200 anos do CFN
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- Marino
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200 anos do CFN
Salva de tiros e palmas
Corpo de Fuzileiros Navais completa 200 anos sexta-feira. Comemoração começa hoje, com troca de guarda no Aterro
Élcio Braga
Rio - Os fuzileiros navais estão com uma missão de fazer perder o sono. Mesmo para quem atua em conflitos pelo mundo, como no Haiti, não será nada fácil. A tropa se prepara exaustivamente para entrar em ação. Tanta ansiedade tem fundamento: o Corpo de Fuzileiros Navais realiza sexta-feira cerimônia em comemoração aos seus 200 anos, na Ilha das Cobras, sede do comando-geral. Soldados em uniforme de gala e disparos de canhões históricos saudarão autoridades e convidados. Para quem sempre lutou para fazer bonito, a hora é de dar show.
E tem muito mais. O calendário de eventos se estende até dezembro. Haverá encontro de veteranos, regata de remo, corrida rústica no Aterro, lançamento de livros sobre a história da corporação. A data tornou especial hoje, às 10h, a troca da guarda no Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial.
O bicentenário dos fuzileiros ganhou destaque no Carnaval. A banda sinfônica da corporação recebeu aplausos do público ao abrir os desfiles do Grupo Especial, mês passado.
“O Corpo de Fuzileiros Navais é uma tropa de elite da Marinha do Brasil. Os militares que a compõem entram para servir por pelo menos 3 anos”, diz o capitão-de-mar-e-guerra Rogério Lopes da Silva, chefe de gabinete do comando-geral. Atualmente, a Força conta com 15 mil homens espalhados pelo País. As inscrições para o concurso para formação de fuzileiros foram encerradas mês passado.
O capitão-tenente Márcio Abreu Caldas, 33 anos, despertou o interesse pelo Corpo de Fuzileiros quando estava no Colégio Naval. Em 1996, graças à boa classificação, ingressou na Força. “Aprendi muito. Somos treinados para um dia ir para a guerra”, diz ele. Em 2006, integrou o quinto contingente de soldados brasileiros no Haiti. “Vi a pobreza e a corrupção em sua forma mais impressionante”, conta ele, hoje imediato da Companhia de Polícia do Batalhão da Ilha das Cobras.
O Corpo de Fuzileiros deve a sua origem à Brigada Real da Marinha Portuguesa, criada por alvará de D. Maria I em 1797. Seus soldados participaram da escolta à Família Real até o Rio, e a chegada em 7 de março de 1808 é considerada a data de nascimento do Corpo de Fuzileiros no Brasil.
A primeira missão foi invadir Caiena, capital da Guiana Francesa, represália a Napoleão Bonaparte. Fuzileiros se juntaram às tropas do Grão-Pará para conquistar a vitória, em 1809.
O comando-geral da corporação fica na Fortaleza de São José, na Ilha das Cobras, na entrada da baía. Galeria subterrânea que interligava construções está aberta à visitação. “Este acervo é por onde contamos toda a história dos fuzileiros desde aquela época até hoje. Fizemos escavação dentro da Ilha das Cobras. Descobrimos peças de grande valor histórico. São fragmentos de porcelana, medalhas, níqueis, botões de fardamento”, diz o suboficial Sérgio Nascimento.
Para saber mais, visite o Museu dos Fuzileiros, com entrada pelo 1º Distrito Naval, no Centro. Agende a visita, grátis, por (21) 2126-5053. Você descobrirá por que a missão ‘Apagar as Velinhas’ é tão importante para os fuzileiros e para o Brasil.
UNIFORME É O MESMO
O uniforme usado pelos fuzileiros que trouxeram a Família Real ainda está em uso. A Companhia de Polícia do Batalhão Naval o mantém em apresentações especiais. O soldado Ítalo Márcio Gomes, 23 anos, acredita que o traje conserva uma magia. “É verdade que a gente fica bem visto”, conta. O soldado Roberto Rivelino Calixto de Oliveira, 20, pretende continuar. “Quero seguir carreira militar”, confirma ele, que terá de fazer curso para cabo.
Tropa de elite da Marinha, o Corpo de Fuzileiros está presente em outras partes do planeta. Como observadores da Organização das Nações Unidas (ONU), passaram pela ex-Iugoslávia, Moçambique, Ruanda, Paquistão e Timor Leste, entre muitos outros. Atualmente, participam das missões de desativação de minas nas américas Central e do Sul.
Os fuzileiros sempre gostam de lembrar frase deixada pela escritora Rachel de Queiroz, madrinha da guarda: “Quando se houverem acabado os soldados no mundo, quando reinar a paz absoluta, que fiquem pelo menos os fuzileiros, como exemplo de tudo de belo e fascinante que eles foram”
Corpo de Fuzileiros Navais completa 200 anos sexta-feira. Comemoração começa hoje, com troca de guarda no Aterro
Élcio Braga
Rio - Os fuzileiros navais estão com uma missão de fazer perder o sono. Mesmo para quem atua em conflitos pelo mundo, como no Haiti, não será nada fácil. A tropa se prepara exaustivamente para entrar em ação. Tanta ansiedade tem fundamento: o Corpo de Fuzileiros Navais realiza sexta-feira cerimônia em comemoração aos seus 200 anos, na Ilha das Cobras, sede do comando-geral. Soldados em uniforme de gala e disparos de canhões históricos saudarão autoridades e convidados. Para quem sempre lutou para fazer bonito, a hora é de dar show.
E tem muito mais. O calendário de eventos se estende até dezembro. Haverá encontro de veteranos, regata de remo, corrida rústica no Aterro, lançamento de livros sobre a história da corporação. A data tornou especial hoje, às 10h, a troca da guarda no Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial.
O bicentenário dos fuzileiros ganhou destaque no Carnaval. A banda sinfônica da corporação recebeu aplausos do público ao abrir os desfiles do Grupo Especial, mês passado.
“O Corpo de Fuzileiros Navais é uma tropa de elite da Marinha do Brasil. Os militares que a compõem entram para servir por pelo menos 3 anos”, diz o capitão-de-mar-e-guerra Rogério Lopes da Silva, chefe de gabinete do comando-geral. Atualmente, a Força conta com 15 mil homens espalhados pelo País. As inscrições para o concurso para formação de fuzileiros foram encerradas mês passado.
O capitão-tenente Márcio Abreu Caldas, 33 anos, despertou o interesse pelo Corpo de Fuzileiros quando estava no Colégio Naval. Em 1996, graças à boa classificação, ingressou na Força. “Aprendi muito. Somos treinados para um dia ir para a guerra”, diz ele. Em 2006, integrou o quinto contingente de soldados brasileiros no Haiti. “Vi a pobreza e a corrupção em sua forma mais impressionante”, conta ele, hoje imediato da Companhia de Polícia do Batalhão da Ilha das Cobras.
O Corpo de Fuzileiros deve a sua origem à Brigada Real da Marinha Portuguesa, criada por alvará de D. Maria I em 1797. Seus soldados participaram da escolta à Família Real até o Rio, e a chegada em 7 de março de 1808 é considerada a data de nascimento do Corpo de Fuzileiros no Brasil.
A primeira missão foi invadir Caiena, capital da Guiana Francesa, represália a Napoleão Bonaparte. Fuzileiros se juntaram às tropas do Grão-Pará para conquistar a vitória, em 1809.
O comando-geral da corporação fica na Fortaleza de São José, na Ilha das Cobras, na entrada da baía. Galeria subterrânea que interligava construções está aberta à visitação. “Este acervo é por onde contamos toda a história dos fuzileiros desde aquela época até hoje. Fizemos escavação dentro da Ilha das Cobras. Descobrimos peças de grande valor histórico. São fragmentos de porcelana, medalhas, níqueis, botões de fardamento”, diz o suboficial Sérgio Nascimento.
Para saber mais, visite o Museu dos Fuzileiros, com entrada pelo 1º Distrito Naval, no Centro. Agende a visita, grátis, por (21) 2126-5053. Você descobrirá por que a missão ‘Apagar as Velinhas’ é tão importante para os fuzileiros e para o Brasil.
UNIFORME É O MESMO
O uniforme usado pelos fuzileiros que trouxeram a Família Real ainda está em uso. A Companhia de Polícia do Batalhão Naval o mantém em apresentações especiais. O soldado Ítalo Márcio Gomes, 23 anos, acredita que o traje conserva uma magia. “É verdade que a gente fica bem visto”, conta. O soldado Roberto Rivelino Calixto de Oliveira, 20, pretende continuar. “Quero seguir carreira militar”, confirma ele, que terá de fazer curso para cabo.
Tropa de elite da Marinha, o Corpo de Fuzileiros está presente em outras partes do planeta. Como observadores da Organização das Nações Unidas (ONU), passaram pela ex-Iugoslávia, Moçambique, Ruanda, Paquistão e Timor Leste, entre muitos outros. Atualmente, participam das missões de desativação de minas nas américas Central e do Sul.
Os fuzileiros sempre gostam de lembrar frase deixada pela escritora Rachel de Queiroz, madrinha da guarda: “Quando se houverem acabado os soldados no mundo, quando reinar a paz absoluta, que fiquem pelo menos os fuzileiros, como exemplo de tudo de belo e fascinante que eles foram”
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Parabéns antecipados ao grande CFN!
"Veni, vidi, vinci" - Júlio Cesar
http://www.jornalopcao.com.br/index.asp ... djornal=43
Every time you feed a troll, God kills a kitten. Please, think of the kittens
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- Marino
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1808: Duzentos Anos de História
Lulu Santos participa, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, das Comemorações dos 200° Aniversário do Corpo de Fuzileiros Navais e da Chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil.
A Banda Sinfônica do Corpo de Fuzileiros Navais fará uma apresentação no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, dia 25 de março, às 20h. O espetáculo resgata a história dos combatentes anfíbios, que aportaram no Rio de Janeiro em 07 de março de 1808, escoltando a Família Real Portuguesa em sua transmigração para o Brasil.
O evento, de aproximadamente 2h, conterá obras eruditas e populares de cunho clássico, em arranjos feitos para a Banda Sinfônica, como, por exemplo, BOLERO, HINO AO AMOR, AMAZING GRACE e O ÚLTIMO DOS MOICANOS.
O espetáculo musical contará com a participação especial do cantor Lulu Santos que, com suas canções “COMO UMA ONDA” e “DESCOBRIDOR DOS SETE MARES”, enriquecerá o evento.
A Banda Sinfônica do Corpo de Fuzileiros Navais se diferencia das orquestras sinfônicas e das bandas tradicionais pela diversidade de sua formação instrumental e abrangência de repertório, transitando do erudito ao popular. Desta forma, além dos instrumentos normalmente empregados pelas bandas convencionais, utiliza toda a família das madeiras, metais, vasto naipe de percussão e cordas (piano, contrabaixos e violoncelos), incluindo a participação especial das gaitas escocesas.
Atualmente, a Banda Sinfônica é composta por um regente, 78 músicos, um coro de 30 vozes, e solistas cantores, entre Suboficiais e Sargentos Fuzileiros Navais, de ambos os sexos. A Companhia de Bandas está localizada na histórica Fortaleza de São José da Ilha das Cobras, no Centro do Rio de Janeiro.
Lulu Santos participa, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, das Comemorações dos 200° Aniversário do Corpo de Fuzileiros Navais e da Chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil.
A Banda Sinfônica do Corpo de Fuzileiros Navais fará uma apresentação no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, dia 25 de março, às 20h. O espetáculo resgata a história dos combatentes anfíbios, que aportaram no Rio de Janeiro em 07 de março de 1808, escoltando a Família Real Portuguesa em sua transmigração para o Brasil.
O evento, de aproximadamente 2h, conterá obras eruditas e populares de cunho clássico, em arranjos feitos para a Banda Sinfônica, como, por exemplo, BOLERO, HINO AO AMOR, AMAZING GRACE e O ÚLTIMO DOS MOICANOS.
O espetáculo musical contará com a participação especial do cantor Lulu Santos que, com suas canções “COMO UMA ONDA” e “DESCOBRIDOR DOS SETE MARES”, enriquecerá o evento.
A Banda Sinfônica do Corpo de Fuzileiros Navais se diferencia das orquestras sinfônicas e das bandas tradicionais pela diversidade de sua formação instrumental e abrangência de repertório, transitando do erudito ao popular. Desta forma, além dos instrumentos normalmente empregados pelas bandas convencionais, utiliza toda a família das madeiras, metais, vasto naipe de percussão e cordas (piano, contrabaixos e violoncelos), incluindo a participação especial das gaitas escocesas.
Atualmente, a Banda Sinfônica é composta por um regente, 78 músicos, um coro de 30 vozes, e solistas cantores, entre Suboficiais e Sargentos Fuzileiros Navais, de ambos os sexos. A Companhia de Bandas está localizada na histórica Fortaleza de São José da Ilha das Cobras, no Centro do Rio de Janeiro.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: 200 anos do CFN
COMANDO-GERAL DO CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS
RIO DE JANEIRO, RJ.
Em 7 de março de 2008.
ORDEM DO DIA Nº 1/2008
Assunto: Bicentenário do Corpo de Fuzileiros Navais
Completar duzentos anos de dedicação à Pátria, presentes, sempre, nos
momentos marcantes de nossa História, desempenhando com competência as
tarefas que a Marinha nos tem atribuído, angariando o carinho e o
afeto da nação, é feito que aos Fuzileiros Navais muito deve
orgulhar.
Não nos inebriemos, contudo, pelas justas comemorações que viveremos
ao longo deste ano, sem antes refletir sobre as referências mais caras
que nos trouxeram a viver este momento e que deverão continuar a nos
motivar para que estejamos, sempre, aptos a responder, prontamente,
aos ditames da Marinha e do Brasil.
Embora o rigorismo histórico sugira que nossas raízes fincam-se no
final do século dezoito, começamos a contar nossa venturosa existência
a partir de 7 de março de 1808, dia em que a Brigada Real da Marinha
aportou no Rio de Janeiro, dando por finda sua missão de guarnecer as
naus e embarcações de guerra da Armada Real Portuguesa que demandaram
a imensidão do mar oceano, a fim de transmigrar para o Brasil as armas
e os barões assinalados.
Desde sua chegada ao Rio de Janeiro, a Brigada Real da Marinha, que
nunca mais deixou o Brasil, empenhou-se em honrar os valores que
motivaram sua criação. Ainda em 1808, foi empregada na conquista de
Caiena, reação imediata de D. João à invasão francesa de sua terra
natal. Mais uma missão que cumpriu com pleno êxito.
Em decorrência de seus relevantes serviços, D.Pedro resolveu, por
provisão de 31 de agosto de 1822, dar-lhe nova organização,
denominando-a Corpo de Artilharia da Marinha, com oficialidade da
mesma arma e com efetivo de 4000 praças destinados a guarnecer a
esquadra, fortalezas, estabelecimentos navais e portos do Brasil,
tarefas que acrescidas da projeção de poder continuamos a cumprir até
os dias de hoje com o mesmo destemor e disciplina.
À projeção de poder logo tivemos que nos dedicar, a fim de responder à
razão primeira da criação da Marinha do Brasil: assegurar a
integridade do solo pátrio. Assim, quando em 3 de janeiro de 1823,
Delamare suspendeu do Rio de Janeiro com destino à Bahia, sua esquadra
contava com um destacamento de 1413 praças, artilheiros e fuzileiros,
aos quais se vieram juntar mais 950 chegados com Lord Cochrane,
totalizando 2363 praças do Corpo de Artilharia da Marinha que ombro a
ombro com os imperiais marinheiros operaram no mar e em terra por
ocasião das lutas da Independência.
Quão raras são as marinhas do mundo que podem orgulhar-se de tão belo
feito no nascedouro de suas pátrias!
Desde então, os Fuzileiros - Marinheiros da Brigada Real da Marinha,
embora sob diferentes denominações, envolveram-se em todos os
conflitos internos e externos que ameaçaram a integridade brasileira
ou seus interesses. A História do Corpo de Fuzileiros Navais confunde-
se com a própria História do Brasil. No altar da Pátria, 1622
Fuzileiros Navais imolaram-se por um Brasil uno e soberano.
A esses Fuzileiros Navais, em quem poder não teve a morte, que não
fugiram ao seu destino, nem quiseram servir a outra Bandeira, somos
devedores de profundo preito de respeito e admiração.
Desde que regressamos de Caiena, em 1809, ocupamos esta majestosa
Fortaleza de São José que a brisa marinha vem diariamente beijar para
nos lembrar que somos gente do mar. Portanto, nossa formação, cultura,
adestramento, organização e meios devem obrigatoriamente subordinar-se
ao ambiente marítimo e aos condicionantes da guerra no mar.
Neste venerável pátio, desde então, vêm sendo depositados os sonhos,
as esperanças, o suor, a dedicação, o sangue e a crença de todos os
Fuzileiros Navais, de hoje e os de sempre, que se permitiram sonhar
desmesuradas utopias, mas que, em contrapartida, jamais delas se
afastaram.
Pois, foi o compromisso que mantiveram com suas utopias que lhes
possibilitou, não só, construir o Corpo de Fuzileiros Navais ao qual
temos tanto orgulho em pertencer, mas, sobretudo, fecundar na Marinha
uma doutrina anfíbia que veio a lhe conferir diferencial de expressivo
valor estratégico. Feito que se torna ainda mais admirável, na medida
em que se constata que sua gestação se deu em uma conjuntura em que o
pensamento estratégico naval brasileiro, condicionado pelas
traumáticas experiências vividas no mar, durante as duas Grandes
Guerras, encontrava-se voltado para a proteção do tráfego marítimo em
que não havia espaço para a dimensão anfíbia.
Este é um extraordinário legado que não temos, quaisquer que sejam as
procelas vindouras, o direito de macular.
Hoje, na medida em que os conflitos mais se aproximam das fímbrias dos
mares, o Corpo de Fuzileiros Navais constitui instrumento anfíbio de
grande valor dissuasório. Nossas características de prontidão
operativa e capacidade expedicionária conferem ao Poder Naval
brasileiro credibilidade ao exercício de sua presença, razão porque, a
Marinha, cônscia da importância de sua capacidade de projetar poder
nos cenários de interesse, tem atribuído prioridade à manutenção e à
obtenção de novos meios que lhe assegurem adequado e harmônico
conjugado anfíbio, ainda que só o possa fazer, mediante o sacrifício
de outras necessidades igualmente essenciais.
A este esforço só nos resta retribuir com mais profissionalismo, com
mais dedicação, com mais entusiasmo.
Portanto, Fuzileiros Navais, nesta data tão significativa, exorto-
os.
A portarem orgulhosos nosso Estandarte, mas a desprezarem a soberba
que impede a correção de erros e equívocos, pois seria veleidade
julgar que não os temos.
A cultivarem o profissionalismo, só alcançável mediante árduo e
diuturno adestramento, ao invés da improvisação da esperteza e do
safismo que, ao fim e ao cabo, tudo degrada.
A submeterem-se à servidão da disciplina, sem confundi-la, contudo,
com a subserviência que abastarda e humilha.
A sonharem utopias, mas a manterem com elas inarredável compromisso,
para que possam realizá-las.
A serem senhores do próprio destino, para que outros não se
assenhoreiem dele. Enfim, a fazerem do serviço da Pátria uma devoção,
pois, onde houver um Fuzileiro Naval ali há de haver: honra, dignidade e
acendrado amor ao Brasil.
ADSUMUS!
VIVA A MARINHA!
ALVARO AUGUSTO DIAS MONTEIRO
Almirante-de-Esquadra (FN)
Comandante-Geral
RIO DE JANEIRO, RJ.
Em 7 de março de 2008.
ORDEM DO DIA Nº 1/2008
Assunto: Bicentenário do Corpo de Fuzileiros Navais
Completar duzentos anos de dedicação à Pátria, presentes, sempre, nos
momentos marcantes de nossa História, desempenhando com competência as
tarefas que a Marinha nos tem atribuído, angariando o carinho e o
afeto da nação, é feito que aos Fuzileiros Navais muito deve
orgulhar.
Não nos inebriemos, contudo, pelas justas comemorações que viveremos
ao longo deste ano, sem antes refletir sobre as referências mais caras
que nos trouxeram a viver este momento e que deverão continuar a nos
motivar para que estejamos, sempre, aptos a responder, prontamente,
aos ditames da Marinha e do Brasil.
Embora o rigorismo histórico sugira que nossas raízes fincam-se no
final do século dezoito, começamos a contar nossa venturosa existência
a partir de 7 de março de 1808, dia em que a Brigada Real da Marinha
aportou no Rio de Janeiro, dando por finda sua missão de guarnecer as
naus e embarcações de guerra da Armada Real Portuguesa que demandaram
a imensidão do mar oceano, a fim de transmigrar para o Brasil as armas
e os barões assinalados.
Desde sua chegada ao Rio de Janeiro, a Brigada Real da Marinha, que
nunca mais deixou o Brasil, empenhou-se em honrar os valores que
motivaram sua criação. Ainda em 1808, foi empregada na conquista de
Caiena, reação imediata de D. João à invasão francesa de sua terra
natal. Mais uma missão que cumpriu com pleno êxito.
Em decorrência de seus relevantes serviços, D.Pedro resolveu, por
provisão de 31 de agosto de 1822, dar-lhe nova organização,
denominando-a Corpo de Artilharia da Marinha, com oficialidade da
mesma arma e com efetivo de 4000 praças destinados a guarnecer a
esquadra, fortalezas, estabelecimentos navais e portos do Brasil,
tarefas que acrescidas da projeção de poder continuamos a cumprir até
os dias de hoje com o mesmo destemor e disciplina.
À projeção de poder logo tivemos que nos dedicar, a fim de responder à
razão primeira da criação da Marinha do Brasil: assegurar a
integridade do solo pátrio. Assim, quando em 3 de janeiro de 1823,
Delamare suspendeu do Rio de Janeiro com destino à Bahia, sua esquadra
contava com um destacamento de 1413 praças, artilheiros e fuzileiros,
aos quais se vieram juntar mais 950 chegados com Lord Cochrane,
totalizando 2363 praças do Corpo de Artilharia da Marinha que ombro a
ombro com os imperiais marinheiros operaram no mar e em terra por
ocasião das lutas da Independência.
Quão raras são as marinhas do mundo que podem orgulhar-se de tão belo
feito no nascedouro de suas pátrias!
Desde então, os Fuzileiros - Marinheiros da Brigada Real da Marinha,
embora sob diferentes denominações, envolveram-se em todos os
conflitos internos e externos que ameaçaram a integridade brasileira
ou seus interesses. A História do Corpo de Fuzileiros Navais confunde-
se com a própria História do Brasil. No altar da Pátria, 1622
Fuzileiros Navais imolaram-se por um Brasil uno e soberano.
A esses Fuzileiros Navais, em quem poder não teve a morte, que não
fugiram ao seu destino, nem quiseram servir a outra Bandeira, somos
devedores de profundo preito de respeito e admiração.
Desde que regressamos de Caiena, em 1809, ocupamos esta majestosa
Fortaleza de São José que a brisa marinha vem diariamente beijar para
nos lembrar que somos gente do mar. Portanto, nossa formação, cultura,
adestramento, organização e meios devem obrigatoriamente subordinar-se
ao ambiente marítimo e aos condicionantes da guerra no mar.
Neste venerável pátio, desde então, vêm sendo depositados os sonhos,
as esperanças, o suor, a dedicação, o sangue e a crença de todos os
Fuzileiros Navais, de hoje e os de sempre, que se permitiram sonhar
desmesuradas utopias, mas que, em contrapartida, jamais delas se
afastaram.
Pois, foi o compromisso que mantiveram com suas utopias que lhes
possibilitou, não só, construir o Corpo de Fuzileiros Navais ao qual
temos tanto orgulho em pertencer, mas, sobretudo, fecundar na Marinha
uma doutrina anfíbia que veio a lhe conferir diferencial de expressivo
valor estratégico. Feito que se torna ainda mais admirável, na medida
em que se constata que sua gestação se deu em uma conjuntura em que o
pensamento estratégico naval brasileiro, condicionado pelas
traumáticas experiências vividas no mar, durante as duas Grandes
Guerras, encontrava-se voltado para a proteção do tráfego marítimo em
que não havia espaço para a dimensão anfíbia.
Este é um extraordinário legado que não temos, quaisquer que sejam as
procelas vindouras, o direito de macular.
Hoje, na medida em que os conflitos mais se aproximam das fímbrias dos
mares, o Corpo de Fuzileiros Navais constitui instrumento anfíbio de
grande valor dissuasório. Nossas características de prontidão
operativa e capacidade expedicionária conferem ao Poder Naval
brasileiro credibilidade ao exercício de sua presença, razão porque, a
Marinha, cônscia da importância de sua capacidade de projetar poder
nos cenários de interesse, tem atribuído prioridade à manutenção e à
obtenção de novos meios que lhe assegurem adequado e harmônico
conjugado anfíbio, ainda que só o possa fazer, mediante o sacrifício
de outras necessidades igualmente essenciais.
A este esforço só nos resta retribuir com mais profissionalismo, com
mais dedicação, com mais entusiasmo.
Portanto, Fuzileiros Navais, nesta data tão significativa, exorto-
os.
A portarem orgulhosos nosso Estandarte, mas a desprezarem a soberba
que impede a correção de erros e equívocos, pois seria veleidade
julgar que não os temos.
A cultivarem o profissionalismo, só alcançável mediante árduo e
diuturno adestramento, ao invés da improvisação da esperteza e do
safismo que, ao fim e ao cabo, tudo degrada.
A submeterem-se à servidão da disciplina, sem confundi-la, contudo,
com a subserviência que abastarda e humilha.
A sonharem utopias, mas a manterem com elas inarredável compromisso,
para que possam realizá-las.
A serem senhores do próprio destino, para que outros não se
assenhoreiem dele. Enfim, a fazerem do serviço da Pátria uma devoção,
pois, onde houver um Fuzileiro Naval ali há de haver: honra, dignidade e
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ADSUMUS!
VIVA A MARINHA!
ALVARO AUGUSTO DIAS MONTEIRO
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Re: 200 anos do CFN
ADSUMUS
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Re: 200 anos do CFN
Mensagem do Pres. Lula:
https://www.mar.mil.br/menu_h/noticias/ ... ao_CFN.pdf
Mensagem do CM:
https://www.mar.mil.br/menu_h/noticias/ ... osCFN.html
https://www.mar.mil.br/menu_h/noticias/ ... ao_CFN.pdf
Mensagem do CM:
https://www.mar.mil.br/menu_h/noticias/ ... osCFN.html
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- Vinicius Pimenta
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Re: 200 anos do CFN
AD SUMUS!
Já tive a oportunidade de conhecer in loco um pouco do trabalho dos FN e realmente tenho bastante orgulho de possuirmos uma tropa tão fantástica.
Já tive a oportunidade de conhecer in loco um pouco do trabalho dos FN e realmente tenho bastante orgulho de possuirmos uma tropa tão fantástica.
Vinicius Pimenta
Você é responsável pelo ambiente e a qualidade do fórum que participa. Faça sua parte.
Você é responsável pelo ambiente e a qualidade do fórum que participa. Faça sua parte.
Re: 200 anos do CFN
Parabéns a eles que apesar de toda falta de reconhecimento e gratidão, cumprem seu dever sem o menor sinal de contestação!
Pena que não merecem um reconhecimento bem maior dos cidadãos brasileiros.
Pena que não merecem um reconhecimento bem maior dos cidadãos brasileiros.
[<o>]
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Re:
Marino escreveu:Vou tentar saber e posto como adquirir. Creio que ainda não foi divulgado.FIGHTERCOM escreveu:Marino,
Fiquei interessado em obter o livro mencionado. Você teria maiores informações sobre o mesmo?
Abraços,
Wesley
Amigo Marino,
Você conseguiu obter alguma informação sobre o mencionado livro?
Abraços,
Wesley
"A medida que a complexidade aumenta, as declarações precisas perdem relevância e as declarações relevantes perdem precisão." Lofti Zadeh
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Re: Re:
Ainda não foi publicado.FIGHTERCOM escreveu:Marino escreveu: Vou tentar saber e posto como adquirir. Creio que ainda não foi divulgado.
Amigo Marino,
Você conseguiu obter alguma informação sobre o mencionado livro?
Abraços,
Wesley
Tô de olho.
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Barão do Rio Branco
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