Consolidação da Indústria de Defesa no Brasil

Assuntos em discussão: Força Aérea Brasileira, forças aéreas estrangeiras e aviação militar.

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Consolidação da Indústria de Defesa no Brasil

#1 Mensagem por Penguin » Seg Mar 28, 2011 8:34 am

SITE BRASILECONOMICO.COM.BR
28/03/2011

Embraer disputa com Odebrecht a liderança no mercado de defesa

Companhia, que já comprou a Orbisat em março, tem US$ 200 milhões para investir em ativos neste ano

Ana Paula Machado

A Embraer quer entrar com força total no segmento de Defesa. Após adquirir a divisão de radares da Orbisat no início do mês, a companhia tem planos de fazer novas aquisições e se tornar âncora do segmento no Brasil. O presidente da Embraer, Frederico Curado, avalia que a concentração do negócio de defesa em uma única empresa permite que ela fique menos dependente de decisões e orçamentos governamentais e ganhe mercado fora do país.

“É um modelo de defesa mundial. Em países como Alemanha, Estados Unidos e França, há uma empresa que nucleia todo o segmento. E a Embraer tem toda a expertise para desempenhar esse papel no Brasil. Dará mais estabilidade para a operação e não estará tão exposta a restrições no orçamento”, afirma Curado. A Embraer começou sua ofensiva no mercado de defesa com a compra da Orbisat, mas perdeu a corrida para a aquisição de 50% do controle da Mectron, fabricante de mísseis, para a Odebrecht. “Isso não vai nos desviar de nossa intenção de ser uma empresa líder no setor de Defesa no Brasil.Omercado é livre”, diz o executivo

A companhia ainda está no páreo para a aquisição da Atech, que é especializada em sistemas de defesa. Foi a Atech que desenvolveu o SpinOff do programa Sistema de Vigilância da Amazônia( SIVAM), e tem trabalhado em desenvolvimento de sistemas de comando e controle (C2), assim como de Controle de Tráfego Aéreo com trabalhos realizados no exterior.

O pesquisador do Instituto de economia da Universidade de Campinas (Unicamp), Marcos Barbieri, avalia que a tendência é que haja dois grandes conglomerados na área de defesa no Brasil, tendo a Embraer e a Odebrecht, que está construindo os submarinos para a Marinha Brasileira, como principais concorrentes. “Estamos no meio do processo de consolidação do setor.”

Para ele, a Embraer está seguindo os passos de seus grandes concorrentes internacionais, que depois de se consolidarem como grandes provedores de soluções na área de Aeronáutica se voltaram para o negócio de Defesa. Já a Odebrechet é uma empresa na área de grandes obras e, segundo o pesquisador, faz todo o sentido que ela se una a outras companhias de defesa, uma vez que o negócio implica tambémgrandes obras. “Além disso, é uma empresa com fôlego econômico para investimentos”, diz Barbieri.

Investimentos No total, a Embrar planeja investir US$ 500 milhões em2011, sendo US$ 200 milhões incluindo os recursos já aplicados na aquisição da Orbisat, e outros US$ 300 milhões em pesquisa e desenvolvimento de produtos. Em2010, os investimentos em ativos somaram US$ 74 milhões, recursos aplicados em uma unidade de peças em Portugal e numa fábrica na Flórida, dedicada à montagem final de jatos executivos. O faturamento em 2010 foi de US$ 5,35 bilhões (R$ 9,38 bilhões). No ano passado, a Embraer apresentou um lucro de R$ 573,6 milhões, uma queda significativa ante os R$ 912,1 milhões de 2009. “O real forte implicou uma queda no lucro líquido”, afirmou Curado.

Para 2011, a Embraer projeta em ativos um crescimento de 5% em sua receita líquida, atingindo US$ 5,6 bilhões. A área de aviação comercial deverá ser responsável por US$ 3,1 bilhões e a aviação executiva por US$ 1,2 bilhão. O negócio de Defesa e Segurança, US$ 600 milhões e Serviços US$ 700 milhões.

A carteira de pedidos da Embraer é robusta. Segundo Curado, a companhia tem US$ 16,6 bilhões em encomendas, total que sustentam o ritmo de produção por três anos. “Nosso desafio para manter a produção é no médio e longo prazo . O mercado aviação está se recuperando, mas alguns grandes consumidores ainda estão em uma fase lenta de recuperação.”




Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
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Re: Consolidação da Indústria de Defesa no Brasil

#2 Mensagem por joao fernando » Seg Mar 28, 2011 9:49 am

Ou seja, a Embraer sabe que usar cerebros é barato, ao invez de comprar a tecnologia pronta.

Será que vai aplicar P&D em setores de defesa, misseis e radares? E vender plataformas 100% made in Embraer Defense?




Obrigado Lulinha por melar o Gripen-NG
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Re: Consolidação da Indústria de Defesa no Brasil

#3 Mensagem por LeandroGCard » Seg Mar 28, 2011 9:58 am

Em um ponto o Curado está certo.

A Embraer é uma empresa focada na disputa pelos mercados internacionais, que dá grande ênfase à inovação e ao desenvolvimento de produtos. Esta grande experiência dela em trabalhar desta forma permitiria que ela desenvolvesse seus programas independentemente do mercado militar brasileiro, o que seria excelente dado o histórico deste, e focar na exportação.

O único problema é que poderia chegar a um ponto em que as Embraer fosse uma importante fabricante de equipamentos militares empregados no mundo todo, e nossas FA's não os estarem usando, porque não atenderiam os requisitos nacionais (seriam sofisticados e caros demais).


Já a Odebrecht em princípio não é uma empresa de desenvolvimento de produtos e sim uma tocadora de obras. Tem até boa capacidade de investimento, mas vejo-a muito mais fabricando projetos estrangeiros aqui (sob licença) do que desenvolvendo produtos capazes de disputar mercados externos. E com o histórico das aquisições de nossas FA's é possível que a Odebrecht passe simplesmente a ignorar os militares e a fazer suas vendas diretamente para o governo federal (que é o forte dela), e depois os militares só receberão o que quer que ela tenha vendido e terão que se virar com isso.


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Re: Consolidação da Indústria de Defesa no Brasil

#4 Mensagem por WalterGaudério » Seg Mar 28, 2011 10:20 am

O único problema, na minha visão, é que a EMBRAER poderá em alguns casos ter um poder "meio grande demais"...,acho que vcs conseguem entender não?




Só há 2 tipos de navios: os submarinos e os alvos...

Armam-se homens com as melhores armas.
Armam-se Submarinos com os melhores homens.


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Os Idiotas PLANTAM e os
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Re: Consolidação da Indústria de Defesa no Brasil

#5 Mensagem por suntsé » Seg Mar 28, 2011 10:23 am

WalterGaudério escreveu:O único problema, na minha visão, é que a EMBRAER poderá em alguns casos ter um poder "meio grande demais"...,acho que vcs conseguem entender não?

Pelo menos, sera um poder comprometido com tecnologia de ponta.

E não como o poder da rede globo ou da frebaban, que apenas suga o país e não gera nenhum beneficio tecnológico ao país.




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Re: Consolidação da Indústria de Defesa no Brasil

#6 Mensagem por malmeida » Seg Mar 28, 2011 10:31 am

suntsé escreveu:
WalterGaudério escreveu:O único problema, na minha visão, é que a EMBRAER poderá em alguns casos ter um poder "meio grande demais"...,acho que vcs conseguem entender não?
Pelo menos, sera um poder comprometido com tecnologia de ponta.
E não como o poder da rede globo ou da frebaban, que apenas suga o país e não gera nenhum beneficio tecnológico ao país.
Caro suntsé, uma empresa privada tem comprometimento com o lucro, satisfação dos acionistas, clientes e, se possível, com os funcionários. Nesta ordem. Tudo que estiver fora desta equação é secundário.
MAlmeida




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Re: Consolidação da Indústria de Defesa no Brasil

#7 Mensagem por suntsé » Seg Mar 28, 2011 11:19 am

malmeida escreveu:
suntsé escreveu: Pelo menos, sera um poder comprometido com tecnologia de ponta.
E não como o poder da rede globo ou da frebaban, que apenas suga o país e não gera nenhum beneficio tecnológico ao país.
Caro suntsé, uma empresa privada tem comprometimento com o lucro, satisfação dos acionistas, clientes e, se possível, com os funcionários. Nesta ordem. Tudo que estiver fora desta equação é secundário.
MAlmeida

Eu sei, mas uma empresa que depende de produtos sofisticados e modernos para ser competitiva, vai investir em P&D para continuar competitiva.

Eu prefiro que uma empresa Brasileira faça isso, do que uma estrangeira.




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Re: Consolidação da Indústria de Defesa no Brasil

#8 Mensagem por AlbertoRJ » Seg Mar 28, 2011 12:12 pm

Eu entendo que se empresas como a Embraer e Odebrecht, principalmente a primeira, estão investindo na área de Defesa com compras de empresas pequenas, porém importantes, há um sinal claro de que haverá uma grande demanda do governo. Essa movimentação não faz sentido para a exportação, ou apenas para a exportação.

Abraços




Alberto -
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Re: Consolidação da Indústria de Defesa no Brasil

#9 Mensagem por irlan » Seg Mar 28, 2011 12:15 pm

Melhor que seja comprada por uma empresa brasileira estavel doque por uma estrangeira,mas agora, oque a Odebrecht entende de defesa?




Na União Soviética, o político é roubado por VOCÊ!!
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Re: Consolidação da Indústria de Defesa no Brasil

#10 Mensagem por LeandroGCard » Seg Mar 28, 2011 12:32 pm

suntsé escreveu:
malmeida escreveu:Caro suntsé, uma empresa privada tem comprometimento com o lucro, satisfação dos acionistas, clientes e, se possível, com os funcionários. Nesta ordem. Tudo que estiver fora desta equação é secundário.
MAlmeida
Eu sei, mas uma empresa que depende de produtos sofisticados e modernos para ser competitiva, vai investir em P&D para continuar competitiva.

Eu prefiro que uma empresa Brasileira faça isso, do que uma estrangeira.
O Suntzé tem razão.

A Embraer VIVE do desenvolvimento de novos produtos, com forte incorporação de inovações, simplesmente porque esta é a única forma de se manter competitiva no mercado internacional de produtos industrializados, que é onde ela mais atua. Se ela mantiver este perfil no conglomerado de defesa que parece estar tentando montar, será realmente ótimo.

O problema pode estar na outra ponta, a capacidade inovadora da Embraer está muito à frente da de nossas forças armadas. Estas ainda sonham em conseguir equipamentos que lá fora já são comuns há décadas, enquanto a Embraer (pelo menos na parte de aviação) pensa nos que estarão sendo usados anos no futuro. Se este descompasso não for eliminado podem acontecer três coisas: Ou nossas FA's serão verdadeiras âncoras para a Embraer, forçando-a a produzir equipamentos defasados em termos de aplicação para se adequar às suas próprias limitações; ou a Embraer simplesmente deixará de prestar atenção às FA's brasileiras e focará nos clientes internacionais, como aliás ela faz já há muitos com seus aviões civis; ou ela iniciará o desenvolvimento de sistemas no estado-da-arte a nível internacional e simplesmente os empurrará para nossas FA's (que terão que se virar para absorvê-los) usando-as como vitrine para seu verdadeiro mercado, que é o externo (muito maior e mais constante que o brasileiro, diga-se de passagem).

Acho que o receio desta última alternativa é que levou ao comentário do Walter.
AlbertoRJ escreveu:Eu entendo que se empresas como a Embraer e Odebrecht, principalmente a primeira, estão investindo na área de Defesa com compras de empresas pequenas, porém importantes, há um sinal claro de que haverá uma grande demanda do governo. Essa movimentação não faz sentido para a exportação, ou apenas para a exportação.
Já eu acho exatamente o contrário, o que não faz sentido é montar uma poderosa indústria bélica apenas para atender às eventuais encomendas brasileiras. Pode-se até fornecer localmente, mas se os produtos não forem competitivos à nível mundial teríamos dois graves problemas: As empresas não seriam competitivas no médio/longo prazo e (principalmente) nossas FA's não seriam competitivas no médio/longo prazo.

Até consigo enxergar uma Odebrecht ou um Eike Batista fazendo isso, montando uma infra-estrutura mínima que garanta polpudos contratos governamentais no futuro imediato para depois fechar, tendo dado um lucro mais do que razoável a estes investidores. Mas não é este o modus-operandi que tem se observado na Embraer.

Abraços a todos,


Leandro G. Card




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Re: Consolidação da Indústria de Defesa no Brasil

#11 Mensagem por AlbertoRJ » Seg Mar 28, 2011 10:02 pm

Leandro, Concordo que é inviável para uma grande indústria se estabelecer no segmento de Defesa aqui no Brasil sem ter foco de negócio no mercado externo, mas existem algumas considerações: Praticamente inexiste indústria bélica de alta tecnologia baseada apenas no modelo exportador. Israel talvez seja o caso mais próximo mas, ainda assim, possuí uma considerável participação estatal que garante boa parte dos investimentos. A própria Embraer tem baseado o desenvolvimento nessa área nas especificações da FAB, mesmo quando há uma clara visão de mercado. Criar um produto sem adequá-lo às necessidades das Forças Armadas e sem o comprometimento estatal que garanta o lançamento pode trazer grandes prejuízos, vide o conhecido caso da Engesa com o blindado Osório.

Pode ser também que as estratégias da Embraer e Odebrecht sejam distintas, uma visando o mercado internacional e a outra uma expansão das encomendas internas.

Abraços




Alberto -
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Re: Consolidação da Indústria de Defesa no Brasil

#12 Mensagem por Luís Henrique » Ter Mar 29, 2011 1:31 am

WalterGaudério escreveu:O único problema, na minha visão, é que a EMBRAER poderá em alguns casos ter um poder "meio grande demais"...,acho que vcs conseguem entender não?
Walter, existem certas proteções.
Como a adotada pelos franceses que um produto comprado pelas forças armadas francesas não pode ser vendido para outro país por preço menor.

O Brasil investe no KC-390 e a Embraer almeja vende-lo para vários países do mundo. É só colocar esta cláusula, eles não poderão enfiar a faca senão não terão competitividade no mercado internacional.

Outra coisa, o governo deve incentivar a criação do segundo grande grupo. Diria que o ideal seriam 3 grupos mas creio que no momento não temos cacife para isso. Tendo pelo menos dois grupos teremos uma certa competitividade em quem vai ganhar o contrato. O governo pode exigir que no final a empresa perdedora ganhe um sub-contrato da empresa vencedora, assim todos os grupos irão continuar desenvolvendo tecnologias e gerando empregos.

Apenas algumas idéias.




Su-35BM - 4ª++ Geração.
Simplesmente um GRANDE caça.
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Re: Consolidação da Indústria de Defesa no Brasil

#13 Mensagem por LeandroGCard » Ter Mar 29, 2011 10:07 am

AlbertoRJ escreveu:Leandro, Concordo que é inviável para uma grande indústria se estabelecer no segmento de Defesa aqui no Brasil sem ter foco de negócio no mercado externo, mas existem algumas considerações: Praticamente inexiste indústria bélica de alta tecnologia baseada apenas no modelo exportador. Israel talvez seja o caso mais próximo mas, ainda assim, possuí uma considerável participação estatal que garante boa parte dos investimentos. A própria Embraer tem baseado o desenvolvimento nessa área nas especificações da FAB, mesmo quando há uma clara visão de mercado. Criar um produto sem adequá-lo às necessidades das Forças Armadas e sem o comprometimento estatal que garanta o lançamento pode trazer grandes prejuízos, vide o conhecido caso da Engesa com o blindado Osório.

Pode ser também que as estratégias da Embraer e Odebrecht sejam distintas, uma visando o mercado internacional e a outra uma expansão das encomendas internas.

Abraços
Acho que devemos considerar aqui as especificidades do Brasil. Embora de fato a maioria dos países que possua uma indústria bélica poderosa tenha uma grande parte de sua produção focada no mercado local, também é fato que os grandes produtores de armamento TAMBÉM possuem forças armadas poderosas, e dão muita importância a elas. Este não é absolutamente o nosso caso, e não vejo como isto poderá mudar no curto/médio prazo (a menos é claro que apareça algum inimigo externo, o que acho não ser algo que ninguém realmente deseje).

É portanto muito difícil que qualquer empresa séria no país entre no mercado de produtos militares contando em sobreviver vendendo principalmente para nossas próprias FA’s. Claro que pode acontecer o que já comentei, uma empresa oportunista entrar apenas para fechar alguma encomenda milionária, se encher de dinheiro e depois deixar a fábrica fechar. Há muita gente no Brasil vivendo (e muito bem) com este tipo de estratégia. Mas é o tipo da coisa que não acrescenta nada, e eu prefiro que se for para isso nem venha a existir indústria bélica local.

Já o caso da Embraer é diferente, ela até tende a acompanhar até certo ponto as especificações da FAB, mas de forma alguma se prende a elas, está sempre de olho nas possibilidades do mercado internacional. Esta foi uma valiosa lição que ela aprendeu com o programa do AMX. Desde então os requisitos da FAB são apenas um dos parâmetros que a Embraer leva em conta no desenvolvimento dos seus novos produtos, mas de forma alguma ela irá prejudicar as chances de venda no mercado externo de algum novo projeto para encaixá-lo melhor nas necessidades da FAB (principalmente em termos de $$$). A FAB em grande parte tem que se adequar ao que é interessante para a Embraer produzir.

Luís Henrique escreveu:Walter, existem certas proteções.
Como a adotada pelos franceses que um produto comprado pelas forças armadas francesas não pode ser vendido para outro país por preço menor.

O Brasil investe no KC-390 e a Embraer almeja vende-lo para vários países do mundo. É só colocar esta cláusula, eles não poderão enfiar a faca senão não terão competitividade no mercado internacional.

Outra coisa, o governo deve incentivar a criação do segundo grande grupo. Diria que o ideal seriam 3 grupos mas creio que no momento não temos cacife para isso. Tendo pelo menos dois grupos teremos uma certa competitividade em quem vai ganhar o contrato. O governo pode exigir que no final a empresa perdedora ganhe um sub-contrato da empresa vencedora, assim todos os grupos irão continuar desenvolvendo tecnologias e gerando empregos.

Apenas algumas idéias.
Este tipo de solução adotada pelos franceses com a Dassault está tendo prejudicar fortemente a venda do avião no resto do mundo, e não fosse o governo franc6es assumir o prejuízo poderia decretar o próprio fim da companhia. Não creio que a Embraer jamais aceitasse ser colocada em uma situação similar, e estaria ela certa nisso. O preço unitário de venda de aviões tende a cair conforme aumenta o número de unidades vendidas (pois a amortização do custo de desenvolvimento é dividida por maior número de unidades e os custos de produção também caem com este aumento). Assim é perfeitamente natural que clientes que adquirirem os aviões depois da FAB possam pagar preços menores por eles. O que poderia ser feito é a Embraer ressarcir, o governo repassando para ele uma parcela do que receber dos novos clientes.

Com relação à existência de mais de um grupo nacional, não a vejo como uma necessidade e nem mesmo como uma vantagem, em um mundo onde a toda a indústria de defesa está se consolidando a nível nacional e até continental (caso da Europa). Um dos principais problemas disso seria a duplicação dos esforços na pesquisa e dos investimentos no desenvolvimento de produtos concorrentes apenas para jogar um deles fora, coisa que nenhum país no mundo pode mais sustentar. As empresas de material bélico brasileiras deveriam se preocupar em competir com as estrangeiras lá fora, e não entre elas aqui dentro , e o papel do governo deveria ser justamente garantir que elas tivessem competitividade e apoio para isso, e não colocá-las para disputar entre si.

Outra preocupação que se deve ter é relativa ao perfil das empresas que comporiam cada grupo. Até onde eu sei a Embraer é a única grande empresa interessada em entrar neste setor de defesa que já possui o perfil de desenvolvedora de produtos, e não existem outras grandes empresas nacionais com este perfil (as demais são pequenas). Assim, o mais certo é que em muitas concorrências os grupos que não incluírem a Embraer iriam simplesmente conseguir uma licença de fabricação do produto mais barato disponível a nível mundial, para poder oferecer os preços mais baixos (se bobear com produtos já obsoletos ou a caminho da obsolescência) distorcendo todo o processo. Ou fariam joint-ventures com empresas estrangeiras, atuando na verdade como testas-de-ferro, e novamente prejudicando o desenvolvimento de empresas genuinamente nacionais (caso similar ao da Helibrás).

A única forma que conheço de evitar situações deste tipo é se as empresas nacionais forem realmente focadas em disputar mercado lá fora, pois aí sim ou elas terão boa capacidade de inovação ou simplesmente não terão produtos competitivos para apresentar. Focar no mercado interno é um dos maiores problemas da indústria nacional em geral, e eu não gostaria de vê-lo se repetindo na indústria bélica em particular. Mas para isso é óbvio que o governo e as FA’s teriam que desempenhar um importante papel sustentador e apoiador, coisa que se recusaram a fazer no passado, pois estavam focados em suas próprias preocupações do momento. E no longo prazo colheram a situação vexatória que temos agora.


Abraços a todos,


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Re: Consolidação da Indústria de Defesa no Brasil

#14 Mensagem por lubra » Ter Mar 29, 2011 4:34 pm

http://www.presidencia.gov.br/noticias/ ... bre-defesa
Brasil começa a elaborar livro branco com informações estratégicas sobre Defesa
28 de março de 2011

A sociedade brasileira e a comunidade internacional poderão ter acesso, numa única publicação, a importantes dados sobre os principais assuntos relacionados à Defesa brasileira. Informações sobre estratégia, planejamento, orçamento e equipamentos das Forças Armadas constarão do Livro Branco de Defesa Nacional (LBDN).

Documento público inédito no País, o LBDN começou a ser elaborado sob a coordenação do Ministério da Defesa. Uma série de iniciativas relacionadas à elaboração da publicação já estão em andamento.

Publicação já editada por vários países do mundo, o livro branco tem como objetivo dar transparência às políticas de defesa das democracias contemporâneas. No Brasil, sua elaboração cumpre determinação contida no parágrafo 1º do artigo 9º da Lei Complementar nº 97/99.

O LBDN brasileiro deverá ser elaborado até o final do ano e sua primeira edição apresentada pelo Poder Executivo ao Congresso até meados de 2012. Para cumprir a tarefa, o governo criou, por meio do Decreto nº 7.438/11, o Grupo de Trabalho Interministerial (GTI). A coordenação do GTI está a cargo do Ministério da Defesa.

Para o ministro da Defesa, Nelson Jobim, o processo de elaboração do Livro Branco será uma oportunidade única para que a sociedade civil aprofunde seus conhecimentos sobre os temas militares e passe a compreendê-los num contexto mais amplo, à luz das diretrizes da Estratégia Nacional de Defesa. “O livro branco será uma poderosa ferramenta de ampliação da participação civil nos assuntos de defesa”, acredita.

O ministro explica que o Livro Branco não tem a intenção de tornar públicas informações de caráter sigiloso que poderiam comprometer a segurança nacional. Diferentemente, diz ele, a publicação dá publicidade a uma série de dados essenciais ao esclarecimento dos cidadãos sobre a realidade das nossas Forças Armadas.

Para Jobim, o Livro Branco será um grande catalisador da discussão sobre os temas de Defesa no âmbito da academia, da burocracia federal e do parlamento. Além disso, ele acredita que o documento servirá de mecanismo de prestação de contas sobre a adequação da estrutura de Defesa hoje existente aos objetivos traçados pelo poder público para o setor no País.

A opinião do ministro é compartilhada pelo chefe da Assessoria de Planejamento Institucional do Ministério da Defesa, general-de-divisão Júlio de Amo Jr, responsável pela coordenação dos estudos sobre o LBND na pasta. “O documento será o mais importante do País no que diz respeito à Defesa, seja pelos indicadores e dados nele contidos seja pelo envolvimento de toda a sociedade em sua elaboração”, diz.

Seminários ao vivo em site oficial
Com o objetivo de discutir os temas e gerar insumos para o Grupo Interministerial que elaborará o conteúdo do Livro Branco, o Ministério da Defesa realizará, ao longo deste ano, seis seminários, seis oficinas temáticas e sete workshops em diversas cidades brasileiras. Os eventos terão como participantes acadêmicos, políticos, militares e especialistas. Além de gerar subsídios para o Livro Branco, os participantes também vão propor metodologias visando facilitar a elaboração do documento.

Os temas dos seminários já estão definidos pelos organizadores (veja programação abaixo). O primeiro seminário será realizado nesta terça-feira (29), das 9h às 16h30, em Campo Grande (MS) e abordará o assunto “A Sinergia entre a Defesa e a Sociedade”. A programação completa dos seminários está disponível no site do Ministério da Defesa.

Para possibilitar a participação de um maior número de pessoas, os seminários serão transmitidos ao vivo pela internet através do site criado pelo Ministério da Defesa para reunir todas as informações sobre o Livro Branco.

O Livro Branco deverá conter a previsão orçamentária plurianual. A publicação será atualizada a cada quatro anos, a fim de permitir que novas metas sejam estabelecidas para um novo período plurianual. Além de dados orçamentários, a publicação, segundo dispõe a legislação em vigor, deverá conter, entre outros tópicos, o cenário estratégico para o século XXI, a modernização das Forças Armadas e dados referentes a operações de paz e ajuda humanitária.

Fonte:
Portal Brasil
Ministério da Defesa




Saudações,
Luciano.

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Suas decisões de ontem definiram sua atual situação.
As decisões de hoje definirão quem você será e onde estará amanhã.
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Re: Consolidação da Indústria de Defesa no Brasil

#15 Mensagem por Luís Henrique » Ter Mar 29, 2011 6:17 pm

Leandro, a tendência é que o preço aumente com o tempo.
Tudo sobe. A inflação da conta do recado.
A questão da escala, muito provavelmente o Brasil realizará uma grande compra, dificilmente um outro país fará um pedido maior.
O que pode ser feito é um contrato a parte separando o que é desenvolvimento e o que é valor do equipamento.
Por exemplo, o Brasil pode pagar o desenvolvimento de um caça de 5ª geração, digamos U$ 10 bi. Em seguida pode adquirir 200 unidades ao preço unitário de U$ 50 mi. Os próximos clientes teriam que pagar U$ 50 mi ou mais por cada caça. Ou seja, podemos excluir o valor do desenvolvimento da conta, como fizeram os franceses.
Agora, se a Dassault está tendo dificuldades por isso, ninguém mandou ela meter a faca no governo francês. Mas eu creio que o problema é que o caça é caro mesmo e o euro forte não ajuda.




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Simplesmente um GRANDE caça.
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