Pressões Nucleares sobre o Brasil
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Na verdade não tenho, tenho uma CRT comum de 20 pol que sobrou do casamento e só liguei uma vez aqui para ver se funcionava, detesto tv...
“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
País deve ter oito centrais de energia nuclear em 2030, diz ministro
Agência Brasil
BRASÍLIA - O Brasil deverá ter até 2030 entre quatro e oito centrais de energia nuclear, de acordo com o Ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann. Três regiões brasileiras estão sendo estudadas para a implantação de plantas nucleares.
“Começamos a fazer estudos pelo Nordeste, para verificar onde há sítios para instalar as plantas nucleares. Depois vamos fazer no Sudeste e no Sul”, disse o ministro em entrevista ao programa Bom Dia, Ministro.
Segundo Zimmermann, para isso é necessário criar políticas específicas e determinar a tecnologia que será usada. “O estudo, que se iniciará este ano, vai definir a viabilidade técnica e econômica e apurar qual local deve ter essa planta.”
O ministro informou que as obras de construção de Angra 3 já foram retomadas. “Levou mais de dez anos para se tomar uma decisão. A usina foi retomada, está em construção e entrará em operação em 2015.”
Fonte: http://jbonline.terra.com.br/pextra/201 ... 518139.asp
Agência Brasil
BRASÍLIA - O Brasil deverá ter até 2030 entre quatro e oito centrais de energia nuclear, de acordo com o Ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann. Três regiões brasileiras estão sendo estudadas para a implantação de plantas nucleares.
“Começamos a fazer estudos pelo Nordeste, para verificar onde há sítios para instalar as plantas nucleares. Depois vamos fazer no Sudeste e no Sul”, disse o ministro em entrevista ao programa Bom Dia, Ministro.
Segundo Zimmermann, para isso é necessário criar políticas específicas e determinar a tecnologia que será usada. “O estudo, que se iniciará este ano, vai definir a viabilidade técnica e econômica e apurar qual local deve ter essa planta.”
O ministro informou que as obras de construção de Angra 3 já foram retomadas. “Levou mais de dez anos para se tomar uma decisão. A usina foi retomada, está em construção e entrará em operação em 2015.”
Fonte: http://jbonline.terra.com.br/pextra/201 ... 518139.asp
- Marino
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Oriente Médio trava acordo sobre TNP
Sucesso de conferência de revisão, que acaba hoje, depende de acerto para criação de zona livre de bombas
Negociadores do Brasil creem já ter obtido texto satisfatório, mantendo a adesão facultativa ao Protocolo Adicional
CLAUDIA ANTUNES
ENVIADA ESPECIAL A NOVA YORK
O sucesso ou o fracasso da conferência de revisão do TNP (Tratado de Não Proliferação Nuclear), que acaba hoje, dependia ontem à noite, fundamentalmente, de um acordo sobre os próximos passos para a criação de uma zona livre de armas nucleares no Oriente Médio.
Uma reunião de mais de cinco horas na missão do Egito na ONU, da qual participaram negociadores de 17 países, incluindo o Brasil, terminou sem progresso.
Os EUA continuam exigindo que Israel -potência nuclear fora do TNP- não seja citado diretamente, o que não era aceito pelos países árabes. O arsenal de Israel é estimado em 200 ogivas.
Especialista do Instituto para a Ciência e a Segurança Internacional, Jacqueline Shire explica a relevância do tema: foi graças à inclusão da cláusula em apoio ao estabelecimento dessa zona sem a bomba que a conferência de revisão de 1995 decidiu pela prorrogação indefinida da vigência do TNP.
"O fato de não ter havido avanço nos últimos 15 anos sublinha a frustração dos países desarmados com o P-5", diz Shire, referindo-se às potências nucleares reconhecidas (EUA, Rússia, França, Reino Unido e China).
DESBLOQUEIO
Um acordo de última hora sobre o Oriente Médio pode desbloquear os demais pontos de divergência, estimou o sueco Jarmo Sareva, secretário da Conferência de Desarmamento das Nações Unidas. Do contrário, não haverá declaração final.
No início da noite, o diplomata filipino Libran Cabactulan, que preside o encontro, apresentou um novo rascunho de declaração, tentando aproximar posições.
Os negociadores brasileiros, chefiados pelo embaixador Luiz Felipe de Macedo Soares, acreditavam ter obtido um acordo satisfatório para preservar o caráter voluntário da adesão ao Protocolo Adicional do TNP.
O protocolo permite inspeções da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) em instalações não declaradas como de uso nuclear.
O Brasil não pretende aderir ao protocolo por enquanto e não admitia a inclusão de termos que o consideravam "vital" ou o instrumento "padrão" das inspeções.
Restavam, por outro lado, divergências sobre o plano de ação para o desarme, um ponto de honra sobretudo para os Não Alinhados (116 dos 189 membros do TNP).
DESACORDO
Até ontem à noite, o P-5 não concordava em mencionar nem um "cronograma" para a eliminação dos arsenais nem a proposta do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, de convocação de uma cúpula sobre o fim da bomba, incluindo as potências extratratado (Índia, Paquistão e Coreia do Norte, além de Israel).
Numa entrevista concorridíssima, no prédio da ONU onde se realiza o encontro, o embaixador iraniano Ali Asghar Soltanieh citou outra precondição para um acordo: a anuência das potências em tornar legais as "garantias negativas", isto é, de que países sem bomba não serão nuclearmente atacados.
Questionado se o Irã, sozinho, chegaria a bloquear uma declaração final, ele preferiu não ser direto. "Não haverá compromissos sobre princípios", disse.
O sueco Sareva defendeu que mesmo um acordo aguado é melhor do que nada.
"Esse tipo de conferência não é transformacional, é evolutiva."
Sucesso de conferência de revisão, que acaba hoje, depende de acerto para criação de zona livre de bombas
Negociadores do Brasil creem já ter obtido texto satisfatório, mantendo a adesão facultativa ao Protocolo Adicional
CLAUDIA ANTUNES
ENVIADA ESPECIAL A NOVA YORK
O sucesso ou o fracasso da conferência de revisão do TNP (Tratado de Não Proliferação Nuclear), que acaba hoje, dependia ontem à noite, fundamentalmente, de um acordo sobre os próximos passos para a criação de uma zona livre de armas nucleares no Oriente Médio.
Uma reunião de mais de cinco horas na missão do Egito na ONU, da qual participaram negociadores de 17 países, incluindo o Brasil, terminou sem progresso.
Os EUA continuam exigindo que Israel -potência nuclear fora do TNP- não seja citado diretamente, o que não era aceito pelos países árabes. O arsenal de Israel é estimado em 200 ogivas.
Especialista do Instituto para a Ciência e a Segurança Internacional, Jacqueline Shire explica a relevância do tema: foi graças à inclusão da cláusula em apoio ao estabelecimento dessa zona sem a bomba que a conferência de revisão de 1995 decidiu pela prorrogação indefinida da vigência do TNP.
"O fato de não ter havido avanço nos últimos 15 anos sublinha a frustração dos países desarmados com o P-5", diz Shire, referindo-se às potências nucleares reconhecidas (EUA, Rússia, França, Reino Unido e China).
DESBLOQUEIO
Um acordo de última hora sobre o Oriente Médio pode desbloquear os demais pontos de divergência, estimou o sueco Jarmo Sareva, secretário da Conferência de Desarmamento das Nações Unidas. Do contrário, não haverá declaração final.
No início da noite, o diplomata filipino Libran Cabactulan, que preside o encontro, apresentou um novo rascunho de declaração, tentando aproximar posições.
Os negociadores brasileiros, chefiados pelo embaixador Luiz Felipe de Macedo Soares, acreditavam ter obtido um acordo satisfatório para preservar o caráter voluntário da adesão ao Protocolo Adicional do TNP.
O protocolo permite inspeções da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) em instalações não declaradas como de uso nuclear.
O Brasil não pretende aderir ao protocolo por enquanto e não admitia a inclusão de termos que o consideravam "vital" ou o instrumento "padrão" das inspeções.
Restavam, por outro lado, divergências sobre o plano de ação para o desarme, um ponto de honra sobretudo para os Não Alinhados (116 dos 189 membros do TNP).
DESACORDO
Até ontem à noite, o P-5 não concordava em mencionar nem um "cronograma" para a eliminação dos arsenais nem a proposta do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, de convocação de uma cúpula sobre o fim da bomba, incluindo as potências extratratado (Índia, Paquistão e Coreia do Norte, além de Israel).
Numa entrevista concorridíssima, no prédio da ONU onde se realiza o encontro, o embaixador iraniano Ali Asghar Soltanieh citou outra precondição para um acordo: a anuência das potências em tornar legais as "garantias negativas", isto é, de que países sem bomba não serão nuclearmente atacados.
Questionado se o Irã, sozinho, chegaria a bloquear uma declaração final, ele preferiu não ser direto. "Não haverá compromissos sobre princípios", disse.
O sueco Sareva defendeu que mesmo um acordo aguado é melhor do que nada.
"Esse tipo de conferência não é transformacional, é evolutiva."
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Plano Brasil
A OTAN NÃO RETIRARÁ ARMAS NUCLEARES DA EUROPA
28/05/2010
Tradução e Adaptação do Texto: Comandante Melk
Os chanceleres dos países da OTAN concordaram em sua reunião Oficial em Talín, que “nenhum tipo de arma nuclear será levada da Europa de maneira unilateral.Todas as decisões serão tomadas em conjunto” destacou o representante oficial da Aliança, James Apatthurai.
A secretaria dos EUA , Hillary Clinton, também anunciou que qualquer redução de armamento na Europa só será possível após negociações com a Rússia, que possui mais ogivas nucleares. Hillary destacou que a OTAN vai continuar com a “aliança nuclear”. Por sua parte, o Secretário-Geral da OTAN, Anders Fogh Rasmussen sublinhou que a presença de armas nucleares tácticas é “parte essencial” da dissuasão nuclear da OTAN.
Os países da Europa Oriental e Ocidental estão em desacordo sobre armas nucleares em seu território.Alemanha, Bélgica, Itália, Holanda e Turquia estão a favor da retirada dos armamentos tácticos estadunienses da Europa, porque reduz a confiança entre a OTAN e a Rússia, nação contra a qual apontam o objetivo das ogivas que foram instaladas durante a Guerra Fria.
Em contraste, os países da Europa Oriental, especialmente os estados bálticos, acreditam que “ a conservação das armas tácticas é um sinal de apoio diplomático dos EUA, em caso de ameaças potenciais.” Após o tratado START, a questão das armas tácticas na Europa é o principal tema do desarmamento global.
Jornalistas do New York Times lembraram que a Aliança Atlântica foi fundada como um contrapeso ao poderio militar da ex-URSS, e agora que este país já não existe e a maioria dos seus aliados aderiram à Aliança em si, seus membros estão longe de ter pontos de vista unânimes.
Além disso, na reunião de Talín, Bósnia-Herzegovina recebeu o plano de açôes para sua adesão à organização, mas por hora não há data para possível admissão.”Durante os últimos anos, a Bósnia-Herzegovina teve êxitos significativos na sua reforma militar e decidiu enviar tropas ao Afeganistão para integrar a Força Internacional de Assistência para Segurança”, disse Rasmussen.
O secretário Geral da OTAN também afirmou que o acordo entre Rússia e a Ucrânia sobre a Armada Russa do Mar Negro não vai influenciar as relações da Otan com os dois países. A política da Organização para a eventual adesão da Ucrânia não vai mudar “as portas da OTAN estão abertas para novos países, se estes cumprirem todas as condições.”
A segunda reunião da OTAN no território da antiga União Soviética, começou na capital da Estónia, em 22 de Abril . Outro tema principal da cúpula será a situação do Afeganistão.
Fonte:RT
A OTAN NÃO RETIRARÁ ARMAS NUCLEARES DA EUROPA
28/05/2010
Tradução e Adaptação do Texto: Comandante Melk
Os chanceleres dos países da OTAN concordaram em sua reunião Oficial em Talín, que “nenhum tipo de arma nuclear será levada da Europa de maneira unilateral.Todas as decisões serão tomadas em conjunto” destacou o representante oficial da Aliança, James Apatthurai.
A secretaria dos EUA , Hillary Clinton, também anunciou que qualquer redução de armamento na Europa só será possível após negociações com a Rússia, que possui mais ogivas nucleares. Hillary destacou que a OTAN vai continuar com a “aliança nuclear”. Por sua parte, o Secretário-Geral da OTAN, Anders Fogh Rasmussen sublinhou que a presença de armas nucleares tácticas é “parte essencial” da dissuasão nuclear da OTAN.
Os países da Europa Oriental e Ocidental estão em desacordo sobre armas nucleares em seu território.Alemanha, Bélgica, Itália, Holanda e Turquia estão a favor da retirada dos armamentos tácticos estadunienses da Europa, porque reduz a confiança entre a OTAN e a Rússia, nação contra a qual apontam o objetivo das ogivas que foram instaladas durante a Guerra Fria.
Em contraste, os países da Europa Oriental, especialmente os estados bálticos, acreditam que “ a conservação das armas tácticas é um sinal de apoio diplomático dos EUA, em caso de ameaças potenciais.” Após o tratado START, a questão das armas tácticas na Europa é o principal tema do desarmamento global.
Jornalistas do New York Times lembraram que a Aliança Atlântica foi fundada como um contrapeso ao poderio militar da ex-URSS, e agora que este país já não existe e a maioria dos seus aliados aderiram à Aliança em si, seus membros estão longe de ter pontos de vista unânimes.
Além disso, na reunião de Talín, Bósnia-Herzegovina recebeu o plano de açôes para sua adesão à organização, mas por hora não há data para possível admissão.”Durante os últimos anos, a Bósnia-Herzegovina teve êxitos significativos na sua reforma militar e decidiu enviar tropas ao Afeganistão para integrar a Força Internacional de Assistência para Segurança”, disse Rasmussen.
O secretário Geral da OTAN também afirmou que o acordo entre Rússia e a Ucrânia sobre a Armada Russa do Mar Negro não vai influenciar as relações da Otan com os dois países. A política da Organização para a eventual adesão da Ucrânia não vai mudar “as portas da OTAN estão abertas para novos países, se estes cumprirem todas as condições.”
A segunda reunião da OTAN no território da antiga União Soviética, começou na capital da Estónia, em 22 de Abril . Outro tema principal da cúpula será a situação do Afeganistão.
Fonte:RT
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
MERVAL PEREIRA
Mal-entendido ou má intenção?
Na nova política de segurança divulgada pelo governo dos Estados Unidos, o Brasil ganhou
relevância em relação a documentos anteriores, mas continua bem abaixo dos outros três centros de
influência China, Rússia e Índia e quase da mesma importância que a África do Sul. O presidente dos
Estados Unidos, Barack Obama, pôs o Brasil em um segundo pelotão. Em todo o texto, ele cita a Índia
nove vezes; a China, dez; a Rússia, 14; e o Brasil, apenas cinco, mesmo número de vezes da África do
Sul. A Turquia é citada apenas uma vez. Os desentendimentos sobre o acordo nuclear com o Irã, que a
secretária de Estado, Hillary Clinton, classificou de sérios, estão no centro desse esfriamento de relações
entre Obama e Lula, que um dia ele já definiu como o cara. O vazamento da carta que Obama escreveu
ao presidente Lula é um desentendimento diplomático sério. A Casa Branca não gostou de saber que um
governo amigo divulga documentos pessoais entre presidentes. Mas uma leitura atenta da carta, em vez
de demonstrar, como quer o governo brasileiro, que Lula seguiu à risca as orientações de Obama, deixa
claro que houve no mínimo um mal-entendido, que fala mal da diplomacia brasileira. Ou uma tentativa
frustrada de criar um fato consumado que favorecesse o Irã. Ao se referir aos termos do acordo de
novembro, Obama deixa claro que o objetivo dele era deixar o Irã sem material atômico para produzir a
bomba. Está claro que, sem essa precondição, não há acordo.
Na carta, está dito claramente: A proposta da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica)
foi preparada de maneira a ser justa e equilibrada, e para permitir que ambos os lados ganhem
confiança. Para nós, o acordo iraniano quanto a transferir 1.200 quilos de seu urânio de baixo
enriquecimento (LEU) para fora do país reforçaria a confiança e diminuiria as tensões regionais, ao
reduzir substancialmente os estoques de LEU do Irã. Quero sublinhar que esse elemento é de
importância fundamental para os Estados Unidos. Para o Irã, o país receberia o combustível nuclear
solicitado para garantir a operação continuada do TRR (o Reator de Pesquisa de Teerã), a fim de
produzir os isótopos médicos necessários e, ao usar seu próprio material, os iranianos começariam a
demonstrar intenções nucleares pacíficas. Não obstante o desafio continuado do Irã a cinco resoluções
do Conselho de Segurança das Nações Unidas que ordenam o final de seu programa de enriquecimento
de urânio, estávamos preparados para apoiar e facilitar as ações quanto a uma proposta que forneceria
combustível nuclear ao Irã usando urânio enriquecido pelo Irã, uma demonstração de nossa disposição
de trabalhar criativamente na busca de um caminho para a construção de confiança mútua. O
pressuposto era, portanto, que o Irã reduzisse substancialmente os seus estoques. Qualquer acordo que
não reduzisse substancialmente os seus estoques, não teria sentido, portanto.
Em outro trecho, a carta diz: Compreendemos pelo que vocês, a Turquia e outros nos dizem que
o Irã continua a propor a retenção do LEU em seu território até que exista uma troca simultânea de LEU
por combustível nuclear. Como apontou o general [James] Jones [assessor de Segurança Nacional da
Casa Branca] durante o nosso encontro, seria necessário um ano para a produção de qualquer volume
de combustível nuclear. Assim, o reforço da confiança que a proposta da AIEA poderia propiciar seria
completamente eliminado para os Estados Unidos, e diversos riscos emergiriam. Primeiro, o Irã poderia
continuar a ampliar seu estoque de LEU ao longo do período, o que lhes permitiria acumular um estoque
de LEU equivalente ao necessário para duas ou três armas nucleares, em prazo de um ano. Ou seja, se
em um ano o Irã poderia continuar a ampliar o seu estoque de LEU, bastaria ao governo brasileiro fazer
as contas: de novembro a maio são seis meses, meio ano, tempo suficiente para um reforço e tanto no
estoque. O volume ser transferido ao exterior deveria ser, portanto, proporcionalmente aumentado. O
acordo fechado entre Brasil e Turquia com o Irã, nos termos em que foi concebido, isto é, permitindo que
o Irã continuasse a ter um estoque de urânio que manteria a possibilidade de chegar à bomba atômica,
criou, sem dúvida, uma turbulência internacional que interfere na decisão do Conselho de Segurança da
Organização das Nações Unidas de implementar sanções contra o Irã. Se, como tudo indica, as sanções
forem impostas com o apoio da grande maioria dos membros do Conselho de Segurança a informação é
de que apenas Brasil, Turquia e Líbano seriam contrários a elas , fica claro que o Brasil está isolado na
tentativa de salvar o Irã da punição.
Brasil e Turquia somente poderiam se considerar vitoriosos caso o Conselho rachasse devido ao
acordo.
Mal-entendido ou má intenção?
Na nova política de segurança divulgada pelo governo dos Estados Unidos, o Brasil ganhou
relevância em relação a documentos anteriores, mas continua bem abaixo dos outros três centros de
influência China, Rússia e Índia e quase da mesma importância que a África do Sul. O presidente dos
Estados Unidos, Barack Obama, pôs o Brasil em um segundo pelotão. Em todo o texto, ele cita a Índia
nove vezes; a China, dez; a Rússia, 14; e o Brasil, apenas cinco, mesmo número de vezes da África do
Sul. A Turquia é citada apenas uma vez. Os desentendimentos sobre o acordo nuclear com o Irã, que a
secretária de Estado, Hillary Clinton, classificou de sérios, estão no centro desse esfriamento de relações
entre Obama e Lula, que um dia ele já definiu como o cara. O vazamento da carta que Obama escreveu
ao presidente Lula é um desentendimento diplomático sério. A Casa Branca não gostou de saber que um
governo amigo divulga documentos pessoais entre presidentes. Mas uma leitura atenta da carta, em vez
de demonstrar, como quer o governo brasileiro, que Lula seguiu à risca as orientações de Obama, deixa
claro que houve no mínimo um mal-entendido, que fala mal da diplomacia brasileira. Ou uma tentativa
frustrada de criar um fato consumado que favorecesse o Irã. Ao se referir aos termos do acordo de
novembro, Obama deixa claro que o objetivo dele era deixar o Irã sem material atômico para produzir a
bomba. Está claro que, sem essa precondição, não há acordo.
Na carta, está dito claramente: A proposta da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica)
foi preparada de maneira a ser justa e equilibrada, e para permitir que ambos os lados ganhem
confiança. Para nós, o acordo iraniano quanto a transferir 1.200 quilos de seu urânio de baixo
enriquecimento (LEU) para fora do país reforçaria a confiança e diminuiria as tensões regionais, ao
reduzir substancialmente os estoques de LEU do Irã. Quero sublinhar que esse elemento é de
importância fundamental para os Estados Unidos. Para o Irã, o país receberia o combustível nuclear
solicitado para garantir a operação continuada do TRR (o Reator de Pesquisa de Teerã), a fim de
produzir os isótopos médicos necessários e, ao usar seu próprio material, os iranianos começariam a
demonstrar intenções nucleares pacíficas. Não obstante o desafio continuado do Irã a cinco resoluções
do Conselho de Segurança das Nações Unidas que ordenam o final de seu programa de enriquecimento
de urânio, estávamos preparados para apoiar e facilitar as ações quanto a uma proposta que forneceria
combustível nuclear ao Irã usando urânio enriquecido pelo Irã, uma demonstração de nossa disposição
de trabalhar criativamente na busca de um caminho para a construção de confiança mútua. O
pressuposto era, portanto, que o Irã reduzisse substancialmente os seus estoques. Qualquer acordo que
não reduzisse substancialmente os seus estoques, não teria sentido, portanto.
Em outro trecho, a carta diz: Compreendemos pelo que vocês, a Turquia e outros nos dizem que
o Irã continua a propor a retenção do LEU em seu território até que exista uma troca simultânea de LEU
por combustível nuclear. Como apontou o general [James] Jones [assessor de Segurança Nacional da
Casa Branca] durante o nosso encontro, seria necessário um ano para a produção de qualquer volume
de combustível nuclear. Assim, o reforço da confiança que a proposta da AIEA poderia propiciar seria
completamente eliminado para os Estados Unidos, e diversos riscos emergiriam. Primeiro, o Irã poderia
continuar a ampliar seu estoque de LEU ao longo do período, o que lhes permitiria acumular um estoque
de LEU equivalente ao necessário para duas ou três armas nucleares, em prazo de um ano. Ou seja, se
em um ano o Irã poderia continuar a ampliar o seu estoque de LEU, bastaria ao governo brasileiro fazer
as contas: de novembro a maio são seis meses, meio ano, tempo suficiente para um reforço e tanto no
estoque. O volume ser transferido ao exterior deveria ser, portanto, proporcionalmente aumentado. O
acordo fechado entre Brasil e Turquia com o Irã, nos termos em que foi concebido, isto é, permitindo que
o Irã continuasse a ter um estoque de urânio que manteria a possibilidade de chegar à bomba atômica,
criou, sem dúvida, uma turbulência internacional que interfere na decisão do Conselho de Segurança da
Organização das Nações Unidas de implementar sanções contra o Irã. Se, como tudo indica, as sanções
forem impostas com o apoio da grande maioria dos membros do Conselho de Segurança a informação é
de que apenas Brasil, Turquia e Líbano seriam contrários a elas , fica claro que o Brasil está isolado na
tentativa de salvar o Irã da punição.
Brasil e Turquia somente poderiam se considerar vitoriosos caso o Conselho rachasse devido ao
acordo.
Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Dentro de todas as contas apresentadas e levando-se em consideração o tempo que o Brasil já se utiliza da energia nuclear.Fica claro a possível sabotagem de nosso Veículo Lançador de Satélite, a "não"exacerbada pressão sobre nossos estoques, necessidade de segredo total de nossas centrífugas, Serra do Cachimbo..etc
Entretanto diferente de Israel tenho a opinião de que deveríamos sim ter capacidade nuclear e desenvolve-la rápida e abertamente.Colocando assim um ponto final antes que comecem as pressões dos participantes fixos do Conselho de Segurança da ONU - diga-se todos detentores da B maiúscula.Temos muito a proteger e com o descaso de alguns governantes estamos com o poder dissuasório a desejar.
Entretanto diferente de Israel tenho a opinião de que deveríamos sim ter capacidade nuclear e desenvolve-la rápida e abertamente.Colocando assim um ponto final antes que comecem as pressões dos participantes fixos do Conselho de Segurança da ONU - diga-se todos detentores da B maiúscula.Temos muito a proteger e com o descaso de alguns governantes estamos com o poder dissuasório a desejar.
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Não tenho certeza se já postei o artigo abaixo.
Se postei, desconsiderem.
Nem tanto Irã e bem mais Brasil
O Brasil não pode aceitar a imposição de “visitas”, “inspeções” ou controles externos em processos científicos, tecnológicos e de desenvolvimento das nações. Aceitação de tais medidas acabaria por voltar-se contra nós mesmos.
Francisco Carlos Teixeira
Nos últimos dias as relações entre Brasil e o Irã tornaram-se o centro de um amplo debate na mídia brasileira, muitas vezes emulando a imprensa norte-americana. O centra da discussão é o pretenso apoio do Brasil ao programa nuclear iraniano. É aí que começam as dificuldades. A crítica centra-se em dois pontos fundamentais: de um lado o “apoio” brasileiro ao Irã e, de outro, o conseqüente isolamento internacional brasileiro daí decorrente. Cabe examinar as duas assertivas.
O Brasil perante o programa nuclear iraniano
Fontes da Inteligência norte-americana afirmaram, na última semana, que o Irã estaria desenvolvendo capacidade de enriquecimento de combustível fóssil capaz de dotar o país, em cinco anos, com armas nucleares. Em face de tal possibilidade, seria fundamental a votação, urgente, por parte do Conselho de Segurança da ONU de novas sanções contra o Irã. O governo brasileiro contra-argumentou o seguinte: 1. a atual capacidade iraniana é compatível com todas as afirmações de Teerã no sentindo de que seu programa possui fins pacíficos e volta-se para a produção de energia elétrica e de meios para uso civil, tais como medicina e agricultura ( conservação de alimentos ); 2. Não há qualquer evidência incontestável de desenvolvimento de um programa nuclear para fins militares no Irã; 3. As fontes – norte-americanas – que denunciam o programa nuclear do Irã são as mesmas fontes (a Inteligência dos EUA) que afirmaram, com absoluta certeza, que o Iraque possuía armas de destruição em massa capazes der lançar um ataque ao Ocidente em 45 minutos, justificando o ataque aquele país em 2003.
De posse deste diagnóstico os Estados Unidos desfecharam um ataque militar contra Bagdad que custou, até o momento, mais de 100 mil mortos e uma total desestabilização no Oriente Médio.
A “metodologia” utilizada pelos EUA no caso do Iraque entre 2002 e 2003 assemelha-se, assustadoramente, ao atual procedimento do Presidente Obama. Através de relatórios inconclusos da AIEA, somando-se a análises totalmente hipotéticas da CIA ( “... caso o Irã prossiga no atual ritmo de enriquecimento de material físsil, poderá em cinco anos... “) surge uma “certeza”no caráter belicoso do programa iraniano. Daí se intensificam as sanções impostas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas. Com a esperada reação negativa – orgulhosa e muitas vezes provocativas de Teerã – dar-se-iam as condições de um ataque preventivo por parte dos EUA ou, mesmo, por parte de Israel, ante a “passividade”da ONU e a “desobediência” de Teerã.
Estaríamos perante o caminho da maior crise bélica do novo século.
É em face de tais dúvidas que o governo brasileiro insiste na necessidade de prosseguir nas negociações com Irã, evitando a passagem rápida para o uso de sanções.
O Brasil e a ONU na crise iraniana
A posição brasileira – no atual momento o país é membro rotativo, sem direito à veto, no Conselho de Segurança da ONU – a partir das dúvidas acima expostas evoluiu em direção a dois pontos fundamentais: 1. A experiência recente em relações internacionais comprovaria que a utilização de sanções econômicas contra países, visando objetivos políticos, não gera, de forma alguma, os efeitos esperados, bem ao contrário. Assim, nos últimos 30 anos, Cuba, África do Sul ( do apartheid ), Somália, Coréia do Norte, entre outros, foram alvos de sanções econômicas, inclusive decretadas pelos EUA ( como no caso, injusto, de Cuba ) sem atingir seus objetivos. As sanções, ao contrário do esperado, geram em verdade uma punição coletiva para a população e uma aglutinação de forças em torno do poder central, fortalecendo as posições “nacionais” em face da pressão externa. Assim, não só as sanções seriam inúteis, como ainda contraproducentes; 2. O Conselho de Segurança da ONU arrisca-se, mais uma vez, a tornar-se instrumento da política de uma grande potência, desmoralizando-se num procedimento arriscado e sem bases materiais que justifiquem uma posição extrema porte da comunidade internacional.
O risco, mais uma vez, reside em que a ONU acabe seguindo, como fato consumado, as exigências da política interna dos EUA, quando o Presidente Obama, em virtude do seu público interno e de parte de popularidade, e em face da aproximação das eleições de meio de mandato, queira mostrar-se como um governante capaz de defender o país e recorrer ao “hard Power”americano.
É neste sentido que Brasília exige, mais uma vez, a “democratização” dos organismos internacionais e desconcentração de poder em escala mundial.
Um caminho alternativo
Para o Brasil ainda existe espaço, e tempo, suficientes para o prosseguimento de negociações. No caso da Coréia do Norte – que efetivamente já fez testes nucleares – os EUA aceitaram participar diretamente, das chamadas negociações de Beijing ( envolvendo as duas Coréias, Rússia, Japão ). Parece um total contrasenso de Washington aceitar negociações diretas com um país que concretamente desafiou a AIEA e a comunidade internacional explodindo artefatos nucleares e negar-se a negociar com o Irã ( que “poderá “ fazê-lo em cinco anos... ). Assim, o endurecimento da política externa americana em relação ao Irã assemelha-se, cada vez mais, a busca de meios para viabilizar uma mudança de regime em Teerã, nos mesmos termos ( catastróficos ) do que foi feito no Iraque.
O Brasil espera que o tema possa ser discutido ainda mais intensamente, incluindo aí a visita de Lula ao Irã em maio próximo, quando esperar-se-á uma declaração definitiva e clara de Teerã.
Aceitando o fato de que ainda há espaço para negociações, o Brasil apóia a proposta feita pela AIEA, endossada pela Rússia, pela qual o urânio iraniano seria enriquecimento no exterior – talvez na própria Rússia – e reenviado para o país, existindo um efetivo controle sobre o uso do material físsil. Em principio Teerã aceitou a sugestão. O problema aqui reside na garantia de retorno do material enriquecido – na última vez que o Irã fez isso o material foi embargado na França – e no prazo estipulado para o processo. Assim, este seria um caminho plausível para a resolução da crise, feitas as garantias necessárias.
Além disso, o Irã exige, tal qual Cuba, a suspensão das sanções decretadas por Washington contra o país desde a Revolução Islâmica de 1979 e, em especial, de quando da tomada de reféns americanos em Teerã. Ou seja, existe, por detrás da crise, um passivo EUA/Irã que envenena, desde muito, as relações bilaterais, independente da capacidade nuclear desenvolvida no Irã.
O Brasil isolado?
De forma muito afoita, seguindo muito, muitíssimo em verdade, de perto a mídia norte-americana, muitos críticos do governo brasileiro, afirmaram o isolamento “internacional” do Brasil. Este não é o fato. Na verdade as relações Brasil/EUA nunca foram tão boas e firmes. Nos últimos dias o Brasil assinou dois tratados estratégicos com Washington, um voltado para o combate ao narcotráfico e outro de cooperação militar. Da mesma forma, em visita ao Oriente Médio, o presidente Lula assinou o primeiro tratado de livre comércio do Brasil com Israel, evidenciando as ótimas relações com Tel Aviv ( para além dos achaques de mal humor do ministro do exterior daquele país, o mesmo que ofendeu o vice-presidente dos EUA, Joe Biden ).
A questão central em relação ao Irã hoje reside, de um lado, em uma postura firme da defesa direito dos países desenvolverem para fins pacíficos a energia atômica – como EUA ou a Europa o fazem – e, de outro, moderar, através de aconselhamentos e negociações, posturas irresponsáveis de Teerã, quando, por exemplo recusa, de forma absurda, a reconhecer a catástrofe do Holocausto.
O Brasil não pode aceitar a imposição de “visitas”, “inspeções” ou controles externos em processos científicos, tecnológicos e de desenvolvimento das nações. Aceitação de tais medidas acabaria por voltar-se contra nós mesmos. Aceitando as imposições contra as usinas iranianas, corremos o risco de nos obrigarmos a abrir nossas próprias instalações.
Francisco Carlos Teixeira é professor Titular de História Moderna e Contemporânea da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Se postei, desconsiderem.
Nem tanto Irã e bem mais Brasil
O Brasil não pode aceitar a imposição de “visitas”, “inspeções” ou controles externos em processos científicos, tecnológicos e de desenvolvimento das nações. Aceitação de tais medidas acabaria por voltar-se contra nós mesmos.
Francisco Carlos Teixeira
Nos últimos dias as relações entre Brasil e o Irã tornaram-se o centro de um amplo debate na mídia brasileira, muitas vezes emulando a imprensa norte-americana. O centra da discussão é o pretenso apoio do Brasil ao programa nuclear iraniano. É aí que começam as dificuldades. A crítica centra-se em dois pontos fundamentais: de um lado o “apoio” brasileiro ao Irã e, de outro, o conseqüente isolamento internacional brasileiro daí decorrente. Cabe examinar as duas assertivas.
O Brasil perante o programa nuclear iraniano
Fontes da Inteligência norte-americana afirmaram, na última semana, que o Irã estaria desenvolvendo capacidade de enriquecimento de combustível fóssil capaz de dotar o país, em cinco anos, com armas nucleares. Em face de tal possibilidade, seria fundamental a votação, urgente, por parte do Conselho de Segurança da ONU de novas sanções contra o Irã. O governo brasileiro contra-argumentou o seguinte: 1. a atual capacidade iraniana é compatível com todas as afirmações de Teerã no sentindo de que seu programa possui fins pacíficos e volta-se para a produção de energia elétrica e de meios para uso civil, tais como medicina e agricultura ( conservação de alimentos ); 2. Não há qualquer evidência incontestável de desenvolvimento de um programa nuclear para fins militares no Irã; 3. As fontes – norte-americanas – que denunciam o programa nuclear do Irã são as mesmas fontes (a Inteligência dos EUA) que afirmaram, com absoluta certeza, que o Iraque possuía armas de destruição em massa capazes der lançar um ataque ao Ocidente em 45 minutos, justificando o ataque aquele país em 2003.
De posse deste diagnóstico os Estados Unidos desfecharam um ataque militar contra Bagdad que custou, até o momento, mais de 100 mil mortos e uma total desestabilização no Oriente Médio.
A “metodologia” utilizada pelos EUA no caso do Iraque entre 2002 e 2003 assemelha-se, assustadoramente, ao atual procedimento do Presidente Obama. Através de relatórios inconclusos da AIEA, somando-se a análises totalmente hipotéticas da CIA ( “... caso o Irã prossiga no atual ritmo de enriquecimento de material físsil, poderá em cinco anos... “) surge uma “certeza”no caráter belicoso do programa iraniano. Daí se intensificam as sanções impostas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas. Com a esperada reação negativa – orgulhosa e muitas vezes provocativas de Teerã – dar-se-iam as condições de um ataque preventivo por parte dos EUA ou, mesmo, por parte de Israel, ante a “passividade”da ONU e a “desobediência” de Teerã.
Estaríamos perante o caminho da maior crise bélica do novo século.
É em face de tais dúvidas que o governo brasileiro insiste na necessidade de prosseguir nas negociações com Irã, evitando a passagem rápida para o uso de sanções.
O Brasil e a ONU na crise iraniana
A posição brasileira – no atual momento o país é membro rotativo, sem direito à veto, no Conselho de Segurança da ONU – a partir das dúvidas acima expostas evoluiu em direção a dois pontos fundamentais: 1. A experiência recente em relações internacionais comprovaria que a utilização de sanções econômicas contra países, visando objetivos políticos, não gera, de forma alguma, os efeitos esperados, bem ao contrário. Assim, nos últimos 30 anos, Cuba, África do Sul ( do apartheid ), Somália, Coréia do Norte, entre outros, foram alvos de sanções econômicas, inclusive decretadas pelos EUA ( como no caso, injusto, de Cuba ) sem atingir seus objetivos. As sanções, ao contrário do esperado, geram em verdade uma punição coletiva para a população e uma aglutinação de forças em torno do poder central, fortalecendo as posições “nacionais” em face da pressão externa. Assim, não só as sanções seriam inúteis, como ainda contraproducentes; 2. O Conselho de Segurança da ONU arrisca-se, mais uma vez, a tornar-se instrumento da política de uma grande potência, desmoralizando-se num procedimento arriscado e sem bases materiais que justifiquem uma posição extrema porte da comunidade internacional.
O risco, mais uma vez, reside em que a ONU acabe seguindo, como fato consumado, as exigências da política interna dos EUA, quando o Presidente Obama, em virtude do seu público interno e de parte de popularidade, e em face da aproximação das eleições de meio de mandato, queira mostrar-se como um governante capaz de defender o país e recorrer ao “hard Power”americano.
É neste sentido que Brasília exige, mais uma vez, a “democratização” dos organismos internacionais e desconcentração de poder em escala mundial.
Um caminho alternativo
Para o Brasil ainda existe espaço, e tempo, suficientes para o prosseguimento de negociações. No caso da Coréia do Norte – que efetivamente já fez testes nucleares – os EUA aceitaram participar diretamente, das chamadas negociações de Beijing ( envolvendo as duas Coréias, Rússia, Japão ). Parece um total contrasenso de Washington aceitar negociações diretas com um país que concretamente desafiou a AIEA e a comunidade internacional explodindo artefatos nucleares e negar-se a negociar com o Irã ( que “poderá “ fazê-lo em cinco anos... ). Assim, o endurecimento da política externa americana em relação ao Irã assemelha-se, cada vez mais, a busca de meios para viabilizar uma mudança de regime em Teerã, nos mesmos termos ( catastróficos ) do que foi feito no Iraque.
O Brasil espera que o tema possa ser discutido ainda mais intensamente, incluindo aí a visita de Lula ao Irã em maio próximo, quando esperar-se-á uma declaração definitiva e clara de Teerã.
Aceitando o fato de que ainda há espaço para negociações, o Brasil apóia a proposta feita pela AIEA, endossada pela Rússia, pela qual o urânio iraniano seria enriquecimento no exterior – talvez na própria Rússia – e reenviado para o país, existindo um efetivo controle sobre o uso do material físsil. Em principio Teerã aceitou a sugestão. O problema aqui reside na garantia de retorno do material enriquecido – na última vez que o Irã fez isso o material foi embargado na França – e no prazo estipulado para o processo. Assim, este seria um caminho plausível para a resolução da crise, feitas as garantias necessárias.
Além disso, o Irã exige, tal qual Cuba, a suspensão das sanções decretadas por Washington contra o país desde a Revolução Islâmica de 1979 e, em especial, de quando da tomada de reféns americanos em Teerã. Ou seja, existe, por detrás da crise, um passivo EUA/Irã que envenena, desde muito, as relações bilaterais, independente da capacidade nuclear desenvolvida no Irã.
O Brasil isolado?
De forma muito afoita, seguindo muito, muitíssimo em verdade, de perto a mídia norte-americana, muitos críticos do governo brasileiro, afirmaram o isolamento “internacional” do Brasil. Este não é o fato. Na verdade as relações Brasil/EUA nunca foram tão boas e firmes. Nos últimos dias o Brasil assinou dois tratados estratégicos com Washington, um voltado para o combate ao narcotráfico e outro de cooperação militar. Da mesma forma, em visita ao Oriente Médio, o presidente Lula assinou o primeiro tratado de livre comércio do Brasil com Israel, evidenciando as ótimas relações com Tel Aviv ( para além dos achaques de mal humor do ministro do exterior daquele país, o mesmo que ofendeu o vice-presidente dos EUA, Joe Biden ).
A questão central em relação ao Irã hoje reside, de um lado, em uma postura firme da defesa direito dos países desenvolverem para fins pacíficos a energia atômica – como EUA ou a Europa o fazem – e, de outro, moderar, através de aconselhamentos e negociações, posturas irresponsáveis de Teerã, quando, por exemplo recusa, de forma absurda, a reconhecer a catástrofe do Holocausto.
O Brasil não pode aceitar a imposição de “visitas”, “inspeções” ou controles externos em processos científicos, tecnológicos e de desenvolvimento das nações. Aceitação de tais medidas acabaria por voltar-se contra nós mesmos. Aceitando as imposições contra as usinas iranianas, corremos o risco de nos obrigarmos a abrir nossas próprias instalações.
Francisco Carlos Teixeira é professor Titular de História Moderna e Contemporânea da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
Barão do Rio Branco
Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Quem entende mais do assunto, o Merval Pereira da GLOBO, ou esse professor da UFRJ?
Em quem você se apoiaria USAntiago ?
Em quem você se apoiaria USAntiago ?
Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Pode acreditar! É isso que estamos fazendo hoje!!! E já temos bons resultados práticos.varj escreveu: .......Entretanto diferente de Israel tenho a opinião de que deveríamos sim ter capacidade nuclear e desenvolve-la rápida e abertamente.Colocando assim um ponto final antes que comecem as pressões dos participantes fixos do Conselho de Segurança da ONU - diga-se todos detentores da B maiúscula.Temos muito a proteger e com o descaso de alguns governantes estamos com o poder dissuasório a desejar.
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
EUA e Irã garantem acordo sobre TNP
Países suspendem vetos e evitam fiasco na revisão do tratado, mas põem obstáculos à implementação de metas
Plano de ação prevê cúpula em 2012 sobre Oriente Médio sem a bomba, mas parte sobre desarme sofre diluição
CLAUDIA ANTUNES
ENVIADA ESPECIAL A NOVA YORK
Ao suspenderem suas ameaças de veto, Estados Unidos e Irã garantiram um acordo na conferência de revisão do Tratado de Não Proliferação Nuclear, encerrada no fim da tarde de ontem na sede da ONU, em Nova York.
A declaração final e o plano de ação de 64 pontos, aprovados pelos 189 países-membros do tratado, preveem a convocação de uma cúpula em 2012 sobre a implementação de uma zona livre da bomba e de armas químicas e biológicas no Oriente Médio.
Dizem também que, até 2014, as potências atômicas do chamado P-5 -EUA, Rússia, França, Reino Unido e China- devem reportar aos organizadores da próxima revisão, em 2015, progressos na desativação dos arsenais.
Até o início da tarde, os EUA se opunham a que Israel, potência nuclear não declarada e não signatária do TNP, fosse citado no trecho sobre o Oriente Médio.
A chefe da delegação americana, Ellen Tauscher, acabou cedendo. Mas "lamentou profundamente" em declaração ao fim do encontro e disse que a menção ao país aliado dificultará a organização de uma cúpula bem-sucedida daqui a dois anos.
ÚLTIMA HORA
A delegação iraniana esperou até a última hora instruções de Teerã para se unir ao consenso, mas preferiu não correr o risco de ficar isolada mesmo entre os 116 países do Movimento dos Não Alinhados, do qual faz parte.
O embaixador do Irã na ONU, Ali Ashgar Soltanieh, criticou em especial a exclusão de cláusula que comprometia as potências a dar garantias legais de que países desarmados não serão nuclearmente atacados.
Soltanieh não prometeu a presença do Irã na cúpula de 2012. Disse que o "primeiro passo" para o Oriente Médio desnuclearizado é a adesão de Israel ao TNP.
O Irã não é mencionado nos textos. No seu discurso, Tauscher atacou o país persa, no que foi visto como tentativa de dar satisfação ao público interno nos EUA e ao aliado Israel.
Depois de cinco dias de impasse, o acordo demonstrou sobretudo a vontade de impedir que as bases políticas do TNP fossem minadas.
Se o encontro fracassasse, como aconteceu na revisão de 2005, o tratado não deixaria de vigorar, mas sua legitimidade seria afetada, assim como a sua barganha básica -pela qual 184 dos signatários se comprometem a não buscar a bomba, em troca do desarme do P-5.
"Um fracasso levaria a certa quebra de confiança", disse o embaixador Luiz Felipe de Macedo Soares, que chefiou a delegação brasileira.
DESARMAMENTO
O plano de ação de desarme terminou bastante diluído. Foram retirados, por exemplo, os compromissos com um cronograma para o fim da bomba, com o fim da modernização dos arsenais e com uma moratória na produção de material físsil.
Dada a "visão" de Barack Obama de um mundo sem a bomba, causou surpresa a resistência das potências atômicas a essas medidas.
O argumento do P-5 era o de que anúncios recentes, como a renovação de acordo de desarmamento entre Rússia e EUA, já representavam "passos positivos".
Mas o diplomata do Sri Lanka Jayantha Dhanapala, que presidiu a revisão de 1995, atribui a resistência a disputas por poderio militar entre as próprias potências.
"A Rússia se sente nervosa porque perdeu superioridade em armas convencionais. A China não quer parar de produzir material físsil porque os outros têm estoques maiores", disse.
Para os brasileiros, os documentos foram melhores do que o esperado, dadas as circunstâncias - ano de eleições legislativas nos EUA e a iniciativa americana de votar, no Conselho de Segurança da ONU, nova rodada de sanções contra o Irã por seu programa nuclear.
"É a primeira vez em que se chega a um plano de ação e houve a reafirmação do compromisso inequívoco de trabalhar pelo desarmamento", disse Macedo Soares.
Países suspendem vetos e evitam fiasco na revisão do tratado, mas põem obstáculos à implementação de metas
Plano de ação prevê cúpula em 2012 sobre Oriente Médio sem a bomba, mas parte sobre desarme sofre diluição
CLAUDIA ANTUNES
ENVIADA ESPECIAL A NOVA YORK
Ao suspenderem suas ameaças de veto, Estados Unidos e Irã garantiram um acordo na conferência de revisão do Tratado de Não Proliferação Nuclear, encerrada no fim da tarde de ontem na sede da ONU, em Nova York.
A declaração final e o plano de ação de 64 pontos, aprovados pelos 189 países-membros do tratado, preveem a convocação de uma cúpula em 2012 sobre a implementação de uma zona livre da bomba e de armas químicas e biológicas no Oriente Médio.
Dizem também que, até 2014, as potências atômicas do chamado P-5 -EUA, Rússia, França, Reino Unido e China- devem reportar aos organizadores da próxima revisão, em 2015, progressos na desativação dos arsenais.
Até o início da tarde, os EUA se opunham a que Israel, potência nuclear não declarada e não signatária do TNP, fosse citado no trecho sobre o Oriente Médio.
A chefe da delegação americana, Ellen Tauscher, acabou cedendo. Mas "lamentou profundamente" em declaração ao fim do encontro e disse que a menção ao país aliado dificultará a organização de uma cúpula bem-sucedida daqui a dois anos.
ÚLTIMA HORA
A delegação iraniana esperou até a última hora instruções de Teerã para se unir ao consenso, mas preferiu não correr o risco de ficar isolada mesmo entre os 116 países do Movimento dos Não Alinhados, do qual faz parte.
O embaixador do Irã na ONU, Ali Ashgar Soltanieh, criticou em especial a exclusão de cláusula que comprometia as potências a dar garantias legais de que países desarmados não serão nuclearmente atacados.
Soltanieh não prometeu a presença do Irã na cúpula de 2012. Disse que o "primeiro passo" para o Oriente Médio desnuclearizado é a adesão de Israel ao TNP.
O Irã não é mencionado nos textos. No seu discurso, Tauscher atacou o país persa, no que foi visto como tentativa de dar satisfação ao público interno nos EUA e ao aliado Israel.
Depois de cinco dias de impasse, o acordo demonstrou sobretudo a vontade de impedir que as bases políticas do TNP fossem minadas.
Se o encontro fracassasse, como aconteceu na revisão de 2005, o tratado não deixaria de vigorar, mas sua legitimidade seria afetada, assim como a sua barganha básica -pela qual 184 dos signatários se comprometem a não buscar a bomba, em troca do desarme do P-5.
"Um fracasso levaria a certa quebra de confiança", disse o embaixador Luiz Felipe de Macedo Soares, que chefiou a delegação brasileira.
DESARMAMENTO
O plano de ação de desarme terminou bastante diluído. Foram retirados, por exemplo, os compromissos com um cronograma para o fim da bomba, com o fim da modernização dos arsenais e com uma moratória na produção de material físsil.
Dada a "visão" de Barack Obama de um mundo sem a bomba, causou surpresa a resistência das potências atômicas a essas medidas.
O argumento do P-5 era o de que anúncios recentes, como a renovação de acordo de desarmamento entre Rússia e EUA, já representavam "passos positivos".
Mas o diplomata do Sri Lanka Jayantha Dhanapala, que presidiu a revisão de 1995, atribui a resistência a disputas por poderio militar entre as próprias potências.
"A Rússia se sente nervosa porque perdeu superioridade em armas convencionais. A China não quer parar de produzir material físsil porque os outros têm estoques maiores", disse.
Para os brasileiros, os documentos foram melhores do que o esperado, dadas as circunstâncias - ano de eleições legislativas nos EUA e a iniciativa americana de votar, no Conselho de Segurança da ONU, nova rodada de sanções contra o Irã por seu programa nuclear.
"É a primeira vez em que se chega a um plano de ação e houve a reafirmação do compromisso inequívoco de trabalhar pelo desarmamento", disse Macedo Soares.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Nos Brasileiros contamos com isto.Só espero que os Governantes( lembrando que são eleitos por nós, portanto todos temos responsabilidades em seus feitos ou omissões) enxerguem com olhos de Lince a questão da Soberania Nacional e as diversas formas de nos proteger das ameaças internas e externas.gil eanes escreveu:Pode acreditar! É isso que estamos fazendo hoje!!! E já temos bons resultados práticos.varj escreveu: .......Entretanto diferente de Israel tenho a opinião de que deveríamos sim ter capacidade nuclear e desenvolve-la rápida e abertamente.Colocando assim um ponto final antes que comecem as pressões dos participantes fixos do Conselho de Segurança da ONU - diga-se todos detentores da B maiúscula.Temos muito a proteger e com o descaso de alguns governantes estamos com o poder dissuasório a desejar.
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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Na década de 80 estávamos quase 10 anos atrás da Argentina em termos de tecnologia.Agora acredito estarmos muitas décadas na frente.As pretenções estão se tornando realidade.Carlos Mathias escreveu:Cuidado para não passarem o Serrote nestas pretensões.
São somente 8 países ( mais Israel) conhecidos como produtores das tecnologias necessárias.Não devemos subestimar a Argentina que citei dado as tecnologias adquiridas dos Alemães no pós Guerra.Mas de toda forma é um ciclo muito restrito.Portanto fechado a novos agentes.Portanto reafirmo que para entrar no "grupo"devemos ser rápidos, eficazes e abertos(nada de programas secretos).Sabemos fazer, optamos por isto, estão construídas e pronto.
Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil
Mas é melhor que pensem que não.
"O que não é visto, não é lembrado".
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