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Ciência, Tecnologia e Inovação
Enviado: Sáb Ago 14, 2010 10:26 am
por Penguin
FSP, 14/08/2010
Acelerador nacional será mais potente
Projeto que custará US$ 200 milhões já tem protótipos, mas ainda não há cronograma oficial para construção
Nova máquina que está sendo projetada por cientistas em Campinas permitirá aplicações em diversos campos
Anel de luz síncroton atual atende à metade da demanda de pesquisas de país e já é considerado obsoleto por cientistas
SABINE RIGHETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Pesquisadores brasileiros já estão trabalhando em protótipos para o segundo acelerador de partículas do país (e da América Latina). Se construída, a nova máquina será compatível com as mais avançadas do mundo.
Batizado de Sirius, o projeto do LNLS (Laboratório Nacional de Luz Síncrotron), de Campinas, no interior de São Paulo, ainda não tem um sinal verde do MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia). Mas os primeiros aportes de recursos, R$ 9 milhões, já foram liberados. O projeto total custaria US$ 200 milhões.
Diferentemente do acelerador do Cern (Organização Europeia para Pesquisa Nuclear), os aceleradores brasileiros - o que já existe e o que deve ser construído- funcionam como fonte da chamada luz síncrotron, que corresponde a uma ampla gama do espectro luminoso, com grande intensidade.
Essa radiação, gerada pela aceleração de elétrons que correm em órbita fechada num anel, é emitida em feixes de luz finos (18 feixes no anel atual, 38 no Sirius).
Tais feixes podem gerar imagens em alta resolução, por exemplo, de materiais deteriorados ou de uma única molécula.
O anel de luz síncrotron atual foi inaugurado em 1998 e, hoje, é considerado obsoleto."Ninguém no Brasil tinha conhecimento de luz síncrotron na época. Sabíamos que teríamos de fazer um novo anel em alguns anos", conta o diretor do LNLS, Antonio José Roque da Silva.
A demanda pelo anel atual, mesmo "ultrapassado", está maior do que sua capacidade. São 1.600 experimentos realizados por ano, o que cobre metade dos pedidos que chegam ao LNLS.
O novo anel, que terá o dobro de energia de operação do atual e medirá 146 m (cinco vezes mais que o de hoje), poderá realizar quatro vezes mais pesquisas, estima o coordenador do projeto, Ricardo Rodrigues.
"É importante ampliar a possibilidade de realização de estudos ainda não viáveis no país, em áreas como paleontologia, materiais e microbiologia", analisa Silva, diretor do LNLS.
O espectro (grosso modo, a "cor", embora também valha para luz não visível) e o brilho da fonte de luz do anel projetado permitirá penetrar superfícies de alguns centímetros de espessura.
Na paleontologia, por exemplo, a luz síncrotron com a capacidade do Sirius levaria à geração de imagens em 3D do interior de um ovo fossilizado de dinossauro.
"No Brasil, os pesquisadores teriam de quebrar o fóssil para analisar seu interior", explica o físico francês Yves Petroff. Ele veio ao Brasil no final do ano passado para trabalhar no projeto do novo anel de luz síncrotron.
Embora o projeto não esteja formalmente aprovado pelo governo, boa parte dos pesquisadores do LNLS já trabalha nas inovações tecnológicas para o novo anel.
Os estudos envolvem até engenharia civil -no caso, para a construção do prédio que abrigará o acelerador em Campinas. "Estamos fazendo testes para analisar a vibração do piso com base em micrômetros [milionésimos de metro]. Vamos desenvolver o piso mais estável do país", diz o diretor do LNLS.
Se as obras começassem hoje, o anel ficaria pronto em 2016. Para esse ano, já estão previstos mais R$ 30 milhões do MCT para desenvolvimento dos protótipos.
Re: Ciência, Tecnologia e Inovação
Enviado: Sáb Ago 14, 2010 8:34 pm
por Penguin
A global perspective on science and technology statistics
http://www.uis.unesco.org/ev.php?URL_ID ... ECTION=201
Re: Ciência, Tecnologia e Inovação
Enviado: Sáb Ago 14, 2010 8:36 pm
por Penguin
Re: Ciência, Tecnologia e Inovação
Enviado: Dom Ago 15, 2010 9:57 am
por Penguin
FSP, São Paulo, domingo, 15 de agosto de 2010
Inovação aberta é incentivada no Brasil
Com o apoio da internet, empresas buscam ideias entre estudantes para complementar as pesquisas internas
Prêmios e possibilidade de contratação motivam universitários de todo o país a participar de batalhas de inovação
CAMILA FUSCO
DE SÃO PAULO
A crise de crédito que assolou os mercados mundiais no fim de 2008 fez o engenheiro Armando Theodoro, 47, repensar os negócios.
Sócio da Steel Rocket, do ramo de antecipação de recebíveis, com movimentação mensal de R$ 3 milhões e 60 clientes, o executivo viu os riscos da empresa subirem rapidamente. "Percebemos que, embora capitalizados, seria importante diversificar os negócios", afirma.
Passados quase 20 meses desde o início da análise, Theodoro ainda não tomou uma decisão. Mas, em vez de contratar uma consultoria, decidiu apelar a cerca de 4.500 universitários, que vão trabalhar para ele ao longo dos próximos quatro meses.
"O objetivo é buscar boas ideias para a criação de um plano de negócios", diz.
A Steel não abriu nenhuma contratação em massa. Ela faz parte de um grupo crescente de empresas brasileiras que apostam na inovação aberta para resolver questões internas.
Em troca de boas ideias, colhidas principalmente pela internet, propõem prêmios- como os R$ 15 mil oferecidos pela Steel.
Na lista de entusiastas do modelo estão desde empresas de pequeno porte até gigantes como Tecnisa, AmBev, Phillips e Whirlpool.
MODELO INTERNACIONAL
Adotada por centenas de companhias nos EUA, como Procter&Gamble, a inovação aberta começa a ser testada por aqui por duas vertentes principais.
A primeira é a dos portais próprios como o Tecnisa Ideias, portal da construtora que estreia nos próximos dias para colher sugestões dos internautas em oito áreas, de arquitetura até sustentabilidade.
"É uma iniciativa de relacionamento que trará boas ideias para os negócios", diz Romeo Busarello, diretor de internet da Tecnisa.
Essa é a quarta iniciativa de inovação aberta da Tecnisa, que começou a receber contribuições para seus projetos em comunidades do Orkut, em 2009. Na ocasião, recebeu 220 colaborações sobre adaptações nos apartamentos para consumidores da terceira idade e poderá aplicá-las nos futuros empreendimentos.
APOIO UNIVERSITÁRIO
Outra vertente são os centros de ideias, como o portal Battle of Concepts (BoC).
De origem holandesa e tendo a consultoria TerraForum como sócia, o portal criou uma base com estudantes de cerca de 80 universidades que devem resolver questões propostas por seus clientes, entre eles Usiminas, Natura e Ambev.
"É feito um trabalho de pesquisa sobre as necessidades do cliente e em que áreas. A partir daí a tarefa é postada no site", afirma Hans Hellemondt, sócio do BoC.
Pelo trabalho, a consultoria cobra a partir de R$ 20 mil. Aos estudantes, os prêmios oferecidos, em média, são de R$ 15 mil.
COLABORAÇÃO
Embora sirvam de um imenso laboratório de tendências, iniciativas de inovação aberta não devem ser interpretadas como uma forma de cortar custos internos com pesquisa e desenvolvimento.
"Dificilmente uma ideia vai gerar um projeto pronto; é missão das empresas refiná-las", diz José Cláudio Terra, sócio da TerraForum.
Da mesma forma, especialistas alertam para as fronteiras que devem ser respeitadas pelo modelo, para não ser usado como fonte de mão de obra barata.
"O relacionamento saudável gera conhecimento, não um produto específico", diz Guilherme de Lima, vice-presidente da Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras (Anpei).
Re: Ciência, Tecnologia e Inovação
Enviado: Dom Ago 15, 2010 4:12 pm
por AlbertoRJ
http://www.iea.usp.br/iea/inovacaoecomp ... index.html
Projeto Mobilização Brasileira pela Inovação Tecnológica (Mobit)
TEXTOS:
Delineamento Metodológico
http://docs.google.com/viewer?url=http: ... torio1.pdf
Glauco Arbix, Demétrio Toledo, Zil Miranda, Maria Carlotto,
Alexandre Abdal, Maria Carolina Oliveira e Joana Ferraz
Resenha Bibliográfica — Roteiro de Entrevista/Fase
http://docs.google.com/viewer?url=http: ... torio2.pdf
Internacional — Roteiro de Entrevista/Fase Nacional
Glauco Arbix, Demétrio Toledo, Zil Miranda, Maria Carlotto,
Alexandre Abdal, Maria Carolina Oliveira e Joana Ferraz
Workshop de Treinamento da Equipe
http://docs.google.com/viewer?url=http: ... torio3.pdf
Glauco Arbix, Demétrio Toledo, Zil Miranda, Maria Carlotto,
Alexandre Abdal, Maria Carolina Oliveira e Joana Ferraz
Relatórios de Viagem (Irlanda, Canadá e EUA)
http://docs.google.com/viewer?url=http: ... torio4.pdf
Glauco Arbix, Demétrio Toledo, Zil Miranda, Maria Carlotto,
Alexandre Abdal, Maria Carolina Oliveira e Joana Ferraz
Relatórios de Viagem (Reino Unido, França, Finlândia e Japão)
http://docs.google.com/viewer?url=http: ... torio5.pdf
Glauco Arbix, Demétrio Toledo, Zil Miranda, Alexandre Abdal,
Maria Carolina Oliveira, Joana Ferraz, Mario Salerno, Osvaldo López-Ruiz e Laura Parente
Relatório Final
h[url]ttp://docs.google.com/viewer?url=
http://www.iea.usp.br/iea/inovacaoecomp ... ofinal.pdf[/url]
Glauco Arbix, Mario Salerno, Demétrio Toledo, Zil Miranda,
Maria Carlotto, Alexandre Abdal, Maria Carolina Oliveira e Joana Ferraz
Re: Ciência, Tecnologia e Inovação
Enviado: Seg Ago 16, 2010 2:12 pm
por Hader
Nada com inovação, mas acredito que é uma data a ser lembrada com carinho pelos matemáticos... Hoje (16 de agosto) é aniversário da morte de Jacob Bernoulli. Todo mundo que gosta de ciência e matemática sabe o que este nome significa. Para quem desejar saber mais sobre ele:
http://www-history.mcs.st-and.ac.uk/~hi ... Jacob.html
[]'s
Re: Ciência, Tecnologia e Inovação
Enviado: Ter Set 07, 2010 11:36 pm
por ademir
Matemático brasileiro ganha prêmio de R$ 1,27 milhão
DE SÃO PAULO
O matemático brasileiro Jacob Palis Júnior, 70, é um dos vencedores deste ano do prêmio Balzan, concedido pela fundação ítalo-suíça de mesmo nome. Pela láurea, Palis Júnior deve receber o equivalente a R$ 1,27 milhão.
Membro do Impa (Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada), no Rio de Janeiro, o mineiro Palis Júnior estuda sistemas dinâmicos, área que permite criar modelos (simulações ou descrições matemáticas) de fenômenos da natureza, da sociedade e da economia.
O prêmio Balzan é concedido anualmente a diferentes áreas do conhecimento. Outro ganhador de destaque neste ano é o japonês Shinya Yamanaka, pioneiro na transformação de células adultas em equivalentes das células-tronco embrionárias.
O matemático é o primeiro vencedor brasileiro, e metade do valor da premiação deve ser investido diretamente na pesquisa, de preferência estimulando novos talentos.
A entrega da premiação será em 19 de novembro, em Roma. Uma semana antes, o brasileiro recebe outra honraria: entra na Academia dos Linces, instituição científica fundada no século 17 por Galileu Galilei e outros nomes do Renascimento.
Re: Ciência, Tecnologia e Inovação
Enviado: Sex Set 10, 2010 6:35 pm
por Bourne
Esse rapaz, Freeman, é um dos país da abordagem evolucionária e introdução da tecnologia na abordagem atual.
Re: Ciência, Tecnologia e Inovação
Enviado: Qui Set 16, 2010 1:21 pm
por marcelo l.
É da falha
O matemático brasileiro Jacob Palis Júnior, 70, é um dos vencedores deste ano do prêmio Balzan, concedido pela fundação ítalo-suíça de mesmo nome. Pela láurea, Palis Júnior deve receber o equivalente a R$ 1,27 milhão.
Membro do Impa (Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada), no Rio de Janeiro, o mineiro Palis Júnior estuda sistemas dinâmicos, área que permite criar modelos (simulações ou descrições matemáticas) de fenômenos da natureza, da sociedade e da economia.
O prêmio Balzan é concedido anualmente a diferentes áreas do conhecimento. Outro ganhador de destaque neste ano é o japonês Shinya Yamanaka, pioneiro na transformação de células adultas em equivalentes das células-tronco embrionárias.
O matemático é o primeiro vencedor brasileiro, e metade do valor da premiação deve ser investido diretamente na pesquisa, de preferência estimulando novos talentos.
A entrega da premiação será em 19 de novembro, em Roma. Uma semana antes, o brasileiro recebe outra honraria: entra na Academia dos Linces, instituição científica fundada no século 17 por Galileu Galilei e outros nomes do Renascimento.
Re: Ciência, Tecnologia e Inovação
Enviado: Dom Set 19, 2010 9:26 am
por Penguin
São Paulo, domingo, 19 de setembro de 2010
Brasil freia namoro com observatório da UE
País negocia entrar no ESO, complexo astronômico europeu, mas reclama da "conta"
SALVADOR NOGUEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O governo brasileiro deve enviar, no início desta semana, uma carta ao diretor-geral do ESO (Observatório Europeu do Sul), Tim de Zeeuw, dizendo que não aceita os termos negociados para a entrada do Brasil na instituição.
"Estou acabando de dar polimento a uma carta comunicando que, nessas condições, nós não vamos entrar", disse à Folha o ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende. "Não estamos fechando nenhuma porta, mas os custos não são aceitáveis."
Os termos recusados foram negociados entre o ESO e uma comissão brasileira composta por dois astrônomos e um diplomata.
Eles previam um investimento de 132 milhões de euros como taxa de entrada no consórcio, parcelados em dez anos, e uma anuidade de 13,6 milhões de euros, calculada com base no PIB brasileiro -como é a praxe na organização europeia.
Na prática, seriam R$ 60 milhões anuais. "Para que você tenha uma ideia, o maior investimento de cooperação internacional feito pelo Brasil é o pagamento que fazemos à ONU, que é de R$ 90 milhões."
EUFORIA SIGILOSA
A perspectiva de se unir ao ESO já animava parte da comunidade astronômica brasileira desde a visita de Rezende ao Chile, em fevereiro.
Na semana passada, durante evento em Passa Quatro (MG), Albert Bruch, diretor do LNA (Laboratório Nacional de Astrofísica) e membro da comissão de negociação, falou a cerca de 300 astrônomos sugerindo que eles se apressassem a apresentar projetos de observação nas instalações do ESO no Chile.
Bruch disse que os termos finais do acordo já haviam sido encaminhados pelo Ministério da Ciência e Tecnologia para a aprovação do presidente Lula. Mas acrescentou que nada poderia revelar sobre a proposta finalizada, por estar "sob sigilo".
Alguns astrônomos encaram a ideia de se unir ao ESO com desconfiança. "Trata-se de uma opção péssima", afirma João Steiner, astrônomo do IAG (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas) da USP.
"A astronomia brasileira já teve um investimento de US$ 30 milhões nos últimos 20 anos, que nos deu uma capacidade científica invejável. O gasto com o ESO será de 15 a 20 vezes maior, sem que estejamos preparados para isso."
Um dos pontos criticados é o fato de que ser membro da ESO não garante uso das instalações. Cada projeto precisa ser aprovado por uma comissão internacional.
Re: Ciência, Tecnologia e Inovação
Enviado: Ter Nov 16, 2010 11:49 am
por Glauber Prestes
UFABC aparece em ranking internacional
A Scimago Institutions Rankings (SIR) acaba de publicar a segunda edição do seu ranking global em
http://www.scimagoir.com/pdf/sir_2010_world_report.pdf. O ranking de 2010 mostra dados quantitativos relativos a publicações e citações, no período 2004-2008, de todas as instituições de pesquisa do mundo que tenham publicado, em 2008, pelo menos 100 documentos científicos capturados pela base de dados Scopus de artigos científicos. Um total de 2833 instituições do mundo todo satisfazem esse critério de inclusão. Dentre elas, figuram 73 instituições brasileiras, inclusive, pela primeira vez, a UFABC.
Além de classificar as instituições pela quantidade de documentos publicados, o ranking associa a cada uma alguns índices qualitativos. O mais importante é o Impacto Normalizado ("Normalized Impact", ou NI), que expressa a relação entre o impacto científico médio de uma instituição e o impacto médio mundial das publicações no mesmo período e na mesma área temática. O NI da UFABC é 1,07, o que significa que o nosso impacto médio está 7% acima da média mundial.
Listamos abaixo as 22 instituições brasileiras com impacto normalizado igual ou superior a 0,75, em ordem decrescente de NI:
Instituição NI
Soc. Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein..................................1,32
UFABC.............................................................................................1,07
CBPF...............................................................................................0,99
Universidade de Pernambuco................................................................0,92
Instituto Adolfo Lutz...........................................................................0,91
PUC-Rio ...........................................................................................0,90
UFPel ..............................................................................................0,88
UFPb .............................................................................................. 0,87
LNLS ...............................................................................................0,86
USP ................................................................................................ 0,83
UFRGS ............................................................................................ 0,83
Unicamp .......................................................................................... 0,82
UFMG ...............................................................................................0,82
UFRJ ................................................................................................0,81
Unifesp .............................................................................................0,78
UERJ ............................................................................................... 0,78
HCFMUSP ..........................................................................................0,78
UFSC ................................................................................................0,77
UFG ..................................................................................................0,77
Instituto Butantan ...............................................................................0,77
INPA .................................................................................................0,77
UEFS ............................................................................................... 0,75
Os números acima sugerem fortemente que a UFABC desponta como a melhor Universidade brasileira em termos do impacto médio da sua produção científica, sendo inclusive a única que se situa acima da média mundial neste quesito. É oportuno ressaltar que esse resultado foi obtido sem abrir mão dos nossos compromissos com a inclusão social e a diversidade, com a inovação pedagógica, e com o estudo das grandes questões que confrontam a sociedade na atualidade. Entendemos inclusive que todos esses compromissos se reforçam mutuamente. Combinados com os valores da ética e da sustentabilidade, eles constituem a melhor estratégia para a busca da paz e da verdade no mundo cada vez mais complexo do século XXI.
Em termos quantitativos, a UFABC aparece no lugar 2811 dentre as 2833 instituições incluídas no ranking mundial, sendo a última dentre as 73 brasileiras, tomando-se como base o número de artigos publicados. Esse resultado representa uma evolução em relação ao ranking de 2009, no qual sequer fomos incluídos. Esse início quantitativamente modesto é natural, tendo em vista que a UFABC sequer existia durante a primeira metade do período agora relatado (2004-2008), e começou seus trabalhos com apenas uma centena de docentes contratados no final de 2006. O resultado qualitativo nos mostra portanto que "tamanho não é documento". Nosso desafio, porém, consiste em manter e melhorar nossos altos níveis de qualidade, agora reconhecidos internacionalmente, enquanto ampliamos nossos quadros e áreas de atuação.
HELIO WALDMAN
Reitor
http://www.ufabc.edu.br/index.php?optio ... Itemid=183
Re: Ciência, Tecnologia e Inovação
Enviado: Ter Nov 16, 2010 7:08 pm
por Marechal-do-ar
Números vergonhosos...
Re: Ciência, Tecnologia e Inovação
Enviado: Ter Dez 07, 2010 9:07 am
por Penguin
Brasil tem 3ª maior evolução no Pisa, mas matemática ainda é desafio
País superou barreira em leitura e ciências; exame internacional avalia estudantes a cada 3 anos
07 de dezembro de 2010 | 8h 00
Lisandra Paraguassú, de O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - O Brasil pode comemorar, mesmo que sem muita empolgação, os resultados do o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês), realizado a cada três anos pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
O País teve a terceira maior evolução nas médias de 65 nações e conseguiu superar a barreira dos 400 pontos em leitura e ciências, mas ficou abaixo desse patamar em matemática. O resultado, no entanto, ainda está longe de ser positivo. Nas três áreas, pelo menos a metade dos jovens brasileiros não consegue passar do nível mais básico de compreensão.
O Pisa avalia estudantes de 15 anos completos em todos os países membros da OCDE, mais os convidados - como Brasil, México, Argentina e Chile, entre outros. Em 2009, ano da prova mais recente, foram selecionados 400 mil jovens em todo o mundo, incluindo 20 mil brasileiros de todos os Estados. A escolha pela faixa etária permite uma comparação entre os diferentes países, mesmo que os sistemas de ensino sejam diferentes.
Re: Ciência, Tecnologia e Inovação
Enviado: Sex Dez 10, 2010 5:10 pm
por Túlio
Rio ganha 1° laboratório para fabricar nanocomponentes
10 de dezembro de 2010 • 16h35 • atualizado 16h56
O Rio de Janeiro ganhou nesta sexta-feira o Labnano, primeiro laboratório de nanociência e nanotecnologia do Estado, que estará à disposição de pesquisadores. O laboratório faz parte do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). O coordenador do Labnano, Rubem Sommer, disse que o País já tem um laboratório dedicado à nanociência, em São Paulo, mais voltado à microscopia eletrônica.
Sommer explicou que a principal diferença do laboratório carioca é que ele é voltado à fabricação de nanocomponentes. "Vai ter facilidades e equipamentos que vão permitir a pesquisadores brasileiros projetar e construir estruturas com dimensões nanométricas, que poderão ser dispositivos, circuitos eletrônicos. É uma facilidade experimental, não havia nenhuma desse tipo instalada no País até o momento".
O acesso pleno do Labnano aos usuários está previsto para fevereiro de 2011. Sommer alertou, porém, que os interessados já devem apresentar suas necessidades de pesquisa ao CBPF. "O usuário tem que ser treinado para operar os equipamentos". Nesse tipo de tecnologia em escala nanométrica, que representa a bilionésima parte do metro, o próprio pesquisador deve estar próximo dos equipamentos ou ter uma pessoa de confiança para tocar o projeto. "Porque, senão, a chance de obter resultados vai ser muito pequena".
Rubem Sommer avaliou que uma das principais vantagens do Labnano é a possibilidade de oferece aos pesquisadores nacionais a oportunidade de fabricar estruturas que antes não eram possíveis. Como exemplo, citou sensor de campo magnético. "Antes, a gente não tinha capacidade de fazer um desenho em três dimensões, projetar um sensor com dimensões nanométricas em três eixos e construí-lo. A partir de agora, a gente já pode construir uma escala de protótipo e testar os sensores. Nós estamos entrando em uma fatia de mercado que antes era restrita a países do primeiro mundo".
O coordenador não tem dúvidas de que o Labnano vai dar maior competitividade à área científica brasileira, tanto do ponto de vista da ciência básica, como da ciência aplicada e da inovação. O laboratório tem uma parte dedicada a aplicações industriais, voltada à solução de problemas do setor produtivo. O Labnano beneficia todas as áreas do conhecimento.
Foram investidos R$ 8 milhões na estrutura do Labnano, dos quais R$ 7 milhões repassados pelo MCT, por meio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
Agência Brasil
Re: Ciência, Tecnologia e Inovação
Enviado: Qui Dez 30, 2010 3:29 pm
por ademir
A materia é bem longa, mas é interesante. Vale apena ler.
Ciência brasileira é tema da principal matéria da prestigiosa Science
por Conceição Lemes
Ter trabalho mencionado ou publicado na Science é o sonho de todo cientista. Pudera. Publicada pela Associação Americana pelo Avanço da Ciência (http://www.aaas.org), é a mais prestigiosa revista de ciência do mundo, ao lado da Nature , inglesa.
A triagem é rigorosíssima. Os critérios para publicação, científicos, mesmo.
Imaginem ser o tema de uma reportagem de seis páginas. É o supra-sumo.
Pois a edição 331 da Science, que começou a circular nessa tarde, dedica seis páginas à ciência brasileira. É a principal reportagem da edição. Nessa magnitude, é a primeira vez que isso acontece na publicação que já teve como um dos seus editores o Thomas Edison (1847-1931), criador da lâmpada elétrica, do fonógrafo e do projetor de cinema, entre outras invenções.
A reportagem começa e termina por Natal (RN). Mais precisamente no município Macaíba, que sedia o Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lilly Safra, mais conhecido como Centro do Cérebro, implantado pelos neurocientistas Miguel Nicolelis e Sidarta Ribeiro.
A reportagem destaca também, entre outras, as pesquisas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Petrobras e da Amazônia. Sinceramente emocionante. Uma demonstração clara de que:
1) Lá fora, estão de olho no que se faz aqui.
2) É preciso mudar o modo de gestão científica no Brasil.
3) A Universidade de São Paulo, apesar de ter grande produção científica, está perdendo espaço. Nenhuma pesquisa da USP foi destacada. Sinal de alerta de que há algo errado.
4) O que o Brasil está fazendo em termos de ciência tem sentido.
5) A visão do Centro de Natal de que ciência é agente de transformação social convenceu até os gringos, apesar de ela ainda sofrer resistência e bombardeio de setores da academia brasileira.
A propósito, todos os aspectos da Ciência Tropical estão no artigo da Science. Sinal de que ela é o futuro.
Confira você mesmo. Segue a íntegra da tradução do artigo da Science, exceto os quadros.
Ciência brasileira: de vento em popa
Uma economia vigorosa e descobertas de petróleo estão impulsionando a pesquisa no Brasil a novas alturas. Mas as lideranças científicas precisam superar um sistema educacional fraco e um histórico de pouco impacto
NATAL – De pé, braços abertos, Miguel Nicolelis aponta para uma escavação retangular na terra seca nos arredores da cidade litorânea brasileira de Natal. “É aí que vai ficar o supercomputador”, diz ele. E indicando uma área ainda coberta de mato, acrescenta: “ali é o complexo esportivo”.
Nicolelis é o cientista mais conhecido do Brasil. Neurobiologista da Universidade Duke, em Durham, Carolina do Norte, ele tornou-se famoso depois de experiências espetaculares que usam sinais emitidos por cérebros de macacos para fazerem robôs andarem. Mas quando apresentou, em 2003, seus planos de criação de um instituto de neurociência em uma região atrasada do Nordeste do país, poucos acreditaram que poderia dar certo (Science, 20 de fevereiro de 2004, p. 1131).
A ideia era combinar ciência de ponta com uma missão social: desenvolver uma das regiões mais pobres do Brasil. Nicolelis, que atualmente passa parte do ano no país, mostra-se ansioso para oferecer ao visitante uma “prova categórica” do sucesso. Ele pôs a mão na massa e construiu duas escolas de ciência para crianças mais uma clínica de atendimento materno, e recrutou 11 neurocientistas PhD para dirigir laboratórios numa sede improvisada. Dentro de alguns meses, diz ele, US$ 25 milhões de recursos federais brasileiros vão começar a escoar para seus terrenos arenosos, criando um vasto complexo de neurociência que Nicolelis chama de seu “Campus do Cérebro”.
“No Brasil, precisamos da ciência para construir um país”, diz Nicolelis, um entusiasmado nacionalista cujas paixões incluem usar um boné verde do clube de futebol Palmeiras e entornar jarras de suco de maracujá amarelo. “Este lugar vai criar a próxima geração de líderes brasileiros.”
Alguns continuam a achar excêntrica a ideia de Nicolelis. Mas o momento não poderia lhe ser mais propício. Nos últimos 8 anos, o maior país da América Latina começou a viver uma grande expansão. Sua economia está crescendo de maneira acelerada e ele se tornou um ator nos assuntos mundiais, festejando um surto sem precedente de autoconfiança. O país vai receber a Copa do Mundo de Futebol de 2014 e os Jogos Olímpicos dois anos depois.
Os bons tempos estão beneficiando a ciência, também. Entre 1997 e 2007, o número de papers brasileiros em publicações indexadas, avaliadas por pares mais que dobrou, para 19.000 por ano. O Brasil figura hoje em 13º em publicações, segundo a Thomson Reuters, tendo ultrapassado Holanda, Israel e Suíça. Universidades brasileiras formaram duas vezes mais doutores este ano do que em 2001, e milhares de novos empregos acadêmicos foram abertos em 134 novos campi federais.
Trata-se de uma inversão da sorte para um país que durante os anos 1990 teve de enfrentar problemas econômicos terríveis. Naquela época, os pesquisadores mendigavam fundos; o Brasil chegou a ter sua bandeira retirada do logotipo da Estação Espacial Internacional depois de não conseguir financiamento para construir seis componentes. “Nós estávamos pensando cada vez menor”, diz Sérgio Rezende, ministro da Ciência e Tecnologia nos últimos cinco anos. “Se não conseguíamos resolver pequenos problemas, como poderíamos resolver os grandes? Agora estamos em condição de pensar grande novamente.”
O combustível que impele a ciência no Brasil é um imposto de P&D sobre grandes indústrias; ele aumentou o orçamento do ministério de Rezende de US$ 600 milhões, há uma década, para US$ 4 bilhões. A companhia de petróleo nacional, a Petrobrás, é a maior contribuinte. O Brasil reiniciou seu programa de pesquisas nucleares em 2008, após 20 anos de calmaria, e, em outubro, uma delegação viajou a Genebra para negociar uma associação com o CERN. Com a economia brasileira crescendo a uma taxa de 7%, neste ano, o país pode se dar ao luxo de pagar US$ 14 milhões por ano para isso.
Cientistas daqui dizem que seus argumentos em prol de mais educação, inovação e tecnologia foram ouvidos na capital, Brasília, e esperam que os orçamentos continuem crescendo sob o comando da presidente eleita Dilma Rousseff, a primeira mulher a ocupar esse posto no país. Segundo autoridades da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), até 2020 o Brasil deve dobrar ou triplicar a produção de alunos, de papers e os investimentos e se tornar uma força “formidável” em ciência. Autoridades federais querem ver o Brasil entre os 10 principais países produtores de ciência do mundo.
Mas o Brasil ainda não é formidável. Como o instituto de Nicolelis ¬– onde a construção está com um atraso de anos no cronograma – a produção científica brasileira segue atrás de suas ambições. O país produz poucos papers de alto impacto e apenas um filete de patentes. Seu sistema de educação pública primária e secundária está em frangalhos, deixando o país de 195 milhões de habitantes cronicamente carente de trabalhadores técnicos.
“Precisamos ser lúcidos e não cair num discurso de vitória”, ressalva Sidarta Ribeiro, um neurocientista formado na Rockfeller University em Nova York e cofundador do instituto do cérebro de Nicolelis. “Em termos de impacto, somos marginais. O discurso externo para o mundo deveria ser que estamos interessados em ciência e estamos progredindo. O discurso interno deveria ser, ´Vamos melhorar. Vamos focar no mérito`.”
Tempos de expansão
O Brasil está claramente se destacando na América Latina, como mostram os indicadores. O país responde hoje por mais de 60% de todos os gastos em pesquisa na América Latina, e os cientistas brasileiros escrevem metade dos papers. A burocracia científica do Brasil é influente, também, contando com um ministério próprio desde 1985. Esse é um passo que a Argentina só deu há três anos e que a vizinha Bolívia está discutindo atualmente. “O Brasil é o único exemplo na América Latina em que 1% do PIB vai para P&D e o ministro da Ciência e Tecnologia é um físico que ainda publica. Assim, o Brasil é o farol”, diz Juan Asenjo, presidente da Academia Chilena de Ciências.
A globalização dos mercados também está operando em favor do Brasil. Como em outros países latino-americanos, a base de pesquisa do Brasil é pesadamente orientada para agricultura, ecologia e doenças infecciosas – ele é o primeiro do mundo em publicações relacionadas a açúcar, café e suco de laranja. A indústria pecuária brasileira produz 33% dos embriões bovinos do mundo. Pesquisa outrora secundária, hoje ela está crescentemente bem situada para abordar preocupações globais com produção de alimentos, mudanças climáticas e conservação.
Nicolelis diz que vê uma “maneira tropical emergente de fazer ciência” movida pela pesquisa em energia renovável, agricultura, água e genética vegetal e animal. “Essas são as questões definidoras do planeta, e, acreditem ou não, os players estão bem aqui”, diz Nicolelis.
A pesquisa biológica é uma área de crescimento acelerado. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, empresa estatal de pesquisa agrícola conhecida como Embrapa, pretende contratar 700 novos pesquisadores neste ano. A Embrapa é considerada uma das unidades de pesquisa agrícola de primeira linha do mundo e seu orçamento de US$ 1 bilhão é hoje do mesmo porte do orçamento do Agricultural Research Service do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. “Nunca vi tantos recursos para a ciência como nos últimos cinco anos”, diz Maria de Fátima Grossi de Sá, uma geneticista de plantas que recebeu recentemente US$ 1,5 milhão para desenvolver uma planta de algodão transgênica.
De Sá trabalha na estação de pesquisa da Embrapa em Brasília, que também está concluindo testes de uma soja resistente a herbicidas que será a primeira planta geneticamente modificada projetada por cientistas brasileiros a chegar ao mercado. A demanda por cientistas PhD está tão elevada que De Sá diz que é difícil encontrar alguns para assumirem cargos de pós-doc. “Nós passamos muito rapidamente da dificuldade de colocar PhDs a ter verbas sem receptores.”
A Embrapa está finalizando a construção de um centro de agroenergia de quatro andares e custo de US$ 15 milhões que empregará 100 pesquisadores no campus de Brasília. Um objetivo é transformar os 22 milhões de hectares de soja do Brasil em produtos mais valiosos como o biodiesel.
“Nós captamos energia solar e a transformamos em outras formas de energia. Achamos que podemos mudar muito rapidamente da agricultura voltada à produção de alimentos para a agricultura destinada à energia. Podemos ser um player”, diz Frederico Ozanan Machado Durães, diretor geral da nova unidade. Para ele, incontáveis carregamentos de soja que embarcam para a Ásia a cada dia de portos brasileiros poderiam energizar indústrias domésticas de lipoquímica e plásticos que produzem “produtos com valor agregado”.
O projeto representa uma importante virada do pensamento brasileiro: a saber, que a ciência pode transformar a economia do país, atualmente dominada por commodities como soja, carne bovina, cana de açúcar, minério de ferro e petróleo. “O novo Brasil será uma economia de conhecimento natural”, diz Gilberto Câmara, diretor da agência espacial do Brasil.
Com mais dinheiro e uma missão de ciência verde emergente, pesquisadores brasileiros dizem que serão levados mais a sério. A maioria dos cientistas seniores das Embrapa foi formada nos estados Unidos, como o Diretor-Executivo José Geraldo Eugênio de França, que em 1987 foi para a Texas A&M University para estudar genética do sorgo, França diz que notou uma mudança durante uma missão a Washington, D.C., em novembro passado, quando se encontrou com o consultor americano de ciências John Holdren e outras autoridades. “Pela primeira vez na história, tivemos um reconhecimento de que alguma coisa está mudando no Brasil. Eles não nos perguntaram quantos pós-doc precisávamos enviar, ou onde nós precisávamos de ajuda, mas onde poderíamos trabalhar juntos”, diz França.
Dinheiro privado
O objetivo mais importante neste momento, reconhece Rezende, “é que a ciência faça diferença na produtividade da indústria. Eu teria de dizer que esse é nosso grande desafio”. Outros objetivos são aumentar o número de cientistas, investir em áreas estratégicas, e resolver problemas sociais chaves.
A desconexão entre ciência e negócios é quase total no Brasil, segundo pesquisadores. Nos Estados Unidos, cerca de 80% do pessoal de pesquisa trabalha na indústria, segundo dados da OCDE, enquanto no Brasil essa cifra fica em torno de 25%. O Brasil quase não produz patentes – apenas 103 patentes americanas foram emitidas para inventores no Brasil em 2009 – e companhias brasileiras gastaram metade do que as européias gastam em P&D. Quando elas gastam, é mais na importação de tecnologia que em seu desenvolvimento.
Pesquisadores dizem que os 20 anos de ditadura no Brasil, findos em 1984, foram em parte responsáveis pelo atraso. As universidades se tornaram redutos da oposição política e círculos de leitura marxista, nos quais as patentes eram vistas como opressão. “Nós nos isolamos das grandes indústrias, que apoiavam os militares. Elas não podiam entrar na universidade. A universidade se tornou fechada, hermética, e agora precisamos mudar isso”, diz Maria Bernardete Cordeiro da Sousa, pró-reitora de pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
As autoridades vêm tentando vencer o atraso na inovação. Em 2004 e 2005, o Brasil aprovou leis que concedem benefícios fiscais à P&D para empresas e começou a permitir que o Ministério da Ciência e Tecnologia conceda verbas a empresas, e mesmo pague salários de pesquisadores nas empresas industriais. Em agosto, o ministério anunciou um grande projeto de P&D industrial, oferecendo US$ 294 milhões em verbas para apoiar projetos de inovação dentro de companhias em “áreas estratégicas” como carros elétricos, marca-passos e culturas agrícolas geneticamente modificadas.
Ainda é cedo para dizer que os incentivos do governo estão funcionando. Somente um pequeno número de empresas se candidatou às isenções fiscais. Mas a inovação de risco no estilo americano, antes considerada estranha, está sendo vista cada vez mais em termos favoráveis. Capitalistas de risco começaram a se instalar no Brasil, e em 2010, tanto a IBM como a General Electric anunciaram planos de criar centros de pesquisa no país.
“Nos falta uma cultura de inovação e empreendedorismo. Há um longo caminho a percorrer para mudar isso”, diz Luiz Mello, um médico que no ano passado foi designado pela segunda maior empresa do Brasil, a mineradora de minério de ferro Vale S.A, para gastar US$ 180 milhões estabelecendo três novos institutos de ciências corporativos. Mello diz que foi contratado depois de abordar o CEO da Vale, Roger Agnelli, para levantar dinheiro para um programa de engenharia. “A coisa se transformou numa reunião para ele dizer o que queria. E ele queria o MIT [Instituto de Tecnologia de Massachusetts] da Vale”, recorda Mello. “Eu estava sendo convidado pra chefiar algo que seria um novo Bell Labs ou Xerox PARC.”
Mello viajou recentemente ao vale do Silício para colher idéias. Embora o negócio da Vale seja de baixa tecnologia, a companhia de commodities, que despacha imensas quantidades de minério para a China e a Europa, quer gastar pesadamente em pesquisa em parte porque tem enfrentado uma forte escassez de mão de obra especializada, aumentando a pressão de ambientalistas, e a concorrência de companhias globais. Os três laboratórios da Vale operarão com biodiversidade, energia renovável e tecnologia de mineração. “Esse é o maior investimento espontâneo em P&D que eu conheço no Brasil”, diz Mello.
As novas leis também encorajam universidades brasileiras a depositar patentes e criar escritórios de transferência de tecnologia, o que muitas estão fazendo pela primeira vez. Na Universidade Federal de Minas Gerais, o número de pedidos de patentes atingiu 356, incluindo uma para uma vacina canina contra leishmaniose , que já chegou ao mercado. “Tudo isso está provocando ressonância no sistema”, diz Ado Jorio, o professor que coordena os esforços de patente da universidade. “Está havendo uma explosão de publicações, e isso também vai ocorrer em inovação.”
Partilhar a riqueza
A ciência brasileira sofre de um outro desequilíbrio, entre o sul afluente e as regiões setentrionais pobres, que as autoridades colocaram como prioridade tentar corrigir. A maior parte da ciência ainda ocorre em apenas três estados sulinos, com a Universidade de São Paulo sozinha respondendo por quase um quarto de todas as publicações científicas. “Um dos maiores problemas que enfrentamos é essa assimetria brasileira, a desigualdade das regiões”, diz Lucia Melo, diretora do Centro de Estudos Estratégicos e Gestão em Ciência, Tecnologia e Inovação, um think tank de política científica do governo em Brasília.
Para levar a ciência ao interior negligenciado do Brasil, o governo se embrenhou numa farra de construção de universidades e reservou 30% dos recursos de pesquisa para os estados pobres do norte e do centro-oeste. Por um programa de 2009, autoridades em Brasília disseram que dariam bolsas de estudo para todos os alunos de pós-graduação em regiões distantes, independentemente do mérito acadêmico. A ideia provém do Partido dos Trabalhadores, o partido governante no país, que fez da melhoria das condições nas áreas pobres uma prioridade. Um programa de bem-estar bastante expandido ajudou a tirar muitos milhões de brasileiros da pobreza. Isso também deu aos cientistas brasileiros espaço para respirar.
“Antes, nós tínhamos de enfrentar a questão, ´Por que vocês estão dando comida e leite para um macaco quando há crianças famintas na casa vizinha?`” diz Cordeiro de Sousa, que também faz pesquisas sobre primatas. Mas ela vê uma compensação: os pesquisadores sentem uma pressão crescente para dedicar tempo para solucionar problemas locais. Ele está analisando a criação de um instituto do sal para respaldar a indústria local de mineração de sal. “É preciso ter uma vocação, porque no futuro poderemos ser chamados a responder intensamente.”
Em nenhum outro lugar a carência de ciência brasileira é mais preocupante do que na Amazônia, a floresta tropical que cobre aproximadamente 49% do território brasileiro, mas abriga somente cerca de 3.000 pesquisadores doutores, dos quais pouquíssimos fazem ciência aplicada. “Imagine o que esse número absolutamente irrelevante representa para essa região imensa”, diz Odenildo Teixeira Sena, secretário de Ciência e Tecnologia do Estado do Amazonas. Embora seja maior que a França e a Espanha juntas, o Amazonas possui somente um arqueólogo PhD residente, e apesar de seu vasto sistema fluvial, nenhum engenheiro naval, diz Teixeira.
Uma força de trabalho cada vez mais científica na região poderia ajudar a encontrar alternativas para a agricultura baseada na derrubada e nas queimadas. Mas as ansiedades nacionais também figuram no cálculo. “A maioria das publicações sobre a Amazônia não tem um autor brasileiro. Isso nos preocupa”, diz Jorge Guimarães, o funcionário do Ministério da Educação que supervisiona a educação superior no Brasil. “Precisamos de mais brasileiros participando.”
O Brasil nunca se sentiu seguro de seu controle sobre a vasta região que a Espanha cedeu a Portugal pelo Tratado de Madri de 1750. Com a Amazônia, um foco de manobras internacionais sobre créditos de carbono, a dependência do Brasil da produção externa de conhecimento se tornou “uma questão muito delicada”, diz Adalberto Val, diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia em Manaus. Durante uma conferência nacional de ciência e tecnologia em maio último, Val propôs uma “hegemonia informacional” brasileira sobre o bioma da floresta. “Existe uma questão de soberania nacional”, diz ele
Esses tons nacionalistas podem parecer hostis fora do Brasil, mas eles caem bem no país. O físico Luiz Davidovich, que presidiu a conferência de maio, diz que a comunidade científica brasileira precisa levantar “grandes bandeiras” para mobilizar o país. “´A Amazônia é nossa` é uma delas”, diz ele.
Mesmo alguns especialistas estrangeiros responderam ao apelo. Daniel Nepstad, um renomado ecologista americano especializado em florestas tropicais largou seu emprego em outubro no Woods Hole Research Center, em Massachusetts. para se tornar residente brasileiro e empregado em tempo integral do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, uma organização sem fins lucrativos que ele cofundou, baseada na cidade de Belém.
Nepstad diz que sua filiação americana “era interpretada no sentido de que eu seria menos comprometido com a agenda científica no Brasil”. A política florestal brasileira está evoluindo rapidamente e, diz Nepstad, “enquanto a ciência for liderada por pesquisadores do Hemisfério Norte, estamos perdendo a oportunidade de tornar informações realmente boas em decisões políticas.”
Fazendo acontecer
Apesar de suas ambições crescentes, o Brasil ainda precisa provar que pode fazer pesquisa básica de classe mundial. A contagem dos impactos de seus papers científicos é modesta, cerca de dois terços da média mundial, e caiu em algumas áreas. Nenhum brasileiro ganhou o Prêmio Nobel em ciência ou medicina, enquanto a rival regional, Argentina, tem três. Os cientistas culpam problemas estruturais nas universidades estatais do Brasil. Críticos dizem que eles desencorajam a competição, por exemplo, com mandatos automáticos após três anos no emprego e avaliações que premiam a publicação em língua portuguesa.
“A atitude durante muitos anos foi evitar a competição, manter a cabeça baixa, e escolher um tema marginal”, diz Ribeiro. Em vez de competir de igual para igual em tópicos quentes com grandes laboratórios do exterior, diz ele, os pesquisadores brasileiros às vezes têm se contentado em estudar questões locais. “O pensamento era, ´O tamanduá é nosso por isso não se preocupem com os gringos`.”
Os cientistas brasileiros que voltavam do exterior, atraídos por empregos e os recursos de empresas iniciantes, se queixam de que ainda há muitos obstáculos que tornam quase impossível produzir uma ciência de classe mundial. Após 11 anos nos Estados Unidos, a bióloga Luciana Relly Bertolini retornou ao Brasil em 2006 com seu marido, Marcelo, para começar um laboratório para clonar cabras transgênicas. Embora o esforço esteja financiado de maneira adequada, Bertolini diz que a pesada carga de ensino requerida de professores e a falta de pessoa treinada implica que “aqui se faz ciência por teimosia”.
Também são notórios os regulamentos de importação kafkianos do Brasil. Mesmo simples reagentes demoram meses para chegar, com amostras radioativas e biológicas muitas vezes em condições duvidosas. Bertolini diz que um equipamento de fusão celular que ela encomendou da Hungria ficou preso por quatro meses na alfândega. “Pode-se ter a melhor cabeça do mundo e não conseguir jamais a competitividade porque o governo trabalha contra nós”, diz Bertolini. “Quando começamos a pensar nisso, queremos voltar.”
Alguns dizem que as perspectivas continuarão sombrias até esses problemas ser resolvidos. “Não tenho conhecimento de nenhuma ciência extraordinária no Brasil”, diz Andrew J. G. Simpson, diretor científico do Ludwig Institute for Cancer Research na cidade de Nova York.
Cidadão naturalizado brasileiro, Simpson viveu em São Paulo por sete anos e coordenou um dos triunfos memoráveis do Brasil, o seqüenciamento do patógeno de planta Xylella fastidiosa, que foi parar na capa da revista Nature em 2000. Mas quando Simpson retornou este ano para uma celebração de 10 anos do feito, ele notou que, pelo menos no campo da genômica, “não houve mais nenhum paper de grande impacto. Não houve um processo ascendente. Foi uma situação anormal.”
Autoridades brasileiras se concentraram antes em resolver outro problema: a insegurança nos recursos para pesquisa. Em 2008, em sua maior rodada de financiamento da pesquisa básica em todos os tempos, o Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil ofereceu US$ 350 milhões em três anos para financiar 122 institutos nacionais para enfrentarem temas que variam da computação quântica e células-tronco a modernização da estação de pesquisa na Antártica.
“Eles viram que precisávamos de programas de longo prazo com estabilidade”, diz Davidovich, que divide a direção do programa de computação quântica. Outros cientistas manifestam dúvidas privadamente sobre institutos com nomes grandiosos, notando que na verdade eles são redes virtuais com uma média de 20 pesquisadores universitários cada e dinheiro espalhado demais para se conseguir muita coisa. Em papers de posicionamento, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência disse que o Brasil precisa se concentrar na criação de mais empregos de pesquisa pura fora do sistema universitário. Ela quer um novo instituto com grande staff para estudar os oceanos, e outro para a Amazônia, moldados na agência de estudos agrícolas Embrapa – neste caso com financiamento condizente com a visão grandiosa.
Na cidade de Natal, o instituto de neurociência de Nicolelis, atualmente abrigado num hotel convertido, ainda precisa produzir uma ruptura brasileira. Mas ele está cada vez mais bem posicionado para isso. Possui laboratórios razoavelmente equipados, uma instalação para primatas, e uma multidão contratada de jovens professores com currículos promissores, incluindo dois recrutados do Max Planck Center, na Alemanha. Em agosto, a École Polytechnique Fédérale de Lausanne na Suíça doou um supercomputador IBM Blue Gene/L, que Nicolelis diz será o mais rápido da América do Sul.
Ribeiro, o brasileiro que retornou de um pós-doc na Rockefeller para ser o diretor científico do instituto, diz que o ano de ciência que ele esperava perder enquanto organizava o centro se estendeu para três, na medida em que teve que lidar com as autoridades alfandegárias e com um grande número de alunos mal formados. “Agora, eu finalmente estou começando a enfrentar avaliadores de novo, em vez de burocratas, o que é um sinal de que o plano funcionou”, diz Ribeiro, cujo trabalho inclui experimentos para observar o efeito do sono e do sonho na retenção da capacidade motora e perceptiva.
A rua de terra na frente de seu prédio que leva para uma favela próxima, o faz lembrar uma fotografia que viu do Founder`s Hall da Rockefeller depois que ela foi construída em 1906 e ainda estava cercada por campos lamacentos e carruagens puxadas por cavalos: “Eles não começaram com o melhor lugar para fazer ciência tampouco.”
Antonio Regalado