Brasil quer ocupar nicho no mercado bélico, diz Jobim
Enviado: Sex Mar 14, 2008 9:21 am
Fonte: Globo on line.
BRASÍLIA (Reuters) - O Brasil espera ocupar determinados nichos do mercado bélico regional, exportando itens como blindados, pistolas, munições e um avião médio de transporte militar da Embraer, disse o ministro da Defesa, Nelson Jobim.
De acordo com o ministro, o país tem capacidade de fornecer serviços melhores e mais baratos que os concorrentes na América do Sul.
"Esse setor não sobrevive só com compras públicas, precisa de exportações", disse Jobim à Reuters, na noite de terça-feira.
O Brasil espera ainda usar tecnologia adquirida numa aliança estratégica com a França, que prevê a construção conjunta de 50 helicópteros de transporte militar e de um submarino nuclear no Brasil.
"Toda esta tecnologia que vamos adquirir será transferida para o setor privado", afirmou o ministro.
Um projeto de lei que Jobim pretende mandar para o Congresso dá incentivos à indústria bélica e deve incluir regulamentos mais rígidos para a venda de armas a países em conflito, segundo Jobim.
A Colômbia usou aviões brasileiros no bombardeio contra um acampamento da guerrilha das Farc em território equatoriano, o que desencadeou o recente conflito. A Guarda Nacional da Venezuela também importou pistolas brasileiras.
CONSELHO REGIONAL DE DEFESA
Depois da crise que quase provocou uma guerra nos Andes, na semana passada, o Brasil quer a criação de um conselho regional de defesa, para evitar conflitos e reduzir a dependência em relação à indústria bélica dos EUA.
Jobim começa a "vender" a idéia aos demais governos sul-americanos nas próximas semanas, começando com uma reunião com o presidente venezuelano, Hugo Chávez.
"Após essa ameaça de conflito, uma organização como essa se torna absolutamente necessária como um mecanismo preventivo", disse o ministro.
A crise entre Equador, Venezuela e Colômbia, afinal resolvida com apertos de mãos durante uma cúpula na República Dominicana, fez com que o Brasil ficasse ainda mais preocupado com a polarização entre aliados dos EUA, como a Colômbia, e adversários, como a Venezuela.
Jobim quer criar formalmente o conselho durante um encontro no segundo semestre em Brasília.
Além de discutir um plano conjunto de defesa e questões estratégicas comuns, um dos objetivos do conselho é ajudar a reduzir a dependência da região em relação a indústrias armamentistas estrangeiras, especialmente as norte-americanas, segundo Jobim.
O Brasil, que tem a maior indústria bélica regional, seria o maior beneficiário disso.
"Se você depende das importações, o primeiro problema que enfrenta é o de embargos de armas", disse Jobim, citando a dificuldade que a Argentina teve para usar seus mísseis durante a Guerra das Malvinas (1982).
Autoridades brasileiras dizem ainda que caças comprados pelo Chile vieram sem mísseis por causa de restrições à transferência de tecnologia dos EUA. Em 2006, o Brasil queixou-se de que Washington havia proibido o país de vender aviões à Venezuela. Para evitar esse empecilho, segundo Jobim, a empresa Avibrás evita usar peças importadas dos EUA.
De acordo com Jobim, o Brasil está alterando suas prioridades de defesa - passando da fronteira sul para a Amazônia, o litoral e o espaço aéreo - e está adequando suas armas a essa realidade. Um estudo do governo sobre as novas prioridades ficara pronto em setembro.
Em abril ou maio, Equador e Bolívia devem assinar um acordo para usar o Sivam (Sistema Integrado de Vigilância da Amazônia) para o combate ao narcotráfico, ao desmatamento e a enchentes.
Jobim negou que seja candidato a presidente em 2010. O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal é um político assertivo e adepto de ações que rendem imagens fortes - como uma foto recente, capa de vários jornais, na qual, fardado, segura uma jibóia na Amazônia. O ministro chegou ao cargo com a missão expressa de resolver a crise aérea iniciada em 2006. Mas, segundo ele, nada disso "dá votos."
BRASÍLIA (Reuters) - O Brasil espera ocupar determinados nichos do mercado bélico regional, exportando itens como blindados, pistolas, munições e um avião médio de transporte militar da Embraer, disse o ministro da Defesa, Nelson Jobim.
De acordo com o ministro, o país tem capacidade de fornecer serviços melhores e mais baratos que os concorrentes na América do Sul.
"Esse setor não sobrevive só com compras públicas, precisa de exportações", disse Jobim à Reuters, na noite de terça-feira.
O Brasil espera ainda usar tecnologia adquirida numa aliança estratégica com a França, que prevê a construção conjunta de 50 helicópteros de transporte militar e de um submarino nuclear no Brasil.
"Toda esta tecnologia que vamos adquirir será transferida para o setor privado", afirmou o ministro.
Um projeto de lei que Jobim pretende mandar para o Congresso dá incentivos à indústria bélica e deve incluir regulamentos mais rígidos para a venda de armas a países em conflito, segundo Jobim.
A Colômbia usou aviões brasileiros no bombardeio contra um acampamento da guerrilha das Farc em território equatoriano, o que desencadeou o recente conflito. A Guarda Nacional da Venezuela também importou pistolas brasileiras.
CONSELHO REGIONAL DE DEFESA
Depois da crise que quase provocou uma guerra nos Andes, na semana passada, o Brasil quer a criação de um conselho regional de defesa, para evitar conflitos e reduzir a dependência em relação à indústria bélica dos EUA.
Jobim começa a "vender" a idéia aos demais governos sul-americanos nas próximas semanas, começando com uma reunião com o presidente venezuelano, Hugo Chávez.
"Após essa ameaça de conflito, uma organização como essa se torna absolutamente necessária como um mecanismo preventivo", disse o ministro.
A crise entre Equador, Venezuela e Colômbia, afinal resolvida com apertos de mãos durante uma cúpula na República Dominicana, fez com que o Brasil ficasse ainda mais preocupado com a polarização entre aliados dos EUA, como a Colômbia, e adversários, como a Venezuela.
Jobim quer criar formalmente o conselho durante um encontro no segundo semestre em Brasília.
Além de discutir um plano conjunto de defesa e questões estratégicas comuns, um dos objetivos do conselho é ajudar a reduzir a dependência da região em relação a indústrias armamentistas estrangeiras, especialmente as norte-americanas, segundo Jobim.
O Brasil, que tem a maior indústria bélica regional, seria o maior beneficiário disso.
"Se você depende das importações, o primeiro problema que enfrenta é o de embargos de armas", disse Jobim, citando a dificuldade que a Argentina teve para usar seus mísseis durante a Guerra das Malvinas (1982).
Autoridades brasileiras dizem ainda que caças comprados pelo Chile vieram sem mísseis por causa de restrições à transferência de tecnologia dos EUA. Em 2006, o Brasil queixou-se de que Washington havia proibido o país de vender aviões à Venezuela. Para evitar esse empecilho, segundo Jobim, a empresa Avibrás evita usar peças importadas dos EUA.
De acordo com Jobim, o Brasil está alterando suas prioridades de defesa - passando da fronteira sul para a Amazônia, o litoral e o espaço aéreo - e está adequando suas armas a essa realidade. Um estudo do governo sobre as novas prioridades ficara pronto em setembro.
Em abril ou maio, Equador e Bolívia devem assinar um acordo para usar o Sivam (Sistema Integrado de Vigilância da Amazônia) para o combate ao narcotráfico, ao desmatamento e a enchentes.
Jobim negou que seja candidato a presidente em 2010. O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal é um político assertivo e adepto de ações que rendem imagens fortes - como uma foto recente, capa de vários jornais, na qual, fardado, segura uma jibóia na Amazônia. O ministro chegou ao cargo com a missão expressa de resolver a crise aérea iniciada em 2006. Mas, segundo ele, nada disso "dá votos."