vietnamitas.

Enquanto isto, a força de socorro progredia com cautela, inquietada por tiros esporádicos de tocaieiros, aos quais os cavalarianos respondiam judiciosamente pedindo fogo de artilharia. Ao aproximarem-se do pelotão do sgt Savage, os elementos de vanguarda do cap Herren acharam a metralhadora M-60, que fora capturada, destruída por fogo de artilharia. Em torno da arma jaziam os corpos mutilados da guarnição americana, junto com os cadáveres de sucessivas guarnições norte-vietnamitas. Acharam também o corpo do granadeiro do M-79 com a Colt 45 ainda empunhada.

Alguns minutos mais tarde, os primeiros homens chegaram ao pelotão isolado; o cap Herren, em cuja fisionomia o cansaço revelava-se por olheiras profundas, fixou os olhos na cena que se abriu à sua frente. Sobreviventes romperam em lágrimas de alívio. Desde a tarde do dia anterior, quando Savage assumiu o comando, o pelotão não sofrera mais nenhuma perda, fosse por sorte, fosse pelo fato do inimigo ignorar a situação do pelotão, fosse pela competência em primeiros socorros do especialista Lose, fosse por bravura individual, fosse o mais importante, pela habilidade como o sgt Savage utilizou o fogo de artilharia. Cada soldado ainda dispunha de uma quantidade razoável de munição.

Tully não efetuou uma busca completa na região, porque após alcançar o pelotão tratava-se de evacuar, em ordem, sobreviventes e baixas para X-RAY. Assim cercou a posição com as três companhias, enquanto o cap Herren providenciava grupos de soldados para cuidar das baixas. Não era tarefa fácil, porque cada cadáver e muitos dos feridos necessitavam de, pelo menos, quatro homens para carregar a maca improvisada.

Enquanto isto, o cap Bennett, comandante da Cia A do II/5º, tombou, ferido gravemente no peito, por tiro disparado a curta distância por um tocaieiro norte-vietnamita, quando caminhava pela borda externa do perímetro recém-organizado, para verificar o dispositivo de um dos seus pelotões. Resultou infrutífera a busca para encontrar o atirador inimigo e o ten-cel Tully ordenou que a tropa retornasse a X-RAY. Sem, mais incidentes, a força de socorro alcançou a ZD, com a companhia de Herren em coluna com as baixas e as subunidades de Tully em cada flanco.

Moore rearticulou suas tropas. Como se tratava de empregar dois batalhões, estabeleceu uma combinação com Tully, que lhe permitia controlar todas as forças dentro do perímetro. Retirou da frente a Cia D, menos o Pel Mrt 81, e colocou no lugar todo o batalhão do 5º Regimento de Cavalaria. Esta unidade também ocupou partes dos setores das companhias dos flancos. Mortos e feridos foram evacuados; todos cavaram abrigos para passar a noite.

Ao anoitecer, no QG da 3ª Brigada, o cel Brown voltou a falar com o gen Kinnard, que o informou de que o I/7º seria evacuado no dia 16 e enviado para Camp Holloway, perto de Pleiku, para passar dois dias descansando e reorganizando-se.

Os norte-vietnamitas não abandonaram o terreno completamente, embora houvessem sofrido perdas vultosas, não só no combate contra o I/7º, mas também como resultado de uma incursão de bombardeiros B-52 contra Chu Pong, durante a tarde. Na primeira parte da noite, o perímetro foi alvo do fogo esparso de tocaieiros. A lua apareceu por volta das 23:20 h em um céu sem nuvens. A artilharia disparou continuamente contra alvos ao redor do perímetro e contra Chu Pong, onde registraram-se explosões no início da noite.

À 01:00 h, cinco infiltradores norte-vietnamitas sondaram o setor da Cia B do I/7º; dois foram mortos e os outros escaparam. Três horas mais tarde, ouviu-se no lado inimigo uma série de apitos, e a frente da Cia B do II Batalhão do 7º de Cavalaria (cap Diduryk) viu-se envolvida em uma atividade frenética. Acenderam-se dispositivos iluminativos e soaram alarmes anti-intrusão, alguns a 300 m de distância. Às 04:22 h o líder de um pelotão da Cia A do II/7º, dado em reforço a Diduryk, 2º tenente William H. Sisson, comunicou, pelo rádio, que podia ver um grupo de norte-vietnamitas avançando contra sua posição. Recebeu autorização para atirar, ao mesmo tempo em que seu pelotão começou a ser alvejado pelo inimigo. Em menos de dez minutos Diduryk era atacado ao longo do seu setor inteiro, por uma força de efetivo de companhia, no mínimo.

A subunidade de Diduryk enfrentou o ataque com o fogo de armas individuais, combinado com o poder de fogo de quatro baterias de obuseiros 105 mm e de todos os morteiros disponíveis. O Observador Avançado de Diduryk, 1º tenente William L. Lund. Solicitou tiros com espoleta instantânea e de tempo variável nos obuses HE e WP (fósforo branco), orientando cada bateria para disparar barragens diferentes na frente do perímetro, além de barragens de enjaulamento com 100 m de frente por 100 m de profundidade. O emprego de tais barragens de artilharia, bem como dos pára-quedas iluminativos proporcionados pela USAF, revelou-se altamente eficaz. Apesar disto, os soldados inimigos tentaram progredir durante o breve período de escuridão, entre os sucessivos pára-quedas iluminativos, e conseguiram, em alguns casos, chegar a 5 ou 10 m da linha de abrigos individuais, onde só foram detidos por granadas-de-mão e fogo de fuzil.

Às 05:30 h o inimigo efetuou nova tentativa, só que desta vez a sudoeste, atacando o 3º Pel e o flanco esquerdo do 2º Pel. O ataque também foi repelido, assim como o desencadeado uma hora mais tarde contra o flanco direito do 1º Pel.

Durante o combate, o SCmt da Cia B do II/7º, os ROp e soldados do I/7º, pertencentes ao Pel Rec, efetuaram três deslocamentos completos para ressuprimento de munição, até ao Posto de Suprimento instalado junto ao formigueiro. Em determinado momento o suprimento de granadas 40 mm dos M-79 chegou a um nível tão perigosamente baixo que Diduryk limitou seu emprego a alvos visíveis, particularmente armas coletivas e concentrações de norte-vietnamitas.

Ao alvorecer do dia 16, o ataque inimigo cessou. A companhia de Diduryk registrava apenas seis feridos levemente, enquanto as pilhas de cadáveres inimigos à frente das posições americanas testemunhavam o fracasso tático do adversário.

O ten-cel Moore ainda estava preocupado com as possibilidades do inimigo e suas possíveis intenções, além de precavido por causa do que sucedera à Cia C do I/7º no decorrer da manhã do dia anterior. Por isto, ordenou a todas as companhias que pulverizassem as árvores, formigueiros e macegas à frente de suas posições para matar qualquer tocaieiro ou infiltrador norte-vietnamita (o ato de pulverização ganhara dos soldados o apelido de "minuto de loucura").

Segundos após o início do tiroteio de pulverização avistou-se, 150 m à frente da Cia A do II/7º de Cavalaria, uma força inimiga de valor pelotão, a qual abriu fogo contra o perímetro. Alvo ideal para a artilharia, esta força foi destruída em 20 minutos de concentrações maciças com granadas HE e espoletas de tempo variável. O desencadeamento do "minuto de loucura" demonstrou-se útil em outros aspectos. Durante o tiroteio, um norte-vietnamita caiu de uma árvore, morto, exatamente na frente do PC do Cap Herren. Um cadáver crivado de balas ficou pendurado de cabeça para baixo, balançando-se no galho ao qual o próprio norte-vietnamita amarrara-se, bem na frente do pelotão situado na extrema esquerda do dispositivo de Diduryk. Uma hora mais tarde alguém capturou um soldado inimigo que tentava descer de uma árvore e fugir.

Enquanto isto, a Cia C do I/7º e o Pel Rec realizaram uma busca pormenorizada no interior da própria ZD X-RAY. Encontraram três baixas fatais americanas que não haviam sido contabilizadas; o Ten-Cel Moore ainda estava preocupado com infiltrações. A busca não encontrou nada.

Uma hora mais tarde, Moore julgou oportuno atuar fora do perímetro, realizando uma busca e limpeza até 500 m de distância. O movimento começou às 09:55 h. Após progredir 50 a 70 m, os pelotões da Cia B do II/7º, depararam-se com um volume substancial de fogo, inclusive granadas-de-mão lançadas por norte-vietnamitas feridos e que jaziam ainda na região. De imediato, Diduryk perdeu um líder de GC, morto, e nove homens feridos, inclusive o líder e o sargento de pelotão do 2º Pel Fzo. Sob cobertura da artilharia, fez sua subunidade recuar para o perímetro. Juntaram-se a ele o ten-cel Moore e o tenente Hastings, o Controlador Aéreo Avançado. Poucos minutos depois, os aviões revolveram a região com uma variedade de munições que incluía bombas de fragmentação, de fósforo branco, de alto explosivo, de napalm, foguetes e projéteis de canhão. O ataque aéreo terminou com o lançamento de uma bomba de 250 Kg, a qual atingiu o solo a, apenas, 25 m das posições do 1º Pel.

Recomeçou a limpeza que a Cia B do II/7º de Cavalaria realizava, desta vez com a utilização de fogo e movimento sob a cobertura da artilharia. Encontrou resistência esparsa, que foi prontamente eliminada. Como conseqüência, 27 norte-vietnamitas foram mortos. A limpeza descobriu mais três americanos que faltavam, todos mortos. A região ficou coberta por cadáveres inimigos e foram recolhidas inúmeras armas. Por volta das 09:30 h, os homens da Cia B do II/7º acabaram o movimento de retorno a X-RAY. Uma hora depois o ten-cel Moore recebeu instruções para preparar o I Batalhão juntamente com a Companhia B e o 3º Pelotão da Companhia A do II Batalhão do 7º Regimento de Cavalaria, para o deslocamento para Camp Holloway. Os outros pelotões da Cia A do II/7º e o II Batalhão do 5º Regimento de Cavalaria ficariam para trás, a fim de manter o perímetro. Entretanto, Moore não quis ir embora antes de efetuar mais uma limpeza na região de combate, principalmente onde a Cia C fora atacada na manhã do dia 15. Assim, o Capitão Diduryk efetuou uma varredura lateral até a distância de 150 m, sem incidentes.

O I/7º começou o deslocamento para Camp Holloway levando também seus mortos e feridos, com respectivos equipamentos, e os suprimentos não utilizados. O equipamento capturado ao inimigo, e evacuado, incluía 57 fuzis de assalto AK-47, 54 carabinas semi-automáticas SKS com baionetas, 17 metralhadoras leves Degtyarev, 4 metralhadoras pesadas Maxim, 5 lança-rojões RPG-2, 2 morteiros 82 mm, 2 pistolas e 6 conjuntos de primeiros socorros.

Uma boa quantidade de armas inimigas já havia sido destruída na região da luta, mas Moore ainda pediu ao comandante do II/5º que destruísse qualquer material inimigo deixado para trás, em X-RAY. Nisto incluíam-se 75 a 100 armas, individuais ou coletivas, 12 granadas anticarro, 300 a 400 granadas-de-mão, cerca de 5000 a 7000 cartuchos de armas portáteis e 100 a 150 ferramentas de sapa.

As baixas do I Batalhão do 7º Regimento de Cavalaria, inclusive das unidades dadas em reforço, somavam 79 mortos e 121 feridos. As perdas norte-vietnamitas foram enormes e incluíam 634 mortos identificados, 581 mortos estimados e 6 prisioneiros.




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#12 Mensagem por Piffer » Sáb Mar 07, 2009 8:50 pm

rodrigo escreveu:
Eu tenho esse esse capítulo do "Sete Batalhas" no meu HD, (ou melhor, uma versão traduzida do original). Se alguém tiver interesse, eu posso postar, aqui nesse tópico.
Isso não é pergunta que se faça! Posta logo aí! [080]
Aqui se promete, aqui se paga (nem que seja dois anos e meio depois).

Valeu pela tradução, Clermont!

Na época que comecei este tópico, meu site estava em outro endereço. Esta operação, no endereço atual, começa aqui: http://vootatico.com/?p=181

Abraços,




Carpe noctem!
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Re: Assalto Aeromóvel no vale do Ia Drang

#13 Mensagem por Clermont » Ter Mar 10, 2009 8:17 pm

O II BATALHÃO DO 7º REGIMENTO DE CAVALARIA E A EMBOSCADA NA ZONA DE DESEMBARQUE ALBANY.

Wikipedia.

Na manhã do dia 16 de novembro, a batalha pela ZD X-RAY estava acabada. As forças do Exército norte-vietnamita tinham sofrido milhares de baixas e não eram mais capazes de combater. Considerando-se a situação, não havia mais razão para as forças dos Estados Unidos permanecerem em campo, a missão delas estava completa sendo, possivelmente, um sucesso. Além do mais, o cel Brown, no comando geral, estava preocupado com relatórios de que unidades norte-vietnamitas adicionais estavam se movimentando para a área, vindas da fronteira. Ele queria retirar as unidades, mas o general Westmoreland exigiu que o II/7º e o II/5º permanecessem em X-RAY, de modo a evitar dar a impressão de uma retirada.

No dia seguinte, estes dois batalhões restantes, abandonaram a ZD X-RAY e deram início a uma marcha tática para novas zonas de desembarque, o II/5º de Cavalaria, sob o ten-cel Tully rumo a ZD COLUMBUS, cerca de 4 Km para o nordeste, e o II/7º sob o tenente-coronel Robert McDade, para ZD ALBANY, cerca de 4 Km para norte-nordeste, próximo ao Ia Drang. Bombardeiros B-52 estavam a caminho, vindos de Guam, tendo por alvo as encostas do maciço Chu Pong. As forças terrestres americanas tiveram de se afastar para longe de uma zona de segurança de 3 Km, no meio da manhão para evitarem o bombardeio. Os homens de Tully moveram-se cerca de 9:00; os de McDade seguiram dez minutos depois.

A primeira indicação de presença inimiga foi observada pelas unidades de ponta da coluna americana, um grupo comandado pelo sargento-ajudante Donald J. Slovak, do Pelotão de Reconhecimento do II/7º, que viu marcas de sandálias “Ho-Chi-Minh”, pontas de bambu, no chão, apontando para o norte, capim amassadoe grãos de arroz. Após marchar cerca de 2.000 m, a Cia A, liderando o II/7º, rumou para noroeste, enquanto o II/5º continuava para ZD COLUMBUS. A Cia A encontrou algumas cabanas que foram incendiadas. As 11:38h, os homens de Tully, do II/5º, estavam instalados em seu objetivo, a ZD COLUMBUS.

As tropas comunistas na área consistiam do VIII Batalhão do 66º RI, o I Batalhão do 33º RI e o comando do III/33º RI, do Exército norte-vietnamita. Enquanto os batalhões do 33º Regimento estavam desfalcados devido as baixas incorridas durante a luta contra o campo das Forças Especiais de Plei Me, o VIII Batalhão era a reserva do general An, estando descansado e completo.

Logo, a Cia A observou a repentina ausência de cobertura aérea e o seu comandante, capitão Joel Sugdinis se admirava onde estavam os helicópteros da Artilharia de Foguete Aéreo. Em breve, ele ouviu o som de explosões distantes na sua retaguarda; os B-52 estavam efetuando suas corridas de bombardeio no maciço Chu Pong.

O tenente D.P. (Pat) Wayne, o líder do Pelotão de Reconhecimento, estava caminhando em volta de alguns cupinzeiros quando, de súbito, encontrou um soldado norte-vietnamita, descansando no chão. Payne saltou sobre o soldado e o tomou prisioneiro. Simultaneamente, cerca de 10 m de distância, seu sargento de pelotão capturou um segundo norte-vietnamita. Outros membros da equipe de reconhecimento do Exército do Povo do Vietnam podem ter escapado e informado o comando do I/33º RI. Os norte-vietnamitas começaram a organizar um assalto sobre a coluna americana. Quando a informação da captura chegou até ele, o ten-cel McDade ordenou um alto, enquanto ele avançava, vindo da retaguarda da coluna, para interrogar, pessoalmente, os prisioneiros. Estes foram escoltados para cerca de 100 m da orla sul de uma clareira chamada Albany, o relatório chegando ao comando da divisão em Pleiku, as 11:57h.

McDade, então, chamou seus comandantes de companhia para uma conferência; a maioria estando acompanha por seus ROp. A Cia A avançou para a ZD ALBANY; McDade e seu destacamento de comando foram com ela. Mediante ordens, os outros comandantes de companhia avançaram para se juntar a McDade. A Cia D, que era a próxima na coluna, após a Cia A, ficou sustentando a posição; da mesma forma, a Cia C, que era a seguinte na coluna. A Companhia de Comando do batalhão estava em seqüência, com a Companhia A do I Batalhão do 5º Regimento de Cavalaria, constituindo a retaguarda da coluna. A coluna americana fez alto em terreno aberto, não-preparado, e estendia-se numa coluna de marcha de 500 m. A maioria das unidades estabeleceu segurança de flanco, mas os homens estava exaurida pelas quase sessenta horas sem sono e quatro horas de marcha. O capim-elefante atingia a altura do peito, portanto, a visibilidade era limitada. Os rádios da coluna para apoio aéreo e de artilharia estavam com os comandantes de companhia.

Uma hora e dez minutos após a captura dos elementos de reconhecimento norte-vietnamitas, a Cia A e o destacamento de comando de McDade, alcançaram a clareira ALBANY. McDade e seu destacamento atravessaram a clareira, chegando um grupo de árvores. Além deste grupo estava outra clareira. O restante do batalhão estava em coluna dispersa, ao leste da ZD. O sargento-mor de batalhão James Scott e o sargento Charles Bass, então, tentaram interrogar os prisioneiros, novamente. Enquanto faziam isto, Bass ouviu vozes vietnamitas, e o intérprete confirmou que eram comunistas conversando. A Cia A estava na zona de desembarque há cerca de cinco minutos. Então, irrompeu o fogo de armas leves, diretamente contra eles.

O Pel Rec do ten Pat Payne tinha chegado a até uns 180 m do comando do III/33º RI norte-vietnamita; o VIII/66º RI, com 550 homens, tinha bivacado a nordeste da coluna americana. Enquanto os americanos descansavam no capim alto, os soldados norte-vietnamitas enxameavam em sua direção, as centenas. Era 13:15h. A batalha, intensa e aproximada, duraria por dezesseis horas.

As forças norte-vietnamitas atingiram, primeiramente, a testa da coluna do II/7º Cavalaria e, rapidamente, espalharam-se para a direita ou o lado leste da coluna, no que parecia ser uma emboscada em forma de “L”. Tropas norte-vietnamitas varreram a extensão da coluna, com unidades se desdobrando para atacar os americanos inferiorizados em número, engajando-os em combates intensos e brutais, a curto-alcance e de corpo-a-corpo.

O destacamento de comando de McDade alcançou o grupo de árvores, entre as duas clareiras que constituíam a ZD ALBANY. Eles tomaram cobertura do fogo de fuzil e morteiro, entre as árvores e cupinzeiros. O Pel Rec e o 1º Pelotão da Cia A, forneceram a defesa inicial da posição. Por volta das 13:26, eles tinham sido isolados do restante da coluna; a área de onde tinham vindo estava infestada de norte-vietnamitas. Enquanto esperavam por apoio aéreo, os americanos mantendo ALBANY rechaçaram os assaltos das tropas norte-vietnamitas, e alvejaram os inimigos expostos, vagando em volta do perímetro. Mais tarde, foi descoberto que os norte-vietnamitas estavam efetuando ação de limpeza, buscando por americanos feridos no matagal alto, e os matando.

Enquanto isto, as outras companhias lutavam por suas vidas. As companhia C e A perderam, juntas, 70 homens, nos primeiros minutos de ação; a Cia C sofreu 45 mortos e mais de 50 feridos, as mais elevadas perdas de qualquer subunidade que lutou em ALBANY. Aviões A-1E “Skyraiders”, em breve, forneceram o muito necessário apoio, lançando napalm. Entretanto, devido ao “nevoeiro de guerra” e a mistura de soldados norte-americanos e norte-vietnamitas, é provável que os ataques aéreos e de artilharia tenham matado soldados de ambos os lados.

O II/7º de Cavalaria tinha sido reduzido a um pequeno perímetro em ALBANY, composto de sobreviventes da Cia A, do Pel Rec, das dizimadas Cias C e D e do destacamento de comando. Havia, também, um pequeno perímetro na retaguarda da coluna, cerca de 450-640 m ao sul: a Companhia A do I Batalhão do 5º de Cavalaria, sob o capitão George Forrest. Este oficial tinha corrido, todo o caminho de volta para sua companhia, vindo da conferência convocada por McDade, quando os morteiros norte-vietnamitas começaram a disparar.

Às 14:55 h, a Companhia B, I Batalhão do 5º de Cavalaria, sob o capitão Buse Tully começou a marchar da ZD COLUMBUS na direção da retaguarda da coluna do II/7º que estava a uns 3 Km de distância. Por volta das 16:30 h, eles entraram em contato com a Cia A do I/5º de Cavalaria do cap Forrest. Uma zona de desembarque para um só helicóptero foi assegurada, e os feridos evacuados. Os homens do cap Tully, então, começaram a avançar na direção do restante da coluna emboscada. Os norte-vietnamitas resistiram ao avanço e os americanos caíram debaixo de fogo de uma linha de árvores. Os homens de Tully assaltaram a linha e rechaçaram os norte-vietnamitas. As 18:25 h, eles receberam ordens para assegurar um perímetro para as duas companhias, durante a noite. Eles planejavam retomar o avanço ao raiar o dia.

Por volta das 16:00 h, a Cia B do II Batalhão do 7º de Cavalaria do capitão Myron Diduryk, veterana do combate na ZD X-RAY, recebeu a informação de que seria desdobrada em socorro do batalhão. As 18:45 h, os hlcp da primeira vaga estavam sobre a clareira ALBANY e os soldados desdobraram-se no capim alto. O tenente Rick Rescorla (1), o único líder de pelotão remanescente na Cia B do II/7º, liderou os reforços para o perímetro de ALBANY, que foi expandido para fornecer melhor segurança. Os feridos em ALBANY foram evacuados por volta das 22:30 h, desta noite, os hlcp receberam intenso fogo de terra, enquanto pousavam e decolavam. Os americanos em ALBANY se prepararam para passar a noite.

No dia seguinte, sexta-feira, 18 de novembro, os americanos começaram a procurar seus mortos. Esta tarefa levou a maior parte deste e do dia seguinte. Os mortos norte-americanos e norte-vietnamitas estavam espalhados por todo o campo de batalha. Rescorla descreveu o cenário como um “enorme e sangrento acidente de trânsito na selva”. Enquanto revistava o campo de batalha, Rescorla recuperou um grande, desgastado e antigo clarim do Exército francês de um moribundo soldado norte-vietnamita. Os americanos, finalmente, saíram de ALBANY para a ZD CROOKS, 10 Km de distância, em 19 de novembro.

A batalha na ZD ALBANY custou aos americanos 155 homens mortos e 124 feridos. Um americano, Toby Braveboy, foi recuperado, em 24 de novembvro, quando acenou para um helicóptero de reconhecimento H-13 que passava.

Esta batalha pode ser vista como um esquema para as futuras táticas de ambos os lados. Os americanos usando mobilidade aérea, fogo de artilharia e apoio aéreo aproximado para conquistar seus objetivos no campo de batalha. As forças norte-vietnamitas e Viet Cong aprenderam que poderiam neutralizar a eficácia deste poder de fogo, engajando, rapidamente as forças americanas em alcance muito curto. Os norte-vietnamitas, mais tarde, refinariam esta tática, chamando-a “agarrar o inimigo pelo cinto”. O Exército do Povo do Vietnam podia suportar uma guerra de atrito que os americanos considerariam militar e politicamente insustentável. Em novembro de 1965, entretanto, o ataque norte-vietnamita para dividir o Vietnam do Sul em dois, tinha sido derrotado.


___________________________________________

(1) : Rick Rescorla morreu, no atentado do 11 de Setembro de 2001, da mesma forma como viveu, lutando. Salvou várias centenas de vidas nas Torres Gêmeas, e perdeu a vida enquanto tentava salvar mais.




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Re: Assalto Aeromóvel no vale do Ia Drang

#14 Mensagem por nemesis » Sex Mar 13, 2009 1:07 am

valeu Clermont




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Re: Assalto Aeromóvel no vale do Ia Drang

#15 Mensagem por crubens » Qui Abr 02, 2009 2:23 pm

Beleza Clermont, duas histórias de arrepiar...
A primeira eu já conhecia a do Tc Moore, tem até um filme com o Mel Gibson interpretando o Tc Moore chamado "Fomos Heróis". A segunda história eu não conhecia, mas igualmente de arrepiar !!




"Tudo que é necessário para que o mal triunfe, é que os homens de bem nada façam". Edmund Burke

'O que me preocupa não é o grito dos maus, é o silêncio dos bons.' Martin Luther King

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