CHIRAC Sem submarino
Enviado: Dom Mai 28, 2006 4:16 pm
CHIRAC
Sem submarino
O presidente francês Jacques Chirac não colheu o que planejava com a sua vinda ao Brasil. Chirac veio com uma comitiva de empresários ligados à empresa Thales (antiga Thomson) para tentar vender um novo submarino nuclear ao governo brasileiro. Os franceses, porém, souberam que Lula fechou com os alemães da HDW, subsidiária marítima da gigante ThyssenKrupp.
Fonte: http://www.terra.com.br/istoedinheiro/4 ... /index.htm
Vamos admitir que seja isto ai em cima mesmo, afinal como toda noticia no segmento de Defesa temos que checar duas ou três fontes e ainda esperar algum tempo para termos verdadeira confirmação, admitindo portando como premissa que a MB tenha optado por submarinos alemães dentro do seu programa de aquisições.
Eu não vou nem me enveredar no debate Scorpene x U212 / U214, acho que este papo é meio Rafale x EF-2000, não leva a muitas conclusões práticas.
A questão é de nivel estratégico.
A MB tem seus planos e tem a sua realidade.
Seus planos seriam a construção de um modelo de submarino convencional nacional e posteriormente um modelo de submarino nuclear nacional.
A sua realidade é que com os contingenciamentos de recursos e o desiquilibrio orçamentário entre pessoal da ativa / reserva x recursos de custeio, hoje a MB fez as contas e descobriu que se nada for feito dentro de 10 ou 15 anos ela vai perder quase que totalmente sua capacidade operacional que obtve nos ultimos 30 anos graças aos programas Niteroi / Inhauma / Tupi.
Dentro deste contexto, aMB hoje precisa otimisar cada centavo de recursos que tem, e a escolha pelo modelo alemão é o mais economico por manter um padrão de construção já existente onde existiriam menos investimentos em readequação de pessoal e estrutura.
Para o Scorpene ser vantajoso ou Brasil ele teria que ter um desempenho muito superior ao U212 / U214 ou seus custos teriam que ser significativamente menores, coisa que nem de longe ele representa, por mais que aparente ser um projeto moderno.
A imprensa especialisada no Brasil, bem como todo o debate sobre a aquisição de novos submarinos nos ultimos 3 anos, ficou focada na comparação entre modelos Russos / Alemães / Franceses, o que não é sob optica alguma o verdadeiro debate a ser realizado.
O debate verdadeiro é sobre a conveniencia de uma classe de submarinos oceanicas, isto é, com deslocamento na faixa de 2400ton ou uma classe de menor capacidade oceanica com deslocamentos de até 1600ton.
Claro que pela natureza do Atlantico sul, completamente diferente do mar do norte, meditarranio, báltico, mar do japão e outros cenários onde existe uma grande capacidade ASW distribuida em pequenas areas geograficas, um submarino oceanico seria o ideal para suprir a lacuna deixada pela classe Oberon.
Porem existem outras variaveis.
A Argentina e a Astrália que também tem necessidades de projetos oceanicos exatamente iguais as brasileiras optaram por projetos relativamente ambiciosos e arriscados, por preverem a produção local de modelos de grande porte (TR-1700 e Collins), alem de serem soluções ainda em desenvolvimento. O resultado foi que ambos os projetos tiveram problemas técnicos economicos e politicos.
A opção da MB por uma classe de 1500ton de referencia mundial no segmento se mostrou mais uma vez acertada. A escolha novamente de modelos da HDW é a continuação de uma estratégia pragmatica e vencedora.
Enquanto a FAB espera para receber seus M-2000 até dezembro de 2008, enquanto alguns sonham com o Rafale um dia em Anapolis, enquanto não se desfaz esta situação ridicula em que a FAB se enfiou em que pode comprar qualquer caça que ela escolher, desde que seja frances, a MB parece que dá mostras de que não esta presa a "esquemas de fornecedores".
Da Inglaterra vieram as Niteroi, em uma época onde a influencia em compra de equipamentos navais brasileiros era americana. Niterois, que em sua época foram uma escolha altamente técnica e não um "quebra galho" como costumam ser alguns projetos de aquisição brasileiros.
Mesmo sendo nos anos 80 a Inglaterra a base de fornecimento de tecnologia para as fragatas, a MB em concorrencia deu a GE o contrato de turbinas da classe Inhaumá bem como o contrato de fornecimento de sonares e radares também foi em concorrencia técnica e economica, assim como a seleção do MM:40 contra uma proposta israelense para o Gabriel Mk-3 foi uma escolha técnica e economica altamente racional.
No campo de submarinos, da mesma forma que a MB rompeu paradigmas de fornecimento no caso das suas escolhas de superficie, ela trouxe a industria alemã com a qual ela nunca tinha trabalhado em maior escala para compor o programa TUPI.
Nos anos 80, firmou contratos com a Suécia para fornecimento de torpedos (que acabaram sendo cancelados como vocês sabem), da Itália vieram os sensores e missseis dos projetos de modernização das fragatas e com o abandono do Torpedo-2000 vieram contratos com os EUA para o MK-48. Isto sem contar a incorporação de itens nacionais no programa ModFrag muito acima da média de participação nacional em programas de modernização similares como o P-3BR, o F-5BR e o A-1M.
Quando a MB comprou o Foch da França, isto não foi garantia alguma que os franceses seriam beneficiados em processos futuros de aquisições.
O que quero dizer com isto?
Que mesmo a MB estando inserida no mesmo cenário caótico que a FAB e o EB, ela ainda consegue tomar decisões mais racionais de aquisição.
Para se fornecer para a MB pesam mais critérios técnicos e economicos do que para as outras FA´s.
Não quero dizer de forma alguma que a MB seja perfeita, que tudo que ela faz é correto, mas sim ela é indiscutivelmente melhor em qualidade de planejamento e execussão de seus programas.
A falta de recursos pode explicar a falta de qualidade de equipamentos, mas jamais explicar a falta de qualidade de processos de decisão, infelizmente ela costuma servir de desculpa para as duas coisas no Brasil.
Sem submarino
O presidente francês Jacques Chirac não colheu o que planejava com a sua vinda ao Brasil. Chirac veio com uma comitiva de empresários ligados à empresa Thales (antiga Thomson) para tentar vender um novo submarino nuclear ao governo brasileiro. Os franceses, porém, souberam que Lula fechou com os alemães da HDW, subsidiária marítima da gigante ThyssenKrupp.
Fonte: http://www.terra.com.br/istoedinheiro/4 ... /index.htm
Vamos admitir que seja isto ai em cima mesmo, afinal como toda noticia no segmento de Defesa temos que checar duas ou três fontes e ainda esperar algum tempo para termos verdadeira confirmação, admitindo portando como premissa que a MB tenha optado por submarinos alemães dentro do seu programa de aquisições.
Eu não vou nem me enveredar no debate Scorpene x U212 / U214, acho que este papo é meio Rafale x EF-2000, não leva a muitas conclusões práticas.
A questão é de nivel estratégico.
A MB tem seus planos e tem a sua realidade.
Seus planos seriam a construção de um modelo de submarino convencional nacional e posteriormente um modelo de submarino nuclear nacional.
A sua realidade é que com os contingenciamentos de recursos e o desiquilibrio orçamentário entre pessoal da ativa / reserva x recursos de custeio, hoje a MB fez as contas e descobriu que se nada for feito dentro de 10 ou 15 anos ela vai perder quase que totalmente sua capacidade operacional que obtve nos ultimos 30 anos graças aos programas Niteroi / Inhauma / Tupi.
Dentro deste contexto, aMB hoje precisa otimisar cada centavo de recursos que tem, e a escolha pelo modelo alemão é o mais economico por manter um padrão de construção já existente onde existiriam menos investimentos em readequação de pessoal e estrutura.
Para o Scorpene ser vantajoso ou Brasil ele teria que ter um desempenho muito superior ao U212 / U214 ou seus custos teriam que ser significativamente menores, coisa que nem de longe ele representa, por mais que aparente ser um projeto moderno.
A imprensa especialisada no Brasil, bem como todo o debate sobre a aquisição de novos submarinos nos ultimos 3 anos, ficou focada na comparação entre modelos Russos / Alemães / Franceses, o que não é sob optica alguma o verdadeiro debate a ser realizado.
O debate verdadeiro é sobre a conveniencia de uma classe de submarinos oceanicas, isto é, com deslocamento na faixa de 2400ton ou uma classe de menor capacidade oceanica com deslocamentos de até 1600ton.
Claro que pela natureza do Atlantico sul, completamente diferente do mar do norte, meditarranio, báltico, mar do japão e outros cenários onde existe uma grande capacidade ASW distribuida em pequenas areas geograficas, um submarino oceanico seria o ideal para suprir a lacuna deixada pela classe Oberon.
Porem existem outras variaveis.
A Argentina e a Astrália que também tem necessidades de projetos oceanicos exatamente iguais as brasileiras optaram por projetos relativamente ambiciosos e arriscados, por preverem a produção local de modelos de grande porte (TR-1700 e Collins), alem de serem soluções ainda em desenvolvimento. O resultado foi que ambos os projetos tiveram problemas técnicos economicos e politicos.
A opção da MB por uma classe de 1500ton de referencia mundial no segmento se mostrou mais uma vez acertada. A escolha novamente de modelos da HDW é a continuação de uma estratégia pragmatica e vencedora.
Enquanto a FAB espera para receber seus M-2000 até dezembro de 2008, enquanto alguns sonham com o Rafale um dia em Anapolis, enquanto não se desfaz esta situação ridicula em que a FAB se enfiou em que pode comprar qualquer caça que ela escolher, desde que seja frances, a MB parece que dá mostras de que não esta presa a "esquemas de fornecedores".
Da Inglaterra vieram as Niteroi, em uma época onde a influencia em compra de equipamentos navais brasileiros era americana. Niterois, que em sua época foram uma escolha altamente técnica e não um "quebra galho" como costumam ser alguns projetos de aquisição brasileiros.
Mesmo sendo nos anos 80 a Inglaterra a base de fornecimento de tecnologia para as fragatas, a MB em concorrencia deu a GE o contrato de turbinas da classe Inhaumá bem como o contrato de fornecimento de sonares e radares também foi em concorrencia técnica e economica, assim como a seleção do MM:40 contra uma proposta israelense para o Gabriel Mk-3 foi uma escolha técnica e economica altamente racional.
No campo de submarinos, da mesma forma que a MB rompeu paradigmas de fornecimento no caso das suas escolhas de superficie, ela trouxe a industria alemã com a qual ela nunca tinha trabalhado em maior escala para compor o programa TUPI.
Nos anos 80, firmou contratos com a Suécia para fornecimento de torpedos (que acabaram sendo cancelados como vocês sabem), da Itália vieram os sensores e missseis dos projetos de modernização das fragatas e com o abandono do Torpedo-2000 vieram contratos com os EUA para o MK-48. Isto sem contar a incorporação de itens nacionais no programa ModFrag muito acima da média de participação nacional em programas de modernização similares como o P-3BR, o F-5BR e o A-1M.
Quando a MB comprou o Foch da França, isto não foi garantia alguma que os franceses seriam beneficiados em processos futuros de aquisições.
O que quero dizer com isto?
Que mesmo a MB estando inserida no mesmo cenário caótico que a FAB e o EB, ela ainda consegue tomar decisões mais racionais de aquisição.
Para se fornecer para a MB pesam mais critérios técnicos e economicos do que para as outras FA´s.
Não quero dizer de forma alguma que a MB seja perfeita, que tudo que ela faz é correto, mas sim ela é indiscutivelmente melhor em qualidade de planejamento e execussão de seus programas.
A falta de recursos pode explicar a falta de qualidade de equipamentos, mas jamais explicar a falta de qualidade de processos de decisão, infelizmente ela costuma servir de desculpa para as duas coisas no Brasil.