Espanha: Dificuldades para os submarinos S-80

Assuntos em discussão: Marinha do Brasil e marinhas estrangeiras, forças de superfície e submarinas, aviação naval e tecnologia naval.

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Koslova
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Espanha: Dificuldades para os submarinos S-80

#1 Mensagem por Koslova » Ter Ago 14, 2007 2:26 pm

Como reflexão para aqueles que acreditam que um projeto frances possa servir de base para o futuro SNA.


Espanha: Dificuldades para os submarinos S-80
Rumores de cancelamento, por entre atrasos do programa
02.03.2007


A imprensa espanhola, embora com alguma timidez, tem vindo a referir com cada vez mais insistência os problemas com o desenvolvimento do submarino espanhol conhecido como projecto S-80.

O S-80, nasceu da cooperação entre a indústria francesa DCN e a industria espanhola (Izar / Navantia). O nome do projecto conjunto chamou-se Scorpéne.
O projecto Scorpéne implicava a construção de metade de cada submarino na França e outra metade na Espanha, embora o consórcio fosse 67% francês e 33% espanhol.

A Espanha no entanto, que inicialmente previa apenas pequenas modificações locais ao submarino, cedo começou a projectar modificações mais complexas.
A maior alteração ao projecto, ocorreu quando se confirmou que a Espanha optaria por um sistema de combate (conjunto de hardware e de software que coordena e gere as armas a bordo do navio) de fabrico americano, preterindo o sistema francês «Subtics».

O desagrado francês não deixou de se notar, e à medida que a DCN e a Navantia se afastavam, mais alterações se incorporavam ao navio espanhol, que passou a ser conhecido como um projecto diferente do próprio Scorpéne.

As notícias sobre as más relações entre a francesa DCN e a espanhola Navantia, que foram noticiadas pelo areamilitar em Setembro, foram sendo confirmadas por várias publicações especializadas, quer nos meios de comunicação impressos quer nos digitais.

No final de 2006, os franceses, irritados com o facto de os espanhóis terem aproveitado um submarino essencialmente francês, para substituírem todo o seu interior com produtos de outras origens, não estiveram com meias medidas, e apresentaram um submarino «novo», que não é mais que um submarino Scorpéne com outro nome, a que juntaram modificações pontuais. O novo «Marlin», pode assim ser apresentado pelos franceses no mercado internacional, sem que os espanhóis participem no processo, e a Espanha, se quiser tentar vender o Scorpéne, tem que contratar pelo menos 50% da sua construção aos franceses, os quais acabam ganhando de uma maneira ou de outra.

Mas as dores de cabeça espanholas são mais complicadas que os arrufos e a irritação dos franceses.

Inicialmente foram feitos estudos em Espanha, para desenvolver um sistema AIP, juntamente com a alemã MTU, mas os resultados não foram aceitáveis e a opção da industria espanhola, foi bater à porta da UTC-Power, do grupo United Technologies, que nos Estados Unidos desenvolve estudos e pesquisa na área das células de combustível, tornando o processo mais dependente da industria americana.[1]

5 anos para desenvolver um sistema:

Para piorar as coisas, e embora não tenha sido dado grande relevo à notícia, o tempo previsto para o desenvolvimento de um sistema viável de células de combustível AIP para os submarinos espanhóis seria segundo a própria United Technologies de cinco anos [2], o que leva a concluir que tal sistema só esteja pronto em 2011, atrasando inevitavelmente o prazo de entrega previsto para o primeiro submarino, pelo menos para 2012/2013 e o último para 2016/2017.

Somando a isto, o submarino Scorpéne, em cuja estrutura se baseia o S.80, foi pensado para o sistema MESMA de propulsão independente do ar, que queima Oxigénio e Etanol cuja reacção faz mover uma turbina a vapor.

A troca do MESMA por um sistema de células de combustível, coloca os projectistas espanhóis (que foram apenas responsáveis por uma parte do projecto) com problemas de solução relativamente complexa.

Ao contrário do MESMA, um sistema MPP (Membrana de Permuta de Protões) de células de combustível, funciona juntando Oxigénio e Hidrogénio, e para isso é necessário transportar quantidades consideráveis destes dois reagentes.

A industria espanhola, tem vindo a tentar desenvolver um sistema que permita aproveitar o facto de o Scorpéne incluir tanques de Etanol (utilizado para o sistema MESMA) para a partir do Etanol produzir Hidrogénio, evitando assim a complexidade associada ao transporte daquele tipo de combustível.

Mas os atrasos no desenvolvimento de um sistema capaz de efectuar a produção local de Hidrogénio, pode levar a que se tenha que recorrer ao transporte do Hidrogénio em tanques. O problema é que é necessário ter cuidados especiais com a localização do Hidrogénio, e o Scorpéne, foi inicialmente desenhado para incluir tanques de Oxigénio e de Etanol, mas não para transportar tanques de Hidrogénio, que nos submarinos alemães, por exemplo, é transportado em tanques colocados entre o casco pressurizado e o casco exterior (tecnicamente da parte de fora do submarino).

Como o sistema MESMA, foi desenhado para conter todos ou praticamente todos os seus componentes num módulo cilíndrico, que se pode mesmo instalar depois de o submarino ter sido construído, cortando o submarino e colocando a nova secção com o AIP, ele não considerou a necessidade da colocação de pesado tanques para transportar um combustível volátil como o Hidrogénio.

Como os técnicos espanhóis não conseguiram desenvolver o seu próprio sistema AIP de células de combustível e tiveram que encomendar o seu estudo e desenvolvimento aos americanos, neste momento eles não têm como saber que sistema vai sair do período de desenvolvimento, nem tão pouco sabem como será que vai funcionar o sistema de produção de Hidrogénio de alto grau de pureza (se o conseguirem inventar) e onde vão colocar os sistemas, os tanques, as válvulas, e toda a parafernália necessária para fazer mover o submarino com o AIP ligado.

Juntando aos inevitáveis atrasos, parecem aumentar as críticas ao facto de o S-80 não dar aos espanhóis praticamente nada em termos de desenvolvimento de sistemas, porque o sistema de propulsão será americano, o sistema de combate também, os torpedos e tubos de torpedos deverão ser alemães, os mastros e sistemas telescópicos serão igualmente de proveniência americana, embora em principio fabricados na Itália, e os famosos mísseis Tomahawk que a Espanha pretende comprar também virão da América.

O S-80, ficará assim em parte refém da politica externa dos Estados Unidos, que podem a qualquer altura proibir a exportação do submarino se os espanhóis estiverem interessados em vende-lo para algum cliente que desagrade a Washington.

Todo o projecto está envolvido em demasiadas incógnitas, e o provável aumento de custos, resultado dos atrasos, pode acabar por transformar o S-80 no mais caro submarino convencional europeu.

Existem rumores de opiniões favoráveis ao cancelamento do projecto S-80 e à sua substituição por qualquer coisa mais simples, já desenvolvida, e que permita à industria espanhola um desenvolvimento mais sustentado, embora mais vagaroso.

Para já, parecem ganhar contornos os projectos de modernização dos submarinos Agosta, aos quais se poderá acrescentar também o sistema AIP. Porém não se sabe que tipo de sistema AIP poderá ser considerado.


[1] Os números avançados pelo futuro fabricante do sistema AIP, a United Technologies, apontam para células de combustível do tipo PEM, idênticas às utilizadas pelos submarinos U212 e U214 alemães, embora pelos dados conhecidos o S-80 seja um submarino 25% maior que os submarinos alemães. Neste caso, a potência menor, reduzirá a velocidade máxima de operação, ou então o período máximo de navegação em modo AIP.

[2] A indústria alemã, chegou a estudar sistemas AIP nos anos 70, mas concluiu que a tecnologia não estava suficientemente apurada. No final dos anos 80, continuavam os trabalhos e apenas e 1996, foi finalmente produzido um módulo viável para utilização num submarino.




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Re: Espanha: Dificuldades para os submarinos S-80

#2 Mensagem por pafuncio » Ter Ago 14, 2007 3:36 pm

[quote="Koslova"]Como reflexão para aqueles que acreditam que um projeto frances possa servir de base para o futuro SNA.
quote]


Talvez a parte mais importante do post.

Ou seja, a mensuração das conseqüências está no início, explícito como todo alerta deve ser. :wink:




Editado pela última vez por pafuncio em Ter Ago 14, 2007 4:15 pm, em um total de 1 vez.
"Em geral, as instituições políticas nascem empiricamente na Inglaterra, são sistematizadas na França, aplicadas pragmaticamente nos Estados Unidos e esculhambadas no Brasil"
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#3 Mensagem por Marino » Ter Ago 14, 2007 3:51 pm

Desculpem, mas eu li sobre uma sociedade se apartando e de como os franceses foram precavidos na confecção do contrato, ganhando sempre.
Se por um acaso o Scorpene fosse escolhido pela MB, o contrato necessariamente deveria exigir domínio tecnológico sobre o casco, que é o que interessa. Os equipamentos eletrônicos não são impedimento, podendo ser adquiridos onde mais convier à MB.
Não haverá repasse de tecnologia nuclear, até por impedimento de tratados internacionais, devendo o Brasil desenvolver seu reator. Quanto a isso, não tenham dúvidas ou se deixem enganar.
O convite, caso seja feita a compra do sub francês, para que engenheiros brasileiros acompanhem a construção do Barracuda, não se aplica a área nuclear. Todo o resto pode ser negociado, depende do contrato.




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#4 Mensagem por Koslova » Ter Ago 14, 2007 5:32 pm

Marino escreveu:Desculpem, mas eu li sobre uma sociedade se apartando e de como os franceses foram precavidos na confecção do contrato, ganhando sempre.
Se por um acaso o Scorpene fosse escolhido pela MB, o contrato necessariamente deveria exigir domínio tecnológico sobre o casco, que é o que interessa. Os equipamentos eletrônicos não são impedimento, podendo ser adquiridos onde mais convier à MB.
Não haverá repasse de tecnologia nuclear, até por impedimento de tratados internacionais, devendo o Brasil desenvolver seu reator. Quanto a isso, não tenham dúvidas ou se deixem enganar.
O convite, caso seja feita a compra do sub francês, para que engenheiros brasileiros acompanhem a construção do Barracuda, não se aplica a área nuclear. Todo o resto pode ser negociado, depende do contrato.





Eu diria que você esta sendo “didático” Marino.

O que aconteceu com o contrato da MB com a empresa americana no tocante ao contrato de modernização do sonar da Niterói?

No contrato do Torpedo-2000 tudo não tinha sido redigido com precaução no contrato?

Sabe sobre problemas com os contratos com a Alenia no programa ModFrag? Será que a MB também não foi precavida na confecção dos contratos?

Isto para citar contratos da MB ao qual tive acesso a informações que prefiro não detalhar para não comprometer minha fonte.

Claro que entendo que pela posição que ocupa não pode falar sobre isto, mas entende o que quero dizer.

No mundo real, não existem muitos “anjinhos” no tocante a transferência de tecnologias militares. Mesmo um bom contrato não necessariamente garante o seu cumprimento a rigor.

O que temos que analisar é a postura do parceiro no tocante a programas de cooperação neste sentido os franceses não são nem de longe os mais maleáveis neste tema.




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#5 Mensagem por Marino » Ter Ago 14, 2007 6:15 pm

Cara Koslova
Totalmente de acordo que não existem anjos neste mundo das armas.
Mas se o casco do submarino for construído no Brasil, na NUCLEP, como previsto, não há como esta tecnologia não ser absorvida.
Não sou expert no assunto, por favor me corrija se visualiza de outra forma.
O que imagino é que para esta construção no Brasil, tudo referido ao casco, diagramas de engenharia, estruturas, resistência de materiais, etc, tem que ser entregue, ou não haverá construção no Brasil.
Isto já está acontecendo no contrato com a Índia, ou seja, há precedente de entrega de tecnologia pelos franceses.
Aguardo seu comentário.
Um abraço
Marino




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#6 Mensagem por Koslova » Qua Ago 15, 2007 1:40 pm

Marino escreveu:Cara Koslova
Totalmente de acordo que não existem anjos neste mundo das armas.
Mas se o casco do submarino for construído no Brasil, na NUCLEP, como previsto, não há como esta tecnologia não ser absorvida.
Não sou expert no assunto, por favor me corrija se visualiza de outra forma.
O que imagino é que para esta construção no Brasil, tudo referido ao casco, diagramas de engenharia, estruturas, resistência de materiais, etc, tem que ser entregue, ou não haverá construção no Brasil.
Isto já está acontecendo no contrato com a Índia, ou seja, há precedente de entrega de tecnologia pelos franceses.
Aguardo seu comentário.
Um abraço
Marino









Ola Marino

Eu concordo com você, que qualquer que seja o formato, sim, sempre haverá alguma transferência de tecnologia.

Permita-me tecer algumas considerações que possam clarear um pouco este tema tão nebuloso chamado “transferência de tecnologia”.

O que é tecnologia?

Um conjunto de técnicas, conhecimentos, métodos e processos usados para resolver problemas ou criar facilidades para a solução dos mesmos.

Vamos supor um exemplo.

Um oficial da Marinha do Brasil passa alguns dias a bordo de um submarino da marinha francesa.

Metódico e conhecedor do assunto, o hipotético oficial analisa todos os processos internos do submarino, suas rotinas de operação e manutenção durante a patrulha. Analisa a divisão de tarefas e compartimentos da nave bem como a composição da tripulação.

Ao voltar para o Brasil faz um relatório detalhado sobre tudo que viu, os processos por ele observados podem ser comparados com os efetuados a bordo de submarinos brasileiros, e gerar melhorias nos processos da MB.

O segundo exemplo.

Por meio de um acordo político ou financeiro, a França fornece ao Brasil as plantas e todos os detalhes construtivos a respeito de um submarino de projeto e construção francesa.

Os engenheiros da MB podem analisar o projeto e tê-lo como base para construir, modificar ou melhorar outro projeto de interesse brasileiro.

Ambos os exemplos representam extremos de complexidade. De um convite de cordialidade entre duas marinhas amigas, como é relativamente freqüente acontecer, a um acordo estratégico entre dois governos envolvendo cifras na casa de bilhão de dólar, existe algo em comum mesmo sendo realidades tão dispares.

Ambos envolveram algum tipo de transferência de tecnologia.

A questão sobre o ponto de vista de gestão de programa é quantificar primeiramente quais as necessidades de transferência de tecnologia que o receptor requer, bem como a forma pelo qual o emissor ira repassá-la.

Transferência de tecnologia é sobretudo quantificação de necessidades do receptor e potencialidades do emissor.

A assimilação de uma tecnologia militar esta dividida em 3 níveis de necessidade segundo o modelo de gestão de programas de cooperação aplicado pela Rússia com grandes clientes externos de programas de cooperação aeroespacial.

Para ser mais didática.

Vamos imaginar que um pais hipotético esteja interessado na compra de um hardware militar de grande complexidade, um avião de caça por exemplo.

Nível operacional

Neste nível estão sendo transferidas tecnologias associadas a melhoria da operacionalidade do avião pelo cliente. Nacionalização de itens de uso freqüente como fluidos hidráulicos, pneus, pastilhas de freio, pára-quedas de frenagem. Bem como introdução de processos de manutenção mais elaborados como revisão de motores, radares etc..

São portanto tecnologias associadas ao hardware, que melhorem sua capacidade operacional, mas que não o modifica em termos de engenharia.

Nível operacional estendido.

Estão associados a este nível transferências de tecnologias associadas a modificação do perfil operacional do hardware. Domínio sobre o software que permita integração de novos armamentos, sensores, capacidades. Nacionalização de alguns subsistemas, qualificação de novas capacidades de operação, homologação de procedimentos operacionais diferentes daqueles recomendados pelo fabricante.

São portando tecnologias associadas a customização do hardware as necessidades do operador que permita a operação com sistemas (hardwares e procedimentos) diferentes daqueles qualificados pelo fabricante.

Domínio de engenharia

Neste nível o receptor de tecnologia tem acesso a meios para modificações de engenharia no hardware que o torne substancialmente diferente. Por exemplo a integração de um novo motor, novos processos de montagem etc..

Bem como tem conhecimento sobre as praticas de projeto associadas ao hardware como estudos aerodinâmicos, estruturais de fabricação etc..

São portanto tecnologia que permitem a modificação do hardware ou o projeto de hardware de classe similar em momento futuro.


Como estou resumindo a questão, dentro deste nível de domínio de engenharia existem algumas sub classes de aprofundamento, que não vou detalhar por falta de tempo, e também de memória para lembrar das regras todas.

Cada pais tem comportamento distintos no que tange a transferir tecnologias criticas, que oscilam em função do momento histórico e das relações políticas e comerciais com o receptor da mesma tecnologia.

Normalmente a transferência de tecnologias é um diferencial quando se quer penetrar a um mercado onde existe um concorrente já estabelecido.

Por exemplo.

Os EUA que também tem a fama de ser um pais de difícil transferência de tecnologia, fornece a Espanha uma serie de tecnologias navais em função de acordos políticos entre ambos os paises. A Espanha é um difusor de tecnologia naval americana para marinhas de médio porte, onde projetos “Padrão USN” não cabem no bolso desta marinhas.

Ainda os EUA ofereceram a Índia recentemente uma serie de acessos a tecnologias militares, com o intuito de afastar a Índia de alguns programas russos, indianos que assim como os Chineses são fundamentais em alguns programas militares russos como parceiros co-desenvolvedores.

Sobre o Brasil.

Como receptor de tecnologia é necessário primeiramente quantificar as necessidades da tecnologia, em quais níveis elas interessam.

Nível operacional?
Nível operacional estendido?
Domínio de engenharia?

A entramos em um assunto meio longo, porque uma das características marcantes dos programas brasileiros, seja o programa espacial, o FX, AMX,. E outros “X” que temos visto nos últimos anos é uma completa bagunça em relação a quantificação exata das tecnologias necessárias e em quais níveis elas devem ser inseridas.

Também é importante entender qual o perfil de cada parceiro de cooperação em um programa com o Brasil. A Rússia, os EUA, a França, podem ter posturas completamente com o Brasil, do que teriam com o Paquistão ou a Malásia, são realidades diferentes, estratégias diferentes.

Mas ai o e-mail ficaria longo demais detalhar.


Abraços



Elizabeth




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#7 Mensagem por orestespf » Qua Ago 15, 2007 1:58 pm

Olá Koslova,

muito didático seu post, o mesmo será de grande valia para aqueles que acreditam que o Brasil não possa "abrir mão de transferência tecnológica" em novas aquisições.

Eu sempre afirmei que em qualquer compra militar de material "novo" haverá transferência tecnológica. Analisando friamente, isto é sempre verdade. O que precisa ser analisado é o que você chamou de "nível".

Em relação as compras da MB e FAB todas a propostas (que fiquei sabendo) possuem transferência no "nível de Domínio de engenharia". Mas isto ainda é pouco, pois cada proposta apresenta "soluções" distintas.

Foi o que você disse, existem sub-níveis que permitem classificar melhor cada um dos 3 níveis, e em particular, o "Domínio de Engenharia".


Sds,

Orestes




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#8 Mensagem por Marino » Qua Ago 15, 2007 2:33 pm

Cara Koslova
Não tenho reparo algum a fazer em seu post, como se eu fosse capaz de fazê-lo :lol: .
Mas para nosso debate, o que interessa é o seguinte:
1) Foi mostrado que a tentativa espanhola de desenvolver um novo submarino, usando por base o Scorpene, está sofrendo sérias dificuldades. Estas dificuldades são, concordando com você, pela falta de domínio da engenharia de projeto do submarino, de posse dos franceses;
2) Esta engenharia, de projeto, não é passada. O que será passado, caso o submarino a ser comprado pela MB seja o Scorpene, será o domínio da engenharia de construção.
É possível com o domínio da engenharia de construção chegar ao domínio da engenharia de projeto? Talvez, usando engenharia reversa, e assumindo os riscos, como os espanhois estão assumindo alterando o projeto inicial.
Temos condições de fazer isso?
Não sei, sou "combatente" e não engenheiro. Mas uma boa indicação pode ser a de que já alteramos o projeto do Tupi e fabricamos o Tikuna, com uma seção a mais, se não me engano (Walter, me corrija se errei).
O casco do Scorpene, cuja engenharia de construção será dominado, caso venha a ser escolhido, serve para o SNA?
Não sei, isto deve estar sendo estudado a fundo.
Este casco poderia ser adaptado? Não sei.
O acompanhamento da construção do Barracuda por nossos engenheiros pode trazer alguma transferência de tecnologia, como colocado por você? sim, me baseando em seu texto. Será suficiente para ajudar no "reprojeto" do casco do Scorpene para o nosso SNA? Não sei.
Boas questões para quem trata de estudar e decidir sobre o assunto.
Por favor, se escrevi alguma besteira sua correção será imensamente bem-vinda.
Forte abraço
Marino




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#9 Mensagem por manuel.liste » Qua Ago 15, 2007 2:52 pm

El primer S-80 tiene un plazo de entrega previsto para alrededor de 2012. Considerando que el plazo de entrega previsto en 2003 era el 2011, no parece un retraso excesivo considerando la complejidad del programa.

El programa S80 no va a ser cancelado, no hay noticias fiables que así lo indiquen. Al revés, los acuerdos con los contratistas se están firmando sin el menor percance, y el nuevo submarino se está ofreciendo a otras armadas del mundo.

Los problemas con el AIP son de momento suposiciones. Lo cierto es que sigue en desarrollo por una filial de la empresa Abengoa, y hay bastante secretismo. He leido que ya hay un prototipo de propulsor y que se está desarrollando una versión navalizada, nada más.

Afirmar que el S-80 es un producto de la tecnología francesa es bastante discutible. Sobre todo considerando que el contratista principal es español, y los sub-contratistas principales son españoles, norteamericanos, alemanes y británicos. Ningún francés..

No obstante, no me considero un experto y lo dejo ahí..




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#10 Mensagem por WalterGaudério » Qua Ago 15, 2007 11:02 pm

manuel.liste escreveu:El primer S-80 tiene un plazo de entrega previsto para alrededor de 2012. Considerando que el plazo de entrega previsto en 2003 era el 2011, no parece un retraso excesivo considerando la complejidad del programa.

El programa S80 no va a ser cancelado, no hay noticias fiables que así lo indiquen. Al revés, los acuerdos con los contratistas se están firmando sin el menor percance, y el nuevo submarino se está ofreciendo a otras armadas del mundo.

Los problemas con el AIP son de momento suposiciones. Lo cierto es que sigue en desarrollo por una filial de la empresa Abengoa, y hay bastante secretismo. He leido que ya hay un prototipo de propulsor y que se está desarrollando una versión navalizada, nada más.

Afirmar que el S-80 es un producto de la tecnología francesa es bastante discutible. Sobre todo considerando que el contratista principal es español, y los sub-contratistas principales son españoles, norteamericanos, alemanes y británicos. Ningún francés..

No obstante, no me considero un experto y lo dejo ahí..


Manuel, torço pelo S-80 espenhol(e que vcs consigam vende-lo para os Taiwaneses 8-] :wink: ) Pero..., acho que a Espánha nãopode ficar com um componente submarino tão fraco como o atual. Comprem dois U-212 como os italianos fizeram..., e depois completem o projeto S-80.

Walter




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#11 Mensagem por b.verde » Qui Ago 16, 2007 12:11 am

Boa noite a todos.
Olha eu acho,que para se desenvolver "um determinado tipo de meio naval" no caso, por exemplo de um submarino, por mais tecnologia que exista, qualquer país precisa "calcular os riscos do desenvolvimento desse meio", pois eles sempre existem. por isso creio no termo "Desenvolvimento" como motivo superador de "Riscos".

vamos fazer matemática

"Desenvolvimento" superando "Riscos" = Tecnologia

Olha é só minha opinião.

"tudo posso naquEle que me fortaleçe".




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#12 Mensagem por manuel.liste » Qui Ago 16, 2007 4:07 am

cicloneprojekt escreveu: Manuel, torço pelo S-80 espenhol(e que vcs consigam vende-lo para os Taiwaneses 8-] :wink: ) Pero..., acho que a Espánha nãopode ficar com um componente submarino tão fraco como o atual. Comprem dois U-212 como os italianos fizeram..., e depois completem o projeto S-80.

Walter


Si se tratase de potenciar el componente submarino español de forma inmediata, lo más fácil sería construir algunos Scorpene. Pero hay otras prioridades más urgentes, los recursos económicos son limitados y se optó por un proyecto a más largo plazo, con mayor contenido tecnológico y con más participación de empresas españolas.

En este momento no hay amenazas que justifiquen la necesidad inmediata de adquirir más submarinos para España.




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#13 Mensagem por old » Qui Ago 16, 2007 5:00 am

A Espanha no entanto, que inicialmente previa apenas pequenas modificações locais ao submarino, cedo começou a projectar modificações mais complexas.
A maior alteração ao projecto, ocorreu quando se confirmou que a Espanha optaria por um sistema de combate (conjunto de hardware e de software que coordena e gere as armas a bordo do navio) de fabrico americano, preterindo o sistema francês «Subtics».


Muchos errores.

No hay modificaciones. Es otro submarino. Su casco esta construido a dos niveles, en vez de a un nivel, es un 60% mas grande y desde el principio la Armada queria un Submarino tactico convencional, es decir que pueda lanzar misiles de crucero. Nunca se habló de Scorpene. El Scorpene es un producto para la exportacion ;). Los Franceses estan muy molestos por la perdida del contrato con Australia (entre otras cosas). De todas formas por alli saben perfectamente que el S80 no tiene nada que ver con el Scorpene

Como curiosidad expongo una lista mas o menos detalladas del "despieze" del S80 para analizar que poco.

Componentes nacionales:

Navantia:
Construccion diseño y desarrollo del S80
Diseño y fabricacion del casco etc etc


Tecnobit/Expal

Fabricacion e integracion de los torpedos DM2A4


Indra:

Sistema de defensa electronica

Sistemas de indentificacion IFF

Radar LPI Aries

Sistema Pegaso EW

SAT COM para enlaces a satelites(España dispone de una pequeña red de satelites militares propios)

Integracion de todos los sistemas

SAES

Sonares de casco y sonares de arrastre

Dispositivos y sistemas de guerra antisubmarina, deteccion de minas etc


Sainsel:

Sistema integrado control de plataforma

Simuladores

Avio/ Faba:

Piloto automatico.


Catarosa Reynosa.

Motor electrico principal:

Abengoa System/Hynergreen

Modulo AIP: Falta la planta reformadora del Etanol


Componentes Internacionales:


Kollmorgen Electro-Optical Calzoni
mastiles y periscopios.

Looked Martin:
Sistema de Combate Virginia Class

Atlas Electronik

Licencia para la fabricacion de Torpedos DM2A4

Boeing
Misiles Tomahacwks
Misiles Sub Harpoon


Bae System

Tapas de cierre del casco a presion. (Vanguard Class)

UTC Power

Pilas de combustible para el modulo AIP



Si es cierto que llevan retraso.
Tengan en cuenta que es un Submarino en cierta medida revolucionario, armado hasta los dientes y con un sistema de propulsion AIP unico en el mundo.

En vez de tener que recargar hidrogeno desde el exterior como los U212/214/209PN/Scorpene/Lada/Amur el S80 lo fabricara dentro del propio submarino a traves de una planta reformadora que trasnformara el Etanol en Hidrogeno. La ventaja es inmensa. ¿porque?

Porque recargar hidrogeno es una compleja y delicada operacion para la que se necesitan instalaciones especificas. No se puede hacer en cualquier puerto o arsenal naval del mundo, lo cual limita el radio de accion del Submarino. Fabricando el Hidrogeno dentro se elimina el problema.

A la vista de los retrasos los 4 S70 Galerna van a modernizarse para poder convivir con la primera serie de S80. La Armada ya a solicitado 02 Sumbarinos adicionales para disponer de una pequeña flota de 06 S80.




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Mapinguari
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Re: Espanha: Dificuldades para os submarinos S-80

#14 Mensagem por Mapinguari » Sáb Ago 18, 2007 1:38 am

Koslova escreveu:Como reflexão para aqueles que acreditam que um projeto frances possa servir de base para o futuro SNA.

O S-80, nasceu da cooperação entre a indústria francesa DCN e a industria espanhola (Izar / Navantia). O nome do projecto conjunto chamou-se Scorpéne.
O projecto Scorpéne implicava a construção de metade de cada submarino na França e outra metade na Espanha, embora o consórcio fosse 67% francês e 33% espanhol.

A Espanha no entanto, que inicialmente previa apenas pequenas modificações locais ao submarino, cedo começou a projectar modificações mais complexas.
A maior alteração ao projecto, ocorreu quando se confirmou que a Espanha optaria por um sistema de combate (conjunto de hardware e de software que coordena e gere as armas a bordo do navio) de fabrico americano, preterindo o sistema francês «Subtics».

O desagrado francês não deixou de se notar, e à medida que a DCN e a Navantia se afastavam, mais alterações se incorporavam ao navio espanhol, que passou a ser conhecido como um projecto diferente do próprio Scorpéne.


E tem gente que ainda prefere submarino francês para a MB, em vez do
U214...
Imaginem se eles iam permitir que a MB escolhesse outros sistemas que
não os franceses para um Scorpéne fabricado no Brasil. Se fizeram
beicinho quando o sócio deles "ousou" isso, imagine se tentássemos
algo assim por aqui...
Mas nunca MESMO! É bom que essas coisas venham à tona e estejam
acontecendo.
E lembrem que o histórico francês em programas de cooperação militar
é simplemente hilário. Se não ganhar o produto deles ou se não fizer
o que eles querem, eles simplesmente batem o pé e roem a
corda. É assim desde as priscas eras...
Procurem lembrar os programas militares conjuntos de grande porte que
deram certo. Lembro do Jaguar, do Jaguar e, ah! também do Jaguar.
Houve algumas participações "meia-bomba" em outros programas, e não
muito mais que isso.




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#15 Mensagem por Marino » Sáb Ago 18, 2007 10:04 am

A decisão do submarino vai para o Conselho de Defesa Nacional, de acordo com informação dada pelo CM no Senado.
Ou seja: DECISÃO POLÍTICA.
Este controle, a meu ver, já saiu da MB.




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