Re: Mundo Árabe em Ebulição
Enviado: Ter Set 06, 2016 2:56 pm
Dividir para reinar...
É tudo muito fácil de entender. O objetivo dos americanos na Síria não é derrotar o ISIS, mas sim derrubar Assad ou pelo menos picotar a Síria. Manjib pode ficar com quem quiser, seja eles os curdos ou o FSA apoiado pelos turcos. Como estão "libertando" o território das mãos do ISIS, pode ser qualquer um. Só não pode ficar com Assad.wagnerm25 escreveu:Aqui que tu vê a dualidade do discurso americano.augustoviana75 escreveu:Pelo visto, a FSA, com o apoio da Turquia, quer chegar até Manbij:
"Syrian rebel commander says Kurdish forces have not withdrawn from Manbij city, expects confrontation soon".
http://syria.liveuamap.com/en/2016/6-se ... orces-have
O FSA é formado basicamente por Jihadistas apoiados pela Turquia, não muito diferentes do ISIS. Manbij foi duramente conquistada pelos Curdos e seus aliados com apóio aéreo da coalisão liderada pelos EUA.
Agora os EUA (supostamente) fazem vista grossa a essa ação da Turquia e quem vai dominar a cidade com a eventual derrota Curda é um bando igual ao ISIS.
Não dá para entender onde os EUA querem chegar.
wagnerm25 escreveu:Aqui que tu vê a dualidade do discurso americano.augustoviana75 escreveu:Pelo visto, a FSA, com o apoio da Turquia, quer chegar até Manbij:
"Syrian rebel commander says Kurdish forces have not withdrawn from Manbij city, expects confrontation soon".
http://syria.liveuamap.com/en/2016/6-se ... orces-have
O FSA é formado basicamente por Jihadistas apoiados pela Turquia, não muito diferentes do ISIS. Manbij foi duramente conquistada pelos Curdos e seus aliados com apóio aéreo da coalisão liderada pelos EUA.
Agora os EUA (supostamente) fazem vista grossa a essa ação da Turquia e quem vai dominar a cidade com a eventual derrota Curda é um bando igual ao ISIS.
Não dá para entender onde os EUA querem chegar.
É tudo muito fácil de entender. O objetivo dos americanos na Síria não é derrotar o ISIS, mas sim derrubar Assad ou pelo menos picotar a Síria. Manjib pode ficar com quem quiser, seja eles os curdos ou o FSA apoiado pelos turcos. Como estão "libertando" o território das mãos do ISIS, pode ser qualquer um. Só não pode ficar com Assad.Bolovo escreveu:
Não dá para entender onde os EUA querem chegar.
Qasem Soleimani é um Major General da Guarda Revolucionária Iraniana. Comandante da Força Quds, responsável por operações extraterritoriais e clandestinas (algo semelhante a o que os Special Forces e a CIA fazem pelo mundo) que suportem a revolução iraniana. É veterano da Guerra do Irã-Iraque e responsável pela assistência e organização do Hezbollah libanês e das forças xiitas no Iraque. É a personificação do apoio iraniano na Guerra Civil do Iraque e na Síria. Organizou e comandou operações vitoriosas tanto na Síria como no Iraque. Também participou em campo do resgate do piloto russo abatido. É considerado por muitos um mestre da espionagem no Oriente Médio.augustoviana75 escreveu:Bolovo,
Quem é ele? Pertence a qual Exército?
Bolovo, me desculpe discordar. Mas se fosse como você diz, o que impediu os EUA de realizarem bombardeios aéreos contra Assad, à época dos ataques químicos (imputados ao governo Sírio pelos EUA) próximos a Damasco, anos atrás?É tudo muito fácil de entender. O objetivo dos americanos na Síria não é derrotar o ISIS, mas sim derrubar Assad ou pelo menos picotar a Síria. Manjib pode ficar com quem quiser, seja eles os curdos ou o FSA apoiado pelos turcos. Como estão "libertando" o território das mãos do ISIS, pode ser qualquer um. Só não pode ficar com Assad
César,César escreveu:Bolovo, me desculpe discordar. Mas se fosse como você diz, o que impediu os EUA de realizarem bombardeios aéreos contra Assad, à época dos ataques químicos (imputados ao governo Sírio pelos EUA) próximos a Damasco, anos atrás?É tudo muito fácil de entender. O objetivo dos americanos na Síria não é derrotar o ISIS, mas sim derrubar Assad ou pelo menos picotar a Síria. Manjib pode ficar com quem quiser, seja eles os curdos ou o FSA apoiado pelos turcos. Como estão "libertando" o território das mãos do ISIS, pode ser qualquer um. Só não pode ficar com Assad
Se eles estivessem só querendo derrubar Assad, bastaria esse motivo. Eles não precisariam invadir a Síria. Bastaria neutralizar completamente a Força Aérea desse país, pra todos as bases distantes do exército Sírio caírem. Impor uma no-fy-zone e atacar alvos em terra do governo. Ele não duraria semanas nessa configuração, lá por 2014, 2015, e Assad cairia.
Creio que eles não fizeram isso pois, por mais que quisessem a queda de Assad, sabiam que uma queda nessas condições refletiria um país em eterno conflito civil, com alto risco de ascensão ao poder de algum movimento Jihadista, muito provavelmente a frente Al Nusra.
Em suma, creio que os americanos estão, no momento, mais preocupados sim com a derrota do ISIS que a queda de Assad. Do contrário, estariam apoiando mais os curdos atacarem Assad em Hasakah, dando mais munição para os rebeldes de Aleppo, etc, e não concentrando quase todos os seus ataques aéreos na Síria contra o ISIS. Parece que pros americanos, a postura de 'Assad deve cair' está muito mais fraca que em anos passados.
Claro, posso estar errado. Gostaria de ouvir sua opinião.
Abraços
César
Este aqui foi o melhor resumo feito até hoje neste conflito. Assino embaixo e carimbo.Bolovo escreveu:César,César escreveu: Bolovo, me desculpe discordar. Mas se fosse como você diz, o que impediu os EUA de realizarem bombardeios aéreos contra Assad, à época dos ataques químicos (imputados ao governo Sírio pelos EUA) próximos a Damasco, anos atrás?
Se eles estivessem só querendo derrubar Assad, bastaria esse motivo. Eles não precisariam invadir a Síria. Bastaria neutralizar completamente a Força Aérea desse país, pra todos as bases distantes do exército Sírio caírem. Impor uma no-fy-zone e atacar alvos em terra do governo. Ele não duraria semanas nessa configuração, lá por 2014, 2015, e Assad cairia.
Creio que eles não fizeram isso pois, por mais que quisessem a queda de Assad, sabiam que uma queda nessas condições refletiria um país em eterno conflito civil, com alto risco de ascensão ao poder de algum movimento Jihadista, muito provavelmente a frente Al Nusra.
Em suma, creio que os americanos estão, no momento, mais preocupados sim com a derrota do ISIS que a queda de Assad. Do contrário, estariam apoiando mais os curdos atacarem Assad em Hasakah, dando mais munição para os rebeldes de Aleppo, etc, e não concentrando quase todos os seus ataques aéreos na Síria contra o ISIS. Parece que pros americanos, a postura de 'Assad deve cair' está muito mais fraca que em anos passados.
Claro, posso estar errado. Gostaria de ouvir sua opinião.
Abraços
César
A Guerra Civil na Síria seguiu o mesmo roteiro da queda de Gaddafi: influenciado pela "Primavera Árabe", surgiram revoltas populares nas grandes cidades, depois uma repressão violenta e eventual escalada para um conflito civil (até certo ponto incentivada por agentes externos). Depois disso, bastaria uma intervenção ocidental e Assad seria deposto, assim como foi com o Gaddafi com na Líbia, com o Saddam no Iraque. Finalmente um pouco democracia para os sírios e toda aquela história romantizada que conhecemos. Mas sabemos o que aconteceu com a Líbia, que era um país governado por uma ditadura socialista, porém o país com o mais alto IDH da África e, depois de sua "libertação", se tornou um país destruído, em eterna guerra civil (que vai de 2011 até hoje), divido ao meio por um governo em Tripoli e outro em Benghazi, sem contar que hoje é uma terra de terroristas wahhabistas (que não existiam por lá antes) e exportadora de refugiados para a Europa. Ou seja, boa parte do mundo percebeu que a intervenção ocidental na Líbia, que permitiu a queda de Gaddafi, trouxe consequências bastante negativas para o mundo em geral. A Líbia de antes era melhor do que a atual. Tanto que o termo "Primavera Árabe" mudou para "Inverno Árabe". E temeram que o mesmo ocorresse com a Síria. Em 2011, as vésperas de uma intervenção ocidental na Síria, começaram a surgir tais imagens pela internet:
O governo americano sofreu muita resistência, baixa aceitação popular num ataque as tropas de Assad. Diferente do que aconteceu com o Iraque e a Líbia, perderam o "timming" para realizar a sua "Syria Freedom". Mas isso foi em 2011! 2011!!! O Estado Islâmico entrou na Síria apenas em 2013, devido o vácuo de poder deixado pela confusão da guerra civil (estranhamente as posses 'rebeldes' caíram facilmente para o ISIS). Porém, isso não mudou o objetivo geral que é derrubar Assad. Até hoje isso é claro e cristalino, é só ver as declarações dos presidenciáveis, dos senadores, dos altos membros do poder americano e perceberá isso. A própria Hillary fala em no-fly zone até hoje. Assad continua sendo um problema, igual ao ISIS, só que Assad está desde 2011 e o ISIS surgiu em 2013. Diferente da retorica européia, que já aceita um Assad no poder, para conter o ISIS, afinal sofrem efeitos diretos com a guerra: terrorismo e refugiados.
Com a intervenção russa, derrubar Assad se tornou irreal, porém enfraquece-lo ainda é possível. Um Assad forte não é interessante aos americanos. Para isso, é só picotar a Síria em diversos países menores: uma país curdo, um país sunita etc. Além disso, os principais aliados ocidentais no Oriente Médio, em especial Arabia Saudita e Qatar, são um dos principais financiadores do terrorismo wahhabi, entre eles grupos da Frente Islâmica, Al Nusra e o próprio ISIS. E os americanos fazem vista grossa para tudo isso. O maior inimigo do terrorismo sunita wahhabi é, de longe, a população xiita, pois são muçulmanos 'errados', são kafirs. Isso explica, em parte, o empenho do Irã (que é o grande representante xiita no mundo) no conflito no Iraque e na Síria. E também a dedicação do Hezbollah, pois a queda de Assad para um grupo sunita representaria o fim do Líbano. Esse é o grande dilema americano. Combater o ISIS fortalece a posição de Assad, Hezbollah, Rússia e Irã no Oriente Médio. Se os americanos quisessem realmente derrotar o ISIS e os grupos islâmicos na Síria, fariam o mesmo que fazem no Iraque, no Afeganistão, nas Filipinas etc: apoiaria, armaria e daria carta branca para o governo local. O problema é que, no caso da Síria, o governo local é Assad. Se os americanos não querem mais, alias, não podem mais derrubar Assad, por outro lado fazem de tudo para não ajuda-lo.
Com certeza, Clermont.Clermont escreveu:Concordo, inteiramente, com oBola Oval, digo, Bolovo...
Só acrescentaria que o interesse na queda ou enfraquecimento de Assad origina-se mais em Israel do que propriamente em Washington. Pelo menos, é o que me parece, levando-se em conta declarações escancaradas de autoridades políticas e militares israelenses de que é preferível um califado do ISIS em Damasco do que a permanência de Assad.
Olá Bolovo,Bolovo escreveu:César,César escreveu: Bolovo, me desculpe discordar. Mas se fosse como você diz, o que impediu os EUA de realizarem bombardeios aéreos contra Assad, à época dos ataques químicos (imputados ao governo Sírio pelos EUA) próximos a Damasco, anos atrás?
Se eles estivessem só querendo derrubar Assad, bastaria esse motivo. Eles não precisariam invadir a Síria. Bastaria neutralizar completamente a Força Aérea desse país, pra todos as bases distantes do exército Sírio caírem. Impor uma no-fy-zone e atacar alvos em terra do governo. Ele não duraria semanas nessa configuração, lá por 2014, 2015, e Assad cairia.
Creio que eles não fizeram isso pois, por mais que quisessem a queda de Assad, sabiam que uma queda nessas condições refletiria um país em eterno conflito civil, com alto risco de ascensão ao poder de algum movimento Jihadista, muito provavelmente a frente Al Nusra.
Em suma, creio que os americanos estão, no momento, mais preocupados sim com a derrota do ISIS que a queda de Assad. Do contrário, estariam apoiando mais os curdos atacarem Assad em Hasakah, dando mais munição para os rebeldes de Aleppo, etc, e não concentrando quase todos os seus ataques aéreos na Síria contra o ISIS. Parece que pros americanos, a postura de 'Assad deve cair' está muito mais fraca que em anos passados.
Claro, posso estar errado. Gostaria de ouvir sua opinião.
Abraços
César
A Guerra Civil na Síria seguiu o mesmo roteiro da queda de Gaddafi: influenciado pela "Primavera Árabe", surgiram revoltas populares nas grandes cidades, depois uma repressão violenta e eventual escalada para um conflito civil (até certo ponto incentivada por agentes externos). Depois disso, bastaria uma intervenção ocidental e Assad seria deposto, assim como foi com o Gaddafi com na Líbia, com o Saddam no Iraque. Finalmente um pouco democracia para os sírios e toda aquela história romantizada que conhecemos. Mas sabemos o que aconteceu com a Líbia, que era um país governado por uma ditadura socialista, porém o país com o mais alto IDH da África e, depois de sua "libertação", se tornou um país destruído, em eterna guerra civil (que vai de 2011 até hoje), divido ao meio por um governo em Tripoli e outro em Benghazi, sem contar que hoje é uma terra de terroristas wahhabistas (que não existiam por lá antes) e exportadora de refugiados para a Europa. Ou seja, boa parte do mundo percebeu que a intervenção ocidental na Líbia, que permitiu a queda de Gaddafi, trouxe consequências bastante negativas para o mundo em geral. A Líbia de antes era melhor do que a atual. Tanto que o termo "Primavera Árabe" mudou para "Inverno Árabe". E temeram que o mesmo ocorresse com a Síria. Em 2011, as vésperas de uma intervenção ocidental na Síria, começaram a surgir tais imagens pela internet:
O governo americano sofreu muita resistência, baixa aceitação popular num ataque as tropas de Assad. Diferente do que aconteceu com o Iraque e a Líbia, perderam o "timming" para realizar a sua "Syria Freedom". Mas isso foi em 2011! 2011!!! O Estado Islâmico entrou na Síria apenas em 2013, devido o vácuo de poder deixado pela confusão da guerra civil (estranhamente as posses 'rebeldes' caíram facilmente para o ISIS). Porém, isso não mudou o objetivo geral que é derrubar Assad. Até hoje isso é claro e cristalino, é só ver as declarações dos presidenciáveis, dos senadores, dos altos membros do poder americano e perceberá isso. A própria Hillary fala em no-fly zone até hoje. Assad continua sendo um problema, igual ao ISIS, só que Assad está desde 2011 e o ISIS surgiu em 2013. Diferente da retorica européia, que já aceita um Assad no poder, para conter o ISIS, afinal sofrem efeitos diretos com a guerra: terrorismo e refugiados.
Com a intervenção russa, derrubar Assad se tornou irreal, porém enfraquece-lo ainda é possível. Um Assad forte não é interessante aos americanos. Para isso, é só picotar a Síria em diversos países menores: uma país curdo, um país sunita etc. Além disso, os principais aliados ocidentais no Oriente Médio, em especial Arabia Saudita e Qatar, são um dos principais financiadores do terrorismo wahhabi, entre eles grupos da Frente Islâmica, Al Nusra e o próprio ISIS. E os americanos fazem vista grossa para tudo isso. O maior inimigo do terrorismo sunita wahhabi é, de longe, a população xiita, pois são muçulmanos 'errados', são kafirs. Isso explica, em parte, o empenho do Irã (que é o grande representante xiita no mundo) no conflito no Iraque e na Síria. E também a dedicação do Hezbollah, pois a queda de Assad para um grupo sunita representaria o fim do Líbano. Esse é o grande dilema americano. Combater o ISIS fortalece a posição de Assad, Hezbollah, Rússia e Irã no Oriente Médio. Se os americanos quisessem realmente derrotar o ISIS e os grupos islâmicos na Síria, fariam o mesmo que fazem no Iraque, no Afeganistão, nas Filipinas etc: apoiaria, armaria e daria carta branca para o governo local. O problema é que, no caso da Síria, o governo local é Assad. Se os americanos não querem mais, alias, não podem mais derrubar Assad, por outro lado fazem de tudo para não ajuda-lo.