IKL-214 Papanikolis - Cavalo de Tróia?

Assuntos em discussão: Marinha do Brasil e marinhas estrangeiras, forças de superfície e submarinas, aviação naval e tecnologia naval.

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Luiz Padilha

IKL-214 Papanikolis - Cavalo de Tróia?

#1 Mensagem por Luiz Padilha » Ter Nov 21, 2006 8:51 am

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REVISTA: BRASIL 22/11/2006

Forças Armadas
Cavalo de Tróia
Submarino que a Marinha doBrasil quer comprar da Alemanha
teve sérios problemas na Grécia

Por Cláudio Camargo

Grandes guerreiros do mar na Antigüidade,
os gregos estão vivendo uma situação de
virtual guerra em águas profundas com a Alemanha por causa dos
problemas apresentados pelo submarino convencional
U-214 - o mesmo tipo que a Marinha do
Brasil pretende adquirir. O novo modelo de submarino alemão está,
literalmente, fazendo água. O desempenho do primeiro dos quatro
submarinos de propulsão a diesel encomendados pela Grécia em 2000,
fabricado pelo estaleiro alemão HDW, está seriamente comprometido por
diversos problemas técnicos, cuja origem - projeto ou construção
- ainda não está determinada. São problemas graves, como alta
instabilidade em superfície (inclinação de 50 graus em situações
de mar revolto), infiltração de água no sistema hidráulico durante
a imersão, alto nível de ruído - o que tornaria sua detecção
pelo inimigo mais fácil -, vibração no periscópio em velocidades
acima de três nós - o que provoca imprecisão fatal para a mira nos
alvos - e sistema de armas fora das especificações.

Desde a assinatura do contrato, o governo grego já desembolsou 1,3
bilhão de euros de um total de 1,8 bilhão. O problema foi
identificado há mais de um ano, em setembro de 2005, quando estava
prevista a entrega da primeira unidade, fabricada em Kiel, na Alemanha
(as outras três seriam fabricadas no estaleiro grego de Skaramonga,
adquirido pela HDW). A imprensa grega tem reportado que Berlim
pressionou fortemente o governo de Atenas para que aceitasse a
encomenda, sem que o fabricante se comprometesse formalmente a resolver
as falhas. Em face da recusa do Ministério da Defesa grego em receber
os submarinos com os defeitos apresentados, a ThyssenKrupp, que
controla a HDW, ameaçou retirar-se do estaleiro Skaramonga. O governo
grego manteve-se firme na sua decisão, lembrando que a sobrevivência
do estaleiro não dependia da fabricação dos U-214, porque o
Ministério da Defesa grego já havia feito grandes encomendas a ele.
No último dia 30 de outubro, os alemães finalmente reconheceram a
existência de problemas técnicos e se comprometeram a resolvê-los
num prazo de seis meses. O governo grego não exigirá pagamento de
multa por não cumprimento de contrato, mas a HDW não recorrerá caso
não apresente solução.

O problema com os U-214 vendidos à Grécia tem implicações diretas
para o Brasil. O comando da Marinha pretende adquirir uma unidade do
mesmo modelo e reformar os cinco existentes (classe Tupi, modelo U-209,
também fabricados pela HDW). A Comissão de Financiamentos Externos
(Cofiex) do Ministério do Planejamento aprovou, nesta semana, o
contrato para que um consórcio de bancos europeus financie parte de
1,08 bilhão de euros (R$ 2,9 bilhões) para a compra (do total, 136
milhões de euros deverão ser desembolsados pelo governo brasileiro).
O curioso é que a essa aquisição - justificada como necessária
pela Marinha para evitar duplicidade de custos logísticos - esteja
sendo divulgada sem que se faça menção aos graves problemas
ocorridos com o mesmo modelo na Grécia, detectados há mais de um ano.
Sabe-se que técnicos alemães virão ao Brasil para explicar como
pretendem corrigir as falhas. Então, por que a pressa? Por que
descartar a construção do submarino nuclear - como sugeriu o chefe
do Estado-Maior da Armada, almirante Jannot de Mattos -, se ainda
não há no mundo um único submarino do tipo que a Marinha encomendou
à HDW?




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