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Re: Operações Policiais e Militares

Enviado: Qui Nov 10, 2011 1:37 pm
por wagnerm25
Essa foto é real? O google diz que esse cara foi morto a mando do Celsinho da Vila Vintém como vingança pelo assassinato do seu irmão.

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Parece real. O braço direito está bem apoiado em cima de facas que ficaram inclinadas por causa disso.

Re: Operações Policiais e Militares

Enviado: Qui Nov 10, 2011 2:41 pm
por Brasileiro
binfa escreveu:O POVO VESTE FARDA!

O JOGO DOS SETE ACERTOS. ONDE ESTÁ O POVO NESTA FOTO? - Reinaldo Azevedo

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Vejam esta foto de André Lessa, da Agência Estado.

1 - De um lado, o privilégio inaceitável; de outro, o povo,

2 - De um lado, a democracia usurpada; de outro, a Constituição.

3 - De um lado, o exercício da vontade pela violência; de outro, o estado de direito.

4 - De um lado, o desperdício do dinheiro público; de outro, a sua aplicação eficiente.

5 - De um lado, o privilégio de minorias; de outro, a vontade da maioria.

6 - De um lado, o uso ilegítimo da força que oprime; de outro, o uso legítimo que liberta.

7 - De um lado, séculos de opressão; de outro, a Aurora da Lei.

É evidente que, na foto, o povo veste farda.
É evidente que, na foto, povo é a Polícia Militar.
É evidente que, na foto, quem se coloca como bastante procuradora das liberdades civis é a PM.
Revejam a imagem. Os policiais estão sendo provocados, instados a reagir, a quebrar o nariz desses babacas. Mas foram devidamente treinados para suportar suas tolices.
O bobinho que resolveu oferecer uma flor ao policial poderia estar fazendo uma referência à Revolução dos Cravos, em Portugal. Para tanto, precisaria ter mais informação, não? Ele certamente se deixou inspirar pela abertura daquela ridícula novela do SBT, “Amor e Revolução”. É um misto de Karl Marx com Silvio Santos.
Hoje é um bom dia para lembrar a Itália ainda falarei sobre a queda de Berlusconi, o bufão. Pier Paolo Pasolini, cineasta italiano assassinado em 1975, era de esquerda. Nos embates do começo dos 70 entre estudantes extremistas e a polícia, deixou irados setores ditos “libertários” de seu país ao afirmar o óbvio: no confronto entre estudantes e soldados, o povo eram os… soldados!
Quase 50 anos depois, assistimos a essa patetice no Brasil.

http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/ ... esta-foto/
Poxa, já passou da hora de voltarmos à consicência né :?
A ocupação acabou, agora voltemos às coisas concretas:
Esclarecendo o caso USP (pra quem vê de fora)novembro 9th, 2011 by mariafro
Do perfil de Jannerson Xavier, sugestão de Molise Magnabosco via facebook.



9/11/2011 às 16:04
Somos alunos da ECA-USP e visto a falta de imparcialidade da mídia com referência aos últimos acontecimentos ocorridos dentro da Universidade de São Paulo, cremos ser importante divulgar o cenário real do que realmente se passa na USP. Alguns fatos importantes que gostaríamos de mostrar:

- O incidente do dia 27/10/11, quando 3 alunos foram pegos portando maconha, NÃO foi o ponto de partida das reivindicações estudantis. Aquele foi o estopim para insatisfações já existentes.

- Portanto, gostaíamos de explicitar que a legalização da maconha, seja dentro da Cidade Universitária ou em qualquer espaço público, não é uma reivindicação estudantil. Alguns grupos até estão discutindo essa questão, mas ela NÃO entra na pauta de discussões que estamos tendo na USP.

- Os alunos da USP NÃO são uma unidade. Dentro da Universidade há diversas unidades (FFLCH, FEA, Poli, etc.) e, dentro de cada unidade, grupos com diferentes opiniões. Por isso não se deve generalizar atitudes de minorias para uma universidade inteira. O que estamos fazendo, isso no geral, é sim discutir a situação atual em que se encontra a Universidade.

- O Movimento Estudantil, responsável pelos eventos recentes, NÃO é uma organização e tampouco possui membros fixos. Cada ação é deliberada em assembleia por alunos cuja presença é facultativa. O que há é uma liderança desse movimento, composta principalmente por membros do DCE (Diretório Central dos Estudantes) e dos CAs (Centros Acadêmicos) de cada unidade. Alguns são ligados a partidos políticos, outros não.

- Portanto, os meios pelos quais o Movimento Estudantil se mostra (invasões, pixações, etc.) não são decisão de maiorias e, portanto, são passíveis de reprovação. Seus fins (ou seja, os pontos reais que são discutidos), no entanto, têm adesão muito maior, com 3000 alunos na assembleia do dia 08/11.

- Apesar de reprovar os meio usados pelo Movimento Estudantil (invasões, depredação), não podemos desligitimar as reivindicações feitas por esses 3000 alunos. Os fatos não podem ser resumidos a uma atitude de uma parcela muito pequena dos universitários.

Sabendo do que esse movimento NÃO se trata, seguem suas reinvidicações:

DISCUSSÃO DO CONVÊNIO PM-USP / MODELOS DE SEGURANÇA NA USP
A reivindicação estudantil não é: PM FORA DO CAMPUS, mas antes SEGURANÇA DENTRO DO CAMPUS. Os estudantes crêem na relação dessas reivindicações por três motivos:

A PM não é o melhor instrumento para aumentar a segurança, pois a falta de segurança da Cidade Universitária se deve, entre outros fatores, a um planejamento urbanístico antiquado, gerando grandes vazios. Iluminação apropriada, política preventiva de segurança e abertura do campus à populacão (gerando maior circulação de pessoas) seriam mais efeitas. Mas, acima de tudo…

A Guarda Universitária deve ser responsável pela segurança da universidade. Essa guarda já existe, mas está completamente sucateada. Falta contingente, treinamento, equipamento e uma legislação amparando sua atuação. Seria muito mais razoável aprimorá-la a permitir a PM no campus, principalmente porque…

A PM é instrumento de poder do Estado de São Paulo sobre a USP, que é uma autarquia e, como tal, deveria ter autonomia administrativa. O conceito de Universidade pressupõe a supremacia da ciência, sem submissão a interesses políticos e econômicos. A eleição indireta para reitor, com seleção pessoal por parte do governador do Estado, ilustra essa submissão. O atual reitor João Grandino Rodas, por exemplo, era homem forte do governo Serra antes de assumir o cargo.

POSTURA MAIS TRANSPARENTE DO REITOR RODAS / FIM DA PERSEGUIÇÃO AOS ALUNOS
Antes de tudo, independentemente de questões ideológicas, Rodas está sendo investigado pelo Ministério Público de São Paulo por corrupção, sob acusação de envolvimento em escândalos como nomeação a cargos públicos sem concurso (inclusive do filho de Suely Vilela, reitora anterior a Rodas), criação de cargos de Pró-Reitor Adjunto sem previsão orçamentária e autorização legal, e outros.
No mais, suas decisões são contrárias à autonomia administrativa que é direito de toda universidade. Depois de declarar-se a favor da privatização da universidade pública, suspendeu salários em ocasiões de greve, anunciou a demissão em massa de 270 funcionários e, principalmente, moveu processos contra alunos e funcionários envolvidos em protestos políticos.

Rodas, em suma: foi eleito indiretamente, faz uma gestão corrupta e destrói a autonomia universitária.
Você pode estar pensando…

MAS E O ALUNO MORTO NO ESTACIONAMENTO DA FEA-USP, ENTRE OUTRAS OCORRÊNCIAS?
Sobre o caso específico, a PM fazia blitz dentro da Cidade Universitária na noite do assassinato. Ainda é bom lembrar que a presença da PM já vinha se intensificando desde sua primeira entrada na USP, em Junho/2009 (entrada permitida por Rodas, então braço-direito de Serra). Mesmo assim, ela não alterou o número de ocorrências nesse período comparado com o período anterior a 2009. Ao contrário, iniciou um policiamento ostensivo, relugarmente enquadrando alunos, mesmo das unidades nas quais mais estudantes apoiam sua presence, como Poli e FEA.

MAS E A DIMINUIÇÃO DE 60% NA CRIMINALIDADE APÓS O CONVÊNIO USP-PM?
São dados corretos. Porém a estatística mostra que esta variação não está fora da variação anual na taxa de ocorrências dentro do campus ( http://bit.ly/sXlp0U ). A PM, portanto, não causou diminuição real da criminalidade na USP antes ou depois do convênio. Lembre-se: ela já estava presente no início do ano, quando a criminalidade disparou.
MAS, AFINAL, PARA QUE SERVE A TAL AUTONOMIA UNIVERSITÁRIA?

Serve para que a Universidade possa cumprir suas funções da melhor maneira possível. De maneira simplista, são elas:

- Melhorar a sociedade com pesquisas científicas, sem depender de retorno financeiro imediato.

- Formar cidadãos com um verdadeiro senso crítico, pois mera especialização profissional é papel de cursos técnicos e de tecnologia.


Importante: autonomia universitária total não existe. O dinheiro vem sim, do Governo, do contribuinte, porém a autonomia universitária não serve tirar responsabilidades da Universidade, mas sim para que ela possa cumprir essas responsabilidades melhor.

COMO ISSO ME AFETA? POR QUE EU DEVERIA APOIA-LOS?
As lutas que estão ocorrendo na USP são localizadas, mas tratam de temas GLOBAIS. São duas bandeiras: SEGURANÇA e CORRUPÇÃO, e acredito que opiniões sobre elas não sejam tão divergentes. Alguém apoia a corrupção? Alguem é contra segurança?

O que você acha mais sensato:

- Rechaçar reivindicações justas por conta de depredações e atos reprováveis de uma minoria, ou;

- Aderir a essas mesmas reivindicações, propondo ações mais efetivas?

Você tem a liberdade de escolher, contra-argumentar ou mesmo ignorar.

Mas lembre-se de que liberdade só existe com esclarecimento.

Espero ter contribuído para isso.

Se você se interessa pelo assunto, pode começar lendo este depoimento: http://on.fb.me/szJwJt

PS: Já que a desconfiança é com a mídia, evitamos linkar material de qualquer veículo.


abraços]

Re: Operações Policiais e Militares

Enviado: Qui Nov 10, 2011 10:30 pm
por brasil70
Pique esconde

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Re: Operações Policiais e Militares

Enviado: Sex Nov 11, 2011 12:22 am
por prp
:shock: Sacanagi com a moça :lol:

Re: Operações Policiais e Militares

Enviado: Sex Nov 11, 2011 2:14 am
por Brasileiro
Mulher pobre
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Menina pobre
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É a nossa polícia garantindo a execução da LEI e a manutenção da ORDEM PÚBLICA.


abraços]

Re: Operações Policiais e Militares

Enviado: Sex Nov 11, 2011 3:13 am
por Andre Correa
mas esse spray é o que? desodorante? é propaganda da dove, ou coisa assim?

:shock: :shock: :shock:

Re: Operações Policiais e Militares

Enviado: Sex Nov 11, 2011 10:58 am
por Clermont
Meu reino por uma causa.

Sandro Vaia - 11.11.11.

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Um jovem é um ser imaculado por natureza, e por ser puro é inimputável.

Antes de crescer, ele tem direito a uma cota de desatino que já lhe é concedida não só pela natureza mas pela má consciência dos adultos, que veem neles a encarnação dos sonhos que perseguiram na juventude e abandonaram para tocar a maldita, prosaica e material vida.

Por isso é muito malvado e reacionário querer impor freios à natural energia criadora dos jovens.

É isso que faz, por exemplo, o repórter da TV Globo chamar de “meninos” meia dúzia de marmanjos jubilados que usam o campus da universidade para exercitar seu peculiar senso de democracia, onde 300 se acham no direito de dizer o que os outros 84.700 devem fazer ou pensar da vida.

É muito “libertador” querer expulsar do campus universitário uma polícia que foi chamada para reprimir o crime (e conseguiu reduzi-lo em quase 90%) mas que não pode aplicar a mesma lei a todos, porque, como sabemos, no nosso modelo de democracia, todos são iguais perante a lei, mas alguns são mais iguais que os outros.

A lei é para os comuns, e alguns vetustos senadores e alguns sobredotados estudantes universitários são incomuns - portanto, fora do alcance da lei.

Desde maio de 1968 a efervescência política juvenil foi alçada à categoria de pensamento, ainda que a memória daquela época não tenha deixado legados muito mais concretos do que a mitificação de alguns danny-le-rouges e alguns filmes épico-existenciais de Godard e Bertolucci.

O episódio da reitoria da USP está mais para uma estética J.B.Tanko do que uma estética Bertolucci, mas mesmo assim é compreensível que jovens ajam como jovens e demonstrem toda a sua monumental ignorância histórica comparando o chega-pra-lá da PM com a repressão da ditadura e chamando de “tortura” as duas horas de calorão forçado dentro de um ônibus.

O cômico quase desaparecimento de um aluno filho de pai militante, que esteve a ponto de transformar em mártir o pimpolho que estava bem protegido na casa da mamãe, encerrou com chave de ouro a épica jornada dos estudantes à procura de uma causa.

A desocupação da reitoria, em cumprimento a uma decisão judicial de reintegração de posse, foi executada com a devida serenidade e cautela pela tropa da PM, e os estudantes e seus apoiadores procuraram com minúcias um hematoma que fosse para transformar em bandeira, mas não conseguiram achar sequer um mísero arranhão para chamar de arbitrariedade ou violência. Um fiasco.

Ao ver aqueles meninos e alguns nem-tão-meninos privilegiados olhando para a polícia com o desdém que os oprimidos dedicam aos opressores, foi impossível não lembrar do intelectual comunista italiano Pier Paolo Pasolini e seu famoso poema sobre a Batalha do Valle Giulia, um embate entre policiais e estudantes da Universidade de Roma ocorrido em março de 1968, no contexto da revolta estudantil que abalou toda a Europa.

Naquela batalha, dizia o marxista Pasolini, ele simpatizava com os policiais, pois eles eram os verdadeiros filhos de famílias pobres, e os estudantes eram os filhos da burguesia.

A eles disse:
“Vocês são medrosos, inseguros, desesperados (muito bem)
mas sabem também como ser
prepotentes, chantagistas, seguros
prerrogativas pequeno burguesas, amigos.”

Re: Operações Policiais e Militares

Enviado: Sex Nov 11, 2011 12:41 pm
por Brasileiro
Clermont escreveu:Meu reino por uma causa.
Meu amigo, vou colocar algumas coisas aqui.

É ponto comum que a ocupação foi um enorme equívoco, sob vários aspectos. Até mesmo por terem contrariado a decisão tomada pelos próprios estudantes, de NÃO invadir.

A ocupação foi o ponto mais visível (e espetaculoso) de tudo o que anda acontecendo. Mas com certeza não é o ponto central. A reivindicação principal, agora, entre a MAIORIA, dos estudantes que DEBATEM, é sobre COMO as decisões são tomadas dentro da USP.

O convênio com a PM foi assinado pelo reitor SEM consulta ao Conselho Universitário (que mesmo assim é uma representação INJUSTA de estudantes e até mesmo dos PROFESSORES). Reitor, aliás, que NÃO FOI O PRIMEIRO COLOCADO dentro da votação feita pela COMUNIDADE DA USP. Ele foi colocado a dedo.

O reitor João Grandino Rodas NÃO É BOA PESSOA. Embora tenha sido "o cara que chamou a polícia". Ele é investigado pelo Ministério Público do estado por vários tipos de irregularidades:
http://www.jornaldocampus.usp.br/index. ... es-da-usp/
http://www.jornaldocampus.usp.br/index. ... e-imoveis/
http://www.jornaldocampus.usp.br/index. ... estigados/

João Grandino Rodas é oficialmente considerado persona non grata na Faculdade de Direito. A mesma escola em que foi diretor antes de ser INDICADO A DEDO para o cargo de reitor. Não tem respeito sequer nos lugares onde passou e foi diretor.

As ações da Polícia Militar:

Momento antes da desocupação da reitoria A POLÍCIA MILITAR CERCOU O CRUSP (ONDE MORAM OS ESTUDANTES POBRES, QUE NÃO PODEM PAGAR POR MORADIA, QUE SÃO FILHOS DE TRABALHADORES), não deixando ninguém entrar e ninguém sair, ameaçando de prender quem tentasse se locomover de sua moradia.

Nem em jogo de Palmeiras x Corinthians, com Morumbi lotado, 60 mil torcedores a ponto de destruirem tudo, você encontra 400 tropas de choque e dois helicópteros. Mas e para 72 maconheiros? sim?
O que eu questiono agora nem foi a desocupação em si. Mas ela foi feita de tal maneira a servir ao espetáculo, ao teatro midiático, para ter certo simbolismo. O reitor precisava 'mostrar serviço' naquele momento. Foi o que fez. Foi MAIS do que uma desocupação. Foi um SHOW.
Agora: Polícia Militar tem alguma obrigação em participar de show para a mídia? Saiu do meu bolso a gasolina inútil gasta nos dois helicópteros e das trocentas viaturas que foram lá cercar a moradia de estudantes mais necessitados, que SEQUER ESTAVAM PARTICIPANDO DA INVASÃO. Quero dizer... fazer ocupação não pode, mas utilizar da PM para fazer espetáculo? Pode?

Sobre a questão das drogas:

Os debates e assembléias na USP continuam e estão aumentando. Já não se fala mais sobre maconha. Isso é questão 'marginal', ou 'de marginal', entendam como quiser. O debate que está acontecendo AGORA na USP é sobre o futuro dela. Queremos que as estruturas de poder dentro dela mudem. Queremos que Rodas se explique sobre suas denúncias. Queremos o fim da indicação política para o cargo de reitor. Queremos um plano de segurança VERDADEIRO dentro da USP.
Com ou sem PM, mas que isso seja resultado do DEBATE, do DIÁLOGO, do ESCLARECIMENTO, do ENVOLVIMENTO de todos os setores da USP. E não DECISÕES MÁGICAS tomadas da noite para o dia, sem falar com ninguém, muito menos decisões tomadas com base em enquetes ou cliques de Facebook. Porque DEMOCRACIA NÃO É ISSO. Muito cômodo, alguém dizer que é maioria e ficar com a bunda na cadeira na frente de um notebook querendo decidir alguma coisa tão importante.
As assembléias estão acontecendo, o microfone é aberto, há gente de várias opiniões. O estudante que não vai nelas, não tem porque querer reclamar igual criança depois no Twitter.


abraços]

Re: Operações Policiais e Militares

Enviado: Sex Nov 11, 2011 12:53 pm
por Brasileiro
Desabafo de quem tava lá [Reintegração de Posse]


por Shayene Metri, terça, 8 de Novembro de 2011 às 23:10

Cheguei na USP às 3h da manhã, com um amigo da sala. Ia começar o nosso 'plantão' do Jornal do Campus. Outros dois amigos já estavam lá. A ideia era passar a madrugada lá na reitoria, ou pelas redondezas. 1) para entender melhor a ocupação, conhecer e poder escrever melhor sobre isso tudo. 2) para estarmos lá caso a PM realmente aparecesse para dar um fim à ocupação.
Conversa vai, conversa vem. O tempo da madrugava passava enquanto ficávamos lá fora, na frente da reitoria, conversando com alunos da ocupação. Alguns com posicionamentos bem definidos (ou inflexíveis), outros duvidando até das próprias atitudes. A questão é: os alunos estavam lá e queriam chamar atenção para a causa (ou as causas, ou nenhuma causa)...e, por enquanto, era só. Não havia nada quebrado, depredado ou destruído dentro da tão requisitada reitoria (a única marca deles eram as pixações). A ocupação era organizada, eles estavam divididos em vários núcleos e tinham medidas pra preservar o ambiente. Aliás, nada de Molotov.

Mais conversa foi jogada fora, a fogueira que aquecia se apagou várias vezes e eu levantei a pergunta pra alguns deles: e se a PM realmente aparecesse lá logo mais? Seria um tiro no pé dela? Ela sairia como herói? Os poucos que conversavam comigo (eram uns 4, além dos amigos da minha sala) ficaram divididos. "Do jeito que a mídia está passando as coisas, eles vão sair como heróis de novo", disse um. "Se ele vierem vai ter confronto e isso já vai ser um tiro no pé deles", disse outra. Mas, numa coisa eles concordavam: poucos acreditavam que a PM realmente ia aparecer.
Eu achava que a PM ia aparecer e muito provavelmente isso que me fez ficar acordada lá. Não demorou muito e, pronto, muita coisa apareceu. A partir daí, meu relato pode ficar confuso, acho que ainda não vou conseguir organizar tudo que eu vi hoje, 08 de novembro.
Muitos PMs chegaram, saindo de carros, motos, ônibus, caminhões. Apareceram helicópteros e cavalaria. Nem eu e, acredito, nem a maior parte dos presentes já tinham visto tanto policial em ação. Estávamos em 5 pessoas na frente da reitoria. Dois estudantes que faziam parte da ocupação, eu e mais 2 amigos da minha sala, que também estavam lá por causa do JC. Assim que a PM chegou, tudo foi muito rápido:

os alunos da ocupação que estavam com a gente sugeriram: "Corram!", enquanto voltavam para dentro da reitoria. Os dois amigos que estavam comigo correram para longe da Reitoria, onde a imprensa ainda estava se posicionando para o show. Eu, sabe-se lá por qual motivo, joguei a minha bolsa para um dos meninos da minha sala e voltei correndo para frente da reitoria, no meio dos policiais que avançavam para o Portão principal [e único] da ocupação.
Tentei tirar fotos e gravar vídeos de uma PM que estava sendo violenta com o nada, para nada. Os policiais quebravam as cadeiras no carrinho, faziam questão do barulho, da demonstração da força. Os crafts com avisos dos estudantes, frases e poemas eram rasgados, uma éspecie de símbolo. Enquanto tudo isso acontecia, parte da PM impedia a imprensa de chegar perto da área, impedindo que os repórteres vissem tudo isso. Voltando para confusão onde eu tinha me enfiado: os PMs arrombaram a porta principal, entraram (um grupo de mais ou menos 30, eu acho) e, logo em seguida, fecharam o portão. Trancaram-se dentro da reitoria com os alunos. Coisa boa não era.
Depois disso, o outro grupo de PMs,que impedia a mídia de se aproximar dessas cenas que eu contei , foi abrindo espaço. Quer dizer, não só abrindo espaço, mas também começando (ou fortalecendo) uma boa camaradagem para os repórteres que lá estavam atrás de cenas fortes e certezas.
"Me sigam para cá que vai acontecer um negócio bom pra filmar ali agora", disse um dos militares para a enxurrada de "jornalistas".
A cena era um terceiro grupo de PMs, arrombando um segunda porta da reitoria, sob a desculpa de que queria entrar. O repórter da Globo me perguntou (fui pra perto deles depois da confusão em que me meti com os policiais no início): "os PMs já entraram, não? Por que eles tão tentando por aqui também?". Respondi: "sim, já entraram. E provavelmente estão fazendo essa cena pra vocês terem algum espetáculo pra filmar"
A palhaçada organizada pelos policiais e alimentada pelos repórteres que lá estavam continuou por algumas horas. A imprensa ia contornando a reitoria, na esperança de alguma cena forte. Enquanto isso, PM e alunos estavam juntos, dentro da Reitoria, sem ninguém de fora poder ver ou ouvir o que se passava por lá. Quem tentasse entrar ou enxergar algo que se passava lá na Reitoria, dava de cara com os escudos da tropa de choque, até o fim.
Enquanto amanhecia, universitários a favor da ocupação, ou contra a PM ou simplesmente contra toda a violência que estava escancarada iam chegando. Os alunos pediam para entrar na reitoria. Eu pedia para entrar na reitoria. Tudo que todo mundo queria era saber o que realmente estava acontecendo lá dentro. A PM não levava os estudantes da ocupação para fora e o pedido de todo mundo era "queremos algo às claras". Por que ninguém pode entrar? Por que ninguém pode sair?

Enquanto os alunos que estavam do lado de fora clamavam para entrar, ouvi de um grupo de repórteres (entre eles, SBT): "Não vamos filmar essas baboseiras dos maconheiros não! O que eles pedem não merece aparecer". Entre risadas, pra não perder o bom humor. Além dos repórteres que já haviam decidido o que era verdade ou não, noticiável ou não, tinham pessoas misturadas a eles, gritando contra os estudantes, xingando. Eu mesma ouvi muitas e boas como "maconheirazinha", "raça de merda" e "marginal" .
Os estudantes que enfrentavam de verdade os policiais que faziam a 'corrente' em torno da Reitoria eram levados para dentro. Em questões de segundos, um estudante sumia da minha frente e era levado pra dentro do cerco. Para sabe-se lá o que.
Lá pras 7h30, depois de muito choro, puxões e algumas escudadas na cara, comecei a ver que os PMs estavam levando os estudantes da ocupação para dentro dos ônibus. Uma menina foi levada de maneira truculenta, essa foi a única coisa que meu 1,60m de altura conseguiu ver por trás de uma corrente da tropa de choque. Enquanto eu tentava entrar no cerco, para entender a história, a grande mídia já estava lá dentro. Fui conversar com um militar, explicar da JC. Ouvi em troca "ai, é um jornal da usp. De estudantes, não pode. Complica".
Os ônibus com os alunos presos saíram da USP. Uma quantidade imensa de outros alunos gritavam com a PM. Eu e os dois amigos da minha sala (aqueles da madrugada) pegamos o carro e fomos para a DP.
Na DP, o sistema era o mesmo e meu cansaço e raiva só estavam maiores. Enjoo e dor de cabeça, era o meu corpo reagindo a tudo que eu vi pela manhã. Alunos saiam de 5 em 5 do ônibus para dentro da DP. Jornalistas amontoados. Familiares chegando. Alunos presos no ônibus, sem água, sem banheiro, sem comida, mas com calor. Pelo menos por umas 3h foi assim.
Enquanto a ficha caia e eu revisualizava todo o horror da reintegração de posse, outras pessoas da minha sala mandavam mensagens para gente, de como a grande imprensa estava cobrindo o caso. Um ato pacífico, né Globo? Não foi bem isso o que eu vi, nem o que o JC viu, nem o que centenas de estudantes presenciaram.

Enfim, sou contra a ocupação. Sempre tive várias críticas ao Movimento Estudantil desde que entrei na USP. Nunca aceitei a partidarização do ME. Me decepciono com a falta de propostas efetivas e com as discussões ultrapassadas da maioria das assembléias. Mas, nada, nada mesmo, justifica o que ocorreu hoje. Nada pode ser explicação pra violência gratuita, pro abuso do poder e, principalmente, pela desumanização da PM.
Não costumo me envolver com discussões do ME, divulgar textos ou participar ativamente de algo político do meio universitário. Mas, como poucos realmente sabem o que aconteceu hoje (e eu acredito que muita coisa vai ser distorcida a partir de agora, por todos os lados), achei que valeria a pena escrever esse texto. Taí o que eu vi.

do Facebook.


abraços]

Re: Operações Policiais e Militares

Enviado: Sex Nov 11, 2011 1:05 pm
por Carlos Mathias
Tudo nisso porque misturam maconha/maconheiros com reivindicações que podem até ser legítimas, mas que, ao misturar-se com o ilícito, perdem o valor.

A sociedade no geral que distância de qualquer droga, esse é um flagelo que causa tragédias diárias no país.
Só mesmo os intelectuais é que acham que o mundo clama por maconha. :roll:

Sugestão?
Acabem com a maconha na USP.
Algum respeito os estudantes terão de volta e acaba-se o argumento do Ditador reitor(segundo os estudantes).

Simples assim.

Re: Operações Policiais e Militares

Enviado: Sex Nov 11, 2011 1:33 pm
por wagnerm25
Minha sugestão é de pegar os cursos de História, Filosofia, Sociologia e afins e enviá-los para fora do Campus, entregando a administração a um reitor eleito pelos alunos. Algo como uma USP do B.

Seria a materialização da sociedade alternativa que tanto gostam.

Re: Operações Policiais e Militares

Enviado: Sex Nov 11, 2011 2:10 pm
por Brasileiro
Carlos Mathias escreveu:Tudo nisso porque misturam maconha/maconheiros com reivindicações que podem até ser legítimas, mas que, ao misturar-se com o ilícito, perdem o valor.

A sociedade no geral que distância de qualquer droga, esse é um flagelo que causa tragédias diárias no país.
Só mesmo os intelectuais é que acham que o mundo clama por maconha. :roll:

Sugestão?
Acabem com a maconha na USP.
Algum respeito os estudantes terão de volta e acaba-se o argumento do Ditador reitor(segundo os estudantes).

Simples assim.
Carlos Mathias,

Legalização da maconha NUNCA foi reivindicação estudantil, ao menos na USP, já foi motivo de debate, etc, mas não é reivindicação, nem tende a ser, já que está fora do nosso escopo.
Entenda que lá deve (ou ao menos deveria) ser um lugar onde você não pode ser punido ou agredido se pegar um microfone na praça e dizer "eu acho o Rodas uma boa pessoa" ou "eu sou a favor da legalização das drogas", "eu sou a favor do desmatamento", "império já", "precisamos debater a eutanásia, se pode ser legalizada" etc. É claro que você poderia ser desmoralizado se dissesse algumas coisas dessas, mas JAMAIS você deveria ser tocado por um PM por causa de declarações que tenham um mínimo de argumento. Do lado de fora do campus, onde há muito mais polícia, tropa de choque, tropa de elite e câmeras por todos os lados a coisa não é bem assim. Vide as fotos que eu coloquei acima.
Vou fazer uma proposta: Sentarei com uma cadeira na praça da minha cidade, colocarei um cartaz bem grande escrito "sentem-se comigo aqui, quem é contra e quem é a favor, vamos falar sobre legalização de drogas". Não vai durar cinco minutos e o risco de eu terminar na delegacia é enorme (nem falei em apanhar ou ter o meu corpo apalpado), sem eu precisar dizer nenhuma palavra.

A universidade pública SE RECUSA a viver desta maneira. Isso pela experiência que teve quando os direitos básicos do cidadão eram tidos como ilegais, e com até certo respaldo de boa parte da população.
HOJE fala-se aqui abertamente sobre tudo. Amanhã eu já não sei.
HOJE eu posso pegar um microfone e um pedação de papel craft e explicar livremente tim-tim por tim-tim por que o reitor deveria sair e que suas ações não são honestas. Amanhã, ele terá força de mandar a PM me calar a boca porque estou transtornando a 'ordem pública' e que a minha manifestação não tem 'alvará', ou você acha que ele autorizaria um ato para acusá-lo? Sob as entrelinhas da lei.. ele está certo, não é? Está apenas fazendo cumpri-la para fazer voltar a ordem.....

Reivindicações legítimas só perdem valor para quem não tem sensibilidade, ainda mais quando se sabe que são posições majoritárias. Quem tem um mínimo de consciência sabe do antigo ditado 'uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa'.

E por último, pedir para os maconheiros apagarem os cigarros não vai mudar em nada a figura do reitor e o argumento do "diator" continuará de pé firme e forte, já que ele continuará sendo um braço político dentro de uma universidade que, pelo menos ela, deveria ficar de fora da variação sazonal de governos com suas respectivas ideologias e prendimentos partidários. Continuará o 'ditador', porque ele terá poder de 'chefe da PM', já que será mera figuração do governador.



abraços]

Re: Operações Policiais e Militares

Enviado: Sex Nov 11, 2011 2:14 pm
por Brasileiro
wagnerm25 escreveu:Minha sugestão é de pegar os cursos de História, Filosofia, Sociologia e afins e enviá-los para fora do Campus, entregando a administração a um reitor eleito pelos alunos. Algo como uma USP do B.

Seria a materialização da sociedade alternativa que tanto gostam.
http://fflch.usp.br/node/1762

Recentemente a USP foi classificada entre as melhores do mundo, motivo de grande orgulho.

Só que tem gente que se esquece que, dos 9 cursos mais bem classificados, 6 são da FFLCH, aquela dos maconheiros, bicho-grilos, etc.
Todos os méritos.



abraços]

Re: Operações Policiais e Militares

Enviado: Sex Nov 11, 2011 2:52 pm
por wagnerm25
Eu preferia que fossem os cursos de exatas, mas é o que temos....

Re: Operações Policiais e Militares

Enviado: Sex Nov 11, 2011 3:22 pm
por Carlos Mathias
Brasileiro, obrigado por me lembrar essas coisas que eu já sabia.

Só que, no frigir dos ovos, toda essa beleza democrática cai por água abaixo quando se misturam as coisas.
Certo ou errado, a opinião pública entendeu que vocês querem ser maconheiros liberados e soltos, enquanto a sociedade vive uma luta sem trégua contra as drogas.

"A mas isso é coisa da mídia conservadora e blá, blá, blá."

Se não houvessem maconheiros, não haveria a desculpa perfeita, entendeu?

Você vai ficar dez anos enumerando as bases do direito, da historia da democracia, do isso e do aquilo, mas enquanto os maconheiros estiverem "contaminando" o ambiente, sempre haverá a desculpa perfeita para um reitor biônico chamar a polícia de seu amo para dar porrada em vocês.
A universidade pública SE RECUSA a viver desta maneira.
Fio, a universidade pública é do povo e TEM que viver dentro da lei.
O resto é conversa.
Quem não quiser, dê a vaga prá quem precisa realmente estudar.

Eu tenho que viver dentro da lei, meu vizinho idem, assim como todos no país.
Porque dentro de uma Universidade pública (não sei porque as privadas devem ser tolhidas) tem que ser um território livre?

Ou vocês descontaminam seu ambiente do que é ilícito, e não falo do direito à expressão de idéias e você sabe perfeitamente disso; ou aguentem a PM lhes dando porrada toda vez que o reitor robocop quiser.

O resto é conversa.

Ou esperem mudar o governador por um que libere tudo de novo.