Não se iludam, vejam quem é que manda:
Washington garante
China não perdeu a fé na economia dos EUA
No último dia de visita oficial à China, Timothy Geithner, secretário de Estado do Tesouro dos EUA, diz que sai de Pequim convencido que as autoridades locais mantêm uma confiança considerável na economia norte-americana e que ficaram lançadas as sementes de uma cooperação mais estreita entre os dois países.
Elisabete Miranda
elisabetemiranda@negocios.pt
No último dia de visita oficial à China, Timothy Geithner, secretário de Estado do Tesouro dos EUA, diz que sai de Pequim convencido que as autoridades locais mantêm uma “confiança considerável” na economia norte-americana e que ficaram lançadas as sementes de uma cooperação mais estreita entre os dois países.
Depois de ter reunido com Hu Jintao e Wen Jiabao, presidente e primeiro-ministro, respectivamente, Geithner, citado pela imprensa norte-americana, garante que a China não perdeu a fé na economia dos EUA.
Parecem assim ter sido afastados os receios de que a visita oficial se deixasse contaminar pelas declarações musculadas dos dois blocos económicos nos últimos meses. Nos EUA, Geithner tinha ameaçado abrir as hostilidades caso a China insistisse em seguir uma política de moeda fraca (o que fortalece a capacidade de exportação do país asiático, em prejuízo dos EUA).
Em resposta, as autoridades chinesas questionaram publicamente a solidez da economia norte-americana, tendo inclusivamente subscrito a ideia de criação de uma nova divisa internacional que servisse de referência às transacções, juntamente com a Rússia. Mas ter-se-ão deixado convencer pelas garantias dadas por Geithner de que é intenção do governo retomar uma política de contenção de gastos assim que a crise se começar a dissipar, tendo fixado os 3% do PIB como referencial para o défice orçamental.
A China é o maior financiador da economia norte-americana, detendo a maior carteira de bilhetes de tesouro do país, seguido pelo Japão. Se do lado chinês se receia que uma deterioração dos fundamentos da economia norte-americana possa levar a uma desvalorização do dólar e consequente perda de valor das aplicações asiáticas, por parte dos EUA, teme-se que a China abrande o seu apetite pela dívida pública americana, numa altura em que os EUA precisam de financiar os seus programas de relançamento económico.
Durante os três dias de visita, Geithner falou da necessidade de apreciação do yuan como a contrapartida chinesa para o esforço de reequilíbrio orçamental que os EUA se comprometem a fazer. A China foi também incentivada a dar o seu contributo para um sistema económico mais equilibrado, como seja o alargamento da sua rede de protecção social, um aumento dos gastos em educação e a abertura do sector industrial às regras de mercado. Os EUA, por sua vez, apoiarão a tentativa de reforço do peso da China no Fundo Monetário Internacional (FMI).