Putin anuncia planos para fortalecer indústria militar russa
Em abertura de feira aeroespacial, presidente revela intenção de reposicionar a Rússia entre potências.
ZHUKOVSKY, Rússia - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, abriu nesta terça-feira, 21, a maior feira de aviação russa da era pós-soviética anunciando planos ambiciosos para reviver o poderio militar do país, assim como seu objetivo de transformar a ex-potência no maior produtor de aeronaves do planeta.
"A tarefa que temos a nossa frente é manter nossa liderança na produção de tecnologia militar para aviação", disse um orgulhoso Putin durante a abertura do evento em uma base área soviética desativada na cidade de Zhukovsky .
Ele também incentivou um incremento na produção de aeronaves civis. Os produtores russos "devem entrar de maneira mais proativa no mercado para aeronaves de passageiros e transportes, com uma produção mais competitiva", continuou.
Após o colapso soviético em 1991, o governo russo cortou drasticamente os gastos com sua indústria aeroespacial.
No entanto, as palavras de Putin vêm num momento em que o presidente tenta reafirmar a supremacia militar russa. Na semana passada, a o país realizou os primeiros exercícios militares com a China em solo russo e reiniciou a realização de patrulhas com bombardeios de longo alcance sobre os Oceanos Atlântico, Pacífico e Ártico.
O reinício desses vôos, que haviam sido cancelados com o fim da União Soviética, acontece em meio às crescentes tensões nas relações entre Estados Unidos e Rússia. Moscou rejeitou as críticas de Washington em relação às deficiências da democracia russa, posicionou-se contra a instalação de um sistema de mísseis na Europa e foi contrária a guerra do Iraque.
Nesta quarta-feira, um general de alta patente russo disse que a República Checa estaria cometendo "um grande erro" se permitir a instalação do escudo de mísseis americano em seu território.
Novos sistemas
Embora não concordem com as afirmações de Putin de que a Rússia já é o principal produtor de aeronaves militares, vários analistas vêem como significativos os avanços tecnológicos obtidos pelo país nos últimos anos, especialmente no campo de mísseis balísticos e nucleares de cruzeiro.
Nessa área estão inclusos os novos S-400 para interceptação de aeronaves e o míssil de cruzeiro supersônico Meteorit-A.
Segundo um analistas militar ouvido pelo diário britânico The Guardian, Putin não quer entrar em confronto com o Ocidente, mas está determinado a restabelecer a paridade estratégica da Rússia com os Estados Unidos após um período de fraqueza e humilhação na década de 1990.
Perguntado sobre o restabelecimento das patrulhas com bombardeios de longo alcance, o analista Ivan Safranchuk respondeu: "É significativo. Por 15 anos a liderança política russa vinha barrando os militares nesse assunto. Agora não estão mais."