Fórum Defesa Brasil

Resolvi abrir esse tópico separado por considerar que o assunto em questão é necessariamente específico para ser incluído no tópico da Ucrânia.

Antes de começar, o Big Serge também já fez uma análise em torno dos documentos vazados que é muito interessante:
https://bigserge.substack.com/p/russo-u ... eak-biopsy

Além disso, existe já salvo na própria Wiki sobre o assunto que já aborda a maioria dos documentos que eu vou postar:
https://en.wikipedia.org/wiki/2022%E2%8 ... ment_leaks

Em primeiro lugar, muito se analisa a credibilidade dos documentos vazados. De acordo com o New York Times, 48 das mais de 300 páginas dos documentos vazados foram revelados, o próprio The Washington Post conseguiu acesso a todos(https://archive.is/vzfrg). Do ponto de vista do volume de informações, o conteúdo possui uma quantidade particularmente grande de informações, essa quantidade de informações está muito além do escopo da inteligência de código aberto para obter e organizar para gerar um relatório tão amplo e com informações específicas. Da perspectiva do volume de informações, é difícil afirmar ser um documento falso. Quanto à possibilidade de que os militares e as agências de inteligência dos EUA tenham deliberadamente falsificado este documento e depois o divulgado, acho que é porque é difícil imaginar que os militares dos EUA tenham um motivo para fazê-lo (você pode ver a seguir que esses vazamentos documentos não discutem conteúdo particularmente sensível como o plano de contraofensiva ucraniana entre outros assuntos mais delicados), então acho que a probabilidade é extremamente baixa.

A série de documentos vazados parece consistir em um jornal diário escrito pela agência de inteligência militar (DIA) e classificado pelo Joint Chiefs of Staff - J2 (Departamento de Inteligência Conjunto). Páginas diferentes têm notas diferentes e algumas são classificadas como Top Secret//Accessible Only to U.S. Citizens e da FVEY(Five Eyes Alliance) e regidas pela Governed by the Foreign Intelligence Surveillance Act (FISA) e etc que também é parte do resumo do Daily Intelligence da CIA, também classificado como Top Secret//SIGNALS INTELLIGENCE/SIGNALS INTELLIGENCE-GAMMA//Originator Restricted Document Dissemination//Accessible Only to U.S. Citizens//Governed by the Foreign Intelligence Surveillance Act (FISA).

Fonte: https://archive.ph/TSIE3

Vou dividir a série de postagens postando todo os documentos em cada novo comentário, dessa forma, acredito que fica mais prático para se salvar ou endereçar o conteúdo específico, caso alguém queira.

Vamos lá!!!

Documento 1:

No topo do documento escrito - Top Secret//SI(Sensible Information ou Special Intelligence)//NOFORN(No Foreign Dissemination)//FISA(Foreign Intelligence Surveillance Act)

Este documento é uma atualização diária da divisão de inteligência conjunta do Estado-Maior Conjunto (J2) publicado no dia 28 de fevereiro de 2023.

A situação envolvendo a Rússia e a Ucrânia inclui: O governo polonês anunciou que fornecerá "imediatamente" à Ucrânia 4 MiG-29s, o que tornará a Polônia o primeiro país da OTAN a fornecer caças ativos à Ucrânia. A Polônia tem um total de 28 MiG-29s, 16 dos quais podem ser pilotados.

Este briefing é principalmente para resolver as notícias importantes e não há muita informação.

Documento 2:

No topo do documento - Top Secret//NCS-P(???)//SI-G(Special Intelligence – Gamma)//TK(Talent Keyhole)//FGI(Foreign Government Information)//RSEN(Risk Sensitive)//ORCON(Originator controlled)//NOFORN(No Foreign Dissemination)//FISA(Foreign Intelligence Surveillance Act)

O conteúdo envolve principalmente as recordações de 27 de fevereiro de 2023, a proporção de tropas entre os dois lados, a proporção de baixas e o julgamento do tamanho e composição do exército russo.

Segundo a avaliação, o exército russo investiu 527 (97%) dos 544 batalhões, dos quais 474 (90%) estavam na linha de frente. Refira-se que o batalhão móvel inclui o batalhão de reserva e o batalhão de artilharia. O exército russo inclui 218 batalhões motorizados (infantaria motorizada, blindados, aerotransportados...), 41 batalhões de reserva e 268 batalhões de artilharia (não se esqueça que uma brigada de infantaria motorizada no exército russo tem 4 batalhões de artilharia) e outros 110 batalhões basicamente perderam a eficácia de combate, o quadro de 41 batalhões de reserva parecem significativamente sub-representados.

A estimativa para a AFU é de 34 brigadas móveis, 11 brigadas de poder de fogo e 27 brigadas TDF(defesa territorial). Calculando, acredito que podemos estar visando algo em torno de 170 batalhões móveis, 135 batalhões de reserva e 130 batalhões de artilharia, essa força representaria cerca de 70% do exército russo. Um detalhe é que existem apenas 3 brigadas blindadas na Ucrânia. Todos sabemos que, além das 1ª e 17ª brigadas blindadas antes da guerra, a Ucrânia também mobilizou as 3ª, 4ª e 5ª brigadas blindadas reservas durante a guerra.

Foi relatado anteriormente que a 5ª Brigada Blindada havia sido dissolvida (mas vale a pena notar que o MilitaryLands relatou que a brigada foi reconstruída em março de 2023) para complementar as perdas de carros de combate de outras formações.
https://militaryland.net/ukraine/armed- ... k-brigade/

Agora parece que pelo menos uma entre a 3ª e 4ª brigada blindada foi dissolvida. Quanto à 14ª Brigada Blindada que antes estava na reserva, estima-se que também foi dissolvida. Para ser honesto, acho que a organização da brigada blindada falhou em primeiro lugar - os CC agora são um recurso escasso e mesmo assim a brigada blindada parece ter muitos tanques e pouca infantaria. Não consigo imaginar nenhum tipo de missão que só a brigada blindada pode fazer mas a brigada mecanizada não pode, mas tem várias missões que só a brigada mecanizada pode fazer e a brigada blindada não.

Um detalhe foi mencionado no briefing: a SBU ucraniana acreditava que a explosão do A-50U na Belarus em 26 de fevereiro de 2023 foi o ato de seus próprios agentes violando ordens.

Como sabem, já ocorreu debates aqui sobre a procedência dos documentos, o @gabriel219 foi o primeiro a postar através de um canal que tem viés pró-russo:
https://www.defesabrasil.com/forum/view ... 3#p5630543

Eu salvei, mas a qualidade é ruim:



A propósito, a evidência na foto é realmente muito simples, preste atenção aos "6 00" da perda de equipamento militar russo na foto à direita. É impossível ter essa lacuna na composição normal, mas fica claro na foto da esquerda: quando é uma foto de perdas russas, muda de 6.004 para "6 00". A "rotary wing 8" perdida na foto à direita também pode ser vista. O número de espaços está obviamente errado.

Não vou afirmar que um é falso e o outro é verdadeiro, vou deixar todos ficarem com suas próprias conclusões. Postei as duas imagens e cada um faz sua análise e chega a um veredito.

Documento 3:

Pode-se ver nesta imagem que os militares dos EUA avaliam a atual eficácia de combate dos militares russos e ucranianos como "Moderada" (ou seja, seria difícil para ambos manter as operações em uma ou várias dimensões). Para o exército russo é o campo de elemento terrestre (63%), para a AFU é o campo de força aérea e sistemas de defesa aérea (68-70%).

A estimativa dos militares dos EUA sobre as perdas russas parece ser Oryx como o Big Serge também especulou. Não surpreendentemente, mais de uma agência de inteligência ocidental está citando Oryx. Mas acho que a avaliação do equipamento restante do exército russo é muito imprecisa. Como o exército russo poderia ter apenas 419 CC restantes no teatro? Onde o exército ucraniano conseguiu seus 500 CC de reserva? Por um lado, suspeito que os dados militares dos EUA copiaram o IISS e não calcularam o número com recursos independentes, mas, por outro lado, também não descarto que os EUA podem concluir esses resultados através das imagens de satélite e distinguir claramente o número de CC no teatro e nos estoques militares russos.

A avaliação dos militares dos EUA sobre o sistema de defesa aérea ucraniano difere dos dados da Oryx (Oyrx relatou que a AFU perdeu 50 TELs do complexo S-300 no mesmo período, equivalente a cerca de 6-7 batalhões, e os militares dos EUA relataram a perda de 11 batalhões; 1 batalhão = 4 TELs???), considerando que os militares dos EUA obtiveram o mapa de implantação do sistema de defesa aérea ucraniano (postado mais a frente), os materiais militares dos EUA devem ser mais precisos e, portanto, o número de lançadores perdidos deveriam ser maiores do que os aunciados pelo Oryx. Por outro lado, a perda do sistema tático de defesa aérea ucraniana parece ser dados do Oryx. Quanto os militares dos EUA confiam e não confiam nos dados Oryx? Não dá para saber. Uma hora parecem usar os dados via OSINT, em outros não. Outra coisa que eu não entendo é a perda de mísseis russos terra-ar. Os 3.307 conjuntos de mísseis táticos terra-ar no estoque são surpreendentes. Que padrões estatísticos e fontes de informação são esses?

Quanto à perda de pessoal, está escrito em vermelho(DIA: 190k a 223k - Rússia: 9,7k) e verde(DIA: 124k a 131k - Ucrânia: 20k a 23k), além das mortes de civis(8,1k a 41k), não temos fontes independentes para avaliar a precisão dos dados de perdas. Os americanos também enfatizaram que os ucranianos terão um viés ao compartilhar seus dados, o que pode não ser permitido, porém, a fonte - este relatório de inteligência é uma combinação de relatórios de funcionários russos, Wagner e ucranianos. Em primeiro lugar, como obtiveram esses dados da Rússia e de Wagner e, em segundo lugar, como isso é sintetizado?

O último parágrafo afirma que o DIA está prestes a apresentar uma nova metodologia sobre a sustentabilidade dos equipamentos de ambos os lados no Intelligence Weekly. Não sei o que sairá disso.

Documento 4:


Israel não está disposto a fornecer armas mortais para a Ucrânia, como Israel pode estar envolvido? Várias opções são dadas no papel:

Ou seguir o modelo turco, vender armas letais a terceiros sob pressão dos Estados Unidos e transferi-las para os ucranianos através do trânsito;

Israel se sente ameaçado pela Rússia aumentar a ajuda ao Irã. Por exemplo, a Rússia fornece Su-35 para o Irã. Não muito tempo depois, em 11 de março, isso realmente aconteceu e foi confirmado. Então, em 16 de março, Israel aprovou a venda de armas para a Ucrânia;

Os americanos têm uma boa compreensão do pulso de Israel, Irã e Rússia. Para resistir às atividades iranianas apoiadas pela Rússia na Síria, deixe Israel cair ainda mais em direção aos Estados Unidos; entre vários outros métodos.

O documento também lista as armas israelenses que os Estados Unidos consideram mais úteis para a Ucrânia: principalmente mísseis terra-ar(Barak-8/MX-SAM/Spyder) e mísseis anticarro(Spike), porque os mísseis terra-ar ucranianos estão enfrentando uma crise óbvia que será discutida abaixo.

Documento 5:


Este é o relatório diário do Departamento de Operações Conjuntas do Estado-Maior Conjunto, Departamento de Logística e Departamento de Planejamento Estratégico (J3/4/5) no mesmo dia (28 fev/2023). Esta é uma imagem com a maior quantidade de informações e deve ser discutida em seções.

O Joint Staff(JS) tem 8 departamentos de operações conjuntas:

J1 – Director, Manpower and Personnel
J2 – Director, Intelligence
J3 – Director, Operations
J4 – Director, Logistics
J5 – Director, Strategy, Plans, and Policy
J6 – Director, Command, Control, Communications, and Computers / Chief Information Officer
J7 – Director, Joint Force Development
J8 – Director, Force Structure, Resources, and Assessment

Nesse documento, a atribuição de informações caberia ao diretor de operações(J3), logística(J4) e planejamento estratégico(J5).


Em primeiro lugar, o canto superior esquerdo são as atividades de inteligência da OTAN e o destacamento de tropas no teatro(EUCOM). Um RC-135V/W da RAF sobrevoava o Mar Negro sob a escolta do Typhoon (haverá fotos para descrever sua trajetória).

Não entendi a parte de inteligência de sinal.

No quadro abaixo, descreve as tropas americanas posicionadas na Europa. Também menciona especificamente que há(ou havia) 1.251 pessoas em Jasionka (aeroporto de Rheszow - o principal aeroporto de transporte aéreo estratégico dos EUA para a Ucrânia).

Em termos de força militar, as forças navais dos EUA sob o comando do EUCOM incluem 0 NAe, 5 cruzadores e destróieres, 2 navios de comando, 6 navios auxiliares, 4 SSNs e 1 SSGN. No ar, inclui 2 esquadrões de aeronaves de 5ª geração, 7 esquadrões de aeronaves de 4ª geração e 4 B-52s. Conta também com as duas brigadas de aviação do US Army.

Vale a pena notar que, além da 12ª Brigada de Aviação de Combate do Exército existente na Europa, a 1ª Brigada de Aviação de Combate da Divisão Blindada também está localizada na Europa. Este aumento não foi relatado antes. Em termos de forças terrestres, o 5º Exército foi formado no ano de 2020 e consta no documento. Sem mencionar que a 4ª Divisão de Infantaria e a 101ª Divisão Aerotransportada estão localizadas na Europa, com 5 BCTs sob sua jurisdição, exceto o 2º Regimento de Cavalaria Stryker originalmente estacionado na Europa. Além do regimento e da 173ª Brigada Aerotransportada, há também a 2ª BCT da 1ª Divisão de Infantaria, a 2ª ABCT da 1ª Divisão de Cavalaria e a 2ª IBCT da 101ª Divisão Aerotransportada. Comparado com a composição de forças antes da guerra, um IBCT aerotransportado e um ABCT foram adicionados (originalmente havia um ABCT rotativo).


Em relação às atividades anteriores de 24 horas, notei que, além do MQ-9, RC-135 e JSTARS, os militares dos EUA estão usando o U-2 na Romênia e na Polônia para realizar a missão de reconhecimento. O U-2 não foi ativado em nenhum momento na vigilância ADS-B, conhecido por Open Source Intelligence(eu msm postei vários e nunca vi o U-2 sendo mencionado).

O USS George Bush participa do exercício Neptune Strike no Mar Adriático. O alerta aéreo antecipado e as patrulhas foram mantidas no flanco leste sob a Operação Atlas Guardian, visando especificamente o aeródromo de Jasionka.


Este é um assunto que já foi comentado pelo @knigh7, no documento é relatado que 97 membros das forças especiais da OTAN (dos Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Letônia e Holanda) estavam implantados na Ucrânia. O número total de funcionários dos EUA na Ucrânia é de 100, incluindo 71 funcionários do Departamento de Estado e 29 funcionários do DoD, este último incluindo o Adido do Departamento de Defesa (DAO), Escritório de Cooperação em Defesa (ODC), Forças Especiais (USSOF) e fuzileiros de embaixada (MSAU).


A principal tarefa do 5º Exército é supervisionar e treinar a AFU. Em 27 de fevereiro, um grande número de missões de treinamento estavam acontecendo ao mesmo tempo:
Treinamento de operação de Patriot nos EUA;
Treinamento de 1º escalão do batalhão de artilharia de campanha na Alemanha;
Treinamento de 2º escalão de batalhão mecanizado;
Treinamento de ataque Phoenix (Ranger);
Treinamento de Stryker Batalhão 4º Escalão na Alemanha, Quartel General da Brigada 1º Escalão;~
Treinamento Phoenix Strike (Rangers Part 1)... Batalhão Strike 5º Escalão, Phoenix Strike (River) na Holanda;
Treinamento intensivo do 3º escalão do batalhão mecanizado na Alemanhae 2º escalão do batalhão de artilharia de campanha e o 2º escalão do QG da brigada.

Phoenix Strike é mencionado três vezes nele. Não se sabe qual é o significado dessa palavra, talvez está relacionado à munição errante Phoenix Ghost.

O 5º Exército dos EUA é responsável por comandar vários grupos de batalha no lado sul do flanco oriental, incluindo os da Polônia, Eslováquia, Hungria, Romênia e Bulgária.


A missão J5 da Divisão de Planejamento Estratégico parece ser a principal responsável por várias ligações e parece que o Presidente do Estado-Maior Conjunto (CJCS) - Mark Milley precisa ir para a Ucrânia, Itália, Espanha, Bélgica e manter conversações bilaterais (BILAT) com os respectivos chefes militares - CHOD(Chief of Defense)


Editei aqui para manter a visibilidade da imagem.

Os dados fornecidos pelo J4 do Departamento de Logística são muito importantes - o consumo e reabastecimento de GMLRS e 155 mm.

O PDA é a ajuda autorizada pelo presidente dos EUA que é transferir diretamente materiais do arsenal ativo dos EUA para ajudar a Ucrânia; o USAI é a iniciativa de assistência da Ucrânia que é outra forma dos EUA em comprar armamentos para ajudar a Ucrânia.

Todos sabem que o consumo de material da guerra é impressionante, mas os dados específicos ainda parecem chocantes: a Ucrânia disparou 9.584 foguetes GMLRS em meio ano, o que significa que seu volume médio diário de disparos atingiu cerca de 50, no entanto, na média, o volume de disparos no dia 7 é de apenas 13 foguetes e a reserva é de 278 projéteis.

Supõe-se que as reservas GMLRS dos militares dos EUA sejam altas (um total de 50.000 foram produzidas antes da guerra e não sei a estimativa dos EUA antes da guerra). No entanto, a longo prazo, a Lockheed Martin disse este ano que a atual capacidade de produção do GMLRS é de 10.000 por ano e pode ser aumentada para 12.000-14.000/20.000-25.000, o que ainda é insuficiente para a Ucrânia. Quanto aos projéteis de artilharia, a Ucrânia usou 950.000 projéteis americanos de 155 mm que é cerca de metade das reservas dos EUA antes da guerra e ainda está sendo consumida a uma taxa de 3.400 projéteis por dia. As reservas da Ucrânia são de apenas 10.900 foguetes, o que é suficiente apenas para lutar por 4 dias. Isso significa que, uma vez que os Estados Unidos e a Europa cortem o fornecimento de munição para a Ucrânia, isso rapidamente terá um impacto fatal.

Deve-se notar que aqui os americanos não discutem os projéteis fornecidos à Ucrânia pela Europa e outros países. A Europa afirma fornecer à Ucrânia 1 milhão de munições este ano, equivalente a 2.739 munições por dia. A combinação desses dois itens pode significar que a Ucrânia pode disparar cerca de 4.500 a 5.000 projéteis por dia. Isso sem contar a munição produzida pela própria Ucrânia e os projéteis de 105 mm fornecidos pelos Estados Unidos (também deve estar no nível de 500.000), ou munição de outras fontes (como a Coréia do Sul mencionada abaixo transferindo 300.000).

Por causa disso, os EUA protegem e gerenciam cuidadosamente a munição ucraniana. 1.840 projéteis são transportados para a Ucrânia todos os dias, de acordo com o documento.


O New York Times noticiou em 17 de janeiro deste ano que os Estados Unidos estavam adquirindo projéteis de Israel e da Coreia do Sul. Por um lado, são os materiais de reserva estratégica deixados pelos Estados Unidos nesses dois países e, por outro lado, são as munições produzidas por esses dois países. Esses dois países não querem que os projéteis produzidos em seus próprios países matem russos, mas concordam que os Estados Unidos adicionarão essas munições a seus próprios depósitos de munição para liberar mais munição para assistência militar à Ucrânia. Este relatório prova que a Coréia do Sul deu um passo adiante - planeja transportar 330.000 projéteis por ar e mar até seu destino em 72 dias - o destino da remessa marítima é mostrado como Nordenham - Alemanha (uma cidade portuária perto de Bremen). O usuário final desse lote de munição é a Polônia, mas a Coréia do Sul está considerando permitir que a Polônia forneça-os à Ucrânia.
https://vpk.name/en/708003_south-korea- ... tates.html

Isso pode significar que o governo sul-coreano decidiu fornecer munição à Ucrânia, e essa ajuda pesada de 330.000 projéteis de acordo com o consumo atual do exército ucraniano é suficiente para os ucranianos permanecerem na luta por mais três meses.

Porém, vale ressaltar também que não há uma data específica para esse cronograma, podendo ser que até o dia 28 de fevereiro que o lado coreano ainda não tenha finalizado a data final de embarque.

O documento enfatiza que a operação de entrega marítima começa evidentemente no dia 0, porém o primeiro embarque só começa no D+27(dia 27), o segundo carregamento é enviado no D+37 e todo o carregamento via marítimo só completa no D+72.

Já quanto a operação de envio aéreo de munições só começa a partir do D+10, eles colocam o B-747 não sei se foi usado como exemplo ou se foi realmente a aeronave de carga que realizou essas entregas, o documento enfatiza que seriam necessários 97 voos do 747 para enviar 153.000 projéteis, com a operação terminando no D+41, levando um período de 31 dias dessa operação.

Está no canto direito a informação de quantos projéteis foram enviados, totalizando 253.000 foguetes, o que se tornaria implícito que o carregamento marítimo foi em torno de 100.000 projéteis e a operação aérea total teria entregado 153.000 projéteis, falta saber o resto de 77.000 munições que não estão sendo mencionados no documento, talvez fossem enviados aos EUA e estes enviariam de seu próprio estoque no CONUS ou do EUCOM.

Documento 6:

Neste documento estão o número, tipo e rotas de aeronaves ISR da OTAN e escoltas (Mirages) na região do Mar Negro. Pode-se ver que os militares dos EUA estipularam uma missão de reconhecimento em uma distância de 40 milhas náuticas da Crimeia ocupada pelos russos. Há mais drones e menos aeronaves tripuladas. No entanto, no caso de uma escolta, ocorreu um incidente em meados de março, quando um caça russo colidiu com um MQ-9 dos EUA, não está claro o que o avião de escolta da OTAN estava fazendo neste incidente.

Os dados gerais incluem 89 surtidas totais de ativos ISR da OTAN entre 22 setembro de 2022 até 26 de fevereiro de 2023, sendo 73 surtidas SARPs e 16 surtidas de aeronaves tripuladas. No dia 27 de fevereiro de 2023, ocorreram 2 surtidas do MQ-9.

Documento 7:

Esta imagem não está bem desenhada e o canto inferior esquerdo não é tanto um comentário, indicando ser uma advertência:

“O exército russo avança uma média de 2.7 km por mês (90 metros por dia), e se continuar assim, levará 11 meses para tocar 30 Kramatorsk que está a 30 km de distância!"

O cálculo das mudanças futuras da linha de frente não pode ser dividido por este método, mas os militares dos EUA parecem estar dispostos a dividir por esse método, a razão eu não entendi.

Documento 8:

Eis o que está escrito no documento no lado superior esquerdo:

As táticas de atrito da Rússia no Donbass provavelmente levarão a um impasse, tornando impossível para Moscou tomar toda a região do Donbass até 2023. Chegamos a essa conclusão com alguma confiança, com base em imagens de satélite do National Reconnaissance Office (NRO) e imagens de satélite comercial, vídeo de série temporal baseado em LAPIS, dados de Overhead Persistent Infrared Imaging (OPIR), inteligência de sinais, inteligência de código aberto, relatórios de ligação, nós descobrimos que, nos últimos sete meses, o poder de fogo da artilharia russa tem sido relativamente de alta densidade e as perdas em combate foram altas, mas as terras apreendidas são muito limitadas. Teríamos chegado às conclusões acima com mais confiança se pudéssemos avaliar a força das persistentes capacidades de combate da Ucrânia nas frentes de Kharkov-Lugansk e Donetsk. Também não podemos determinar totalmente os danos ao moral do exército russo no esquadrão de contra-ataque ucraniano em agosto-setembro de 2022, ou quanto tempo levará para reabastecer munições e equipamentos ou reconstruir as tropas. Desde abril de 2022, as forças terrestres russas, as forças armadas separatistas de Donbass e a empresa de segurança militar privada russa "Wagner" lançaram uma campanha de desgaste na região de Donbass. O ataque terrestre lentamente espremeu as defesas ucranianas. Essa tática causou tantos danos ao estoque de munição do exército russo que - a menos que o exército russo recupere inesperadamente sua força - o exército russo será esgotado e os objetivos de guerra de Moscou não serão alcançados, e a guerra continuará além de 2023.

Não tenho nenhum comentário breve a fazer sobre o comentário acima. Em geral, eu apoio essa visão. De fato, no mesmo período que o documento foi criado/publicado em fev/2023, o exército russo começou a falar sobre o problema da escassez de munição, parece que a Rússia finalmente se desfez da maioria de munições da União Soviética. Outro fato interessante sobre isso é que o "LAPIS time-series video" é um sistema de satélite avançado que permite uma melhor imagem de objetos no solo.

Documento 9:

Este documento é um mapa de calor da batalha perto de Bakhmut obtido pelo satélite de reconhecimento infravermelho da National Geospatial-Intelligence Agency (NGIA). Esse satélite é semelhante aos recursos dos analistas de inteligência de código aberto que usam satélites de monitoramento de incêndio da NASA para observar(FIRMS), obviamente que aqui a precisão é muito maior. De acordo com esta avaliação, a linha de defesa ucraniana à esquerda (ou seja, o norte) de Bakhmut está recuando, o exército ucraniano mantém o controle do centro da cidade e continua a construir novas posições defensivas na retaguarda para que a cidade possa ser defendida após a queda.

Documento 10:

Acho que essa imagem não faz muito sentido.

Documento 11:

O problema com o IADS da Ucrânia. Esta é também uma imagem muito importante. Após a desintegração da União Soviética, a Ucrânia não tinha capacidade de produção de mísseis de defesa aérea (os fabricantes relevantes estão todos localizados na Rússia) e, após 2014, a Ucrânia naturalmente não receberá nenhum suplemento de mísseis de defesa aérea. Portanto, após um ano de guerra, o estoque do sistema de mísseis terra-ar ucraniano que havia desempenhado um papel importante, estava prestes a acabar. Pode-se ver que até 28/02/2023, restavam apenas 476 munições para o complexo S-300 (SA-10, SA-12), mas o consumo médio mensal é de cerca de 200. O sistema Buk (SA-11) tem 116 munições restantes, mas o consumo médio mensal é de 69 munições. A Ucrânia desenterrou 700 S-125 (SA-3), mas o desempenho desses mísseis era suspeito e provavelmente insatisfatório. Se a situação continuar, o sistema de defesa aérea da Ucrânia estaria basicamente inoperante em maio de 2023, o que dará uma grande chance ao VKS que finge estar morto há um ano. Portanto, os Estados Unidos estão correndo para fornecer à Ucrânia sistemas AAe Patriot, Hawk, NASAMS ou todos os sistemas de defesa aérea que puder obter neste momento. Também é importante notar que este documento menciona o consumo mensal esperado do Patriot, NASAMS e IRIS-T: 100, 40 e 24, respectivamente. Em outras palavras, após ser totalmente substituído pelo sistema ocidental, o volume de projéteis do sistema de defesa aérea ucraniano cairá para 60% do nível anterior. Isso não levou em conta também que a cobertura do sistema de defesa aérea ucraniano diminuirá devido à redução do número de batalhões.


Continuação:



Continuação:

Documento 12:

Nessa foto, os militares dos EUA imprimiram diretamente o local de implantação do sistema de defesa aérea ucraniano e alertaram o que aconteceria se os mísseis ucranianos acabassem em maio, a imagem no lado direito inferior demonstra dando total liberdade de ação ao VKS.

O conteúdo da tabela no canto inferior esquerdo é semelhante ao cronograma para o esgotamento de mísseis no sistema de defesa aérea ucraniano e as informações adicionais fornecidas são limitadas. Na seção de sugestões no canto superior direito, além de aconselhar os aliados a fornecer munição SA-10, SA-11 e sistemas de defesa aérea ocidentais o mais rápido possível, também sugeriu que a Ucrânia adotasse a Contraposição Aérea Ofensiva (OCA) e enviasse forças de infiltração para bombardear aeronaves russas, não sei se foi obtido implemento nesse tipo de ação. No entanto, em termos do grau de perda do VKS (estrutura de força de 92%) avaliada no relatório é ainda inútil explodir algumas aeronaves. O relatório também recomenda que o exército ucraniano adote dissimulação e mude de tática, e persista até a chegada de grandes quantidades de sistemas de defesa aérea ocidentais em maio-junho.

Documento 13:

Por outro lado, deve-se notar que antes da guerra, o exército ucraniano tinha mais de 70 batalhões de mísseis de médio e longo alcance, mesmo que chegassem os sistemas da OTAN, era difícil imaginar que eles poderiam fornecer a uma taxa 1:1, na realidade nem precisaria ser em 1:1, já que com o ingresso de SAMs ocidentais, diminua-se o consumo dos SAMs soviéticos, embora mesmo que o desempenho dos mísseis antiaéreos possa ser ligeiramente melhorado, ainda a capacidade geral de defesa aérea pode diminuir. As perspectivas são ruins para a Ucrânia em uma guerra de desgaste de mísseis antiaéreos, o que não seria uma surpresa.

Documento 14:

Este é um conjunto de relatórios da CIA. Embora o nível de segurança seja maior, parece que a qualidade diminuiu.

Documento 15:

Este artigo é classificado como "For Official Use Only" (U/FOUO) e é um dos poucos textos não classificados entre todos os documentos vazados.

O conteúdo principal deste artigo é composto por 2 partes, sendo que apenas a primeira metade da segunda parte pode ser visualizada:

1. A situação em Bakhmut (final de fevereiro).

A avaliação dos EUA acredita que Bakhmut caiu em um estado de cerco na batalha e o moral dos defensores estava baixo. Por esta razão, Budanov, o diretor de inteligência militar da Ucrânia, ordenou que suas tropas Kraken entrassem em Bakhmut por não mais do que duas semanas em 28 de fevereiro para evitar desastres. Yermak, chefe de gabinete do presidente ucraniano também acredita que a situação na direção de Bakhmut é particularmente difícil. O principal ponto de discórdia é considerado o "204.8 elevation" com vista para o principal canal logístico do exército ucraniano em Bakhmut. O exército ucraniano acredita que se o exército russo ocupar este planalto, poderá ignorar a única rota de abastecimento do exército ucraniano. Sob tais circunstâncias, no dia 28, Budanov abordou o comandante do exército ucraniano Sirsky e um comandante do exército ucraniano com o indicativo de chamada "Vova", explicando que a GRU poderia aliviar a situação perto de Bakhmut. Sirsky pediu a Budanov para ocupar de volta Yahidne (veja a foto abaixo para a localização), porque só resta uma linha de defesa para os defensores da cidade. Budanov então pediu a Vova que enviasse uma unidade do "Shaman" (a inteligência dos EUA acredita que o Shaman se refere a Ihor Polonsky, mas não está claro se esta unidade se refere a uma unidade Kraken) para realizar uma tarefa de não mais de duas semanas, e exige-se o envio apenas de tropas de combate e não de postos de comando. Vova objetou que o que é necessário agora é um comando claro, como apenas tropas de combate podem ser enviadas e as tropas Kraken são capazes de estabelecer o comando.


O comando misto do exército ucraniano em Bakhmut foi apontado por muitos partidos. Um mês depois, se o mapa de controle da Ucrânia for usado como um indicador, o exército ucraniano obviamente não conseguiu completar a tarefa de recapturar Yahidne e sua posição foi ainda mais comprimida, ainda mais hoje com a captura de Bakhmut. Isso significa que a logística do exército ucraniano se tornou mais difícil de sustentar do que no final de fevereiro. A relação entre Budanov e Sirsky é digna de nota porque reflete a delicada relação entre a inteligência militar (GUR) e as forças armadas da Ucrânia. O fato de o GUR ter unidades de combate desproporcionais à sua missão resta ver o que isso significa no futuro.

2. A Ucrânia acredita que a Rússia pode abandonar oficialmente a SMO em 5 de março.

A fonte de tudo isso é Yelyzaveta Bohutska, membro da Verkhovna Rada da Ucrânia (pertencente ao Servo do Povo - partido de Zelensky). A mulher afirmou ter ouvido de "funcionários do Kremlin" que a Rússia planejava desviar recursos para o sul para algum tipo de ofensiva e que Patrushev e Gerasimov uniriam forças para se opor ao plano de Putin. Gerasimov prometeu desistir do título de "SMO" quando Putin passou por quimioterapia em 5 de março e não conseguiu assumir o poder. Agora é 20 de maio e nada aconteceu. Não sei se o informante do Kremlin que Bohutska encontrou mudou de ideia.