Carta a Marcelo e Costa pede retoma da economia
Profissionais de saúde, empresários e gestores apelam ao regresso controlado do funcionamento da economia e propõem uma série de medidas.
Redação / Agência Lusa
13 abril 2020, 10:24
Profissionais de saúde, empresários e gestores apelam ao regresso controlado do funcionamento da economia e propõem uma série de medidas como o uso generalizado de máscaras e das novas tecnologias para controlar uma nova vaga de infeções por covid-19.
Numa carta enviada ao Presidente da República, ao presidente da Assembleia da República e ao primeiro-ministro, um conjunto de profissionais de saúde, de gestores e empresários, entre eles os presidentes da Altice, da Vodafone e da Nós, assim como gestores ligados à indústria, à cultura e ao turismo, recordam que é fundamental criar uma alternativa "a novos períodos de 'lockdown' -- que se apresentam como um modelo cego e com impacto na economia de um país".
Na carta, a que a agência Lusa teve acesso, dão como exemplo o Japão, Singapura e a Coreia do Sul para afirmar que é possível, com medidas de contenção muito rigorosas, manter a economia e funcionamento sem 'lockdown' e, ao mesmo tempo, conter a propagação do vírus".
"Acreditamos que não é possível suspender a atividade económica até que não exista qualquer risco de contágio. O nosso modelo de sociedade não suportaria uma espera tão prolongada. Mas também consideramos que seria uma atrevida inconsciência retomar a atividade sem adotar cuidados adicionais que garantam que não teremos um ressurgimento a curto e médio prazo", escrevem.
Como medidas adicionais sugerem o uso obrigatório de máscaras por parte de toda a população para reduzir a transmissão do vírus e que, em caso de escassez de material, estas sejam confecionadas em casa seguindo as instruções do Conselho de Escolas Médicas Portuguesas e de entidades internacionais como o Centro de Controlo de Prevenção de Doenças dos Estados Unidos.
O diagnóstico precoce de covid-19, testando todos os suspeitos num prazo de 24 horas desde a manifestação de sintomas, a massificação da utilização dos testes serológicos na população portuguesa, e a utilização, com supervisão da comissão de proteção de dados, de informação cedida pelos operadores de redes móveis para identificar cidadãos eventualmente expostos a risco de contágio par serem informados via sms ou contacto telefónico são outras das medidas defendidas.
Este grupo de personalidades defende o uso de equipamento de proteção individual em todos os profissionais de saúde, tanto em áreas covid-19 como não covid-19 para evitar contágio por doentes que não se enquadrem inicialmente na definição de caso suspeito e a capacitação de grupos específicos em empresas, escolas e comunidades para identificação de casos suspeitos na comunicado.
Defendem que sejam mantidas todas as medidas de distanciamento "que não tenham impacto económico, como o regime de teletrabalho sempre que possível", assim como a ponderação individual do aliviar de cada medida de contenção.
Criar estrutura de Laboratórios e Médicos sentinela para identificação de transmissão do vírus SARS-CoV-2, responsável pela pandemia de covid-19, assim como a definição dos necessários investimentos adicionais a efetuar no Serviço Nacional de Saúde, "de forma a estar preparado para todos os cenários", são outras das propostas.
"Conforme o alerta da Ordem dos Médicos, temos hoje a consciência clara de que milhares de utentes evitam o SNS, por receio de potencial contágio. Este facto leva a que patologias mais frequentes e igualmente fatais estejam a ser diagnosticadas tardiamente, com consequente aumento da morbilidade e mortalidade", recordam.
Defendem ainda que "Portugal precisa de, tão rápido quanto possível, reinventar e ajustar rotinas tendentes ao regresso a uma certa normalidade reinventada" para que a economia possa "iniciar uma recuperação acelerada".
10 medidas que os suscritores defendem
• uso obrigatório de máscaras por parte de toda a população para reduzir a transmissão do vírus.
No caso de se verificar a escassez de máscaras, as mesmas devem ser confecionadas em casa
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seguindo as instruções do Conselho das Escolas Médicas Portuguesas e de entidades
internacionais como o “Centers for Disease Control and Prevention” (CDC) dos EUA;
• diagnóstico precoce de COVID-19 testando todos os casos suspeitos num prazo máximo de 24
horas desde a manifestação dos sintomas, bem como a massificação da utilização de teste
serológicos na população em geral;
• para cada caso positivo, e sob a supervisão da comissão de proteção de dados, solicitação,
pelas autoridades de saúde aos operadores de redes móveis, da lista dos cidadãos que terão
sido potencialmente expostos a risco de contágio, nos 14 dias anteriores à realização do teste
entretanto confirmado positivo. Os delegados de saúde deverão notificar (“SMS” ou contacto
telefónico) cada cidadão em risco e consequentemente emitir um “certificado de isolamento
profilático de 14 dias”, à semelhança do que já hoje é praticado;
• isolamento obrigatório de todos os casos confirmados (positivos);
• utilização de equipamento de proteção individual que confere proteção máxima para todos os
profissionais de Saúde seja em zona COVID-19 seja em zona não-COVID-19 para evitar contágio
de profissionais por doentes COVID-19 que não se enquadrem na definição de caso suspeito
em vigor;
• capacitação de profissionais de saúde e de grupos específicos (em escolas / empresas);
• disponibilização de solução de base alcoólica em locais públicos com dispensador
“contactless”;
• manutenção de todas as medidas de distanciamento social que não tenham impacto
económico, tais como o regime de teletrabalho sempre que possível;
• ponderação individual do “phase-out” de cada medida de “lock-down”;
• A decisão de abertura, consubstanciada, em qualquer circunstância, num plano integrado a
desenvolver e que passará por efetivar novos investimentos no SNS, reforçar a economia,
potenciar o nosso tecido produtivo nacional, salvaguardar o nosso sistema de ensino, garantir
a segurança interna, para além das medidas de contenção da epidemia que a cada momento
se considerem necessárias.
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