A recente declaração por parte das autoridades militares da Argélia, em que se afirmou que o país pretende devolver à Rússia os caças MiG-29SMT que foram adquiridos em 2006 e 2007, tem colocado as atenções de muitos analistas internacionais na qualidade dos produtos manufacturados na Rússia.
As 36 aeronaves fornecidas à Argélia ainda no ano passado, terão apresentado vários problemas de manutenção e a percentagem de disponibilidade da frota foi extremamente reduzida por causa disso. As aeronaves apresentam problemas, são colocadas no chão aguardando pelas de substituição que normalmente demoram demasiado tempo para chegar.
Já segundo a agência France Press, técnicos russos da empresa fabricante terão afirmado que a substituição dos MiG-29SMT comprados em 2002 poderá ser efectuada se, e só se, a Argélia aceitar substituir os MiG-29SMT presentemente aos serviço, por aeronaves do mesmo tipo, mas mais modernas, como o MiG-29M2 ou o MiG-35.
A acreditar noutras fontes também de origem francesa, as aeronaves fornecidas à Argélia eram na realidade velhos MiG-29 convertidos para o padrão SMT e que tinham já 15 anos de idade. No entanto as autoridades russas, confirmaram esta versão adiantando porém que a idade das células originais era conhecida de antemão. Um MiG-29 pode ser submetido a um MLU, como qualquer F-16. A versão MiG-29SMT vendida, é na realidade um MiG-29MLU, resultado da modernização de uma aeronave mais antiga.
Já se a Argélia se apercebeu ou não do caso isso não se sabe, pois a idade das células parece ter sido a principal razão do corte de relações entre a Rosoboronexport - o consórcio exportador de armas da Rússia e as autoridades argelinas.
A venda de «novas» aeronaves russas à Argélia foi noticiada como sendo uma contrapartida pelo perdão da dívida argelina à Rússia, que se cifrava em 6.300 milhões de dólares americanos.
Os problemas não se restringem à Argélia, porque recentemente um fornecimento de aeronaves MiG-29SMT para a força aérea da Síria parece ter apresentado o mesmo tipo de problemas.
No caso Sírio, foram fornecidos 14 MiG-29SMT que segundo os dados conhecidos não foram na realidade aeronaves novas. Ou seja, todos os MiG-29 fornecidos à Síria, foram produzidos na fábrica de Nizhni-Novgorod, a qual está apta apenas a efectuar modernizações em aeronaves MiG-29 mais antigas, o que levou a concluir que a Rússia tem fornecido aeronaves em segunda mão «disfarçadas» de aeronaves modernas.
Aeronaves da família Sukhoi: Problemas na Venezuela com Su-30 anteriormente recusados pela China
Sukhoi Su-30 também sob escrutínio
A venda à Venezuela de aviões Su-30 também não escapa ao escrutínio, pois segundo as informações disponíveis na própria Venezuela, os aviões fornecidos à Força Aérea de Hugo Chaves, foram aviões Su-30 recusados pela China por não estarem de acordo com as exigências chinesas e não corresponderem ao estipulado nos contratos de fornecimento. A Venezuela estará neste momento a aguardar que os russos respondam às questões entretanto levantadas, sem que até ao momento tenha existido qualquer resposta.
Carneiro disfarçado de Ovelha
A indústria aeronáutica russa está debaixo de fogo, sendo acusada de fornecer carneiros disfarçados de ovelhas. Os problemas parecem ter a ver com a tentativa por parte dos russos de aproveitarem um grande numero de células de aeronaves MiG-29 com relativamente poucas horas de uso que foram desactivadas depois da dissolução da URSS.
A ideia, é efectuar modernizações MLU, como as que se fazem em aeronaves como o F-16 e apresentar a aeronave com um outro nome.
O problema dessas aeronaves não é tanto de idade, como principalmente o conceito que obedeceu à sua concepção. Trata-se de aeronaves construídas ainda no tempo da URSS, pensadas para durar relativamente pouco tempo em combate.
Por isto as aeronaves, como grande número de equipamentos russos, não foram pensados para grandes intervenções de manutenção que sempre foram consideradas supérfluas por parte dos russos.
A industria russa tem no entanto feito tentativas com o objectivo de aproximar os seus padrões dos padrões ocidentais. As autoridades ligadas ao sector exportador parecem agora colocar esperanças nos modelos derivados do MiG-29, como o MiG-35.
Mas o MiG-35 é apenas um projecto de aeronave e a Rússia apenas tem apresentado aviões MiG-29 antigos modificados e incluindo todos os componentes do MiG-35 e especialmente os novos motores com vectorização de impulso. Novos aviões não são construídos desde os anos 90.
A construção de novas aeronaves, para corresponder aos padrões normalmente exigidos aos fabricantes ocidentais, coloca a industria russa perante a necessidade de redesenhar completamente muitos dos sistemas, tendo mesmo que efectuar alterações profundas nas aeronaves.
Mas com essas alterações, outro problema se coloca à indústria russa. No caso de corresponder e conseguir cumprir com os padrões ocidentais de qualidade, disponibilidade e facilidade de manutenção, os preços dos equipamentos russos poderão deixar de ser um dos grandes argumentos de venda da Rosoboronexport.
Demonstrando esta realidade, temos os recentes problemas com a Índia e com a modernização/reconstrução do porta-aviões Admiral Gorshkov, em que os russos exigem que a Índia paga um valor bastante mais alto pelo navio, que aquele que inicialmente tinha sido contratado.
Fonte: http://www.areamilitar.net/noticias/noticias.aspx?nrnot=510
Qualidade Russa em causa.
Moderadores: Glauber Prestes, Conselho de Moderação