Missão de Paz no Haiti
Enviado: Qua Mai 12, 2004 12:10 pm
11/05/2004 - 20h32
Soldados brasileiros se preparam para missão no Haiti
LÉO GERCHMANN
da Agência Folha, em São Leopoldo (RS)
O Brasil dá amanhã mais um passo para a missão de paz que comandará no Haiti. Um comboio integrado por 58 jipes militares, todos eles pintados de branco e com as inscrições "UN" (sigla de Nações Unidas, em inglês), sai amanhã do município gaúcho de São Leopoldo, na região metropolitana de Porto Alegre, em direção ao Rio de Janeiro, percorrendo 1.600 km de rodovias.
A viagem até o Rio deve durar três dias (haverá pernoites em Curitiba e São Paulo), e os veículos, com capacidade para 4 t, serão ocupados pelos motoristas.
Nos próximos dias, os soldados irão ao Rio, de avião. Depois, serão mais 18 dias, do Rio ao Haiti, em um navio.
O grupo de 750 militares do Rio Grande do Sul na missão "Estabilização do Haiti" será formado por 450 homens do 19º Batalhão de Infantaria Motorizada de São Leopoldo e 300 de outros batalhões gaúchos --Porto Alegre, Sapucaia do Sul, Pelotas e Jaguarão.
O 19º Batalhão, cujos integrantes procuram ter preparo para inserções imediatas e para dominar diferentes idiomas, foi fundado no século 18 e participou da Revolução Farroupilha (1835-1845) e da 2ª Guerra Mundial (1939-1945). Em 2002, o batalhão participou da força de paz no Timor Leste, que havia se separado da Indonésia.
"Levaremos esperança a um povo. Isso é nobre", diz o tenente-coronel Ezequiel Izaias de Macedo, 44, do Batalhão de São Leopoldo, que comandará a missão. "Levo na mala a esperança de estabelecer ordem naquele país."
No último domingo, já deixaram São Leopoldo oito tanques Urutu, em direção ao Rio. Entre junho e dezembro, os soldados atuarão em postos de controle, patrulhamento e segurança, na capital, Porto Príncipe.
De acordo com o comandante Izaias, é necessário recompor o Exército do Haiti, desestruturado com a queda do presidente Jean-Bertrand Aristide, em fevereiro. A missão preparará o país para as eleições em setembro de 2005 e a posse em fevereiro de 2006.
Família
Cada integrante da missão traz uma história familiar. As ausências serão amenizadas pelo 19º Batalhão --para as mulheres que ficam sem seus maridos, haverá apoio psicológico e ajuda em assuntos práticos, como a colocação de mecânicos à disposição para problemas no carro da família.
"Estou preparado para isso. É minha missão", diz o capitão Flaudemir Naje, 38. Sua mulher, Rose Ana Naje, 28, o apóia. "Sempre soubemos que ele está sendo permanentemente treinado para uma operação assim", afirma ela. "Permanentemente, digo que meu sonho é esse", acrescenta o capitão.
Em nome do sonho, nem mesmo brincadeiras do marido, como uma recorrente, em que ele diz que seu seguro de vida é avaliado em R$ 200 mil, são levadas a sério. Os filhos do casal, Dyefferson, 8, Dyeniffer, 7, e Dyessica, 5 (todos escritos dessa forma por uma questão estética), porém, não pensam assim.
Dyeniffer é a que mais sente a iminente ausência do pai. "Por favor, papai, não demore e se cuide", costuma dizer. Dyefferson é mais desligado, e Dyessica, segundo o capitão, não está tendo noção do quanto ele ficará fora.
O tenente Eduardo Mena Barreto, que integra a missão enquanto seu pai, o coronel Fernando Mena Barreto, participa de ação em Guiné Bissau.
O tenente-coronel Izaias, que também é casado e pai de duas filhas, conta que a missão, ''comandada pelo Brasil'' poderá ter as adesões de Argentina, Uruguai e Paraguai, o que configuraria uma ação do Mercosul.
Soldados brasileiros se preparam para missão no Haiti
LÉO GERCHMANN
da Agência Folha, em São Leopoldo (RS)
O Brasil dá amanhã mais um passo para a missão de paz que comandará no Haiti. Um comboio integrado por 58 jipes militares, todos eles pintados de branco e com as inscrições "UN" (sigla de Nações Unidas, em inglês), sai amanhã do município gaúcho de São Leopoldo, na região metropolitana de Porto Alegre, em direção ao Rio de Janeiro, percorrendo 1.600 km de rodovias.
A viagem até o Rio deve durar três dias (haverá pernoites em Curitiba e São Paulo), e os veículos, com capacidade para 4 t, serão ocupados pelos motoristas.
Nos próximos dias, os soldados irão ao Rio, de avião. Depois, serão mais 18 dias, do Rio ao Haiti, em um navio.
O grupo de 750 militares do Rio Grande do Sul na missão "Estabilização do Haiti" será formado por 450 homens do 19º Batalhão de Infantaria Motorizada de São Leopoldo e 300 de outros batalhões gaúchos --Porto Alegre, Sapucaia do Sul, Pelotas e Jaguarão.
O 19º Batalhão, cujos integrantes procuram ter preparo para inserções imediatas e para dominar diferentes idiomas, foi fundado no século 18 e participou da Revolução Farroupilha (1835-1845) e da 2ª Guerra Mundial (1939-1945). Em 2002, o batalhão participou da força de paz no Timor Leste, que havia se separado da Indonésia.
"Levaremos esperança a um povo. Isso é nobre", diz o tenente-coronel Ezequiel Izaias de Macedo, 44, do Batalhão de São Leopoldo, que comandará a missão. "Levo na mala a esperança de estabelecer ordem naquele país."
No último domingo, já deixaram São Leopoldo oito tanques Urutu, em direção ao Rio. Entre junho e dezembro, os soldados atuarão em postos de controle, patrulhamento e segurança, na capital, Porto Príncipe.
De acordo com o comandante Izaias, é necessário recompor o Exército do Haiti, desestruturado com a queda do presidente Jean-Bertrand Aristide, em fevereiro. A missão preparará o país para as eleições em setembro de 2005 e a posse em fevereiro de 2006.
Família
Cada integrante da missão traz uma história familiar. As ausências serão amenizadas pelo 19º Batalhão --para as mulheres que ficam sem seus maridos, haverá apoio psicológico e ajuda em assuntos práticos, como a colocação de mecânicos à disposição para problemas no carro da família.
"Estou preparado para isso. É minha missão", diz o capitão Flaudemir Naje, 38. Sua mulher, Rose Ana Naje, 28, o apóia. "Sempre soubemos que ele está sendo permanentemente treinado para uma operação assim", afirma ela. "Permanentemente, digo que meu sonho é esse", acrescenta o capitão.
Em nome do sonho, nem mesmo brincadeiras do marido, como uma recorrente, em que ele diz que seu seguro de vida é avaliado em R$ 200 mil, são levadas a sério. Os filhos do casal, Dyefferson, 8, Dyeniffer, 7, e Dyessica, 5 (todos escritos dessa forma por uma questão estética), porém, não pensam assim.
Dyeniffer é a que mais sente a iminente ausência do pai. "Por favor, papai, não demore e se cuide", costuma dizer. Dyefferson é mais desligado, e Dyessica, segundo o capitão, não está tendo noção do quanto ele ficará fora.
O tenente Eduardo Mena Barreto, que integra a missão enquanto seu pai, o coronel Fernando Mena Barreto, participa de ação em Guiné Bissau.
O tenente-coronel Izaias, que também é casado e pai de duas filhas, conta que a missão, ''comandada pelo Brasil'' poderá ter as adesões de Argentina, Uruguai e Paraguai, o que configuraria uma ação do Mercosul.