VARIG: suspende pagto combustível e aluguel de aviões?
Enviado: Qui Abr 06, 2006 11:48 am
Meus prezados:
06/04 - 08:37 / Agência Estado
A Varig negocia com fornecedores a suspensão por 90 dias do pagamento de gastos correntes, principalmente de combustível e aluguel de aviões. O alívio mensal poderia chegar a US$ 100 milhões, dinheiro que a empresa pensa em destinar à recuperação de jatos parados e outras prioridades. Com o caixa apertado, a empresa enfrenta uma "administração de guerra" diária na escolha do que pode ser pago e o que deve ser postergado.
As informações são de uma fonte que acompanha a rotina da empresa. A Varig tem 71 aviões, mas só 54 em operação. Além de não produzirem receita, os aviões parados representam custos. A companhia vem sendo forçada a quitar antecipadamente custos operacionais como o do querosene de aviação, fornecido pela BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras. A cada sexta-feira, ela paga pelo combustível que usará sábado, domingo e parte da segunda-feira. O perdão temporário nas dívidas com a estatal é um dos principais pontos do pedido da empresa ao governo.
Ontem pela manhã, o presidente da empresa, Marcelo Bottini, confirmou que o caixa da Varig é "bastante limitado", mas sustentou que isso está sendo controlado e descartou o risco de paralisação da companhia "nas próximas horas", como havia descrito em e-mail enviado ao Planalto - segundo revelaram fontes ligadas à Presidência da República. "Não haverá paralisação, de maneira alguma", disse, negando que tenha enviado a mensagem ao governo. Mas confirmou as tentativas de obter "carência do não pagamento para alguns credores", sem entrar em detalhes.
Ao fundo de pensão Aerus, por exemplo, a Varig propôs, na última sexta-feira, a suspensão do pagamento de abril a outubro, retomada em novembro e compensação do período de carência, em parcelas mensais, a partir do ano que vem.
Segundo ele, a idéia geral é que credores estatais, como BR Distribuidora (combustível), a Infraero (infra-estrutura dos aeroportos) e outros fornecedores possam "viabilizar uma linha de crédito ou uma facilitação por alguns meses, com o pagamento dessa linha no segundo semestre". Ontem à tarde, executivos da Varig reuniram-se na sede da BR. A Varig compra o equivalente a R$ 75 milhões ao mês da BR, mas há meses não tem mais crédito.
Procurada, a BR informou que a eventual aprovação da proposta depende do conselho de administração da estatal. Fonte ligada à BR disse, porém, que a proposta de alongamento apresentada pela Varig não é exeqüível. A Varig informou à estatal sobre o plano de recuperação e a proposta de compra feita pela VarigLog.
A ex-subsidiária ofereceu US$ 350 milhões pela Varig. O executivo da Volo Brasil (controladora da VarigLog), Marco Antonio Audi, disse ontem que a proposta é "simples e honesta" e a empresa está disposta a "alguma negociação". De forma geral, credores não gostaram da proposta, principalmente os trabalhadores. Audi acrescentou que admite quitar dívidas relativas a aviões que permaneçam operando - caso a proposta seja aceita, a Varig Log planeja manter apenas 48 jatos voando.
Bottini participou pela manhã de assembléia de credores. Antes da reunião, reconheceu ser "extremamente necessário que haja um investimento, e isso tem de ocorrer o mais rapidamente possível". Ele acredita que a Varig poderá atrair uma capitalização, mas reconheceu que, "se o investidor não vier, a Varig precisará da ajuda do governo". Ele não comentou a proposta da VarigLog, explicando que cabe aos credores a análise.
A juíza da 8ª Vara Federal, Márcia Cunha, que cuida do processo de recuperação, considera grave a situação. "Há risco de a empresa parar de voar. Mas isso não é uma certeza. Há também a possibilidade de se recuperar." Ela se encontrará com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, para verificar se há possibilidade de empréstimo à Varig. "A Justiça pode fazer muito pouco." O presidente da Varig disse que há cinco dias solicitou uma audiência com o presidente Lula.
Governo
Com o agravamento da crise financeira da Varig, o governo federal está sendo pressionado de novo a socorrer a companhia aérea por meio de um empréstimo. Uma das idéias que circulam nos gabinetes das autoridades responsáveis é o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) conceder financiamento a um investidor interessado em adquirir parte do capital da Varig. Esse tipo de operação é conhecida como 'empréstimo-ponte' e se assemelha ao que o BNDES fez em novembro passado com a TAP, empresa área portuguesa. Na época, a TAP adquiriu a Varig Engenharia e Manutenção (VEM) e recebeu do BNDES um empréstimo de US$ 42 milhões. A companhia portuguesa também estava interessada em comprar a VarigLog, que acabou vendida ao consórcio liderado pelo fundo americano Matlin Patterson.
O assunto está sendo conduzido, no Palácio do Planalto, pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Setores do governo têm grande preocupação com a situação da empresa aérea e o próprio presidente Lula freqüentemente manifesta a expectativa de que alguma providência deveria ser tomada para que a empresa possa se recuperar.
A primeira reação entre técnicos do governo que acompanham a proposta, foi de desânimo. A Casa Civil recebeu ontem uma análise da proposta da VarigLog feita por esses interlocutores. O documento considera que 'de uma maneira geral a proposta não foi bem recebida pelos credores, já que não prevê pagamento para os débitos sujeitos à recuperação judicial pela nova Varig'.
A análise técnica ressalta que há riscos de a empresa paralisar as atividades no curto prazo porque entre março e maio cai muito a receita de venda de passagens aéreas para todo o setor com a baixa temporada. Em contrapartida, continuam a existir custos fixos elevados como salários, tarifas aeroportuárias devidas à Infraero, manutenção de peças e aluguel de aeronaves e combustível fornecido pela BR Distribuidora, que está tendo de ser pago diariamente. O documento encerra com um alerta: 'Vale ressaltar que o caixa da Varig é ´bastante limitado´, o que exige uma solução mais rápida para a crise financeira em que ela está envolvida'.
Um abraço e até mais...
Cláudio Severino da Silva
jambock@brturbo.com.br
06/04 - 08:37 / Agência Estado
A Varig negocia com fornecedores a suspensão por 90 dias do pagamento de gastos correntes, principalmente de combustível e aluguel de aviões. O alívio mensal poderia chegar a US$ 100 milhões, dinheiro que a empresa pensa em destinar à recuperação de jatos parados e outras prioridades. Com o caixa apertado, a empresa enfrenta uma "administração de guerra" diária na escolha do que pode ser pago e o que deve ser postergado.
As informações são de uma fonte que acompanha a rotina da empresa. A Varig tem 71 aviões, mas só 54 em operação. Além de não produzirem receita, os aviões parados representam custos. A companhia vem sendo forçada a quitar antecipadamente custos operacionais como o do querosene de aviação, fornecido pela BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras. A cada sexta-feira, ela paga pelo combustível que usará sábado, domingo e parte da segunda-feira. O perdão temporário nas dívidas com a estatal é um dos principais pontos do pedido da empresa ao governo.
Ontem pela manhã, o presidente da empresa, Marcelo Bottini, confirmou que o caixa da Varig é "bastante limitado", mas sustentou que isso está sendo controlado e descartou o risco de paralisação da companhia "nas próximas horas", como havia descrito em e-mail enviado ao Planalto - segundo revelaram fontes ligadas à Presidência da República. "Não haverá paralisação, de maneira alguma", disse, negando que tenha enviado a mensagem ao governo. Mas confirmou as tentativas de obter "carência do não pagamento para alguns credores", sem entrar em detalhes.
Ao fundo de pensão Aerus, por exemplo, a Varig propôs, na última sexta-feira, a suspensão do pagamento de abril a outubro, retomada em novembro e compensação do período de carência, em parcelas mensais, a partir do ano que vem.
Segundo ele, a idéia geral é que credores estatais, como BR Distribuidora (combustível), a Infraero (infra-estrutura dos aeroportos) e outros fornecedores possam "viabilizar uma linha de crédito ou uma facilitação por alguns meses, com o pagamento dessa linha no segundo semestre". Ontem à tarde, executivos da Varig reuniram-se na sede da BR. A Varig compra o equivalente a R$ 75 milhões ao mês da BR, mas há meses não tem mais crédito.
Procurada, a BR informou que a eventual aprovação da proposta depende do conselho de administração da estatal. Fonte ligada à BR disse, porém, que a proposta de alongamento apresentada pela Varig não é exeqüível. A Varig informou à estatal sobre o plano de recuperação e a proposta de compra feita pela VarigLog.
A ex-subsidiária ofereceu US$ 350 milhões pela Varig. O executivo da Volo Brasil (controladora da VarigLog), Marco Antonio Audi, disse ontem que a proposta é "simples e honesta" e a empresa está disposta a "alguma negociação". De forma geral, credores não gostaram da proposta, principalmente os trabalhadores. Audi acrescentou que admite quitar dívidas relativas a aviões que permaneçam operando - caso a proposta seja aceita, a Varig Log planeja manter apenas 48 jatos voando.
Bottini participou pela manhã de assembléia de credores. Antes da reunião, reconheceu ser "extremamente necessário que haja um investimento, e isso tem de ocorrer o mais rapidamente possível". Ele acredita que a Varig poderá atrair uma capitalização, mas reconheceu que, "se o investidor não vier, a Varig precisará da ajuda do governo". Ele não comentou a proposta da VarigLog, explicando que cabe aos credores a análise.
A juíza da 8ª Vara Federal, Márcia Cunha, que cuida do processo de recuperação, considera grave a situação. "Há risco de a empresa parar de voar. Mas isso não é uma certeza. Há também a possibilidade de se recuperar." Ela se encontrará com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, para verificar se há possibilidade de empréstimo à Varig. "A Justiça pode fazer muito pouco." O presidente da Varig disse que há cinco dias solicitou uma audiência com o presidente Lula.
Governo
Com o agravamento da crise financeira da Varig, o governo federal está sendo pressionado de novo a socorrer a companhia aérea por meio de um empréstimo. Uma das idéias que circulam nos gabinetes das autoridades responsáveis é o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) conceder financiamento a um investidor interessado em adquirir parte do capital da Varig. Esse tipo de operação é conhecida como 'empréstimo-ponte' e se assemelha ao que o BNDES fez em novembro passado com a TAP, empresa área portuguesa. Na época, a TAP adquiriu a Varig Engenharia e Manutenção (VEM) e recebeu do BNDES um empréstimo de US$ 42 milhões. A companhia portuguesa também estava interessada em comprar a VarigLog, que acabou vendida ao consórcio liderado pelo fundo americano Matlin Patterson.
O assunto está sendo conduzido, no Palácio do Planalto, pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Setores do governo têm grande preocupação com a situação da empresa aérea e o próprio presidente Lula freqüentemente manifesta a expectativa de que alguma providência deveria ser tomada para que a empresa possa se recuperar.
A primeira reação entre técnicos do governo que acompanham a proposta, foi de desânimo. A Casa Civil recebeu ontem uma análise da proposta da VarigLog feita por esses interlocutores. O documento considera que 'de uma maneira geral a proposta não foi bem recebida pelos credores, já que não prevê pagamento para os débitos sujeitos à recuperação judicial pela nova Varig'.
A análise técnica ressalta que há riscos de a empresa paralisar as atividades no curto prazo porque entre março e maio cai muito a receita de venda de passagens aéreas para todo o setor com a baixa temporada. Em contrapartida, continuam a existir custos fixos elevados como salários, tarifas aeroportuárias devidas à Infraero, manutenção de peças e aluguel de aeronaves e combustível fornecido pela BR Distribuidora, que está tendo de ser pago diariamente. O documento encerra com um alerta: 'Vale ressaltar que o caixa da Varig é ´bastante limitado´, o que exige uma solução mais rápida para a crise financeira em que ela está envolvida'.
Um abraço e até mais...
Cláudio Severino da Silva
jambock@brturbo.com.br