Página 1 de 10

A assinatura do TNP

Enviado: Seg Nov 17, 2008 7:52 pm
por Marino
Começa a vir a superfície um dos atos mais lesivos à soberania nacional, perpetrado pelo FHC.
Louvo a iniciativa da Carta Capital em trazer o assunto ao público:
Rosa-dos-Ventos ::
Mauricio Dias

Um erro histórico de FHC
Assinar o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares foi um equívoco, diz cientista político

O cientista político Wanderley Guilherme dos Santos acabou a leitura do livro The Return of History and the End of Dreams (New York, Alfred Knopf, 2008), de Robert Kagan, com uma avassaladora certeza em relação à passagem do tucano Fernando Henrique Cardoso pelo poder (1994 e 2002):

“Ele abdicou de parte da soberania brasileira ao assinar o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares. Foi um tremendo equívoco histórico do governo dele.”

Robert Kagan é um personagem que transita no coração do poder nos EUA. Scholar neoconservador, um neocon, é respeitado estrategista internacional. Diretor do Projeto Liderança Americana, da Fundação Carnegie para a Paz Internacional, trabalhou no Departamento de Estado de 1984 a 1988 e foi assessor para política externa de John McCain, no Senado.

Para Wanderley Guilherme, Kagan lança uma das perguntas fundamentais da política internacional contemporânea: “Pode uma nação se considerar uma grande potência no mundo moderno se não é também um membro do clube nuclear?”

“Se o Brasil espera manter sua capacidade de decidir autonomamente o que pode se apresentar como uma ameaça física à sua soberania, que é um ingrediente do próprio conceito de poder de Kagan, precisa refletir sobre essa pergunta. Ela é feita por um dos possíveis estrategistas dos Estados Unidos, independentemente do resultado das eleições presidenciais”, considera Wanderley Guilherme.

E, como ele diz, a resposta à pergunta não significa lançar o Brasil “à aventura de produzir artefatos nucleares”. Situação que, certamente, não interessa ao País, nem econômica nem politicamente.

Wanderley lembra que a adesão ao tratado ocorreu sem maior discussão com o Congresso e “no limite, sem submeter tamanha abdicação de parte da soberania (a de definir autonomamente o que é uma ameaça ao País) a um plebiscito ou referendo”.

Ele explica: “A não adesão nunca significou que o Brasil desejava produzir artefatos nucleares, mas, sim, que não abdicava do direito de decidir, em algum momento, se era de seu interesse nacional produzi-los. O Paquistão e a Coréia do Norte são ouvidos e as cautelosas políticas de todas as nações árabes, em relação a Israel, se devem simplesmente ao fato de que tais nações consideraram de seu interesse de sobrevivência, não a estúpida deflagração de uma suicida corrida armamentista, mas a aquisição de argumentos contra intenções estranhas de desafios aos interesses desses países”.

Wanderley Guilherme lembra que “não é insensato pensar” que, caso o Brasil não tivesse assinado o tratado, as referências na Europa e nos Estados Unidos aos direitos brasileiros sobre a Amazônia “não teriam a petulância e sem-cerimônia” que possuem.

Além da Amazônia, há, agora, o pré-sal. Confirmadas as expectativas, a soberania brasileira sobre faixas oceânicas é outro tópico com elevado potencial de conflito. Os EUA talvez pensem o mesmo se considerarmos a surpreendente reativação da IV Frota.

“Caso alguma ameaça real se concretize, o Brasil ficará diante da alternativa de não ter como se defender ou violar um tratado que livremente assinou. Em certo sentido, esse foi o mais desastroso legado do governo Fernando Henrique Cardoso”, afirma Wanderley Guilherme.

A solução para remediar essa herança de FHC é difícil, complicada, exige coragem. A saída é denunciar o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares, como fez a Coréia do Norte.

Esse episódio, por sinal, foi relembrado pelo embaixador Samuel Pinheiro, secretário-geral do Itamaraty. Em 2006, durante o 4º Encontro Nacional de Assuntos Estratégicos, ele disse que “é possível que o Brasil venha a sair do tratado”. Estimulado por um militar presente ao encontro, Samuel Pinheiro lembrou que a Coréia do Norte denunciou o tratado e retirou-se.

O Brasil e a Índia eram dois emergentes poderosos que não assinaram o tratado. O Itamaraty o considerava, e ainda considera, discriminatório. Mas, em 1998, FHC entregou os pontos.

Re: A assinatura do TNP

Enviado: Seg Nov 17, 2008 8:28 pm
por Vinicius Pimenta
Realmente a assinatura desse tratado é um crime de lesa-pátria, na minha opinião.

Re: A assinatura do TNP

Enviado: Seg Nov 17, 2008 9:09 pm
por Tupi
Esse assunto já fora discutido aqui. Mas é sempre bom repassa-lo.
Também concordo que, de todos os erros do governo de FHC este foi o mais rotundo.
Todavia, ele não fez isso como uma medida intempestiva.

A muito tempo que vastos setores da sociedade, baseada em cientista, intelectuais, OAB, ambientalistas verdes e artista e toda matizes de cores; vinha tentando foçar uma quebra do status quo, de algumas politicas de estado brasileiro.
O FHC era um representante desta tal esquerda intelectualoide.
Eles (a esquerda, os bichos coloridos e o DEA) tiveram neste momento quase que um orgasmo com a assintura do FHC.

O mais impressionante, que uma decisão dessa natureza não foi divulgada previamente e nem sei se foi debatida no congresso.

Me lembro que na época alguem do Itamaraty veio à publico comentar que não havia captulado. E sim mudado a estratégia. Pois a assinatura deste tratado estava submetido a uma ratificação, que só ocorreria se houvesse um desarmamento por parte das potencias nucleares de então.
Aguem pode confirmar isso :?:

O fato é que esses "quinta coluna" conseguiram nos colocar em snuka.
Agora vai ser muito mias penoso nossos passos nesta área.

Re: A assinatura do TNP

Enviado: Seg Nov 17, 2008 9:18 pm
por Bolovo
Existe algum modo possível de sair abdicar o TNP mas sem levantar suspeitas?

Re: A assinatura do TNP

Enviado: Seg Nov 17, 2008 10:29 pm
por Carlos Mathias
...caso o Brasil não tivesse assinado o tratado, as referências na Europa e nos Estados Unidos aos direitos brasileiros sobre a Amazônia “não teriam a petulância e sem-cerimônia” que possuem.
Além da Amazônia, há, agora, o pré-sal. Confirmadas as expectativas, a soberania brasileira sobre faixas oceânicas é outro tópico com elevado potencial de conflito. Os EUA talvez pensem o mesmo se considerarmos a surpreendente reativação da IV Frota.
O Paquistão e a Coréia do Norte são ouvidos e as cautelosas políticas de todas as nações árabes, em relação a Israel
Tem gente aqui que já falou isso trocentas vezes e foi taxado de comunista maluco. Como dizem," O mundo dá voltas, muuuuitas voltas".

Re: A assinatura do TNP

Enviado: Ter Nov 18, 2008 12:56 am
por MAJOR FRAGUAS
ola pessoal. depois de um longo e tenebroso inverno so lendo, tenho que postar um comentario.
fico imaginando como uma pessoa tao estudada e com apoio da grande maioria do congresso brasileiro na epoca, com apoio total da midia, pode tomar tantas atitudes contra a nossa soberania, o TNP, o nao desenvolvimento de misseis com mais de 300km, a privatizacao da Vale e da embratel e ainda tentou muito, mas nao conseguiu tb privatizar a Petrobras q hj so da lucro como a vale e as teles. nao tenho duvida que se ele ou algum aliado forte dele estivessem ainda no poder a amazonia ja era um territorio internacional, ainda estariamos no FMI, teriamos bases americanas no Brasil, alem de ser motivo de piada no mundo inteiro.
hj estou morando no canada, mas ja morei na africa do sul no ano passado e tenho contato com gente de varios paises que veem o Brasil hoje com bastante admiracao e curiosidade. e de novo fico imaginando como uma pessoa tao inteligente e forte politicamente nao usou a sua forca pra levantar o Brasil antes da mesma forma que hoje critica e inveja o seu sucessor, isso sem perguntar aonde foi parar o dinheiro das privatizacoes....

grande abraco a todos

Re: A assinatura do TNP

Enviado: Ter Nov 18, 2008 6:50 am
por Guerra
Bolovo escreveu:Existe algum modo possível de sair abdicar o TNP mas sem levantar suspeitas?
É só a gente se alinhar ao Irã :lol: Ninguém vai perceber nada

Re: A assinatura do TNP

Enviado: Ter Nov 18, 2008 6:57 am
por rodrigo
Esse assunto é muito polêmico:
1- FHC fez isso para puxar o saco de Clinton;
2- A CF88 não permite o uso bélico da energia nuclear;
3- É um erro que pode ser corrigido, basta coragem para fazê-lo;
4- Não creio que isso tenha afetado nossa capacidade de desenvolvimento de armas e vetores nucleares, apenas não o fazemos de maneira correta e com investimentos sérios, vide a novela VLS-AEB.

Re: A assinatura do TNP

Enviado: Qui Dez 18, 2008 12:18 pm
por Roberto Portella Bertazzo
Em minha opinião os erros começaram com José Sarney, passaram por Collor (pá de cal) e culminaram com FHC.
Isso em geral demonstra a falta de visão estratégica de nossos governantes.

Re: A assinatura do TNP

Enviado: Qui Dez 18, 2008 12:20 pm
por Quiron
Pelo menos agora está no plano de defesa:
O Brasil zelará por manter abertas as vias de acesso ao desenvolvimento
de suas tecnologias de energia nuclear. Não aderirá a acréscimos ao
Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares destinados a ampliar
as restrições do Tratado sem que as potências nucleares tenham
avançado na premissa central do Tratado: seu próprio desarmamento
nuclear.

Re: A assinatura do TNP

Enviado: Qui Dez 18, 2008 1:32 pm
por LeandroGCard
rodrigo escreveu:Esse assunto é muito polêmico:
1- FHC fez isso para puxar o saco de Clinton;
2- A CF88 não permite o uso bélico da energia nuclear;
3- É um erro que pode ser corrigido, basta coragem para fazê-lo;
4- Não creio que isso tenha afetado nossa capacidade de desenvolvimento de armas e vetores nucleares, apenas não o fazemos de maneira correta e com investimentos sérios, vide a novela VLS-AEB.
Acho que este é o ponto mais importante. A capacidade de defesa nacional não depende de qualquer assinatura em uma folha de papel. Deixem o tratado assinado, mas ao mesmo tempo a tecnologia de mísseis pronta e no estado da arte, e as ultra-centrífugas e reatores funcionando.

E a cada vez que alguma autoridade de qualquer nação estrangeira falar um pouco mais alto sobre internacionalização da Amazônia ou exploração de petróleo em nossa plataforma continental, lançamos um satélite com um foguete de combustível sólido (de maior porte que o VLS, que ainda não convence como míssil) e anunciamos o progresso na construção de um reator nuclear de desenho próprio (o RENAP-50 da marinha já serve, para começar).

Aí os serviços de inteligência da nação em questão mandam os relatórios para a tal autoridade e ela percebe o vespeiro em que está metendo a mão, e duvido que não amanse rapidinho.

Leandro G. Card

Re: A assinatura do TNP

Enviado: Qui Dez 18, 2008 1:37 pm
por Tupi
LeandroGCard escreveu:
rodrigo escreveu:Esse assunto é muito polêmico:
1- FHC fez isso para puxar o saco de Clinton;
2- A CF88 não permite o uso bélico da energia nuclear;
3- É um erro que pode ser corrigido, basta coragem para fazê-lo;
4- Não creio que isso tenha afetado nossa capacidade de desenvolvimento de armas e vetores nucleares, apenas não o fazemos de maneira correta e com investimentos sérios, vide a novela VLS-AEB.
Acho que este é o ponto mais importante. A capacidade de defesa nacional não depende de qualquer assinatura em uma folha de papel. Deixem o tratado assinado, mas ao mesmo tempo a tecnologia de mísseis pronta e no estado da arte, e as ultra-centrífugas e reatores funcionando.

E a cada vez que alguma autoridade de qualquer nação estrangeira falar um pouco mais alto sobre internacionalização da Amazônia ou exploração de petróleo em nossa plataforma continental, lançamos um satélite com um foguete de combustível sólido (de maior porte que o VLS, que ainda não convence como míssil) e anunciamos o progresso na construção de um reator nuclear de desenho próprio (o RENAP-50 da marinha já serve, para começar).

Aí os serviços de inteligência da nação em questão mandam os relatórios para a tal autoridade e ela percebe o vespeiro em que está metendo a mão, e duvido que não amanse rapidinho.

Leandro G. Card
Boa :wink:

Re: A assinatura do TNP

Enviado: Qui Dez 18, 2008 2:43 pm
por Sterrius
o nao desenvolvimento de misseis com mais de 300km
Uma correção. È proibido a fabricação de misseis com mais de 300km apenas se os mesmos possuirem carga explosiva superior a meia tonelada.

Essa restrição praticamente so impede artefatos nucleares. (ICBM`s basicamente).

(Ao menos foi o que li do resumo do tratado na wikipedia quando levantaram tal tratado antes aqui neste forum).

Vale lembrar que todas as potencias são signatarias e tb respeitam essa formula. (Obvio que pra eles tem a vantagem de não contar o que ja havia sido inventado... mas ao menos se travo o desenvolvimento de novos misseis de tal naipe praticamente no mundo todo).

Re: A assinatura do TNP

Enviado: Sáb Dez 20, 2008 3:12 am
por Túlio
Ué, mas o míssil Cruise original (não o CALCM) levava uma ogiva nuclear de 200 kt que pesava bem menos de meia tonelada a até 2500 km, e isso nos anos 80...

Re: A assinatura do TNP

Enviado: Ter Jan 06, 2009 11:06 am
por foca
Ate onde eu sei a Constituição nacional de 1988 tem como causa petrea o não uso por parte do Brasil de armas nucleares em seu arsenal ou seja durante a vigência dessa constituição e sem uma assembleia constituinte para refazer ela o Brasil de forma alguma pode desenvolver armas nucleares, sendo isso considerado um crime a propria constituição.
O que FHC fez foi assinar um acordo para o Brasil ficar bonito na foto, porque mesmo sem a assinatura o Brasil não pode construir armas nucleares, os militares como defensores maximos da nossa constituição tem a obrigação de retirar do poder ou eliminar o presidente que agir de maneira contrária a esta ou seja se o FHC resolvesse construir uma bomba atomica os mesmos militares que defende a construção da bomba teriam a obrigação de retirar ele do poder a força.
E é relativamente fácil sair do TNP, mas não é nada facil mudar a constituição de uma democracia.