Barragens no Tâmega: como funciona o mega-investimento a que a Iberdrola chama "gigabateria"?
António Costa na inauguração do complexo hidroelétrico do Tâmega. D.R.
A Iberdrola usará o complexo hidroelétrico do Tâmega e o seu sistema de bombagem para otimizar a gestão das albufeiras de três barragens, que representam um investimento de 1500 milhões de euros
A Iberdrola inaugurou esta segunda-feira em Ribeira de Pena o seu maior investimento em Portugal, o complexo hidroelétrico do Tâmega, um projeto de 1500 milhões de euros composto por três centrais hidroelétricas. A Iberdrola chama-lhe a "gigabateria" do Tâmega. Como funciona?
Trata-se de um complexo com três centrais, somando uma potência de 1158 megawatts (MW), distribuídos pelos 880 MW de Gouvães (no rio Torno), e, a uma cota mais baixa, pelos 160 MW do Alto Tâmega e 118 de Daivões. A montante, a primeira barragem, Gouvães, dista 7 quilómetros da segunda, a do Alto Tâmega, que por sua vez dista 12 quilómetros (já no rio Tâmega) da terceira, a de Daivões.
O coração do complexo é o aproveitamento de Gouvães, com sistema de bombagem ligado à albufeira de Daivões (340 hectares), que permitirá à Iberdrola recuperar água deste reservatório a jusante para o reservatório a montante (Gouvães), com mais de 170 hectares. A central intermédia, a do Alto Tâmega, ajudará a elétrica espanhola a otimizar a gestão da água: é a barragem mais alta (106 metros) e também a que terá a maior albufeira (mais de 460 hectares).
A Iberdrola chama-lhe "gigabateria" porque conseguirá gerir a água armazenada nas três albufeiras e reutilizá-la em sucessivos ciclos, graças ao sistema de bombagem da central mais potente, a de Gouvães.
Esse processo de bombagem tem um consumo intensivo de eletricidade, mas permite à Iberdrola aproveitar períodos de abundante energia renovável (por exemplo, eólica ou solar), com preços mais baixos, para mais tarde turbinar (produzir) a preços mais altos.
Em comunicado, a Iberdrola refere que "o sistema de eletroprodutor do Tâmega é capaz de armazenar 40 milhões de kWh, equivalente à energia consumida por 11 milhões de pessoas durante 24 horas nas suas casas, tornando-se um dos maiores sistemas de armazenamento de energia da Europa".
No entanto, embora seja um dos maiores investimentos de sempre na energia em Portugal, o conjunto da capacidade de armazenagem do Tâmega (cerca de 200 milhões de metros cúbicos) está longe dos volumes armazenados noutros albufeiras do país, como Alqueva (4 mil milhões de metros cúbicos), Baixo Sabor (mil milhões) ou Castelo de Bode (900 milhões).
Todavia, as capacidades de bombagem desses outros empreendimentos são menores. Alqueva tem uma potência (com bombagem) de 256 MW e Baixo Sabor 170 MW, ao passo que Castelo de Bode não tem bombagem (o que significa que a água turbinada não é recuperável).
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