Marino escreveu:É importante que se diga que a decisão de manter ou não tropas brasileiras no Haiti não depende de nossos militares e nem do MD, depende apenas do MRE (Ministério das Relações Exteriores). A decisão é puramente de ordem política, cabe ao MD acatar as decisões e encaminhar as FFAA o planejamento estratégico. Saber a opinião dos militares, seja do simples praça ao mais alto no comando, não fará diferença alguma, pois estão lá para seguir ordem de seu comandante maior, ou seja, o presidente da república.
Que todos entendam perfeitamente este parágrafo do Orestes.
A decisão é política, e ponto.
Não interessa o que os militares acham.
E está correta esta maneira.
Como me dói ter que dizer isso, irmão Marino, como me dói... É extremamente desagradável saber que a opinião de quem está lá, de que opera e age não conta, que os que recebem parcos soldos para morrer pelo Brasil estão em outro país se expondo ao desencarne para satisfazer o ego daqueles que acham que não querem largar o osso (MRE???).
A presença do Brasil no Haiti deve (e só pode ser) discutida no âmbito político, nunca doutrinário/tático/militar. Sim, existe uma estratégia por trás de tudo isso, mas a mesma não é militar, não é de Estado, é de governo. Sinto dor ao reconhecer que a estratégia assumida em nosso país é fruto de disputa de poder entre o MRE e as FFAA, que impõe suas vontades, suas vicissitudes, e porque não dizer, mazelas, para satisfazer egos de natureza pessoal e não do coletivo. Mazelas estas que se expõe fragilmente ao sonho primário de acreditar que uma pseudo-forma-imperialista deste (ainda) ingênuo país possa conseguir respaldo internacional na (ex)grande instituição (hoje) falida de nome ONU.
Não são ações do "tipo Haiti" que fará com que o Brasil assuma uma cadeira permanente no CS/ONU, mas as ações do MRE são claras, nítidas para aqueles que possuem olhos e senso crítico, impor poder "moral" aos escravizados militares, fazendo uso da utópica expressão "morrer pelo Haiti é morrer pelo Brasil", como se os menos de dois mil dólares mês (durante 6 meses) pagasse as contas dos familiares que nem sempre se auto-sustentam por estas bandas.
A minha revolta é brutal, mas não vou dar a minha opinião de forma explícita, só dizer que os FN estão em uma base onde todos (repito, todos) possuem boa alimentação e acomodações, mas muito diferente dos "verdinhos" do EB, que em alguns "pontos fortes" possuem instalações pra lá de questionáveis, sendo um deles (não o pior) um ex-forte, ex-presídio feminino, com o "pé direito" muito alto e que foi dividido ao meio (sentido vertical), onde a parte de baixo contém portas e a parte de cima obriga os militares a entrar e sair pelo buraco do ar condicionado que havia lá no passado. Acomodações tais que em determinados lugares os militares são "obrigados" (falta de opção) a dormir no relento, pois os alojamentos praticamente pegam fogo de tão quentes.
Sim... É muito fácil ser uma espécie de brasileiro nacionalista, achar que tropas em outro país é demonstração de projeção de poder, algo que não existe no papel, menos do MRE, mas achando bonito ver um ser humano e que por acaso é um "mísero" militar se expondo a uma vida... (não vou falar) enquanto estamos aqui no bem-bom. É muito fácil mandar um "idiota" pra frente de batalha, lutar e morrer por uma causa que não é a de seu país, talvez porque seja utopicamente belo ver alguém (que não seja eu e meus parentes e amigos) morrer por causas defendidas por "falsos poderes de político/acadêmico/diplomático. Sim, mandar morrer é fácil e belo, mas ir pra frente de combate é coisa para o "outro". Que coisa, né? A elite pensante não pensa, se esquece que acabam emplacando e fazendo eco das falas apregoadas por aqueles que deveriam receber as críticas. Neste caso, ouso outros ecos, mas daqueles que produzem gargalhadas sobre a inocência momentânea e casuística daqueles que apenas reproduzem frases prontas geradas pelos "gargalhadores" e que nem eles acreditam no que disseram.
Penso assim, se não posso mudar sozinho o pensamento perverso dos "hilários formadores de opinião", pelo menos não reproduzo suas falas e muito menos dou rizada da coisa, afinal vidas importantes estão em jogo.
Encerro assim, quantas vidas brasileiras poderão ser necessárias para satisfazer egos que insistem em dizer que o País se projetará internacionalmente? Aventura para quem não nasceu pra coisa é ingenuidade maior, não ouvir que vive o problema de forma cotidiana é presunção e arrogância, acreditar que se conseguirá ser grande em cima de pequenos é assumir a condição de ingênuo. Sim, sou pra lá de nacionalista, mas não sou Policarpo Quaresma.
Forte abraço, mano véio,
Orestes