TAP Faz o Seu Quinto "Face Lifting" Aos 60 Anos de Idade
Por INÊS SEQUEIRA
Quarta-feira, 02 de Fevereiro de 2005
A TAP vai avançar com o quinto "lifting" de imagem quando faz 60 de idade, que comemora em 2005, num processo que deverá estar totalmente concluído apenas dentro de dois anos. O novo monograma que vai decorar os 40 aparelhos da companhia aérea portuguesa foi ontem publicamente apresentado, num dos "hangares" de manutenção dos aviões da transportadora: o grafismo das letras será outro, o verde e o vermelho surgem com novos tons e o "Air" desaparece de cena, dando lugar a TAP Portugal.
Objectivo? Reforçar o conceito de portugalidade e acabar com a "confusão" de existirem duas marcas - TAP e Air Portugal - afirma Carlos Coelho, presidente da Brandia, empresa que concebeu a nova imagem. O trabalho começou a ser realizado em Outubro, com a realização de "centenas de estudos", e irá ocupar uma equipa com cerca de 40 pessoas até meados de 2007. "Vamos mudar todos os suportes da companhia", afirma aquele responsável.
Além da pintura dos aviões e das novas fardas - o principal investimento, em conjunto com o estudo encomendado à Brandia - a "lavagem de cara" irá abranger outros materiais: "pins", papéis de carta, cartões de passageiro frequente, sinalização do aeroporto.
A nova imagem só será introduzida à medida que os aviões cumprem as grandes revisões que fazem parte do plano regular de manutenção, o que irá permitir poupar alguns custos. A pintura da frota deverá prolongar-se até meados de 2007 e por cada avião, a empresa investe em média cerca de 100 mil dólares (cerca de 77 mil euros), afirmou ao PÚBLICO um responsável da transportadora. Vestir os trabalhadores com novas fardas é outro dos passos da companhia, que deverá ficar totalmente concluído no prazo de um ano. A renovação dos uniformes irá ser feita por consulta a estilistas portugueses.
Por outro lado, muitos destes investimentos teriam de ser realizados devido à entrada da companhia aérea portuguesa na Star Alliance, prevista para o próximo dia 14 de Março, que implica que o nome desta aliança comercial tenha de passar a estar presente em todos os materiais e aviões da transportadora. Aliás, um dos aparelhos da frota terá de ser totalmente "vestido" com a imagem da Star.
Cara para mais dez anos
A "lavagem de cara" da TAP "já era uma necessidade há quatro anos", quando entrou na companhia aérea a nova equipa de gestão liderada por Fernando Pinto, admite por seu turno o administrador-delegado, numa entrevista ontem publicada num jornal interno da empresa. No entanto, antes era necessário "recuperar a auto-estima e o equilíbrio financeiro", acrescenta o gestor brasileiro. O importante é que "esta marca tem que ter durabilidade para pelo menos os próximos dez anos".
A companhia aérea vai lançar hoje uma campanha publicitária com a duração de duas semanas, nos jornais, televisão e "outdoors". Com a assinatura "TAP voa mais alto", esta campanha deverá absorver cerca de dois por cento dos proveitos. As receitas da companhia foram cerca de três mil milhões de euros durante em 2004, mas a previsão para este ano é de um aumento de cinco por cento, afirmou ontem Fernando Pinto, à margem da cerimónia.
Esta será a quinta imagem da transportadora portuguesa desde que nasceu, em 1945. A primeira marca durou apenas dois anos. Em 1947, o nome da companhia aérea ficou quase invisível, para dar destaque ao escudo da bandeira portuguesa. O nome TAP ressurge passados sete anos, até que em 1979 é-lhe acrescentado o Air Portugal.
Novas negociações com a Portugália
As negociações entre a TAP e a Portugália, para a compra da companhia aérea do Grupo Espírito Santo e entrada deste no capital da transportadora de capitais públicos, deverá reatar-se "até ao final da próxima semana". Devido à "época muito difícil de eleições, resolvemos reduzir a velocidade [do processo]", afirmou ontem aos jornalistas o administrador-delegado da TAP, questionado sobre a travagem das negociações.
Neste momento, estão a ser realizados "novos estudos" que deverão estar concluídos nessa data, tal como a avaliação final das duas companhias. Pinto confirmou ainda que o "limite máximo" para a entrada do GES na transportadora aérea do Estado, que dará início ao processo de privatização da "holding" do grupo TAP, será de dez por cento.
Na semana passada, o presidente da Portugália, João Ribeiro da Fonseca, anunciou aos quadros da sua companhia que iriam prosseguir com as conversações para a entrada na Sky Team, uma aliança rival da Star Alliance, onde a TAP irá entrar em Março. Isto foi encarado como um forte retrocesso nas negociações.


