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O povo de Mianmar chama o resgate de um centro especial de fraude de "farsa"; os guardas de fronteira têm má reputação por deserção e suborno
3/8 (sábado) 9:32 distribuição


Um outdoor anunciando celulares para birmaneses no lado tailandês. Antes da pandemia da COVID-19, pessoas de ambos os lados costumavam viajar de um lado para o outro da ponte como de costume

Resgates de pessoas de várias nacionalidades que foram forçadas a cometer fraudes continuam sendo realizados na base de um grupo chinês especializado em fraudes no lado de Mianmar da fronteira entre Tailândia e Mianmar. Segundo relatos, o número de pessoas resgatadas ultrapassa 7.000 e vêm de 28 países diferentes. A Força de Guarda de Fronteira Karen (BGF), um grupo étnico armado de Mianmar, é responsável por proteger os estrangeiros e enviá-los de volta para a Tailândia. No entanto, há muitas visões céticas sobre a organização. Por que Mianmar se tornou o lar de tantos golpes fraudulentos? O que é a Patrulha de Fronteira? A entrevista foi conduzida por Shimokawa Yuji, um escritor de viagens que conhece bem a situação em Mianmar.


[Foto] A ponte da fronteira entre Tailândia e Mianmar está fechada

Relatos de gangues fraudulentas especiais operando na fronteira com Mianmar são divulgados diariamente na mídia online e outras fontes. Entretanto, embora isso esteja acontecendo em seu próprio país, a reação do povo de Mianmar tem sido fria.

O Sr. M (62), que dirige um restaurante em Yangon, disse:
"É uma área em que não podemos entrar. Para começar, a situação de segurança é ruim, então não podemos chegar perto da fronteira tailandesa. E além disso, são os guardas da fronteira que estão fazendo isso, certo?"

■ O dinheiro ganho através de fraudes vai para o exército nacional através dos guardas de fronteira

O Sr. S (48), que administra uma loja de artigos gerais, falou conosco pelo Zoom.

"É uma farsa. É uma farsa perpetrada pela patrulha da fronteira. Eu nem quero assistir ao noticiário."
O meio de comunicação antimilitarista online The Irrawaddy descreveu o Coronel Soe Chit Too, que chefia a Guarda de Fronteira, como "o líder de um notório senhor da guerra". O governo tailandês, que está aceitando os estrangeiros protegidos, também está se mobilizando para obter mandados de prisão para três líderes da guarda de fronteira, incluindo o Coronel Sochitto.

Que tipo de organização é a força armada de guarda de fronteira?

O povo de Mianmar acredita que esta organização, que está sob o controle dos militares, está trabalhando com a máfia chinesa para controlar bases para fraudes especializadas. Dizem que dezenas de centros especializados em fraudes ao longo da fronteira, como Shwe Kok Ko, no leste de Mianmar, geram até 200 milhões de dólares por ano, metade dos quais seriam destinados aos militares de Mianmar por meio da Guarda de Fronteira. Isso equivale a 15 bilhões de ienes em ienes japoneses. É natural que o povo de Mianmar, que sofre sob a opressão militar, faça tal comentário.

Segundo a mídia local, o contato entre os guardas de fronteira e a máfia chinesa começou por volta de 2017. Dizem que os membros da máfia chinesa incluem Yu Zhijiang, do Yatai International Holding Group, que ganhou poder por meio de negócios ilegais, como cassinos online, empréstimos de dinheiro a clientes de cassinos e fraudes na Internet, e Yin Kuk-koh, do Dongmei Group, que é afiliado à máfia Tríades de Hong Kong. Eles estavam sediados no Camboja e nas Filipinas, mas conforme as regulamentações se tornaram mais rigorosas, eles voltaram sua atenção para as áreas de fronteira de Mianmar.

Eles se uniram ao Coronel Sochittu e outros para obter permissão do governo democrático de Aung San Suu Kyi para desenvolver a área de fronteira com a Tailândia. É chamada de zona econômica especial. No entanto, logo fica claro que a verdade é fraude especializada, tráfico de pessoas e contrabando de drogas. O governo democrata interrompe o desenvolvimento. Relatos da mídia na época disseram que os militares ficaram confusos com a decisão. O dinheiro dessa área já havia sido destinado ao exército nacional.

■ O número de asiáticos que foram forçados a cometer crimes já é de 10.000

Cerca de um mês depois, os militares prenderam Aung San Suu Kyi, deram um golpe e tomaram todo o poder. O desenvolvimento nesta área também foi retomado.

Após o golpe, os militares enfrentaram forte resistência dos cidadãos e das forças pró-democracia. Os militares começaram a usar a polícia para reprimir ativistas pró-democracia, criando uma situação na qual eles não conseguiam reprimir crimes comuns. Se eles se tornarem um grupo especializado em fraudes, será criado um ambiente de "zona sem lei", onde eles poderão fazer qualquer coisa.

De maneira semelhante, uma base especializada em fraudes foi criada ao longo da fronteira chinesa, no estado de Shan, no norte de Mianmar. É um centro criminoso centrado na cidade de Lao Cai, onde golpes de transferência bancária fraudulenta são cometidos principalmente contra chineses. Sua existência será conhecida em março de 2022. Foi o desaparecimento de uma estudante universitária de Taiwan. Por meio de rastreamento por GPS e outros métodos, descobriu-se que ele estava em Lao Cai.

Como a pandemia da COVID-19 dificultou a obtenção de talentos da China continental, uma tática para atrair jovens taiwaneses que falam chinês com altos salários veio à tona. Naquela época, diz-se que o número de asiáticos detidos em instalações ao redor de Lao Cai e forçados a cometer crimes já havia chegado a 10.000. A Televisão Central da China informou que os danos totalizaram aproximadamente 120 milhões de yuans (equivalente a 2,4 bilhões de ienes).


Como o esquema tinha como alvo os chineses, ele não se tornou um assunto polêmico no Japão, mas em Taiwan, placas e cartazes impedindo o trabalho ilegal de meio período foram colocados em muitos lugares, como estações de metrô.

O que mudou essa situação foi a Operação 1027, na qual os exércitos das minorias étnicas de Mianmar se rebelaram contra o exército nacional.

No estado de Shan, o governo chinês solicitou repetidamente que o exército de Mianmar reprimisse as redes de fraude. Entretanto, o exército nacional, que recebeu enormes propinas, não está disposto a fazer nada. Vendo essa situação, em 27 de outubro de 2023, o Exército da Aliança Democrática das Nacionalidades de Mianmar (MNDAA), um dos exércitos de minorias étnicas no estado de Shan, atacou uma base militar e sua base criminosa, que era sua fonte de financiamento. Cada país que estava trabalhando na base enviou uma equipe de resgate, e mais de 500 pessoas, incluindo vietnamitas, malaios e chineses, foram resgatadas.

■ Guardas de Fronteira Trocam de Lado Novamente

A Operação 1027 também se espalhará para a área de fronteira entre Tailândia e Mianmar controlada pela Guarda de Fronteira. A Guarda de Fronteira é uma unidade do exército nacional, mas originalmente era um grupo armado do povo Karen, um grupo étnico minoritário que vive na área. Em abril de 2024, a Guarda de Fronteira, liderada pelo Coronel Soe Chit Too, desertou do Tatmadaw e atacou o Tatmadaw em cooperação com exércitos de minorias étnicas e grupos armados pró-democracia. Os militares se retiraram de Myawaddy, a maior cidade da região. Myawaddy foi libertada do exército e se tornou uma cidade controlada por forças pró-democracia e minorias étnicas.

No entanto, dois dias depois, a bandeira do exército nacional estava hasteada em Myawaddy. Os guardas de fronteira, liderados pelo Coronel Sochitto, mais uma vez mudaram de lado e ficaram do lado dos militares. Não foi revelado qual acordo secreto foi feito com os militares nacionais.

Mais tarde, juntou-se a eles um grupo de fraudadores, supostamente composto por mais de 5.000 pessoas, que haviam sido expulsas de Lao Kai, no norte do estado de Shan. Esta área está se expandindo. Golpes que antes tinham como alvo pessoas asiáticas, principalmente chinesas, agora se espalharam globalmente.

■ Não há como o Coronel desistir desta base.

O povo de Mianmar vê o Coronel Soe Chit Thu como um chefe da máfia. Um analista militar de Mianmar analisou a situação da seguinte forma:

"Abrigar estrangeiros e enviá-los para a Tailândia é uma tática de diversão para evitar pressão da Tailândia e da China. As duas deserções são para proteger a base do grupo de fraudes. Não há como o Coronel Sochittoo abrir mão dessa base. Ele está planejando criar uma nova base e mover a maioria de seu grupo para lá. Ele provavelmente está tentando ganhar tempo."

Artigos semelhantes também foram publicados na mídia antimilitar local. --Entre 5 e 9 de fevereiro, tropas da Guarda de Fronteira resgataram 170 pessoas da base de uma rede de fraudes em Hpayarthonezu e as deportaram para a Tailândia. Ao mesmo tempo, empresas e restaurantes chineses em Hpayarthonezu foram forçados a se mudar para uma área a cerca de 10 quilômetros de distância.

Hpayarthonezu é uma cidade na fronteira com a Tailândia, cerca de 200 km ao sul de Myawaddy e Shwe Kok Kok. Grupos especializados em fraudes penetraram profundamente em Mianmar.

https://news.yahoo.co.jp/articles/e5164 ... c0d?page=3