o USS ENTERPRISE em Lisboa
Enviado: Qui Nov 09, 2006 8:03 am
da LUSA
Defesa: O desassossego do Tejo com o maior porta-aviões dos EUA em fundo
Lisboa, 07 Nov (Lusa) - Lançado ao mar em 1960, após o início da guerra do Vietname, o USS Enterprise, maior porta-aviões norte- americano, ainda consegue desassossegar o quotidiano dos portos por onde atraca. E Lisboa, onde estará até sexta-feira, não é excepção.
Regressado do Iraque e do Afeganistão, onde apoiou os contingentes norte-americanos no terreno, o porta-aviões tinha esta manhã a sobrevoá-lo vários helicópteros e um "vaivém" privativo de cacilheiros ao seu serviço, transportando para terra parte dos cinco mil militares que habitualmente integram a guarnição do navio.
Num enorme ancoradouro flutuante colocado na popa deste "gigante" dos mares (mais de 12 metros submersos, o porta-aviões está ancorado ainda longe da barra do Tejo) não faltam veleiros a anunciar cruzeiros pelo Tejo aos marinheiros que não estejam ainda cansados de mar e até lanchas de luxo.
Em terra, uma "muralha" de contentores delimita um porto "improvisado" onde não falta um posto de controlo a quem entra ou sai dos cacilheiros apinhados de militares, uns que estão de regresso a casa, outros que simplesmente gozam a primeira paragem em terra firme depois de duas semanas de viagem desde o Dubai, onde o porta-aviões ancorou pela última vez.
À saída do navio, os militares recebem um cartão a preto e branco com um pequeno Mapa da cidade, com a "Cais do Sodre Station" e a "Docas Liberty Area" em destaque, um conversor de dólares para euros e uma lista de áreas da cidade a evitar: Intendente, "Martim Muniz", "Eduardo VII Park" e Benfica ("late at night").
O desassossego em que por este dias se transformou a barra do Tejo é proporcional à dimensão do navio que acolhe: uma babel de 18 andares e quase 350 metros de comprimento (por 80 metros de largura) - "uma pequena cidade", como sintetiza a tenente René Martinez.
No hangar por onde se acede ao porta-aviões estão alinhados alguns dos 368 aviões que o navio transporta (oito esquadras de 46 aparelhos, entre caças F-18, aviões de guerra electrónica e helicópteros de ataque a submarinos). Nos andares em redor dispõem-se lojas, ginásios, barbearias, escritório de advogados e tudo o que pode ser encontrado em terra.
"Este navio é completamente auto-suficiente", assegura René Martinez.
Tal como em qualquer pequena cidade de cinco mil "habitantes", também no USS Enterprise - um dos 12 porta-aviões norte-americanos activos - se vota para eleições (para as de hoje votaram bastante antes dos seus concidadãos) e se esgrimem argumentos políticos antagónicos, incluindo a guerra no Iraque.
Mas, atalha Ted Kleinberg, "shooter" no navio (asseguram o bom funcionamento da catapulta que lança os aviões na descolagem e os engancha na aterragem): "Toda a gente tem a sua opinião, mas nós estamos aqui para servir os contribuintes e os cidadãos dos Estados Unidos".
No dia 11 de Setembro de 2001, as imagens das Torres Gémeas a serem atingidas por aviões comerciais comandados por terroristas chegaram em directo a bordo do USS Enterprise, que fez uma volta de 180 graus na viagem que realizava de regresso a Norfolk e estacionou em águas do sudeste asiático, tendo desempenhado um papel crucial nos primeiros ataques aéreos contra os talibã no Afeganistão em mais de 700 missões.
Na pista de aterragem do navio, Sonia Rivera, responsável do sistema de comunicações e uma das cerca de mil mulheres do navio, confessa: "o mais difícil aqui é estarmos tanto tempo longe da família".
Depois de meses em missão no mar em algumas das zonas mais conturbadas do Globo, é bem português o sentimento dominante neste "pequena cidade" flutuante de cinco mil militares norte-americanos, ancorada na barra do Tejo: saudade.
Fotos da LUSA
(postadas pelo colega Lancero do FD)
LISBOA - LISBOA - PORTUGAL
O PortaAvioes Norte Americano USS Enterprise encontrase ao largo do Rio Tejo, Tercafeira, 7 Novembro 2006, em Lisboa. ANDRE KOSTERS/LUSA
LUSA / STF / ANDRE KOSTERS
Foto artistica aqui do "JE"
Defesa: O desassossego do Tejo com o maior porta-aviões dos EUA em fundo
Lisboa, 07 Nov (Lusa) - Lançado ao mar em 1960, após o início da guerra do Vietname, o USS Enterprise, maior porta-aviões norte- americano, ainda consegue desassossegar o quotidiano dos portos por onde atraca. E Lisboa, onde estará até sexta-feira, não é excepção.
Regressado do Iraque e do Afeganistão, onde apoiou os contingentes norte-americanos no terreno, o porta-aviões tinha esta manhã a sobrevoá-lo vários helicópteros e um "vaivém" privativo de cacilheiros ao seu serviço, transportando para terra parte dos cinco mil militares que habitualmente integram a guarnição do navio.
Num enorme ancoradouro flutuante colocado na popa deste "gigante" dos mares (mais de 12 metros submersos, o porta-aviões está ancorado ainda longe da barra do Tejo) não faltam veleiros a anunciar cruzeiros pelo Tejo aos marinheiros que não estejam ainda cansados de mar e até lanchas de luxo.
Em terra, uma "muralha" de contentores delimita um porto "improvisado" onde não falta um posto de controlo a quem entra ou sai dos cacilheiros apinhados de militares, uns que estão de regresso a casa, outros que simplesmente gozam a primeira paragem em terra firme depois de duas semanas de viagem desde o Dubai, onde o porta-aviões ancorou pela última vez.
À saída do navio, os militares recebem um cartão a preto e branco com um pequeno Mapa da cidade, com a "Cais do Sodre Station" e a "Docas Liberty Area" em destaque, um conversor de dólares para euros e uma lista de áreas da cidade a evitar: Intendente, "Martim Muniz", "Eduardo VII Park" e Benfica ("late at night").
O desassossego em que por este dias se transformou a barra do Tejo é proporcional à dimensão do navio que acolhe: uma babel de 18 andares e quase 350 metros de comprimento (por 80 metros de largura) - "uma pequena cidade", como sintetiza a tenente René Martinez.
No hangar por onde se acede ao porta-aviões estão alinhados alguns dos 368 aviões que o navio transporta (oito esquadras de 46 aparelhos, entre caças F-18, aviões de guerra electrónica e helicópteros de ataque a submarinos). Nos andares em redor dispõem-se lojas, ginásios, barbearias, escritório de advogados e tudo o que pode ser encontrado em terra.
"Este navio é completamente auto-suficiente", assegura René Martinez.
Tal como em qualquer pequena cidade de cinco mil "habitantes", também no USS Enterprise - um dos 12 porta-aviões norte-americanos activos - se vota para eleições (para as de hoje votaram bastante antes dos seus concidadãos) e se esgrimem argumentos políticos antagónicos, incluindo a guerra no Iraque.
Mas, atalha Ted Kleinberg, "shooter" no navio (asseguram o bom funcionamento da catapulta que lança os aviões na descolagem e os engancha na aterragem): "Toda a gente tem a sua opinião, mas nós estamos aqui para servir os contribuintes e os cidadãos dos Estados Unidos".
No dia 11 de Setembro de 2001, as imagens das Torres Gémeas a serem atingidas por aviões comerciais comandados por terroristas chegaram em directo a bordo do USS Enterprise, que fez uma volta de 180 graus na viagem que realizava de regresso a Norfolk e estacionou em águas do sudeste asiático, tendo desempenhado um papel crucial nos primeiros ataques aéreos contra os talibã no Afeganistão em mais de 700 missões.
Na pista de aterragem do navio, Sonia Rivera, responsável do sistema de comunicações e uma das cerca de mil mulheres do navio, confessa: "o mais difícil aqui é estarmos tanto tempo longe da família".
Depois de meses em missão no mar em algumas das zonas mais conturbadas do Globo, é bem português o sentimento dominante neste "pequena cidade" flutuante de cinco mil militares norte-americanos, ancorada na barra do Tejo: saudade.
Fotos da LUSA
(postadas pelo colega Lancero do FD)
LISBOA - LISBOA - PORTUGAL
O PortaAvioes Norte Americano USS Enterprise encontrase ao largo do Rio Tejo, Tercafeira, 7 Novembro 2006, em Lisboa. ANDRE KOSTERS/LUSA
LUSA / STF / ANDRE KOSTERS
Foto artistica aqui do "JE"