Mais manifestações contra caricaturas de MaoméSírios e palestinianos detidos em Beirute
Mais de 100 manifestantes sírios e palestinianos foram detidos em Beirute após os tumultos hoje registados no bairro cristão, onde foi incendiado o consulado da Dinamarca, informou o Primeiro-ministro libanês, Fuad Siniora.
"Mais de metade dos cerca de 200 manifestantes detidos são sírios e palestinianos", assinalou aos jornalistas.
Para Siniora, estes actos de violência "fazem parte de um plano de desestabilização de que o Líbano é vítima há vários meses", uma referência à vaga de atentados de que o país tem sido palco desde Outubro de 2004.
Uma manifestação organizada em Beirute contra a publicação na Europa de caricaturas do profeta Maomé degenerou em tumultos no quadro dos quais foi incendiada a legação dinamarquesa e se registaram confrontos com a polícia que fizeram cerca de 30 feridos.
O Movimento 14 de Março, que agrupa os partidos muçulmanos e cristãos anti-sírios, maioritário no Parlamento libanês, responsabilizou Damasco pelo sucedido.
Em comunicado, este Movimento afirma que "o sinal foi dado sábado em Damasco", onde manifestantes incendiaram as embaixadas da Dinamarca e Noruega.
"Eles (os sírios) ameaçaram fazer do Líbano uma terra queimada e, desde que foram forçados a sair, tentam desesperadamente executar as suas ameaças. Mas o seu plano fracassará", lê-se no mesmo comunicado.
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Ânimos exaltados
Caricaturas provocam onda de violência e protesto
Um pouco por todo o mundo, a reprodução das polémicas caricaturas de Maomé, publicadas inicialmente por um jornal dinamarquês, está a servir de mote para as mais variadas manifestações e ataques a embaixadas ocidentais nos países árabes
VISAOONLINE 6 Fev. 2006
Vidros partidos, edifícios incendiados e ânimos muito exaltados têm composto o cenário nas representações diplomáticas dos países europeus cujos jornais que publicaram as caricaturas do profeta.
Na Tailândia, por exemplo, cerca de 400 muçulmanos manifestaram-se este fim-de-semana frente à embaixada da Dinamarca, pisando a bandeira e gritando palavras de ordem contra a publicação de caricaturas de Maomé na imprensa ocidental.
Na Indonésia, cerca de 300 manifestantes muçulmanos concentraram-se frente à embaixada dinamarquesa em Jacarta em protesto, mas aqui não houve registo de actos violentos.
Por outro lado, confrontos entre as forças de segurança afegãs e centenas de manifestantes que protestavam em Mitharlam, centro do Afeganistão, contra a publicação de caricaturas de Maomé, no sábado, provocaram um morto e quatro feridos, segundo o Ministério do Interior afegão.
A onda de reacções do mundo islâmico levou já a Dinamarca a apelar aos seus cidadãos residentes no Líbano que abandonem o país depois de milhares de manifestantes contra terem incendiado o consulado dinamarquês em Beirute. Pelo menos 28 pessoas ficaram feridas nos confrontos registados entre as forças da ordem e manifestantes na capital libanesa, de acordo com fontes hospitalares.
Juntamente com a Dinamarca, também a Noruega já tinha apelado aos seus residentes na Síria para abandonarem o país depois das violentas manifestações de sábado terem culminado no incêndio dos edifícios das embaixadas dos dois países escandinavos em Damasco. Também o ministro francês dos Negócios Estrangeiros indicou ter dado conselhos de prudência aos franceses residentes na Síria depois das manifestações de sábado, mas acrescentou não ter sido tomada «nenhuma medida especial».
Num comunicado publicado sábado ao fim da noite, a presidência austríaca da União Europeia (UE) classificou como «inaceitáveis» os ataques e ameaças contra embaixadas de países escandinavos na Síria e territórios palestinianos, em protesto pela publicação de caricaturas do profeta Maomé na imprensa europeia.
O Secretário-geral da ONU, Kofi Annan, por sua vez, mostrou-se «alarmado» e apelou à calma, salientando que «o ressentimento não pode justificar a violência».
O jornal dinamarquês Jyllands-Posten publicou a 30 de Setembro 12 caricaturas do profeta Maomé, incluindo uma em que é representado com um turbante em forma de bomba, e que foram reproduzidos no último dia 10 por um jornal norueguês, gerando uma onda de protestos dos muçulmanos. A reprodução das caricaturas, intituladas «Os Rostos de Maomé», por parte de vários media ocidentais, intensificou as manifestações de repúdio, que se tornaram agora mais violentas, com ataques a representações ocidentais em vários países árabes e ameaças aos interesses dos países europeus onde foram publicados os desenhos.