Perfeito, Brasileiro!Brasileiro escreveu:Guerra, e se o padeiro, o cortador de cana que acorda de madrugada pudesse ter 20 ou 30 minutos por dia para ler alguma coisa sobre o passado da classe deles e soubessem o quanto foram enganados, explorados e depois pudesse chegar à conclusão de que o regime militar significou basicamente o endossamento (a confirmação forçada) de sua condição servil? Será que ele iria soltar qualquer palavra no sentido de defender quem trabalhou para isso?
Eu não quis dizer que você defende torturadores. Mas para mim, advogar esta causa só interessa a dois grupos:
-Os que realmente mataram/torturaram ou ajudaram a isso. São os que se reúnem às vezes na casa militar para lançar algum manifesto, algum "alerta à nação", de que talvez possam fazer de novo se acuados.
-Os que ganharam alguma coisa com isso e pretendem manter legítimos seus métodos para a posteridade, quando julgar ser necessário utilizá-los para a defesa de seus interesses particulares.
Não consigo imaginar a causa destes dois grupos como uma motivação legítima para, por exemplo, o militar que está ingressando às forças armadas hoje, em 2012. Se eles estão tomando as dores pelos seus "ancestrais", isto me cheira que vislumbram a possibilidade de repetir tais feitos ou os consideram justificáveis.
Me imagino entrando em alguma FA hoje mesmo. Bom, eu não tenho nenhuma simpatia pela causa nem pelos feitos de meus 'ancestrais de classe', mas mesmo assim eu tenho vontade em ser melhor reconhecido. Oras, então a causa sou EU, a minha classe e aquilo que eu acredito ser de interesse nacional e não o interesse duvidoso de quem está lá enviando "alertas" à nação, à democracia como uma cascavel que chacoalha o guizo.
Quem dera dizer que não tenho medo das FA's. Pior ainda seria dizer que eu tenho medo de um grupo de condenados de idade avançada que se aglutinam em um clube para relembrar seu compromisso com os 'senhores da casa grande' do passado
O que me assustaria mesmo seria ver jovens como eu prestando solidariedade e lealdade ao grupo citado.
De mãos dadas com o poder militar alguns grupos políticos reafirmaram seus interesses e não me surpreenderia se esses mesmos círculos se voltassem novamente para os militares em favor da manutenção de suas vantagens seculares. E neste caso eu já nem incluo mais o PT de hoje em dia e Companhia no "outro" grupo.
Mas é assim, de uma forma ou de outra, o poder militar sempre fez a diferença final na resolução desses conflitos políticos, como também foi em 64, na URSS de 91, no Egito de agora há pouco, no Irã de 79, na Venezuela em 2002 (porque não?) etc.
De que o Brasil carece de uma estrutura real de defesa eu não tenho dúvidas, e imagino que isto esteja ficando cada vez mais claro na opinião popular de alguns anos pra cá, até mesmo a auto-percepção do brasileiro em relação ao país mudou bastante nestes anos.
Mas, nisso tudo, o que seria então ter um instrumento de defesa compatível nos dias atuais? O que é valorização profissional para os militares do agora?
Se a resposta para uma dessas perguntas ainda assim inclui o que irão fazer quanto àqueles reformados nada exemplares, então ainda temos alguns anos a mais de divã para estes militares de hoje, até que reencontrem sua merecida colocação no universo democrático....... ou não-democrático, a história nos contará.
abraços

Abraço.