Fox escreveu:Lauro Melo escreveu:A Classe niterói são uma classe própria as MK10 um projeto que foi
específica do estaleiro Vosper para a MB. É um projeto notável. Melhor que
as Type 22 e 23. Pensava-se comprar 20 na época. Bem, ficou em seis.
Lauro, esse é o e-mail que você ficou de mandar?
Sobre o nome do fabricante e modelo, eu já tinha mencionado em minha ultima mensagem. Sobre a Type 22, como eu disse, são equivalente a Niterói, ou seja, pode ser um pouco pior ao até mesmo melhor. Mas acredito que seja melhor, porque os Ingleses construíram um projeto inteiramente novo, procurando corrigir todos os problemas evidenciados na Type 21.
Agora a Type 23 eu não concordo mesmo! Fazendo uma comparação esdrúxula, seria a mesma coisa que comparar o Gol primeira geração com a terceira geral (uma diferença de projeto de no mínimo 15 anos).
O fato de a Niterói ser derivada da Type 21, não quer dizer que essa não seja uma classe única.
Quero deixar claro que não estou dizendo que a classe Niterói não presta, ou algo parecido, mas não concordo com a opinião que essa classe e melhor que a Type 22 Batch 3 e Type 23.
Até mais..............................................................
Fox
Ao
Sr. Lauro Melo De Paula
BR - Petrobras - GOF/GACRE
Rio de Janeiro - RJ
Prezado Sr. Lauro Melo De Paula.
Recebi o seu e-mail e vou tentar te explicar por partes as tuas duvidas. Começo pela mais fácil, que é explicar o que vem a ser Reserva Naval. O exemplo que eu te dou é o dos Estados Unidos da América no final da Segunda Guerra Mundial. Naquele momento eles tinham todos os seus estaleiros voltados para o esforço de guerra, construindo embarcações de uso militar, que com o fim do conflito não tinham mais utilidade. Havia também uma força naval muito superior a realidade do pós-guerra. Os marinheiros começavam a ser dispensados e os navios tinham de receber algum destino. Muitos foram repassados para as marinhas amigas, outros simplesmente foram atracados em grandes áreas portuárias para, caso houvesse uma necessidade, serem postos novamente na ativa. Estes navios, novos ou com pouco uso, faziam parte da Reserva Naval dos EUA. No caso brasileiro isto não é algo comum de ocorrer, pois a nossa força naval é bem menor, e não possui um excesso de navios. Porem, devido a grande restrição nas verbas orçamentarias, tornou-se impossível manter todos os navios operando. A solução adotada, foi retirar do serviço ativo alguns dos navios para com a verba economizada poder manter os demais em condições de operação. Estes navios, por não estarem na ativa, passam a ter uma manutenção menor, mantendo-os em razoável estado de conservação. E caso seja necessária, podem voltar a atividade desde que recebam alguns preparativos intensivos. Em questão de alguns meses eles podem voltar a navegar nos padrões mínimos exigidos pela Marinha do Brasil. É claro, que estar na reserva por falta de verbas representa não receber uma manutenção ideal, logo sofrer uma deterioração maior do que se estivesse em atividade. Para um navio, ficar parado ou navegar constantemente podem ser prejudiciais. Pois parado ele sofre mais a ação da corrosão nos seus dutos internos, e navegando muito ele não sofre as devidas manutenções que poderia receber se tivesse uma atividade balanceada. A atividade gera um desgaste, que tem de ser constantemente reparada, controlada, para não se tornar um problema.
Com relação aos outros navios que sofreram baixa na Marinha do Brasil, o ano de 2002 foi muito significativo, pois nele mais de 10 navios deram baixa. Neles nos temos o Minas Gerais, Barrão de Tefé, corveta Bahiana, entre outros. Mas neste ano também ocorreu a baixa de outros dois contratorpedeiros da classe Para, semelhantes ao Pernambuco, e que era composta originalmente por quatro navios.
As fragatas da classe Niterói, por terem sido construídas no Brasil tem muitos equipamentos nacionalizados, cuja reposição é fácil e relativamente barata. Os demais navios dependem de peças vindas do exterior, o que resulta num custo maior e leva um tempo mais longo até o recebimento das peças. Aliado a isto, se comparar-mos as fragatas da classe Niterói com os contratorpedeiros, veremos que a tripulação destes é bem maior do que o das fragatas. Isto repercute novamente no custo de operação. Por fim o próprio sistema de propulsão é diferente e mais oneroso na sua operação. Assim sendo, na hora de se ter de retirar algum destes navios da atividade estes requisitos acabam pesando na decisão. Veja que um navio foi mantido, para poder servir de navio escola na formação de tripulantes. Pois com isto, no momento de serem reincorporados basta remanejar os tripulantes, mesclando pessoal com e sem experiência nesta classe de navio, para poder viabilizar a sua operacionalidade em curto espaço de tempo. Prever se isto ocorrera ou não é algo difícil. Creio que não. Pois estes navios são antigos e recupera-los gera um custo que a Marinha não possui condições de investir no momento. A tendência é de que eles venham a ser substituídos por outros navios no futuro. Sejam eles de segunda mão ou construídos no pais, o que seria ideal. Espero que com a explicação acima tu possa ter melhor compreendido, não só o que vem a ser Reserva Naval, mas o que é que esta ocorrendo.
O segundo ponto que vou te explicar diz respeito a comparação entre Marinha, Exercito e Aeronáutica, qual esta melhor equipada ou preparada na atualidade. O Exercito é muito grande frente aos recursos de que dispõe. Logo não pode manter uma força totalmente equipada nos padrões ideais. É uma política geral das forças armadas brasileira a de se manter algumas unidades sempre melhor equipadas, para poder manter o nível elevado. No caso do Exercito, estas unidades são conhecidas como Unidades de Pronto Emprego. Por exemplo: pára-quedistas, montanha, selva, a nova unidade anti-terror, e todas as unidades que podem servir representando o pais junto a ONU.
A força aérea, é uma força menor, com pilotos muito bem preparados, mas com equipamento muito aquém do ideal. O melhor equipamento da FAB são os aviões de patrulha ou vigilância aérea. Não pelo fato de serem novos, mas pelos equipamentos neles embarcados. Os AMX são relativamente novos, mas também não possuem radar capaz de suportar as necessidades atuais do campo de batalha.
A Marinha também é uma força relativamente pequena, com equipamentos relativamente atualizados, mas com um custo de manutenção e operação muito elevados. Os seus navios são de aço, e atuam no mar salgado, que é extremamente corrosivo. O custo, tanto de operação como de manutenção, também foi elevado com a aquisição das aeronaves de asa fixa, bem como do navio aeródromo São Paulo. A grande vantagem que a Marinha possui, sobre as demais forças, se baseia no fato dela possuir a muito mais tempo a cultura da importância tecnológica incorporada nos seus equipamentos. Os navios operam com radar e mísseis a muito mais tempo. Sem isto os navios não possuiriam o porque de sair ao mar, pois seriam alvos fáceis. A sobrevivência de um navio esta relacionada a tecnologia embarcada. E esta relação não é idêntica com a FAB e com o Exercito. Porem, a crise econômica acaba por igualar muito as forças, no seu pior sentido, o que é lastimável.
O terceiro item de que tu me pergunta diz respeito a uma possível classificação entre as marinhas dos países latino americanos. Isto é algo muito mais difícil de se fazer, pois os critérios são muito amplos. Se formos ver os meios disponíveis, temos de levar em consideração o estado de manutenção dos mesmos e os recursos disponíveis para operação. Ter algo não quer dizer muito, se este algo não possui condições de operar plenamente. A nível de marinhas latino-americanas a arma ais letal na atualidade são os seus submarinos, te-los em bom estado de operação e operando é muito significativo. O Brasil é o único pais que possui um navio aeródromo, o que é um diferencial, mas só serve para operações afastadas da costa. Pois caso contrario a analise teria de levar em conta o poder das forças aéreas nacionais. Os navios de superfície, possuem a sua importância no momento em que eles possibilitam que a força naval possa ser, embora pequena, completa em todas as suas funções e variáveis: defesa anti aérea, defesa anti-submarina, transporte de tropas, suprimentos poder de ataque aéreo e poder de ataque submarino. Porem tu tens de pensar, que a classificação de uma força naval deva se dar no nível em que ela esta apta a operar com outras forças navais de outros países. Esta capacidade de integração entre as forcas de outros países ou com as do seu próprio pais é que realmente interessam no cenário atual.
Creio que com estas explicações possa ter te auxiliado. Caso ainda haja alguma duvida pode perguntar. Não te prometo uma resposta rápida, pois estou estudando e tenho alguns compromissos que me tomam tempo. Mas no que for possível eu sempre respondo.
Atenciosamente.
Carlos
Membro da Sociedade Amigos da Marinha
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