Brasil tem de construir seus navios de guerra e submarinos
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Brasil tem de construir seus navios de guerra e submarinos
Pensamento
DEFESA@NET 05 Março 2008
Monitor Mercantil 04 Fevereiiro 2008
Brasil tem de construir seus navios
de guerra e submarinos
Sergio Barreto Motta
O Brasil de Lula tem mantido uma política ambígua na área militar. Critica os Estados Unidos e anuncia projetos com França, China e Rússia, mas acaba de assinar vultoso contrato com os Estados Unidos. A Marinha do Brasil vai pagar US$ 35,2 milhões para modernização de submarinos da classe Tupi, dotando-os de Sistema Integrado de Combate (ICS, em inglês), através da Lockheed Martins Maritime Systems and Sensors, com conclusão em 2011.
Especialistas do setor dizem à coluna que nenhum país cede tecnologia militar. A diferença é que os Estados Unidos deixam bem claro que só vendem pacotes fechados, enquanto os demais fingem que são parceiros, companheiros sedentos por dividir tecnologia, mas, na hora h, fazem igual a Washington. Uma fonte comenta que a China comprou submarinos russos e hoje mal consegue colocá-los na água, diante da dificuldade para saber consertá-los e adaptá-los.
Nas bases da Marinha, já há descrença quanto à transferência de tecnologia para que o Brasil projete e construa um submarino nuclear. Alguns oficiais afirmam que o Brasil já poderia estar muito à frente em termos tecnológicos, se alguns dirigentes da força armada não houvessem enveredado por campanha destrutiva, que acabou prejudicando o projeto. Todos acham que o submarino nuclear está cada vez mais frio. Se houver uma surpresa, deverão ser usadas as instalações do Arsenal de Marinha, que terá de sofrer adaptações e superar a beligerância dos ambientalistas.
Sobre isso, diz um oficial da reserva à coluna:
- O Brasil teve tudo nas mãos, na década de 80, após comprar o projeto alemão, a peso de ouro, mas não evoluiu a construção de um casco nuclear. Hoje, essa tecnologia está perdida, com a dispersão, aposentadoria da mão de obra sem transmissão de conhecimentos aos mais jovens. Os contigenciamentos no orçamento fizeram com que o programa nacional ficasse praticamente estagnado, levando à perda da mão-de-obra.
Segundo outra fonte, apesar da forte influência da indústria francesa no Brasil, os melhores submarinos - convencionais - são alemães. Os alemães jamais anunciaram projeto nuclear de submarino, mas são especialistas em reatores nucleares.
Sobre a oferta ao Brasil de navios de guerra e até porta-aviões, de origem francesa, lembram fontes da coluna que o Brasil já projetou e construiu muitos navios e que grande destaque foi o projeto, comprado na Inglaterra, das fragatas da classe Niterói. Daí, derivou-se o projeto do Navio Escola Brasil, evoluído no país. É de se lamentar o abandono do Centro de Projetos de Navios da Marinha. A força armada pagou US$ 20 milhões pelo projeto de um navio-patrulha ao estaleiro francês CMN Cherbourg, em construção no Inace, do Ceará, mas o projeto parece ser ultrapassado. Apesar disso, as autoridades pretendem construir navios maiores. Talvez melhor para o Brasil fosse a opção de um navio oceânico, de 1.800 toneladas, que Chile e Argentina estão construindo, após pagamento de apenas 3 milhões de euros à alemã Fassener.
Diversas fontes militares também se questionam sobre o abandono do desenvolvimento nacional do Sistema de Comando e Direção de Tiro para Submarinos. A Marinha chegou a pagar R$ 10 milhões a uma empresa chamada IES Integração de Sistemas e o contrato foi encerrado sem que se obtivesse qualquer resultado. Em seguida, comprou-se sistema na americana Lockheed Martin. O Trabalho de desenvolvimento do sistema estava indo muito bem mas o contrato foi encerrado sem explicações.
Embora se diga que o orçamento da União impede o desenvolvimento da Marinha, fontes declaram que, mediante pressão firme, haveria condições de manter recursos no orçamento e não bater de frente com a lei de concorrências, a 8666/93, pela simples contratação de serviço técnico especializado de natureza singular - como em geral são os programas militares. No entanto, é necessário que os comandantes da Marinha e das outras armas comprem a briga com autoridades superiores - o que tem sido difícil. A Advocacia Geral de União e o Tribunal de Contas, por desconhecimento dos princípios militares, criam dificuldades que os comandantes militares preferem não enfrentar.
No final de 2005, foi introduzido no art.24 - dispensa de licitação- da lei 8666, o inciso XXVII que dispensa a licitação "para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou prestados no país, que envolvam, cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa nacional, mediante parecer de comissão especialmente designada pela autoridade máxima do órgão". Essa abertura não tem sido usada com competência pelos militares.
Proteção a plataformas
Por fim, fontes militares afirmam que os comandantes - principalmente da Marinha, devido à riqueza do mar - precisam se impor, para que o Brasil não apenas possa proteger seu território como vigiar as plataformas de petróleo - hoje elas são centenas e sua fiscalização é feita praticamente por amostragem, de forma muito tênue. Segundo essas fontes, o Brasil pode construir e armar navios-patrulha para cuidar da costa. O que falta não é dinheiro nem tecnologia- a produção no Brasil poderia custar 1/3 dos produtos importados - mas vontade política, pois as autoridades militares andam muito acomodadas. E, no caso de itens importados, os estrangeiros podem cortar a manutenção - e o caminho das pedras tecnológico - da noite para o dia.
Com a criação do Ministério da Defesa, os militares perderam aceso direto à Presidência da República. Foi preciso eclodir a crise aérea, com o motim dos controladores, para que todos se alertassem para o buraco em que estava sendo colocada a capacidade de manter a soberania, resultando em todos estes movimentos de reaparelhamento. Alguns especialistas alertam para o fato de que, apesar de se falar em conteúdo nacional, há muitos "acordos de cooperação" sendo feitos com países grandes, que correm o risco de não resultar em transferência de tecnologia, mas em novas dependências.
O Brasil necessita de uma Marinha polivalente, capaz de atuar em toda a extensão do Atlântico Sul. Os meios flutuantes, aéreos e de fuzileiros navais - que completam 200 anos dia 7 de março - devem ser adequados. O Brasil tem de proteger a Amazônia Azul - que é o mar com suas riquezas, mas faltam verbas e, principalmente, vontade política.
Aço da Ucrânia
O primeiro carregamento de aço comprado pela Transpetro para o Estaleiro Atlântico Sul (EAS) virá direto da Ucrânia para o porto de Suape (PE). A estatal fechou o negócio esta semana e trará carga de 18 mil toneladas para que o estaleiro processe aço a partir de julho. Não dá para entender. É como se o Brasil comprasse café ou soja do Paraguai. Como grande exportador de aço, o Brasil deveria suprir suas indústrias e não deixar que elas importassem.
A estatal tem plano de construir 46 navios e espera-se que, pelo menos parte deles seja feita com aço nacional. Afinal, o Brasil é líder em exploração de minério de ferro e grande produtor de aço.
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Brasil tem de construir seus navios
de guerra e submarinos
Sergio Barreto Motta
O Brasil de Lula tem mantido uma política ambígua na área militar. Critica os Estados Unidos e anuncia projetos com França, China e Rússia, mas acaba de assinar vultoso contrato com os Estados Unidos. A Marinha do Brasil vai pagar US$ 35,2 milhões para modernização de submarinos da classe Tupi, dotando-os de Sistema Integrado de Combate (ICS, em inglês), através da Lockheed Martins Maritime Systems and Sensors, com conclusão em 2011.
Especialistas do setor dizem à coluna que nenhum país cede tecnologia militar. A diferença é que os Estados Unidos deixam bem claro que só vendem pacotes fechados, enquanto os demais fingem que são parceiros, companheiros sedentos por dividir tecnologia, mas, na hora h, fazem igual a Washington. Uma fonte comenta que a China comprou submarinos russos e hoje mal consegue colocá-los na água, diante da dificuldade para saber consertá-los e adaptá-los.
Nas bases da Marinha, já há descrença quanto à transferência de tecnologia para que o Brasil projete e construa um submarino nuclear. Alguns oficiais afirmam que o Brasil já poderia estar muito à frente em termos tecnológicos, se alguns dirigentes da força armada não houvessem enveredado por campanha destrutiva, que acabou prejudicando o projeto. Todos acham que o submarino nuclear está cada vez mais frio. Se houver uma surpresa, deverão ser usadas as instalações do Arsenal de Marinha, que terá de sofrer adaptações e superar a beligerância dos ambientalistas.
Sobre isso, diz um oficial da reserva à coluna:
- O Brasil teve tudo nas mãos, na década de 80, após comprar o projeto alemão, a peso de ouro, mas não evoluiu a construção de um casco nuclear. Hoje, essa tecnologia está perdida, com a dispersão, aposentadoria da mão de obra sem transmissão de conhecimentos aos mais jovens. Os contigenciamentos no orçamento fizeram com que o programa nacional ficasse praticamente estagnado, levando à perda da mão-de-obra.
Segundo outra fonte, apesar da forte influência da indústria francesa no Brasil, os melhores submarinos - convencionais - são alemães. Os alemães jamais anunciaram projeto nuclear de submarino, mas são especialistas em reatores nucleares.
Sobre a oferta ao Brasil de navios de guerra e até porta-aviões, de origem francesa, lembram fontes da coluna que o Brasil já projetou e construiu muitos navios e que grande destaque foi o projeto, comprado na Inglaterra, das fragatas da classe Niterói. Daí, derivou-se o projeto do Navio Escola Brasil, evoluído no país. É de se lamentar o abandono do Centro de Projetos de Navios da Marinha. A força armada pagou US$ 20 milhões pelo projeto de um navio-patrulha ao estaleiro francês CMN Cherbourg, em construção no Inace, do Ceará, mas o projeto parece ser ultrapassado. Apesar disso, as autoridades pretendem construir navios maiores. Talvez melhor para o Brasil fosse a opção de um navio oceânico, de 1.800 toneladas, que Chile e Argentina estão construindo, após pagamento de apenas 3 milhões de euros à alemã Fassener.
Diversas fontes militares também se questionam sobre o abandono do desenvolvimento nacional do Sistema de Comando e Direção de Tiro para Submarinos. A Marinha chegou a pagar R$ 10 milhões a uma empresa chamada IES Integração de Sistemas e o contrato foi encerrado sem que se obtivesse qualquer resultado. Em seguida, comprou-se sistema na americana Lockheed Martin. O Trabalho de desenvolvimento do sistema estava indo muito bem mas o contrato foi encerrado sem explicações.
Embora se diga que o orçamento da União impede o desenvolvimento da Marinha, fontes declaram que, mediante pressão firme, haveria condições de manter recursos no orçamento e não bater de frente com a lei de concorrências, a 8666/93, pela simples contratação de serviço técnico especializado de natureza singular - como em geral são os programas militares. No entanto, é necessário que os comandantes da Marinha e das outras armas comprem a briga com autoridades superiores - o que tem sido difícil. A Advocacia Geral de União e o Tribunal de Contas, por desconhecimento dos princípios militares, criam dificuldades que os comandantes militares preferem não enfrentar.
No final de 2005, foi introduzido no art.24 - dispensa de licitação- da lei 8666, o inciso XXVII que dispensa a licitação "para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou prestados no país, que envolvam, cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa nacional, mediante parecer de comissão especialmente designada pela autoridade máxima do órgão". Essa abertura não tem sido usada com competência pelos militares.
Proteção a plataformas
Por fim, fontes militares afirmam que os comandantes - principalmente da Marinha, devido à riqueza do mar - precisam se impor, para que o Brasil não apenas possa proteger seu território como vigiar as plataformas de petróleo - hoje elas são centenas e sua fiscalização é feita praticamente por amostragem, de forma muito tênue. Segundo essas fontes, o Brasil pode construir e armar navios-patrulha para cuidar da costa. O que falta não é dinheiro nem tecnologia- a produção no Brasil poderia custar 1/3 dos produtos importados - mas vontade política, pois as autoridades militares andam muito acomodadas. E, no caso de itens importados, os estrangeiros podem cortar a manutenção - e o caminho das pedras tecnológico - da noite para o dia.
Com a criação do Ministério da Defesa, os militares perderam aceso direto à Presidência da República. Foi preciso eclodir a crise aérea, com o motim dos controladores, para que todos se alertassem para o buraco em que estava sendo colocada a capacidade de manter a soberania, resultando em todos estes movimentos de reaparelhamento. Alguns especialistas alertam para o fato de que, apesar de se falar em conteúdo nacional, há muitos "acordos de cooperação" sendo feitos com países grandes, que correm o risco de não resultar em transferência de tecnologia, mas em novas dependências.
O Brasil necessita de uma Marinha polivalente, capaz de atuar em toda a extensão do Atlântico Sul. Os meios flutuantes, aéreos e de fuzileiros navais - que completam 200 anos dia 7 de março - devem ser adequados. O Brasil tem de proteger a Amazônia Azul - que é o mar com suas riquezas, mas faltam verbas e, principalmente, vontade política.
Aço da Ucrânia
O primeiro carregamento de aço comprado pela Transpetro para o Estaleiro Atlântico Sul (EAS) virá direto da Ucrânia para o porto de Suape (PE). A estatal fechou o negócio esta semana e trará carga de 18 mil toneladas para que o estaleiro processe aço a partir de julho. Não dá para entender. É como se o Brasil comprasse café ou soja do Paraguai. Como grande exportador de aço, o Brasil deveria suprir suas indústrias e não deixar que elas importassem.
A estatal tem plano de construir 46 navios e espera-se que, pelo menos parte deles seja feita com aço nacional. Afinal, o Brasil é líder em exploração de minério de ferro e grande produtor de aço.
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Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
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Re: Brasil tem de construir seus navios de guerra e submarinos
jacquessantiago escreveu:Pensamento
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Especialistas do setor dizem à coluna que nenhum país cede tecnologia militar. A diferença é que os Estados Unidos deixam bem claro que só vendem pacotes fechados, enquanto os demais fingem que são parceiros, companheiros sedentos por dividir tecnologia, mas, na hora h, fazem igual a Washington. Uma fonte comenta que a China comprou submarinos russos e hoje mal consegue colocá-los na água, diante da dificuldade para saber consertá-los e adaptá-los.
Nas bases da Marinha, já há descrença quanto à transferência de tecnologia para que o Brasil projete e construa um submarino nuclear. Alguns oficiais afirmam que o Brasil já poderia estar muito à frente em termos tecnológicos, se alguns dirigentes da força armada não houvessem enveredado por campanha destrutiva, que acabou prejudicando o projeto. Todos acham que o submarino nuclear está cada vez mais frio. Se houver uma surpresa, deverão ser usadas as instalações do Arsenal de Marinha, que terá de sofrer adaptações e superar a beligerância dos ambientalistas.
Sobre isso, diz um oficial da reserva à coluna:
- O Brasil teve tudo nas mãos, na década de 80, após comprar o projeto alemão, a peso de ouro, mas não evoluiu a construção de um casco nuclear. Hoje, essa tecnologia está perdida, com a dispersão, aposentadoria da mão de obra sem transmissão de conhecimentos aos mais jovens. Os contigenciamentos no orçamento fizeram com que o programa nacional ficasse praticamente estagnado, levando à perda da mão-de-obra.
Segundo outra fonte, apesar da forte influência da indústria francesa no Brasil, os melhores submarinos - convencionais - são alemães. Os alemães jamais anunciaram projeto nuclear de submarino, mas são especialistas em reatores nucleares.
Sobre a oferta ao Brasil de navios de guerra e até porta-aviões, de origem francesa, lembram fontes da coluna que o Brasil já projetou e construiu muitos navios e que grande destaque foi o projeto, comprado na Inglaterra, das fragatas da classe Niterói. Daí, derivou-se o projeto do Navio Escola Brasil, evoluído no país. É de se lamentar o abandono do Centro de Projetos de Navios da Marinha. A força armada pagou US$ 20 milhões pelo projeto de um navio-patrulha ao estaleiro francês CMN Cherbourg, em construção no Inace, do Ceará, mas o projeto parece ser ultrapassado. Apesar disso, as autoridades pretendem construir navios maiores. Talvez melhor para o Brasil fosse a opção de um navio oceânico, de 1.800 toneladas, que Chile e Argentina estão construindo, após pagamento de apenas 3 milhões de euros à alemã Fassener.
Diversas fontes militares também se questionam sobre o abandono do desenvolvimento nacional do Sistema de Comando e Direção de Tiro para Submarinos. A Marinha chegou a pagar R$ 10 milhões a uma empresa chamada IES Integração de Sistemas e o contrato foi encerrado sem que se obtivesse qualquer resultado. Em seguida, comprou-se sistema na americana Lockheed Martin. O Trabalho de desenvolvimento do sistema estava indo muito bem mas o contrato foi encerrado sem explicações.
Embora se diga que o orçamento da União impede o desenvolvimento da Marinha, fontes declaram que, mediante pressão firme, haveria condições de manter recursos no orçamento e não bater de frente com a lei de concorrências, a 8666/93, pela simples contratação de serviço técnico especializado de natureza singular - como em geral são os programas militares. No entanto, é necessário que os comandantes da Marinha e das outras armas comprem a briga com autoridades superiores - o que tem sido difícil. A Advocacia Geral de União e o Tribunal de Contas, por desconhecimento dos princípios militares, criam dificuldades que os comandantes militares preferem não enfrentar.
No final de 2005, foi introduzido no art.24 - dispensa de licitação- da lei 8666, o inciso XXVII que dispensa a licitação "para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou prestados no país, que envolvam, cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa nacional, mediante parecer de comissão especialmente designada pela autoridade máxima do órgão". Essa abertura não tem sido usada com competência pelos militares.
Proteção a plataformas
Por fim, fontes militares afirmam que os comandantes - principalmente da Marinha, devido à riqueza do mar - precisam se impor, para que o Brasil não apenas possa proteger seu território como vigiar as plataformas de petróleo - hoje elas são centenas e sua fiscalização é feita praticamente por amostragem, de forma muito tênue. Segundo essas fontes, o Brasil pode construir e armar navios-patrulha para cuidar da costa. O que falta não é dinheiro nem tecnologia- a produção no Brasil poderia custar 1/3 dos produtos importados - mas vontade política, pois as autoridades militares andam muito acomodadas. E, no caso de itens importados, os estrangeiros podem cortar a manutenção - e o caminho das pedras tecnológico - da noite para o dia.
Com a criação do Ministério da Defesa, os militares perderam aceso direto à Presidência da República. Foi preciso eclodir a crise aérea, com o motim dos controladores, para que todos se alertassem para o buraco em que estava sendo colocada a capacidade de manter a soberania, resultando em todos estes movimentos de reaparelhamento. Alguns especialistas alertam para o fato de que, apesar de se falar em conteúdo nacional, há muitos "acordos de cooperação" sendo feitos com países grandes, que correm o risco de não resultar em transferência de tecnologia, mas em novas dependências.
O Brasil necessita de uma Marinha polivalente, capaz de atuar em toda a extensão do Atlântico Sul. Os meios flutuantes, aéreos e de fuzileiros navais - que completam 200 anos dia 7 de março - devem ser adequados. O Brasil tem de proteger a Amazônia Azul - que é o mar com suas riquezas, mas faltam verbas e, principalmente, vontade política.
Aço da Ucrânia
O primeiro carregamento de aço comprado pela Transpetro para o Estaleiro Atlântico Sul (EAS) virá direto da Ucrânia para o porto de Suape (PE). A estatal fechou o negócio esta semana e trará carga de 18 mil toneladas para que o estaleiro processe aço a partir de julho. Não dá para entender. É como se o Brasil comprasse café ou soja do Paraguai. Como grande exportador de aço, o Brasil deveria suprir suas indústrias e não deixar que elas importassem.
A estatal tem plano de construir 46 navios e espera-se que, pelo menos parte deles seja feita com aço nacional. Afinal, o Brasil é líder em exploração de minério de ferro e grande produtor de aço.
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Este artigo, se exato, confirma uma suspeita minha, a de que a tecnologia de projeto e construção de sub's adquirida pelo Brasil aos alemães a preço de ouro duas décadas atrás foi perdida por falta de continuidade nesta atividade. Isto explicaria tanta preocupação em conseguir um parceiro tecnológico estrangeiro para o projeto do novo sub e do casco do SNA. De resto imagino que aconteceu o mesmo com relação aos programas Niterói/Inhaúma para os navios de superfície, por isto agora estamos novamente procurando projetos para comprar.
Minha maior preocupação (que já expressei antes, mas vou correr risco de ser repetitivo pois o assunto é importante) é que agora a MB e o governo cometam novamente o mesmo erro.
Muito se fala ( e alguns até com um orgulho que eu pessoalmente não consigo compreender) que a MB tem interesse em adquirir novos projetos de sub e fragatas (as tais de 6000 ton?), e que pagará alegremente um valor muito maior por estes projetos para que a "transferência de tecnologia" seja incluída no pacote. Por exemplo, os Scorpène do Chile foram apresentados como tendo custado menos de US$250 milhões cada, e agora estamos falando em comprar 1 por até US$600 milhões, por conta da tecnologia a ser transferida.
O problema é que sem um programa coerente de continuidade nas atividades de projeto e construção, a maior probabilidade é que a tecnologia que vier realmente a ser transferida acabe perdida novamente, como aconteceu antes. Este sempre será o maior risco quando se fala em adquirir muitas unidades de um único modelo de plataforma (6 Niterói, 4 Tupys, e agora de novo fala-se em 4 Scorpènes e até 8 novas fragatas), principalmente quando os prazos de construção são muito longos, pois até que o primeiro lote de navios esteja concluído a tecnologia adquirida não será atualizada, e estará no mínimo defasada (se ainda estiver disponível) quando o próximo lote de plataformas for encomendado.
Por isto, enquanto eu não vir uma declaração das autoridades competentes de que quaisquer dos novos projetos que estiverem sendo adquiridos com cláusula de transferência de tecnologia serão para uma única unidade ou no máximo duas, e que a série total de plataformas aprovadas já incluirá pelo menos mais uma ou duas de um novo projeto melhorado desenvolvido aqui, não acreditarei na real intenção da força em desenvolver um dia suas próprias plataformas, e ficarei sempre com a impressão de que o custo a mais pago pela tal "transferência de tecnologia" teria sido melhor empregado na aquisição logo de um número maior de plataformas já prontas, e que o Brasil deveria se preocupar apenas no desenvolvimento de sistemas, sensores e armamento, e abandonar a pretensão de um dia se tornar auto-suficiente no desenvolvimento de plataformas de guerra naval.
E caso um eventual parceiro afirme que para apenas uma ou duas unidades ele não transferirá tecnologia, ficará claro que ele tem a intenção deliberada de que esta tecnologia transferida jamais venha a ser realmente útil, e será o caso de reconsiderar a parceria.
Leandro G. Card
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Re: Brasil tem de construir seus navios de guerra e submarinos
Concordo com sua análise,Leandro.Acho que outro ponto que deve ser abordado está o fato da descontinuidade da mão-de-obra qualificada e dos rumos da MB para com seus projetos.Entendo ser perfeitamente razoável em um país como o nosso haver em algum momento dificuldades de implementação de projetos por falta de verbas,mas para mim é inadmissível que ninguém seja responsabilizado pelos enormes prejuízos advindos destas restrições.É claro que os governantes passados e seus ministros deveriam ser responsabilizados/cobrados pelo resultado de suas ações,assim como qualquer trabalhador.Neste caso ainda mais grave,por envolver assuntos de segurança nacional.Me custa entender porque a grande maioria de nosso povo segue achando "naturais" erros de definição/avaliação e execução de nossos governantes.É realmente triste.
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Re: Brasil tem de construir seus navios de guerra e submarinos
O problema maior é o altíssimo nível de ignorância de nossa população, incluindo-se aí os políticos. Quantas pessoas você imagina (mesmo desconsiderando a imensa maioria de semi-analfabetos produzidos por nosso sistema de educação fracassado) sequer sabem ou mesmo se interessam pelo que se passa no âmbito das órgãos responsáveis por programas que envolvem tecnologia, sejam eles civis ou militares (forças armadas, ministérios de minas e energia, transportes, etc...)?Tigershark escreveu:Concordo com sua análise,Leandro.Acho que outro ponto que deve ser abordado está o fato da descontinuidade da mão-de-obra qualificada e dos rumos da MB para com seus projetos.Entendo ser perfeitamente razoável em um país como o nosso haver em algum momento dificuldades de implementação de projetos por falta de verbas,mas para mim é inadmissível que ninguém seja responsabilizado pelos enormes prejuízos advindos destas restrições.É claro que os governantes passados e seus ministros deveriam ser responsabilizados/cobrados pelo resultado de suas ações,assim como qualquer trabalhador.Neste caso ainda mais grave,por envolver assuntos de segurança nacional.Me custa entender porque a grande maioria de nosso povo segue achando "naturais" erros de definição/avaliação e execução de nossos governantes.É realmente triste.
Se formos esperar que a eficiência (para não dizer responsabilidade) nas ações de governo venha em função de cobranças partidas da sociedade em geral, então temos que parar tudo, voltar todos os esforços para tornar nossa educação básica e secundária realmente universal e de qualidade, e retormar a discusão deste assunto daqui a uns 30 anos!
Enquanto isso não ocorre (e se ocorrer, durante este período de transição de 30 anos), a responsabilidade pela tomada de decisão e a execução das ações corretas é das autoridades responsáveis por cada caso, o chefe do executivo, seus ministros e os funcionários de cada órgão. No caso da MB, a responsabilidade é do alto comando.
É por isso que eu espero ver esta iniciativa (a de anunciar um plano de reequipamento nestes moldes, adquirindo apenas um mínimo de unidades baseadas em projetos prontos e já planejando as aquisições futuras com projeto local, ou o abandono da insistência na transferência de tecnologia para plataformas e em seu lugar a busca da máxima eficiência financeira) vindo da própria marinha, e sendo apresentada assim para o governo federal e o congresso.
Infelizmente, o que eu sempre vejo é uma mistura "burra" de interesses incompatíveis, algumas autoridades insistindo na absorção de tecnologia sem sequer saber exatamente o que isto quer dizer (este agora parece ser o papel do governo e do MD), e outras insistindo em repor rapidamente um grande número de plataformas que estão obsolescendo em massa (parece ser a posição de alguns chefes da marinha, animados com a não usual boa recepção que o reequipamento parece ter neste governo). Isoladamente, cada uma destas posições é boa e correta, mas tomadas ao mesmo tempo o resultado é o filme que já vimos, e cuja reprise agora se anuncia.
Leandro G. Card
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Re: Brasil tem de construir seus navios de guerra e submarinos
Acho que deveria sim, mas com essa inconstância do orçamento para investimento em pesquisa e aquisições, infelizmente não dá.
Problema de competência e potencial não é, todo mundo já sabe, mas com o tempo a gente vai perdendo os crânios do país.
Problema de competência e potencial não é, todo mundo já sabe, mas com o tempo a gente vai perdendo os crânios do país.
"A televisão, essa última luz que te salva da solidão e da noite, é a realidade. Porque a vida é um espetáculo: para os que se comportem bem, o sistema promete uma boa poltrona".(Eduardo Galeano)
- LeandroGCard
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Re: Brasil tem de construir seus navios de guerra e submarinos
A inconstância dos investimentos definitivamente não é desculpa. Caso não se possa garantir a continuidade dos investimentos, então a alternativa de abandonar o desenvolvimento local das plataformas e simplesmente adquirí-las no exterior pelo menor preço (ou pela melhor relação custo benefício) passa a ser a alternativa mais adequada. E vamos desenvolver localmente apenas os sistemas e armamentos cujos custos de desenvolvimento possam ser garantidos ao longo do período necessário.Lucius Clay escreveu:Acho que deveria sim, mas com essa inconstância do orçamento para investimento em pesquisa e aquisições, infelizmente não dá.
Problema de competência e potencial não é, todo mundo já sabe, mas com o tempo a gente vai perdendo os crânios do país.
Por outro lado, a encomenda em lotes menores, que deveria ser característica de um programa de aquisição e manutensão da tecnologia, por si só torna menor a quantidade de recursos a ser solicitada em cada período (menos barcos, menos $$), o que em princípio torna mais fácil a negociação das verbas junto às outras áreas do governo. E caso o governo de plantão negue a verba, deve ser deixado claro pelos chefes militares que o que está se perdendo não é apenas o poderio bélico na nação, mas sua independência tecnológica. Se ainda assim o governo decidir não aprovar um programa, ele é que terá imediatamente que se explicar com a sociedade.
É assim que a coisa funciona em países sérios.
Leandro G. Card
- Marino
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Re: Brasil tem de construir seus navios de guerra e submarinos
Vamos analisar com calma o artigo.
Aqui no DB está a elite dos que pensam em Defesa no país, com muito mais conhecimento do que qualquer jornalista ou articulista.
Qual o projeto anunciado com a Rússia?
Mesmo com a França, o que já foi anunciado de concreto?
O autor escreve: "alguns oficiais". Quantos? De onde? Com qual qualificação?
Pergunto aos que participam aqui do DB.
Para a construção de um sub nuclear, o buraco é bem mais embaixo. O ganho de aprendizado com a construção dos subs alemães foi imenso, mas a medida que o reator ia sendo construído foi verificado que a competência de construção de subs convencionais não bastava. Por exemplo, o projeto de contenção do reator; as redes de resfriamento do reator, etc. Este é o problema alemão, dito claramente pelo Jobim: a Alemanha não constroi subs nucleares.
Quanto ao contigenciamento, é verdade. A MB sustentou o programa sozinha, com ganho para a Nação, hoje se reconhece. Mas é isto que a Nação espera de nós.
Eu desconheço este projeto, mas supondo que existia, estava indo bem, ou não chegava a nenhum resultado?
Como bater de frente com a lei de concorrências?
Mais uma vez: é verdade?
Toda saída da Esquadra prevê exercícios na área das plataformas.
Todos os Distritos tem como missão principal a patrulha e o salvamento.
Arrêgo!
Aqui no DB está a elite dos que pensam em Defesa no país, com muito mais conhecimento do que qualquer jornalista ou articulista.
Qual projeto foi anunciado com a China? Nem intenções existem.Critica os Estados Unidos e anuncia projetos com França, China e Rússia
Qual o projeto anunciado com a Rússia?
Mesmo com a França, o que já foi anunciado de concreto?
De acordo com o autor, são US$ 35,2 milhões. Na realidade, o valor é maior. Mas podemos considerar este valor como VULTOSO?mas acaba de assinar vultoso contrato com os Estados Unidos
Quantas vezes já lemos aqui no DB que o pacote é aberto? Que a MB terá acesso aos sistemas? Quanto isto já foi discutido aqui?Especialistas do setor dizem à coluna que nenhum país cede tecnologia militar. A diferença é que os Estados Unidos deixam bem claro que só vendem pacotes fechados
O papel aceita qualquer coisa. Nas bases da Marinha? Nas bases não são discutidos estes assuntos, mas sim no Alto-Comando, no EMA, na DGMM. Quantas bases o autor visitou, supondo que seja verdade?Nas bases da Marinha, já há descrença quanto à transferência de tecnologia para que o Brasil projete e construa um submarino nuclear.
Imensa contradição. Aqui mesmo, e no BM, muitos criticaram e criticam a MB por não ter abandonado o projeto nuclear e de construção de submarinos. Escreveram que a MB relegou a Esquadra a segundo plano, que o orçamento reduzido foi usado para manter a ferro e fogo o projeto.Alguns oficiais afirmam que o Brasil já poderia estar muito à frente em termos tecnológicos, se alguns dirigentes da força armada não houvessem enveredado por campanha destrutiva, que acabou prejudicando o projeto.
O autor escreve: "alguns oficiais". Quantos? De onde? Com qual qualificação?
Isto é verdade?Todos acham que o submarino nuclear está cada vez mais frio.
Pergunto aos que participam aqui do DB.
Mais uma vez pergunto aos "Debistas": isto é verdade?Se houver uma surpresa, deverão ser usadas as instalações do Arsenal de Marinha, que terá de sofrer adaptações e superar a beligerância dos ambientalistas.
Um oficial da reserva, sem identificar qualificação, a quanto tempo na reserva, etc.Sobre isso, diz um oficial da reserva à coluna:
- O Brasil teve tudo nas mãos, na década de 80, após comprar o projeto alemão, a peso de ouro, mas não evoluiu a construção de um casco nuclear. Hoje, essa tecnologia está perdida, com a dispersão, aposentadoria da mão de obra sem transmissão de conhecimentos aos mais jovens. Os contigenciamentos no orçamento fizeram com que o programa nacional ficasse praticamente estagnado, levando à perda da mão-de-obra.
Para a construção de um sub nuclear, o buraco é bem mais embaixo. O ganho de aprendizado com a construção dos subs alemães foi imenso, mas a medida que o reator ia sendo construído foi verificado que a competência de construção de subs convencionais não bastava. Por exemplo, o projeto de contenção do reator; as redes de resfriamento do reator, etc. Este é o problema alemão, dito claramente pelo Jobim: a Alemanha não constroi subs nucleares.
Quanto ao contigenciamento, é verdade. A MB sustentou o programa sozinha, com ganho para a Nação, hoje se reconhece. Mas é isto que a Nação espera de nós.
Aos "debistas" de novo: isto é uma verdade inquestionável? Eu tive acesso a relatórios que não posso divulgar, mas garanto que não.Segundo outra fonte, apesar da forte influência da indústria francesa no Brasil, os melhores submarinos - convencionais - são alemães.
Sim, coloque este reator civil, imenso, em um sub. Afirmativa falaciosa.Os alemães jamais anunciaram projeto nuclear de submarino, mas são especialistas em reatores nucleares.
Agora é minha vez: FUENTES?É de se lamentar o abandono do Centro de Projetos de Navios da Marinha.
PARECE? É assim que se escreve? Como sustenta a afirmação? Se fosse apresentação de uma monografia, como os "debistas" avaliariam esta afirmação? ACHISMO!A força armada pagou US$ 20 milhões pelo projeto de um navio-patrulha ao estaleiro francês CMN Cherbourg, em construção no Inace, do Ceará, mas o projeto parece ser ultrapassado.
Ou um de 1.600 ton do "abandonado" CPN, que fará companhia ao de 500 ton. Meios diferentes para diferentes áreas de atuação e missões.Talvez melhor para o Brasil fosse a opção de um navio oceânico, de 1.800 toneladas, que Chile e Argentina estão construindo, após pagamento de apenas 3 milhões de euros à alemã Fassener.
Vejam como se chega a uma contradição em somente um parágrafo.Diversas fontes militares também se questionam sobre o abandono do desenvolvimento nacional do Sistema de Comando e Direção de Tiro para Submarinos. A Marinha chegou a pagar R$ 10 milhões a uma empresa chamada IES Integração de Sistemas e o contrato foi encerrado sem que se obtivesse qualquer resultado. Em seguida, comprou-se sistema na americana Lockheed Martin. O Trabalho de desenvolvimento do sistema estava indo muito bem mas o contrato foi encerrado sem explicações.
Eu desconheço este projeto, mas supondo que existia, estava indo bem, ou não chegava a nenhum resultado?
Mais pressão do que os Coamdantes de Força fizeram e fazem?mediante pressão firme, haveria condições de manter recursos no orçamento e não bater de frente com a lei de concorrências
Como bater de frente com a lei de concorrências?
Os debistas costumam ler o extrato do Diário Oficial postado pelo Talha.No final de 2005, foi introduzido no art.24 - dispensa de licitação- da lei 8666, o inciso XXVII que dispensa a licitação "para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou prestados no país, que envolvam, cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa nacional, mediante parecer de comissão especialmente designada pela autoridade máxima do órgão". Essa abertura não tem sido usada com competência pelos militares.
Mais uma vez: é verdade?
Aqui sabemos que o termo "Amazônia Azul" foi criado para convencer, sensibilizar a sociedade. Alguem briga mais que o CM? Lembram das declarações que já postei aqui?Por fim, fontes militares afirmam que os comandantes - principalmente da Marinha, devido à riqueza do mar - precisam se impor, para que o Brasil não apenas possa proteger seu território como vigiar as plataformas de petróleo
FUENTES? A MB tem um acordo com a Petrobrás e mantêm 24 hs um navio na área das plataformas.vigiar as plataformas de petróleo - hoje elas são centenas e sua fiscalização é feita praticamente por amostragem, de forma muito tênue
Toda saída da Esquadra prevê exercícios na área das plataformas.
Todos os Distritos tem como missão principal a patrulha e o salvamento.
Arrêgo!
Aos debistas: é verdade? Um leigo, que nunca lê sobre assuntos militares, pode ser enganado. Mas aqui????o Brasil pode construir e armar navios-patrulha para cuidar da costa. O que falta não é dinheiro nem tecnologia- a produção no Brasil poderia custar 1/3 dos produtos importados - mas vontade política, pois as autoridades militares andam muito acomodadas.
Pelo menos a afirmação final pode ser ratificada por todos nós.O Brasil necessita de uma Marinha polivalente, capaz de atuar em toda a extensão do Atlântico Sul. Os meios flutuantes, aéreos e de fuzileiros navais - que completam 200 anos dia 7 de março - devem ser adequados. O Brasil tem de proteger a Amazônia Azul - que é o mar com suas riquezas, mas faltam verbas e, principalmente, vontade política.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: Brasil tem de construir seus navios de guerra e submarinos
amigo marino alguma novidade sobre o sao paulo e a barroso?
- Marino
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Re: Brasil tem de construir seus navios de guerra e submarinos
Não sei.
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Re: Brasil tem de construir seus navios de guerra e submarinos
marino o senhor leu nesse forum que a MB assinou carta de intençao de compra das tipo-23?
- Marino
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Re: Brasil tem de construir seus navios de guerra e submarinos
Li. Que tal vc ir com o off-topic para o topic correto?
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Re: Brasil tem de construir seus navios de guerra e submarinos
marino vou postar no topico correto mais uma pergunta OK.
- LeandroGCard
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Re: Brasil tem de construir seus navios de guerra e submarinos
Olá amigo Marino,
Quanto à maioria dos pontos citados realmente nem discuto, a reportagem é no mínimo incompleta (FUENTES???) e não acrescenta muito ao debate, e alguns outros pontos eu desconheço os detalhes. Mas em um ponto sou obrigado a concordar com o articulista, pela própria análise das informações divulgadas pela MB e aqui no fórum:
Um sub Scorpène, por não ser nuclear, também não conta com absolutamente nenhum dos ítens que você citou (projeto de contenção do reator; as redes de resfriamento do reator, etc...), ítens que aliás fazem parte da instalação do reator em si e deverão ser desenvolvidos em Aramar (ou em algum outro centro no Brasil). Em nenhum momento foi afirmado que a França passaria este tipo de tecnologia para o Brasil, e nem mesmo que a busca de qualquer acordo por parte de nosso país visava este tipo de tecnologia, muito pelo contrário, sempre se disse que esta tecnologia está sendo desenvolvida aqui.
O máximo que foi citado com relação a isto é que a França permitiria que técnicos brasileiros "assistissem" algumas etapas da construção do Barracuda, este sim um sub nuclear com todos os ítens relativos ao reator. Mas convenhamos que comprar um Scorpène só por isso (e ainda pagando bem mais caro que o chilenos pagaram, segundo as informações que já foram colocadas aqui mesmo no fórum) seria um verdadeiro absurdo.
A conclusão é que a tecnologia absorvida da Alemanha ou realmente foi perdida, ou foi incompleta (e precisamos comprar mais) ou está obsoleta, o que seria tão grave quanto a primeira opção.
O fato é que enquanto não houver um programa consistente e contínuo de desenvolvimento e construção de plataformas navais em nosso país, simplesmente não vale à pena nenhum esforço de aquisição e manutenção da capacitação nesta área. E se é impossível garantir as verbas para programas deste tipo, então não se deveria sequer perder tempo com o assunto, e outros ítens deveriam ser priorizados (sensores, armamento, sistemas, etc...).
Veja uma analogia, o que você acharia se o governo brasileiro, através de uma instituição qualquer, gastasse centenas de milhões de dólares para adquirir o know-how de projeto e construção seriada de carros de passeio, e depois simplesmente não construísse nenhuma fábrica nem produzisse nenhum carro sequer por anos à fio. Você diria que este foi um bom investimento em tecnologia para o país?
Um grande abraço,
Leandro G. Card
Quanto à maioria dos pontos citados realmente nem discuto, a reportagem é no mínimo incompleta (FUENTES???) e não acrescenta muito ao debate, e alguns outros pontos eu desconheço os detalhes. Mas em um ponto sou obrigado a concordar com o articulista, pela própria análise das informações divulgadas pela MB e aqui no fórum:
Já é público e notório que a MB, além do eventual SNB para o qual nenhum plano concreto foi ainda apresentado, deseja aumentar sua força de subs convencionais, incorporando pelo menos uma nova unidade da mesma classe que os atuais Tupi/Tikuna. Se é verdade que a tecnologia de projeto e construção adquiridas décadas atrás dos alemães representou um aprendizado tão importante assim, e se ela ainda está disponível, porque é necessário adquirir novamente o projeto e a tecnologia deste novo sub lá fora?Marino escreveu:Um oficial da reserva, sem identificar qualificação, a quanto tempo na reserva, etc.Sobre isso, diz um oficial da reserva à coluna:
- O Brasil teve tudo nas mãos, na década de 80, após comprar o projeto alemão, a peso de ouro, mas não evoluiu a construção de um casco nuclear. Hoje, essa tecnologia está perdida, com a dispersão, aposentadoria da mão de obra sem transmissão de conhecimentos aos mais jovens. Os contigenciamentos no orçamento fizeram com que o programa nacional ficasse praticamente estagnado, levando à perda da mão-de-obra.
Para a construção de um sub nuclear, o buraco é bem mais embaixo. O ganho de aprendizado com a construção dos subs alemães foi imenso, mas a medida que o reator ia sendo construído foi verificado que a competência de construção de subs convencionais não bastava. Por exemplo, o projeto de contenção do reator; as redes de resfriamento do reator, etc. Este é o problema alemão, dito claramente pelo Jobim: a Alemanha não constroi subs nucleares.
Quanto ao contigenciamento, é verdade. A MB sustentou o programa sozinha, com ganho para a Nação, hoje se reconhece. Mas é isto que a Nação espera de nós.
Um sub Scorpène, por não ser nuclear, também não conta com absolutamente nenhum dos ítens que você citou (projeto de contenção do reator; as redes de resfriamento do reator, etc...), ítens que aliás fazem parte da instalação do reator em si e deverão ser desenvolvidos em Aramar (ou em algum outro centro no Brasil). Em nenhum momento foi afirmado que a França passaria este tipo de tecnologia para o Brasil, e nem mesmo que a busca de qualquer acordo por parte de nosso país visava este tipo de tecnologia, muito pelo contrário, sempre se disse que esta tecnologia está sendo desenvolvida aqui.
O máximo que foi citado com relação a isto é que a França permitiria que técnicos brasileiros "assistissem" algumas etapas da construção do Barracuda, este sim um sub nuclear com todos os ítens relativos ao reator. Mas convenhamos que comprar um Scorpène só por isso (e ainda pagando bem mais caro que o chilenos pagaram, segundo as informações que já foram colocadas aqui mesmo no fórum) seria um verdadeiro absurdo.
A conclusão é que a tecnologia absorvida da Alemanha ou realmente foi perdida, ou foi incompleta (e precisamos comprar mais) ou está obsoleta, o que seria tão grave quanto a primeira opção.
O fato é que enquanto não houver um programa consistente e contínuo de desenvolvimento e construção de plataformas navais em nosso país, simplesmente não vale à pena nenhum esforço de aquisição e manutenção da capacitação nesta área. E se é impossível garantir as verbas para programas deste tipo, então não se deveria sequer perder tempo com o assunto, e outros ítens deveriam ser priorizados (sensores, armamento, sistemas, etc...).
Veja uma analogia, o que você acharia se o governo brasileiro, através de uma instituição qualquer, gastasse centenas de milhões de dólares para adquirir o know-how de projeto e construção seriada de carros de passeio, e depois simplesmente não construísse nenhuma fábrica nem produzisse nenhum carro sequer por anos à fio. Você diria que este foi um bom investimento em tecnologia para o país?
Um grande abraço,
Leandro G. Card
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Re: Brasil tem de construir seus navios de guerra e submarinos
Meus parabéns Marino, sem aparentemente fazer muito esforço você simplesmente destruiu mais uma "matéria" falaciosa da nossa querida imprensa!
Não adianta, se queremos notícias confiáveis sobre defesa nesse país temos que ir direto na fonte, não dá pra confiar nessa imprensa marrom.
Não adianta, se queremos notícias confiáveis sobre defesa nesse país temos que ir direto na fonte, não dá pra confiar nessa imprensa marrom.
- Marino
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Re: Brasil tem de construir seus navios de guerra e submarinos
Caro Leandro
Muito do que já está acertado com a França não foi divulgado. Então ...
Mas uma coisa podemos ver: a França condiciona a "ajuda" a compra do Scorpene, que é um sub oceânico, diferente dos alemães.
Por qual motivo? Como vc mesmo escreveu, a MB pretende aumentar o nº de subs convencionais, e isto força a mudança de fornecedor, alijando a Alemanha de mais um país. É uma guerra de vida ou morte entre indústrias, tipo Embraer e Bombardier.
A compra será prejudicial ao Brasil (a MB)? Negativo, MUITO pelo contrário.
Um dia espero poder contar os "bastidores" a que tive acesso.
Forte abraço
Muito do que já está acertado com a França não foi divulgado. Então ...
Mas uma coisa podemos ver: a França condiciona a "ajuda" a compra do Scorpene, que é um sub oceânico, diferente dos alemães.
Por qual motivo? Como vc mesmo escreveu, a MB pretende aumentar o nº de subs convencionais, e isto força a mudança de fornecedor, alijando a Alemanha de mais um país. É uma guerra de vida ou morte entre indústrias, tipo Embraer e Bombardier.
A compra será prejudicial ao Brasil (a MB)? Negativo, MUITO pelo contrário.
Um dia espero poder contar os "bastidores" a que tive acesso.
Forte abraço
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Barão do Rio Branco
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