T-72BM
Apresentada em 1985 e vista pela primeira vez em 1986 ( inicialmente conhecida como projeto 182/184) a versão T-72B é uma tentativa de dar aos T-72A mais antigos, capacidade para deter a ameaça dos novos tanques Leopard-2 e Abrams e Challenger-II que começavam a aparecer em números crescentes na Europa, mas também capacidade para resistir às novas munições de 105mm que tinham sido identificadas no campo de batalha.
Após o lançamento do T-72 modernizado modificado para exportação (T-72M) em 1980, e mesmo com a blindagem reforçada «Dolly Parton» na torre do T-72M1 e a possibilidade de utilização de blindagem reactiva, os militares os soviéticos rapidamente entenderam que mesmo aquela nova blindagem, era insuficiente para deter os projeteis dos tanques ocidentais, como o Abrams e o Leopard-2, e mesmo os Leopard-1 equipados com munição mais potente. Há notícias de informações recebidas através do Iraque, que tinha recebido tanques T-72 que utilizava contra os iranianos, mas foi da Síria que veio a primeira confirmação.
A primeira lição no Líbano em 1982
A Síria tinha recebido carros T-72 logo em 1979 e tinha utilizado os veículos contra Israel durante a invasão do Líbano em 1982. As prestações do T-72 não foram as melhores, com vários carros destruidos por armamento anti-tanque. Nos poucos recontros entre carros de combate Os T-72 foram sempre derrotados pelos Merkava-I e M-60. Esses recontros não foram no entanto considerados relevantes, porque resultaram da situação tática no terreno.
Muito mais importante que os combates, foi o fato de durante o recontro de «Sultan Yaakub» os sírios terem capturado um tanque de Israel, entregando a nova munição de 105mm «Lituf» capturada, aos soviéticos, que posteriormente a testaram.
A conclusão por parte dos técnicos soviéticos foi de que a nova munição de 105mm era letal para o T-72M e dava aos carros ocidentais a vantagem tática.
Este problema afetava também os T-72 e T-72A, pelo que foi decidido iniciar um programa de revisão do veículo, destinado a garantir um aumento na capacidade de sobrevivência dos T-72 existentes.
Esse programa resultou no T-72B.
O projeto que levou ao Objekt-182, teve inicio logo entre o fim de 1983 e o inicio de 1984.
A torre do T-72 foi reforçada, com uma proteção adicional de mais 20mm de blindagem, a que depois se acrescentou um novo kit de blindagem reactiva «ERA» de segunda geração. O T-72B caracteriza-se assim pela aplicação algo desordenada dos módulos de blindagem reactiva.
Os módulos não são especificamente produzidos para este modelo e por isso não estão acomodados de forma ordenada, dando ao veículo o seu tradicional aspecto «eriçado» de caixinhas. Há um total de 227 caixas, 118 no chassis e 109 na torre.
Uma camada de proteção anti-radiação também foi incluida, e exteriormente foram instaladas granadas de fumo, para aumentar a proteção contra as armas disparadas pela infantaria.
A arma principal, o canhão 2A46M foi mantida e pode disparar o míssil 9M119 (AT-11) «Svir» que tem um alcance nominal de 5000m segundo o fabricante.
O sistema de controlo de tiro no entanto, sofreu poucas modificações e continuou baseado no sistema TPD-K1 que estava instalado no T-72A. Disparos noturnos são possíveis por causa do novo sistema passivo/ativo de visão noturna.
Quando todo o programa de modernização do T-72B ficou concluido, a industria russa passou a produzir este modelo nas suas fábricas, já não como modificação, mas sim como veículo novo.
Ao mesmo tempo que prosseguia a modernização da frota de T-72, começou a sair das fábricas o T-72B1, que não tinha capacidade para disparar o míssil «Svir» e estava equipado com blindagem reativa explosiva «Kontakt».
Em 1987 começou a ser produzida uma versão destinada à exportação conhecida como T-72S (Inicialmente conhecida como T-72M1M). O T-72S é idêntico ao T-72M1 mas utiliza munição mais moderna e pode disparar o míssil «Svir». Esta versão também é conhecida como T-72S «Shilden» e é aparentemente produzida pelos iranianos.
Existe uma versão conhecida como T-72S1 também lançada em 1987 e que é equivalente ao T-72B1.
Em 1992, já depois do colapso da União Soviética, foi lançado o T-72BM, que incluia uma nova geração de blindagem reativa explosiva e um novo motor SV84 de 840cv.
Uma versão ligeiramente mais aprimorada deveria ser conhecida como T-72BU, mas acabou sendo chamada de T-90.
A industria russa não fabricou nenhum T-72B e todos os modelos deste tipo são na realidade modelos T-72 mais antigos submetidos a um «Mid Life Update».
Informação genérica:
A família de tanques T-72, foi desenvolvida na União Soviética, e os seus derivados ainda se encontravam em produção em 2010.
O T-72, apareceu como projecto alternativo ao projecto T-64, que foi considerado demasiado caro e complexo.
O T-72 evoluiu por isso paralelamente ao T-64, que por sua vez conduziria ao T-80.
O T-64 apareceu numa parada militar depois do T-72, pelo que ocidente chegou a ser confundido como T-72.
Veículos desta familia foram ou são fabricados não só pela URSS/Rússia como também pela Polonia, India Republica Checa e antiga Jugoslávia.
A versão mais recente do T-72 é conhecida por T-90, produzido na Russia. A India tem em produção viaturas do tipo, e continua a ser promovido um carro de combate fabricado na Croacia, baseado no T-72.
A família T-72, tem muitos componentes comuns com a familia T-64/T80, pois o seu desenvolvimento foi uma tentativa de produzir um carro de combate com características e capacidades idênticas ao T-64/T-80, mas com um custo inferior.
Os carros de combate de origem chinesa da familia Type-80 são parcialmente baseados ou inspirados também no T-72. (notar que Type-80 chinês nada tem a ver com o T-80 de origem soviética)
A base do T-72 também parece ter influenciado tanque indiano Arjun.
Como versão mais barata do T-64, o T-72 é menos sofisticado e possuiu um sistema de suspensão mais antiquado. A qualidade da blindagem também era inferior.
Nos primeiros recontros com carros ocidentais o T-72 demonstrou ser relativamente inferior. O armamento de 125mm também demonstrou ser de pouca qualidade, embora haja relatos que afirmam que a fraca performance se deveu à má qualidade da munição e não necessariamente do armamento principal.
O T-72 apresentou vários problemas desde o inicio, que eram no entanto esperados pelas autoridades soviéticas, que consideravam que a grande vantagem do T-72 seria o facto de ter sempre superioridade numérica.
Por isso, muitos dos problemas de conceito e projecto nunca foram resolvidos por se considerar ser economicamente inviável.
De entre os problemas mais evidentes dos carros de combate da família T-72, destaca-se a fraca blindagem e erros de concepção básicos, que resultaram das opções tomadas pelos projectistas russos.
O mais grave de todos foi o da escolha de munição com carga separada, para facilitar a acomodação das munições.
Isto levou a que a carga propelante, que está numa embalagem de cartão, ficasse relativamente desprotegida.
Quando uma carga é acidentalmente atingida ou quando há um incendio mesmo que pequeno numa parte vital da viatura, ocorre normalmente uma sucessão catastrófica de explosões.
Em muitos casos a munição explode fazendo «voar» a torre. Na imagem um M-84, versão Jugoslava do T-72 destruido na guerra na antiga Jugoslávia. O problema começou apenas a ser considerado na última versão do carro de combate T-90S, após criticas por parte dos generais russos, que acusaram esta família de tanques de ser pouco mais que uma ratoeira sobre rodas.
Outro problema sem solução, reside no reduzido espaço interno dentro do tanque, que reduz a eficiencia da guarnição após duas ou três horas.
O problema do espaço interno é tão grave, que os militares não podem ter mais de 1.75m de altura.
A baixa altura da torre, também impede o veículo de baixar o armamento principal quando passa por cima de uma elevação, ou quanto se esconde por detrás de uma elevação.
A reduzida dimensão da torre, também torna inviável a inclusão de novos equipamentos e sistemas. Exemplo disso é o T-90MS, que está coberto de sistemas adicionais sobre a torre, tornando-o mais alto que um Abrams americano.
São vários os modelos e derivações de veículos da família T-72, de entre esses destacam-se:
T-72 - Veículo original, derivado do T-64A com novo sistema de transmissão e sistemas ópticos mais antigos.
T-72M - Versão do T-72 original com blindagem cerâmica mais resistente e telemetro laser.
T-72A - Versão do T-72 modernizada e equivalente ao T-72M, só que constituida essencialmente por viaturas T-72 modernizadas.
T-72M1 - Também conhecido como «Dolly Parton» caracteriza-se pela torre com protuberâncias frontais, destinadas a dar maior protecção. Esta versão, deu origem ao T-72M2 conhecido como «Super Dolly Parton», que se caracteriza por em cima do reforço adicional, ter recebido blindagem reactiva.
T-72B - Idêntico ao T-72A, mas com um novo sistema de carregamento automático da arma principal, que permite maior cadência de fogo.
T-72M2 - Também conhecido como «Super Dolly Parton», acrescentou à blindagem adicional, componentes cerâmicos e possibilidade de receber blindagem reactiva.
T-72S - Versão de exportação equivalente ao T-72M2, tem um motor mais potente e uma suspensão melhorada.
T-72BM Versão do T-72B, com os novos sistemas de tiro, novo carregador automático e com blindagem reactiva adicional.
T-90 A mais recente versão desta família de carros de combate, é em tudo idêntica às versões modernizadas T-72S, embora normalmente os T-72S sejam veículos modernizados.
O T-90 é um veículo novo, em que a torre está desenhada de forma a incluir os sistemas electrónicos e óptidos de tiro. A torre é idêntica à do T-80 e aA versão e exportação é copnhecida como T-90S.
T-90M - Versão modernizada do T-90 apresentada em 2011, introduziu uma torreta completamente nova, que separa pela primeira vez o compartimento das cargas explosivas do compartimento da guarnição.
Blindagem reactiva explosiva «ERA»
ERA, ou Exlplosive Reactive Armour, é um tipo de blindagem adicional que se coloca em veículos blindados cuja protecção mecânica ou blindagem é considerada insuficiente.
Os módulos de blindagem funcionam como uma sanduiche com duas placas de metal com um nucleao explosivo. Quando as placas de blindagem reactiva são atingidas por um projectil, elas explodem desviando o projectil da sua trajectória e impedindo que este impacte no casco do veículo protegido.
Este tipo de blindagem é mais eficiente contra os projecteis de carga oca, ou de ogiva deformável também conhecidos como projécteis de energia quimica, que se podem encontrar nos tracicionais RPG's/Bazooka/Panzerfaust.
O aumento da capacidade e calibre dos projecteis de energia cinética, que utilizam um perfurador de alta velocidade - nomeadamente os utilizados em canhões d ecalibre 120mm e superiores - conseguem no entanto perfurar a maior parte destas blindagens.
Problema com a validade do explosivo
Outro problema apontado a este tipo de blindagem, é o custo de reposição, uma vez que ao contrário das blindagems compostas, que incluem cerâmica e metal de alta densidade, a blindagem reactiva tem que ser substituida várias vezes durante o periodo de vida útil do veículo que protege.
Os dados conhecidos variam, mas há blindagens que devewm ser substituidas a cada três anos. Os valores mais comuns apontam para cinco anos. Não substituindo a blindagem reactiva explosiva, o explosivo pode não ser accionado, tornando-a completamente inútil.
Fonte:
http://www.areamilitar.net/DIRECTORIO/TER.aspx?nn=526