Sem isolamento, coronavírus pode infectar até 1 bilhão em 3 meses, diz estudo
Gustavo Lago Da CNN, no Rio
11 de Abril de 2020 às 18:00 | Atualizado 11 de Abril de 2020 às 18:48
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Uma pesquisa desenvolvida por quatro entidades internacionais mostra que, sem isolamento, uma pessoa infectada por COVID-19 pode provocar até 1 bilhão de transmissões em três meses.
Segundo o estudo, feito em parceria pelo Weizmann Instituto de Ciência de Israel; Universidade da Califórnia; Instituto de Tecnologia da Califórnia e pelo Centro de Pesquisas em Ciências Médicas Zuckerberg Biohub, nos Estados Unidos, o comportamento atual da população é o que irá balizar o futuro da doença. E o isolamento social é o principal antídoto, revela a pesquisa.
O objetivo dos pesquisadores é entender um pouco mais sobre o comportamento do novo coronavírus. A velocidade de transmissão da COVID-19 é considerada muito rápida, podendo passar de uma para milhões de pessoas em um ritmo “desconcertante”, relatam os autores Yinon M. Bar-on, Avi Flamholz, Rob Phillips e Ron Milo.
Quando a pessoa é infectada, o vírus fica encubado por cerca de três a cinco dias, variando de acordo com o sistema imunológico de cada uma. Durante esta fase, também conhecida como período latente, ela não transmite a doença a outras pessoas.
Após esse período, inicia-se então um quadro infeccioso; em que a pessoa transmite o vírus por quatro dias seguidos. Os cientistas fazem um alerta: a duração deste ciclo varia; algumas pessoas podem ser infecciosas por muito mais tempo.
Cadeia de transmissão
Uma pessoa infectada contamina outras 2 a 4 pessoas, dando início à propagação do vírus. Segundo relatado, o número de casos dobra a cada três dias. Portanto, é esperado um crescimento de 1.000 vezes em um mês. Ou seja, milhões de vezes em dois meses; e um bilhão em três meses.
Segundo o estudo, este cálculo reafirma a importância de limitar a propagação do vírus por meio do isolamento social. Os pesquisadores ressaltam que 99% das pessoas infectadas apresentam os sintomas dentro de 14 dias.
“Acredito que esses números possam servir como nosso 'sexto sentido' na batalha contra o coronavírus”, afirmou o pesquisador Ron Milo à reportagem da CNN.
Contaminação por gotículas
Os vírus são frequentemente transmitidos através de gotículas produzidas pela tosse e espirros. Esta secreção é dividida em dois tamanhos, segundo os pesquisadores.
As grandes gotículas (maiores que 5 micrômetros de diâmetro) caem rapidamente no chão, e por isso são transmitidas apenas em curtas distâncias.
Já as gotículas pequenas (menores que 5 micrômetros de diâmetro) evaporam, ficando suspensas no ar apenas o “núcleo de gotículas” – e por bastante tempo, podendo ser inalado por alguém.
No entanto, até o momento, não há evidências diretas de transmissão do COVID-19 por “núcleos de gotículas”. Como acontece com alguns vírus, como o sarampo, que pode ser transmitido por estes núcleos suspensos no ar.
Os pesquisadores revelam que as gotículas maiores são os principais vetores da transmissão, como por exemplo as provenientes de um espirro – que chega a ser 100 vezes maior do que as produzidas por uma tosse.
Com isso, a forma de contágio que mais acontece é por meio dessas grandes gotículas, revela o estudo. Elas ficam em superfícies e, sem perceber, outra pessoa toca o mesmo local em seguida, levando a mão para as mucosas, como olhos, nariz e boca.
Por isso, a pesquisa reforça a importância do isolamento neste período. Além de evitar tocar o rosto é importante sempre lavar as mãos com água e sabão. A espuma do sabão, acrescenta, quebra a película protetora do vírus e o destrói.