O primeiro submarino e o último funeral
Enviado: Sáb Jun 05, 2004 1:36 pm
SERVIÇO FUNERÁRIO NA CAROLINA DO SUL HONRA TRIPULAÇÃO DE SUBMARINO DA GUERRA CIVIL.
Sat Apr 17, 2004 03:32 PM ET
CHARLESTON, CAROLINA DO SUL (Reuters) - Numa cena saída do século XIX, milhares de homens em uniformes da Guerra Civil e mulheres em saias-balão negras, se amontoaram nessa cidade no sábado, para prestar as últimas homenagens à tripulação do CSS "H.L. Hunley", o primeiro submarino a afundar uma belonave inimiga. O primitivo submarino confederado, acionado à manivela, desapareceu após meter uma carga de pólvora no "Housatonic" da União, em 17 de fevereiro de 1864, e jazia sepultado no leito marítimo, ao largo da Carolina do Sul até que um grupo, bancado pelo aventureiro escritor de best-seller, Clive Cussler, o encontrou em 1995.
Historiadores navais creditam a embarcação de 13 metros com o primeiro assalto submarino bem sucedido contra uma belonave inimiga. O "Hunley" foi trazido à superfície em 2000 e os restos mortais de sua tripulação de oito homens foram encontrados no seu interior.
"É tocante para nós ver tantas pessoas de todo o país vindo para honrar esses homens," disse Jeannie Clark, uma dos 28 descendentes do tripulante James Wicks a participar das cerimônias. "Eles, realmente, foram heróis de verdade, porque eles mudaram para sempre a forma como lutamos as guerras."
A série de rituais funerários, de dia inteiro, começou no parque chamado "A Bateria", que domina o porto e Forte Sumter, onde a mais sangrenta guerra da nação começou, em abril de 1861.
O Dr. William N. Dudley, um historiador do Centro Histórico Naval em Washington, descreveu o "Hunley" como "a mais importante descoberta e recuperação de um artefato naval na história de nossa nação."
Denominada como "o último funeral" da Guerra Civil, as cerimônias foram uma mistura surrealista de velho e novo. Reencenadores portando fuzis e baionetas, respondiam a celulares, que tocavam "Dixie". Mulheres em saias-balão e carregando sombrinhas negras formavam filas atrás de linhas de toiletes móveis.
O "Hunley" capturou a imaginação dos grupos da herança sulista que, freqüentemente, descrevem a "Guerra Entre os Estados" como uma luta pelos direitos dos estados, não pela escravidão.
"Alguns zombaram de nós por prestar tributo a esses homens porque eles eram confederados," afirmou Ronald Wilson, Comandante-Chefe dos Filhos dos Ex-Combatentes Confederados. Mas ele disse que a história do "Hunley" trata-se de "devoção ao dever", e por isso, "eles merecem nosso respeito".
Poucos negros estavam entre os mais de 10 mil reencenadores e espectadores que se alinhavam nas ruas de Charleston. Para muitos negros na Carolina do Sul, as cerimônias são "apenas mais brincadeiras confederadas," disse o Reverendo Joe Darby, à frente do ramo local da Associação Nacional para o Avanço das Pessoas de Cor. "Trata-se de apenas outro caso deles engrandecendo um período infeliz de nossa história".
Após a serviço de uma hora, na Bateria, carros de artilharia tirados à cavalo, carregando os restos mortais da tripulação, começaram procissão de 9 quilômetros através da cidade até o Cemitério Magnolia, onde seria efetuado o enterro, no final do sábado.
Nos fins dos anos 1870, o empresário artístico, P.T. Barnum ofereceu uma recompensa de $100.000,00 a qualquer um que encontrasse e resgatasse o vaso. Em meados dos anos 1990, Cussler dirigiu uma expedição que identificou sua localização. Pesquisadores recuperaram o submarino em agosto de 2000 e o removeram para um laboratório em North Charleston.
O submarino transformou-se em uma cápsula do tempo de ferro. Os restos da tripulação estavam bem preservados, fornecendo aos especialistas forenses, provas sobre suas origens e como viveram e trabalharam.
Pesquisadores descobriram que quatro deles eram imigrantes recentes da Europa, e apenas dois eram do Sul.
A história de George Dixon, o comandante do submarino, recebeu a maior atenção. Em 1862, na Batalha de Shiloh, uma bala atingiu sua perna, mas uma moeda de ouro presenteada por sua namorada, deteve o projétil. Arqueólogos recuperaram a moeda amassada, com os restos de Dixon no "Hunley".

Sat Apr 17, 2004 03:32 PM ET
CHARLESTON, CAROLINA DO SUL (Reuters) - Numa cena saída do século XIX, milhares de homens em uniformes da Guerra Civil e mulheres em saias-balão negras, se amontoaram nessa cidade no sábado, para prestar as últimas homenagens à tripulação do CSS "H.L. Hunley", o primeiro submarino a afundar uma belonave inimiga. O primitivo submarino confederado, acionado à manivela, desapareceu após meter uma carga de pólvora no "Housatonic" da União, em 17 de fevereiro de 1864, e jazia sepultado no leito marítimo, ao largo da Carolina do Sul até que um grupo, bancado pelo aventureiro escritor de best-seller, Clive Cussler, o encontrou em 1995.
Historiadores navais creditam a embarcação de 13 metros com o primeiro assalto submarino bem sucedido contra uma belonave inimiga. O "Hunley" foi trazido à superfície em 2000 e os restos mortais de sua tripulação de oito homens foram encontrados no seu interior.
"É tocante para nós ver tantas pessoas de todo o país vindo para honrar esses homens," disse Jeannie Clark, uma dos 28 descendentes do tripulante James Wicks a participar das cerimônias. "Eles, realmente, foram heróis de verdade, porque eles mudaram para sempre a forma como lutamos as guerras."
A série de rituais funerários, de dia inteiro, começou no parque chamado "A Bateria", que domina o porto e Forte Sumter, onde a mais sangrenta guerra da nação começou, em abril de 1861.
O Dr. William N. Dudley, um historiador do Centro Histórico Naval em Washington, descreveu o "Hunley" como "a mais importante descoberta e recuperação de um artefato naval na história de nossa nação."
Denominada como "o último funeral" da Guerra Civil, as cerimônias foram uma mistura surrealista de velho e novo. Reencenadores portando fuzis e baionetas, respondiam a celulares, que tocavam "Dixie". Mulheres em saias-balão e carregando sombrinhas negras formavam filas atrás de linhas de toiletes móveis.
O "Hunley" capturou a imaginação dos grupos da herança sulista que, freqüentemente, descrevem a "Guerra Entre os Estados" como uma luta pelos direitos dos estados, não pela escravidão.
"Alguns zombaram de nós por prestar tributo a esses homens porque eles eram confederados," afirmou Ronald Wilson, Comandante-Chefe dos Filhos dos Ex-Combatentes Confederados. Mas ele disse que a história do "Hunley" trata-se de "devoção ao dever", e por isso, "eles merecem nosso respeito".
Poucos negros estavam entre os mais de 10 mil reencenadores e espectadores que se alinhavam nas ruas de Charleston. Para muitos negros na Carolina do Sul, as cerimônias são "apenas mais brincadeiras confederadas," disse o Reverendo Joe Darby, à frente do ramo local da Associação Nacional para o Avanço das Pessoas de Cor. "Trata-se de apenas outro caso deles engrandecendo um período infeliz de nossa história".
Após a serviço de uma hora, na Bateria, carros de artilharia tirados à cavalo, carregando os restos mortais da tripulação, começaram procissão de 9 quilômetros através da cidade até o Cemitério Magnolia, onde seria efetuado o enterro, no final do sábado.
Nos fins dos anos 1870, o empresário artístico, P.T. Barnum ofereceu uma recompensa de $100.000,00 a qualquer um que encontrasse e resgatasse o vaso. Em meados dos anos 1990, Cussler dirigiu uma expedição que identificou sua localização. Pesquisadores recuperaram o submarino em agosto de 2000 e o removeram para um laboratório em North Charleston.
O submarino transformou-se em uma cápsula do tempo de ferro. Os restos da tripulação estavam bem preservados, fornecendo aos especialistas forenses, provas sobre suas origens e como viveram e trabalharam.
Pesquisadores descobriram que quatro deles eram imigrantes recentes da Europa, e apenas dois eram do Sul.
A história de George Dixon, o comandante do submarino, recebeu a maior atenção. Em 1862, na Batalha de Shiloh, uma bala atingiu sua perna, mas uma moeda de ouro presenteada por sua namorada, deteve o projétil. Arqueólogos recuperaram a moeda amassada, com os restos de Dixon no "Hunley".

