LUÍS NASSIF
O submarino nuclear
Se amanhã , por uma razão qualquer, algum país ou, mais provável, alguma organização criminosa quiser fazer chantagem ou retaliar o país, não teria a menor dificuldade. Bastaria um submarino ou avião para bombardear as plataformas marítimas do país. O abastecimento entraria em colapso e não se teria nada para a defesa da costa.
Por esse motivo, a maioria dos países (especialmente os com costas extensas) está se preparando militarmente em três áreas:
1. Aviões de caça múltiplos, incluindo com capacidade para carregar ogivas nucleares.
2. Mísseis cada vez mais inteligentes, para missões específicas.
3. Submarinos movidos a propulsão nuclear.
Com satélites vasculhando o mundo, o lugar mais seguro é o fundo do mar. O meio aquoso é intransponível para ondas de radares e mesmo para satélites. Tanto assim que a localização de submarinos se dá através do sonar, mesmo assim a, no máximo, um quilômetro de distância.
O submarino convencional tem o inconveniente de não poder processar muito o ar. É obrigado a vir à superfície a cada três dias. O Brasil possui submarinos convencionais de 700 a 900 toneladas. A próxima geração será de 1.200 toneladas. Mas já estão sendo fabricados submarinos de 3.000 toneladas.
Se movido à propulsão nuclear, o submarino pode ficar três anos submerso. Mesmo os Estados Unidos, com todo seu poderio militar, pouco poderia fazer se um submarino nuclear de outro país fosse localizado a 200 metros da costa. Por isso mesmo, o submarino nuclear é considerado a arma de amanhã, capaz de igualar os riscos dos países.
Os EUA já possuem submarino nuclear desde os anos 60. O Brasil já possui o reator, desenvolvido pela Marinha. Como é grande, falta ser miniaturizado. Mas aí é mera questão de investimento.
O desafio é o casco. O nuclear vem envolto em dois cascos que não se tocam, para não transmitir vibrações que possam ser captadas pelos sonares. O desenvolvimento de 12 deles sairia por algo entre US$ 6 bilhões e US$ 10 bilhões.
Nos anos 90, o Brasil chegou a fechar um acordo com a Alemanha, por meio da Ferrostaal, controladora dos estaleiros HDW. O estaleiro tinha como acionistas siderúrgicas alemãs que, em crise, acabaram vendendo o controle para um fundo de pensão norte-americano, que, nos últimos tempos, colocou o estaleiro à venda. Hoje ele está na mira da França e da Alemanha para fundir sua capacidade de fabricação de submarinos.
Na outra ponta, os norte-americanos fecharam um acordo com estaleiros espanhóis para a fabricação de submarinos, utilizando recheio eletrônico da Lockheed. Na Espanha, o setor passou por um processo de unificação que lhe deu bom poder de fogo.
O grande desafio brasileiro será conseguir alguém que passe ao país a tecnologia de fabricação do pré-nuclear. No primeiro semestre deste ano, Marinha e governo devem decidir qual a tecnologia da nova série de submarinos a ser adquirido. Tomara que se tenha um pouco mais de eficiência e rapidez do que nessa novela sem fim dos caças FX da FAB
A eterna novela dos Projetos Militares
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