Contrato da US Navy coloca Boeing B737 frente ao Lockheed Orion 21
A proposta do Avião Multimissão Marítima Naval (Multi-mision Maritime Aircraft ) está competindo
com a oferta da Lockheed, que oferece uma atualização do P-3 Orion, atualmente em uso pela US Navy
Katherine Pfleger
Seattle Times Washington bureau
WASHINGTON DC - 04 Janeiro 2004-- Com a esperança de colocar as sanções do governo e as investigações do congresso para trás, a Boeing está em uma competição contra o fornecedor número 1 do Pentágono, para a produção de mais de 100 aviões de Patrulha Marítima para a US Navy.
Caso a companhia seja vitoriosa no "Avião Multimissão Marítimo"(Multi-mission Maritime Aircraft -MMA), com decisão em 2004, o contrato significará bilhões de dólares para as linhas do B737, em Renton -- vindas de encomendas da US Navy, e possivelmente de muitos clientes internacionais procurando novos aviões desse gênero. Significará que a Boeing teria derrotado a Lockheed, em um campo, que ela domina há 40 anos.
E também significa que a Boeing, ainda o maior empregador privado no Estado de Washington teria o que mais necessita, boas notícias, após a crise com os vários problemas éticos, que culminaram com a renúncia do CEO Phil Condit, em 01 Dezembro 2003
Na superfície , em linhas gerais o contrato é similar ao controverso Leasing de aviões de reabastecimento para a USAF, no qual a empresa tem sido acusada de relacionamento inapropriado, e muito próximo, entre a empresa, seus aliados no congresso e os militares.
Ambas as encomendas são de 100 aviões, que podem ser baseados am plataformas comerciais. Ambos programas são " big-ticket" que forjarão um novo e longo relacionamento entre a empresa e o Pentágono.
Mas, o contrato do avião de patrulha marítima tem avançado todo os canais usuais, dentro do sistema de compras militares e gerado uma competição feroz entre a Boeing e a Lockheed.
Na última segunda-feira(29DEZ03), Lockheed e Boeing finalizavam suas propostas a serem submetidas à US Navy.
Entretanto, dentro do Beltway ( Círculo de Poder em Washington) , observadores ponderam, como os recentes problemas da Boeing' afetarão suas negociações com o Pentágono.
Quanto tempo essas nuvens pairarão sobre a Boeing?
"A resposta mais cínica que eu posso dar para você é ... até a Lockheed Martin cometer seus erros,"afirmou Thomas Donnelly do American Enterprise Institute, um centro de estudos conservador. " Todas as empresas cometem erros, e quanto maior elas são, maior os erros cometidos. A Boeing tem tido uma tremenda má sorte."
Missões da Guerra Fria
Desde os anos 1960, o avião P-3 Orion da Lockheed Martin -- um quadrimotor à hélice -- tem caçado submarinos em longas missões de sobrevôo sobre os mares, para achá-los e se necessários atacar os submarinos inimigos.
Projetado no período da Guerra Fria, os aviões tinham a missão de caçar submarinos soviéticos usando sonobóias e outros sensores. Hoje, eles absorveram novas missões, incluindo operações sobre áreas terrestres e o lançamento de mísseis cruise.
O EP-3, primo do Orion, avião de reconhecimento, foi o avião envolvido em um incidente diplomático no ano de 2001, após ter colidido com um caça chinês. O piloto chinês morreu, e o avião americano avariado fez um pouso de emergência na China, onde os 24 membros da tripulação ficaram retidos por 11 dias.
Com o aumento das missões ao redor do globo, após o 11 de setembro 2001, a frota de P-3 está envelhecendo rapidamente, e está obrigando a US Navy a retirar cerca de um terço dos 228 aviões, mais rápido que o esperado. A Marinha está trabalhando arduamente para ter a nova frota de aviões operando o mais rápido possível e espera tomar uma decisão, sobre o vencedor no próximo ano(2005) e ter a nova frota operacional em 2012(*).
A mensagem é : "Tenhamos o novo avião tão rápido quanto seja possível," afirmou o Comandante Mike Hewitt.
Desmentindo Rumores
Em novembro,a Costa Leste americana, teve uma das piores tormentas de vento por muitos anos, mas o piloto de testes da Boeing, Ray Craig estava ansioso para mostrar o seu Boeing 737 ainda sem pintura -- a versão do Boeing "maritime airplane".
Craig e outros membros da equipe da Boeing estavam em "tour" de demonstração, em sete cidades para desmentir os mitos, o que um executivo da Boeing afirmou como sendo "as palavras nas ruas" com a comunidade do P-3 na US Navy.
Havia o rumor, que o avião da Boeing' não era capaz de "loitering" -- voar a baixa altitude e a baixa velocidade sobre o oceano -- devido o modelo 737, com suas asas em ângulo e os motores turbofan serem otimizados para vôos a grande altitude e maior velocidade..
Havia conversas, de que: se um dos motores do 737 falha-se, o segundo não teria potência para o avião ganhar altura.
Embora os ventos, Craig sobrevoou acima dos 80 metros (250 feet) as cristas das ondas do Oceano Atlântico, monitorando navios mercantes. As manobras bruscas -- muito diferentes das de um vôo comercial do 737 -- pressionavam os tripulantes contra seus assentos, e alguns deles estavam agradecidos por terem tomado Dramamine ( remédio contra enjôo). Ao longo do vôo, ele dava o status da eficiência no consumo de combustível.
Craig focou um cargueiro panamenho e fez uma curva de 60º . Então desligou um motor, e voando a 380km/h (250 m/h) rapidamente atingiu os 1.500 m ( 4.400 pés).
"Eu estou convencido que esta é a solução certa," afirmou Tim Norgart, Diretor do Programa Boeing Maritime-Airplane, e que voou em P-3, por mais de 25 anos.
A Lockheed, entretanto, está oferecendo um avião que é testado em combate , com baixo risco de desenvolvimento, graças aos 40 anos de experiência, em: projeto, construção e manutenção do venerando avião de asa reta, turbohélice, que tem cumprido as missões com sucesso na US Navy.
Agora a empresa está propondo o Orion 21 -- uma nova estrutura, aviônicos digitais e outros sistemas , montados em uma nova linha, empregando upgrades que foram gerados ao longo de quatro décadas de operações. O avião terá quatro motores, impulsionados a hélice, mas terá motores mais avançados que os dos atuais P-3 Orion, e também mais eficientes no consumo de combustível.
Boeing Introduz o 737
Enquanto a Boeing observa que o 737 dá para a US Navy mais velocidade, a Lockheed afirma que o seu pode ficar mais tempo nas áreas de missão .
"Você tem de ser capaz de voar a baixa altitude, voar lento, voar longe, permanecer nas áreas de missão por longos períodos de tempo, e levando uma variedade de armamentos, e mais importante você também tem de ter a capacidade de voar a baixa altitude e rápido," afirmou Crisler. "Nós podemos dizer que não é o caso de quão rápido você chega à área da missão, mas quanto tempo você pode permanecer na área. Localizar submarinos ... É muito raro."
A Lockheed afirma que seu avião tem muitas similaridades com seu atual avião e assim não teriam que enfrentar os desafios de projeto, como a Boeing, em instalar um local para bombas e armas no 737 assim como instalar pontos duros nas asas para a fixação de armamentos . "Estas são coisas que nós já ultrapassamos e não temos mais de enfrentá-las," afirmou Crisler.
Até o momento a Lockheed não construiu um avião para demonstração, assim como não fez um tour de demonstração, e a empresa não comenta sobre as análises que tem feito sobre os vôos de demonstrações que a Boeing tem realizado.
Decisão na Primavera
A Marinha afirma que ela tem a intenção de escolher entre os aviões da Lockheed ou Boeing na primavera (Outono no Hemisfério Sul). Outras decisões como sobre o programa de veículos UAV (unmanned aerial vehicles), determinarão o tamanho da frota. O Comandante Hewitt afirma que a Marinha estima o número final entre 108 a 116 aviões.
Isso significaria bilhões para o vencedor, e particularmente uma boa notícia após uma avalancha de más.
A Boeing está com o orçamento estourado em bilhões de dólares, e um atraso de um ano , em um contrato de um sistema de satélites espiões. No ano passado, a Boeing foi pega usando informação de propriedade da Lockheed para vencer contratos de um sistema de lançamento de mísseis do Pentágono.
Em novembro último, o Principal Executivo Financeiro da Boeing, Mike Sears foi demitido após a companhia ter revelado que ele teve um comportamento não ético ao oferecer um emprego para uma oficial da USAF antes desta afastar-se das negociações de contratos com a Boeing. Na semana seguinte Condit renunciou como CEO.
O novo presidente, Harry Stonecipher, tem bons contatos com o Pentágono ao longo de uma carreira negociando contratos militares. Ele afirmou que muito do seu tempo será gasto em melhorar o relacionamento com o Pentágono., para a Boeing, o segundo contratista do Pentágono atrás da Lockheed.
Donnelly, do "American Enterprise Institute", afirma que ele prevê que as administrações da Lockheed e Boeing estão apostando e analisando suas propostas no que as questões éticas da Boeing poderiam significar no resultado do contrato MMA.
"A Boeing está provavelmente fazendo um duplo movimento com sua proposta. Para o mercado e de relações públicas, se a Boeing puder demonstrar que sua proposta era excelente e vencer, será uma grande vitória após uma avalancha de más notícias," ele afirmou.
Outros, ainda afirmam que os aviões são tão diferentes no projeto, e a US Navy terá de decidir o que ela deseja, e escolher a melhor plataforma.
O Efeito Ético
Nenhuma das pessoas contatadas disse como os problemas éticos da Boeing'podem afetar as negociações. Hewitt afirmou que a US Navy tem um bom relacionamento com a Boeing e a Lockheed." A Lockheed afirmou que ela não está considerando os problemas éticos da Boeing.
E pela Boeing, Norgart afirma: "Esse tipo de preocupação é o curso normal dos negócios, e nós estamos fazendo o melhor para avançar a proposta da Boeing. ... Nós estamos fazendo nosso trabalho. Nosso relacionamento com a US Navy tem sido positivo."
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