Micheletti diz que cerco policial a Embaixada do Brasil é pedido de Lula
25 de setembro de 2009 • 23h52
O presidente de facto de Honduras, Roberto Micheletti, assegurou nesta sexta-feira que o cerco a Embaixada do Brasil está estabelecido em resposta ao pedido do Governo de Luiz Inácio Lula Da Silva de garantir a segurança em seu interior.
"Nós só estamos respondendo ao pedido que fez o Governo do senhor Lula da Silva ao Governo de Honduras que queria garantir segurança da Embaixada, do edifício e também a vida dos que estavam dentro", disse Micheletti em declarações a jornalistas.
"Estamos comprometidos a garantir-lhe a parte de fora ao Governo do Brasil", insistiu o presidente de facto, depois que o Conselho de Segurança das Nações Unidas condenasse os "atos de intimidação" contra a Embaixada do Brasil, onde se encontra o presidente deposto, Manuel Zelaya, desde a segunda-feira.
Ao ser perguntado sobre se ia a acatar a resolução das Nações Unidas, Micheletti insistiu nessa resposta e negou que se estejam interferindo nos telefones ou lançando gases nesse edifício, e acusou dos cortes de luz e água aos seguidores de Zelaya que acamparam no lugar na segunda-feira, antes de serem tirados a força.
O chanceler do Brasil, Celso Amorim, explicou hoje no Conselho de Segurança a crítica situação humanitária que se vive na Embaixada, à qual se lhe cortaram as provisões de água, luz, alimentos e comunicações.
Zelaya denunciou hoje que o edifício tinha sido objeto de lançamento de gases tóxicos que tinham produzido irritações de diversos tipos nas pessoas que se encontravam em seu interior.
Perguntado sobre se um pedido do Governo do Brasil para levantar o cerco lhe faria tomar a decisão de retirar aos policiais e militares, Micheletti disse que "a responsabilidade do Governo não só é resguardar a sede do Governo do Brasil em Tegucigalpa, mas também proteger à população, as casas divisórias, os comércios".
Por sua parte, o ministro de Assuntos Exteriores de Micheletti, Carlos López, disse que "o que ocorreu em Honduras é uma questão que não ameaça a paz nem a segurança internacionais, em consequência não deveria haver uma intromissão nem de países nem de Governos nem de organizações internacionais".
Insistiu em lembrar declarações de Zelaya nas quais supostamente disse que tinha consultado seu retorno a Honduras com Lula e Amorim e assegurou que "em função dessas autorizações há uma grave responsabilidade internacional do Governo do presidente Lula" na crise que vive o país.
Micheletti reiterou que a volta de Zelaya ao poder, como prevê o acordo de San José, está "totalmente descartada porque a Constituição não permite que ninguém que foi presidente possa voltar".
"Além disso, ele tem contas pendentes com a lei em nosso país", disse. Ao ser consultado por um eventual diálogo entre os dois, Micheletti disse que "uma vez que ele (Zelaya) se apresente, que ele regule a situação, que esclareça o que aconteceu e todas as perguntas que façam os tribunais, não haverá nenhum problema" em se reunir com o presidente deposto.
EFE - Agência EFE
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