América Latina duplica seu arsenal
Enviado: Qui Fev 05, 2009 10:03 am
Vou postar aqui mesmo.
América Latina duplica seu arsenal
Publicada em 05/02/2009 às 06h25m
O Globo
RIO - Sessenta toneladas de peso, um canhão de 120 milímetros e um avançado sistema eletrônico são as principais características do Leopard 2, o tanque convencional mais poderoso da América Latina. O Chile, um país com 5,5 milhões de habitantes, possui 300. Seria necessário? Uma ameaça militar sobre Santiago parece uma utopia. Mas as tensões entre os vizinhos, unidas a um período de bonança econômica, propiciaram que a América Latina, especialmente os países do Sul, um reforço em seu armamento. Segundo o site do jornal espanhol "El Pais", o continente duplicou seu arsenal.
O gasto em defesa da América Latina e do Caribe aumentou em 91% entre 2003 e 2008, segundo os dados publicados recentemente pelo Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, na sigla em inglês). Em seu relatório Balanço Militar 2009, o prestigioso centro de análises das relações internacionais assinala que o gasto militar na região no ano passado foi de US$ 47,2 bilhões. Em 2003 o gasto foi de US$ 24,7 bilhões.
A justificativa que durante este tempo foi dada pelos países era a necessidade de renovar um material militar obsoleto. O relatório do IISS concorda com esta apreciação ao apontar que "a maioria dos equipamentos atualmente em serviço datam dos anos cinquenta e sessenta, e muitos programas anunciados recentemente são modernizações e substituição de velha tecnologia".
- Está certo que o armamento de alguns países não era moderno, mas isso não justifica que o aumento do gasto se realize pela percepção de que existem ameaças a nível regional, pelos conflitos existentes ou pelas compras de armamento dos vizinhos - explica o analista militar argentino Diego Fleitas, diretor da Associação de Políticas Públicas.
Um dos focos de tensão mais ativos e que ilustra com perfeição o comentário de Fleitas é o conflito que mantem Venezuela e Colômbia, especialmente desde a chegada de Hugo Chávez ao poder, há dez anos.
- É chamativo que nos quase 200 anos de independência do país não se viu imerso em nenhum conflito bélico internacional, mas esteve a ponto de entrar em guerra com a Colômbia em três ocasiões - lamenta Carlos Hernández, especialista venezuelano em defesa.
Uma das aquisições venezuelanas mais incômodas foi a compra de 100 mil fuzis AK 103. A mera renovação do material não seria um problema a não ser pela troca de fuzil por outro que era compatível com o usado pelas Farc. Os movimentos na fronteira entre Venezuela e Colômbia não terminaram, com ou sem ameaça venezuelana. O orçamento colombiano de defesa no ano passado foi de US$ 5,5 bilhões, 13,7% maior que o destinado em 2007.
Nos últimos três anos, as compras do governo de Chávez de armamento da Rússia, Bielorrússia, China e Espanha ultrapassaram os US$ 6,7 bilhões. O embargo de armamentista decretado pelos EUA nos ano noventa impulsionou a relação entre Caracas e Moscou. Segundo o relatório do IISS, a Venezuela comprou da Rússia caças Su-30, aviões de transporte Il-76, aeronaves cisternas Il-78, submarinos Kilo e helicópteros mi-28.
Se há ainda alguma dúvida se existe ou não um ânimo armamentista na região, Diego Fleitas lembra que em dezembro a Venezuela, Brasil e Argentina se negaram a assinar um acordo de proibição das bombas de racimo, que foi adotado em Oslo, na Noruega.
Em dezembro, o Brasil que também é afetado pelas turbulências financeiras, dava um passo adiante em sua corrida militar. Um passo que ia mais além do que se reforçar militarmente frente às tensões com os países vizinhos. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu colega francês, Nicolas Sarkozy, assinaram um acordo, que comprometia a França a ajudar a construir em solo brasileiro o primeiro submarino nuclear da região.
Desde 2005, o orçamento da defesa brasileiro cresceu quase 10% ao ano, e em 2008 alcançou os US$ 20,1 bilhões, uma cifra muito maior que os US$ 9,6 bilhões de 2004.
Fonte: http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2009/ ... 271001.asp