Geopolítica Energética

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Re: Geopolítica Energética

#946 Mensagem por Juniorbombeiro » Qui Fev 15, 2018 12:23 pm

Não foi a última, mas acho que vai demorar um pouco pra sair a próxima, com a demanda reprimida, os novos conceitos de licenciamento ambiental e a fragilidade das empreiteiras nacionais, só deve sair investimento deste porte no próximo apagão.




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Re: Geopolítica Energética

#947 Mensagem por FCarvalho » Qui Fev 15, 2018 12:49 pm

Eu tenho cá para mim que na próxima década com a expansão da rede alternativa de fornecimento e produção de energia no país, principalmente as renováveis, as grandes hidrelétricas não terão mais tanta vantagem assim, dada também a redução dos custos desses outros meios.

Mesmo que os avanços tecnológicos em P&D de energia por aqui avancem a passos de tartaruga, o potencial produtivo existente é tão grande que vão pensar duas vezes antes de investir novamente em hidrelétricas, a não ser que não haja alternativa viável, ou como sempre, os interesses de uns prevaleçam sobre a lógica econômica e os interesses da sociedade.

Mas aí já não há nenhuma novidade na origem dos nossos problemas energéticos.

abs




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Re: Geopolítica Energética

#948 Mensagem por Juniorbombeiro » Qui Fev 15, 2018 1:57 pm

As grandes hidroelétricas são muito vantajosas do ponto de vista econômico, as novas tecnologias vão ter que evoluir muito ainda para conseguir chegar perto, mas muito mesmo. Claro que essas novas tecnologias tem uma vantagem, sua característica descentralizada e pulverizada mascara as vantagens da tecnologia tradicional para os imediatistas, principalmente pela necessidade de vultuosos investimentos. Mas para quem pensa a longo prazo (e precisa), é loucura abrir mão em prol de uma tecnologia complementar, o ideal é ter as duas.
Só não aproveita o potencial hídrico quem não tem, seja o potencial hídrico em si ou inteligência.




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Re: Geopolítica Energética

#949 Mensagem por Túlio » Qui Fev 15, 2018 2:38 pm

Juniorbombeiro escreveu:As grandes hidroelétricas são muito vantajosas do ponto de vista econômico, as novas tecnologias vão ter que evoluir muito ainda para conseguir chegar perto, mas muito mesmo. Claro que essas novas tecnologias tem uma vantagem, sua característica descentralizada e pulverizada mascara as vantagens da tecnologia tradicional para os imediatistas, principalmente pela necessidade de vultuosos investimentos. Mas para quem pensa a longo prazo (e precisa), é loucura abrir mão em prol de uma tecnologia complementar, o ideal é ter as duas.
Só não aproveita o potencial hídrico quem não tem, seja o potencial hídrico em si ou inteligência.
Cupincha véio, vou te repetir um treco que já tinha falado: se - e é um imenso SE - os governantes tivessem mesmo algum interesse em autossuficiência energética, tratariam de descomplicar e desonerar bastante (bobear e até subsidiar) a produção doméstica e industrial de energia fotovoltaica, de preferência aquela que gera excedentes despejados na rede. Hoje mal se vê alguém botando algumas células em parte do telhado e gastando os tubos com isso, imagines alguns milhões de donos de imóveis mandando excedentes à média de uns 1,5/2 mil KWp cada, como ficaria o custo-benefício? Afinal, teríamos alguns MWh a mais (e, no caso empresarial, um menor consumo, dado ser possível usar a energia produzida e apenas complementá-la com a da rede), não?

Te quotei porque estou ciente de que entendes muito mais do que eu do assunto, assim, tua opinião é importante para mim, tri?




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Re: Geopolítica Energética

#950 Mensagem por FCarvalho » Qui Fev 15, 2018 3:05 pm

Junior, o modelo brasileiro de produção energética hoje é quase uniforme em torno das hidrelétricas, tendo como reserva as termoelétricas que tem um custo altíssimo para o consumidor e para o próprio sistema.

E como sempre tivemos a ligeira impressão de que a água por aqui nunca acabaria, bem, os problemas estão aí para todo mundo ver. Só demorou mais para começar a procurarem outros modelos tendo em vista a seca no sudeste, nos últimos anos, e que todo mundo achava que era algo pertinente somente ao nordeste.

Temos muito trabalho pela frente até a nossa dependência das hidrelétricas se tornar algo do passado. Mas como colocou o Túlio, isso depende muito mais da iniciativa do Estado e da cobrança da sociedade fazer com que a coisas mudem. De parte da iniciativa privada hoje já existe um movimento neste sentido, mas ela por sí só levará muito tempo para influir no processo decisório estatal. Mas ainda bem que, a meu ver, é um movimento sem volta.

Agora é saber se vamos realmente continuar a caminhar para frente ou se vamos continuar a insistir na mesma tecla de sempre. E quanto a isso, eu não tenho dúvidas que não poucos irão querer continuar a manter tudo como está. Esta é, e sempre foi, uma briga de cachorro grande.

abs




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Re: Geopolítica Energética

#951 Mensagem por Marechal-do-ar » Qui Fev 15, 2018 3:08 pm

Subsidiar me lembra da mesma cagada que a Alemanha fez a alguns anos, apenas para depois ter que cancelar o programa pelos custos excessivos.

Quanto a desonerar e facilitar, fiquem a vontade, a razão da energia solar e telhados solares não terem decolado ainda é que ainda não são economicamente viáveis, no dia que forem pode deixar que as indústrias cobriram os desertos com painéis solares.

Quanto a onerar e dificultar outros meios de energia que é mais ou menos isso que alguns tem na cabeça, seria o tiro de misericórdia na nossa indústria.

Concluindo, o que a tecnologia oferece hoje é hidroelétrica, só não usa quem não tem potencial hídrico ou cérebro.




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Re: Geopolítica Energética

#952 Mensagem por Túlio » Qui Fev 15, 2018 3:19 pm

Marechal-do-ar escreveu:Subsidiar me lembra da mesma cagada que a Alemanha fez a alguns anos, apenas para depois ter que cancelar o programa pelos custos excessivos.
Não conheço a Alemanha, só o Brasil, e ainda assim é mais a minha região: aqui tem muito mas muito sol e espaço entre as casas. Assim, poderias aprofundar sobre as razões que embasam o que afirmaste?
Marechal-do-ar escreveu:Quanto a desonerar e facilitar, fiquem a vontade, a razão da energia solar e telhados solares não terem decolado ainda é que ainda não são economicamente viáveis, no dia que forem pode deixar que as indústrias cobriram os desertos com painéis solares.
Aqui parece que não entendeste: falei primeiro na geração doméstica! Sério que milhões de residências gerando excedentes é algo desprezível?
Marechal-do-ar escreveu:Quanto a onerar e dificultar outros meios de energia que é mais ou menos isso que alguns tem na cabeça, seria o tiro de misericórdia na nossa indústria.
Não falei isso. Todas as formas podem coexistir, já que a meta é a mesma. E sobre dar tiro na Indústria, não notas que painéis fotovoltaicos não crescem em árvores? Uma demanda pequena como a atual por certo leva à importação (que é exportação do que mais precisamos, empregos), uma demanda alta e bem planejada leva, ao contrário do que afirmas, à expansão da base industrial, incluindo desenvolvimento e fabricação de células fotovoltaicas, o que não é o caso atual...
Marechal-do-ar escreveu:Concluindo, o que a tecnologia oferece hoje é hidroelétrica, só não usa quem não tem potencial hídrico ou cérebro.
Não se trata de simplesmente substituir uma matriz mas sim de adicionar outra(s)...




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Re: Geopolítica Energética

#953 Mensagem por Marechal-do-ar » Qui Fev 15, 2018 4:03 pm

Túlio escreveu:Não conheço a Alemanha, só o Brasil, e ainda assim é mais a minha região: aqui tem muito mas muito sol e espaço entre as casas. Assim, poderias aprofundar sobre as razões que embasam o que afirmaste?
A notícia foi postada nesse mesmo tópico algum tempo atrás, mas não conseguir achar, mas achei uma outra:
http://epocanegocios.globo.com/Caminhos ... aveis.html

Que mostra o resultado da política energética um pouco agressiva demais.
Túlio escreveu:Aqui parece que não entendeste: falei primeiro na geração doméstica! Sério que milhões de residências gerando excedentes é algo desprezível?
A questão não é essa, mesmo que as pessoas não possam vender o excedente elas ainda poderiam colocar sistemas em suas casas para reduzir a conta de luz, o excedente seria só essa redução em uma escala maior.

A razão para tão pouca gente instalar painés até para reduzir o consumo é que o custo deles acaba sendo maior do que a redução da conta de luz, isso é o financeiramente inviável.

E em relação a gerar empregos fabricando painéis solares, se forem economicamente inviáveis seriam mais empregos com saldo negativo para o país.




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Re: Geopolítica Energética

#954 Mensagem por Juniorbombeiro » Qui Fev 15, 2018 4:42 pm

Túlio escreveu:
Juniorbombeiro escreveu:As grandes hidroelétricas são muito vantajosas do ponto de vista econômico, as novas tecnologias vão ter que evoluir muito ainda para conseguir chegar perto, mas muito mesmo. Claro que essas novas tecnologias tem uma vantagem, sua característica descentralizada e pulverizada mascara as vantagens da tecnologia tradicional para os imediatistas, principalmente pela necessidade de vultuosos investimentos. Mas para quem pensa a longo prazo (e precisa), é loucura abrir mão em prol de uma tecnologia complementar, o ideal é ter as duas.
Só não aproveita o potencial hídrico quem não tem, seja o potencial hídrico em si ou inteligência.
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Te quotei porque estou ciente de que entendes muito mais do que eu do assunto, assim, tua opinião é importante para mim, tri?
Já é pesadamente subsidiado, pra tu teres uma ideia de como é caro. Outra hora, com mais tempo, podemos entrar mais a fundo nesse assunto. Mas resumindo, só vale a pena, se desconsiderarmos o ponto de vista puramente econômico. Países como Alemanha e China, tem seus motivos para investir, falta de outras matrizes ou sérios problemas ambientais.




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Re: Geopolítica Energética

#955 Mensagem por Túlio » Qui Fev 15, 2018 4:46 pm

No aguardo. Reitero o valor de tua opinião para mim, pois não é segredo que penso em fazer isso há anos ma$$$$$... :evil: :evil: :evil: :evil:




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Re: Geopolítica Energética

#956 Mensagem por Juniorbombeiro » Qui Fev 15, 2018 7:37 pm

FCarvalho escreveu:Junior, o modelo brasileiro de produção energética hoje é quase uniforme em torno das hidrelétricas, tendo como reserva as termoelétricas que tem um custo altíssimo para o consumidor e para o próprio sistema.

E como sempre tivemos a ligeira impressão de que a água por aqui nunca acabaria, bem, os problemas estão aí para todo mundo ver. Só demorou mais para começar a procurarem outros modelos tendo em vista a seca no sudeste, nos últimos anos, e que todo mundo achava que era algo pertinente somente ao nordeste.

Temos muito trabalho pela frente até a nossa dependência das hidrelétricas se tornar algo do passado. Mas como colocou o Túlio, isso depende muito mais da iniciativa do Estado e da cobrança da sociedade fazer com que a coisas mudem. De parte da iniciativa privada hoje já existe um movimento neste sentido, mas ela por sí só levará muito tempo para influir no processo decisório estatal. Mas ainda bem que, a meu ver, é um movimento sem volta.

Agora é saber se vamos realmente continuar a caminhar para frente ou se vamos continuar a insistir na mesma tecla de sempre. E quanto a isso, eu não tenho dúvidas que não poucos irão querer continuar a manter tudo como está. Esta é, e sempre foi, uma briga de cachorro grande.

abs
Bem, vamos a algumas considerações. Primeiro, não vejo mal nenhum em nossa matriz energética ser dependente das hidrelétricas, se temos esse recurso, devemos usar. Duro mesmo é depender de um recurso finito e altamente poluente, como carvão. Até pq temos regiões com regime hídrico complementar. Um grande problema em relação as secas é o avanço não planejado da agropecuária que fez as matas ciliares desaparecerem na maioria das regiões e comprometeu as principais bacias hidricas, somado ao fator cíclico que acontece naturalmente.
As termoelétricas, historicamente um modelo não importante no país, devido a nossa relativamente insignificante produção de carvão, e tardia produção de gás natural, são, no nosso caso, realmente uma solução paliativa. Pq as termoelétricas de turbina foram a solução milagrosa adotada no apagão? Pq são rápidas de construir, e entregam uma densidade alta de energia, podem ser construídas próximas aos centros de consumo e até movidas de lugar a um custo razoável. Uma hidroelétrica de grande porte deve demorar (chutando), no mínimo 10 anos para ser construída. As térmicas da época do apagão, demoravam 2, isso que não tinhamos a infraestrutura de gás instalada. Se ligar na GE hoje, eles te entregam (montada e funcionando) uma térmica modular em cima de carretas e containers, do tamanho que você quiser, em qualquer lugar do planeta, em 1 mês. Se você for um xeik árabe sentado em cima de um bolsão de gás, quem se importa se vc usa um V8 de Landau para tocar uma geladeira?
Hoje, apesar de nossa crescente produção de gás natural, existem destinações mais nobres para o mesmo do que queimar em uma turbina.
Tamanho foi o desespero na época do apagão, fruto de uma política irresponsável de falta de investimentos no setor, que chegamos ao absurdo de queimar diesel (produto altamente estratégico e igualmente racionado) em turbinas de ciclo aberto, isso pq não tinha gás pra todo mundo. Cobrimos um santo e descobrimos o outro.
O gás natural é um produto muito rico, pode ser fracionado em diversos subprodutos, podendo inclusive dar origem a gasolina de alta octanagem e lubrificantes sofisticados, além de matérias primas petroquímicas e fertilizantes (o Brasil, celeiro do mundo, importa 70% do seu fertilizante). Depois de devidamente processado, aí sim, se queima o que sobra em termoelétrica. Claro que isso é uma simplificação, depende da qualidade do gás, da quantidade, facilidade de extrair, distância do mercado consumidor e custo da infraestrutura, as vezes vale a pena queimar direto mesmo, mas na maioria das vezes não. As nossas mais recentes descobertas, estão concentradas relativamente próximas entre si e próximas dos principais mercados consumidores. O problema é que estão a uns 200 km da costa e uns 7000 m de profundidade (considerando água e crosta), mas isso a gente tira de letra.
O resto (eólica, solar), é complementar, deve-se investir e incentivar, mas é uma cestinha de ovos a parte.




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Re: Geopolítica Energética

#957 Mensagem por Juniorbombeiro » Qui Fev 15, 2018 7:42 pm

Esqueci da nuclear, outro complemento que estamos deixando de dar a devida atenção, principalmente pq temos reservas significativas de urânio e dominamos o processo de beneficiamento, combinação rara.




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Re: Geopolítica Energética

#958 Mensagem por FCarvalho » Qui Fev 15, 2018 8:07 pm

Excelente explicações Junior. Demonstrastes como é complicada a nossa questão energética. E muito bem lembrada a matriz nuclear, para a qual havia muitos planos para mini usinas Brasil afora, mas infelizmente não saiu do papel seja por força da incompetência/negligência estatal, como da pressão de grupos ecologistas e políticos e estrangeiros.

Agora, olhando as necessidades e desafios da minha região, fico mais boquiaberto ainda tendo em vista quererem, não raro, repetir aqui o mesmo modelo hidroelétrico sem ter as condições necessárias para tanto. Não basta ter água corrente para se ter uma usina hidroelétrica. Tem alguns detalhes também importantes...

abs.




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Re: Geopolítica Energética

#959 Mensagem por Juniorbombeiro » Qui Fev 15, 2018 10:54 pm

Túlio escreveu:No aguardo. Reitero o valor de tua opinião para mim, pois não é segredo que penso em fazer isso há anos ma$$$$$... :evil: :evil: :evil: :evil:
Pois então Túlio, se quiseres podemos fazer um exercício, vê aí qual o teu consumo médio de energia elétrica, o preço do KWh (qual é a concessionaria aí na praia?). Eu tendo a analisar olhando por cima, pelo teu perfil (morando sozinho), que não deve valer a pena, ainda mais se pretenderes vender energia. Mas faz um certo tempo que não pesquiso essas coisas, podemos tirar a prova.
Dinheiro não é necessariamente problema, essas coisas costumam ter linhas de crédito, não sei se tão vantajosas quanto a do jatinho do Luciano Huck, mas...as vezes se paga com a diferença da conta de luz.
Aliás um aparte, quando eu trabalhava na iniciativa 100% privada, eu acompanhei alguns programas de incentivo fiscal para economizar energia. Vivíamos ainda sob a sombra do apagão (entre 2004 e 2006). As duas empresas que trabalhei implantaram, consistia em contratar uma empresa ou um consultor de engenharia elétrica para mapear as cargas eletricas da indústria. Depois, verifica-se quais eram os vilões (barbada, naquela época motores elétricos de alto rendimento eram pouco difundidos no Brasil) e se propunha trocar tudo por novo. Se a diferença de consumo atingisse um certo valor, dava para abater uma caralhada de impostos e ainda financiar a perder de vista com a diferença do valor da conta de energia. Lavaram a égua trocando tudo que é sucata (rebobinado em oficina boca de porco, com rolamentos estourados, carcaça quebrada, etc) por motores novos, eficientes e livres de manutenção por bons anos, e os empresários ainda reclamam, esse país é uma mãe pra rico. Quero deixar claro que não sou contra, apenas gostaria que eles admitissem.




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Re: Geopolítica Energética

#960 Mensagem por Juniorbombeiro » Sex Fev 16, 2018 12:07 am

Olha aí Túlio, para nos situarmos mais no assunto.
A chamada geração distribuída, que se caracteriza quando consumidores produzem energia renovável (como a solar ou a eólica) e, além de atenderem ao próprio consumo, podem destinar eventuais excedentes à rede elétrica, é uma iniciativa que vem crescendo no Brasil. No Estado, a concessionária que registra o maior número desses casos é a AES Sul.


De acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em janeiro, eram 213 unidades dentro do conceito de geração distribuída conectadas na malha gaúcha, sendo que 109 delas na área de abrangência da AES Sul. Informações mais recentes da empresa indicam que esse número subiu para 120. A companhia já regularizou e conectou 117 clientes que instalaram placas fotovoltaicas e outros três que aproveitam a energia eólica. Mais 84 projetos estão em análise na concessionária.


O engenheiro eletricista da AES Sul Erico Bruchmann Spier recorda que as primeiras gerações distribuídas na área de concessão da distribuidora começaram em 2013. O especialista frisa que todos os clientes (industriais, comerciais e residenciais) podem adotar essa medida, com exceção dos que se encontram no ambiente de mercado livre (grandes consumidores, que não adquirem da concessionária local a energia que utilizam). Os 120 clientes que usam energia renovável na área da AES Sul são uma universidade, dois órgãos públicos, 13 empresas e 104 residências. A cidade com o maior número de clientes conectados é Santa Cruz do Sul, com 32 pontos. Segundo a Aneel, as adesões ao modelo de geração distribuída têm crescido expressivamente no País desde as primeiras instalações, em 2012.


Entre 2014 e 2016, os casos quadruplicaram, passando de 424 para 1.930 conexões. Com a revisão da Resolução Normativa nº 482/2012, ocorrida neste mês e que simplifica procedimentos de registro, a estimativa da agência é que, até 2024, mais 1,2 milhão de consumidores passem a produzir sua própria energia, o equivalente a 4,5 MW de potência instalada (suficiente para atender toda a demanda média de energia do Rio Grande do Sul).


Spier comenta que, normalmente, o retorno do investimento na geração própria com a redução da conta de luz é alcançado entre oito e 10 anos. O interessado em produzir a sua energia deve buscar um profissional habilitado para fazer o projeto e a instalação dos equipamentos necessários. Após esse procedimento, a distribuidora local precisa ser avisada da intenção do cliente e fazer uma vistoria para averiguar se o processo foi conduzido corretamente. A concessionária precisa ainda colocar um medidor bidirecional (que permite perceber se a unidade está recebendo ou enviando energia para a rede).


A vantagem econômica para quem optar pela geração distribuída é a possibilidade de receber créditos da sua concessionária. Por exemplo, se uma casa tem o consumo de 100 kWh em um mês, mas gerou 150 kWh através de painéis fotovoltaicos, o proprietário terá um crédito de 50 kWh quando precisar receber energia da distribuidora devido a períodos de baixa intensidade solar. Esse benefício, conforme a Aneel, tem o prazo de validade de 60 meses e pode ser usado também para abater o consumo de unidades consumidoras do mesmo titular da conta de luz situadas em outro lugar, desde que na área de atendimento da mesma distribuidora. Por enquanto, as unidades com geração distribuída estão restritas ao sistema de créditos e não podem ter lucro com a venda da produção de eletricidade. Spier acrescenta que é mantida uma cobrança, devido à conexão na rede elétrica.


FONTE: Jornal do Comercio RS




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