Re: Venda da Embraer para a Boeing: sua posição?
Enviado: Sáb Dez 30, 2017 10:53 pm
Já que ninguém ainda citou, a Boeing está muito interessada é na carteira de clientes da Embraer...
É interessante ver alguém falar em "venda" usando como fuente um artigo (notar que nem notícia é) que fala apenas em parceria e associação. Usá-lo para criar cenários apocalípticos me soa como um enorme exagero. Mas tudo tri, cada um tem sua opinião e respeito a de todos na justa medida em que respeitam a minha. E esta é: precisamos de mais informações, não dá para sair julgando com base em devires. Lembrar que já foi feita uma tentativa, pelos "bondosos" Franceses, de tomar o controle da EMBRAER. O resultado todo mundo sabe, se quebraram!Bolovo escreveu:Notícias do futuro: "Departamento de Defesa dos EUA veta a venda de KC-390 para o Brasil"
EDIT MOD - Túlio
É direito de todo Forista exprimir suas opiniões mas não o é lançar ofensas aos demais. Ler post abaixo.
Proposta da Boeing inclui divisão militar da Embraer
IGOR GIELOW
DE SÃO PAULO
02/01/2018 02h00
A proposta da Boeing para associar-se à Embraer não é restrita à área de aviação comercial. Inclui também a divisão de defesa da fabricante brasileira, segundo a Folha apurou junto a pessoas próximas da negociação.
Isso tornará a conversa ainda mais sensível politicamente, já que o governo brasileiro diz que vetará a perda de controle nacional da empresa devido à sua importância estratégica na área militar.
A gigante americana não tem um formato fechado de oferta. Trará à mesa exemplos de parceria na área militar que dão salvaguardas de soberania aos países.
(...)
ramme escreveu:Vou repetir o post que fiz em um outro tópico por entender que esse aqui é muito mais adequado.
É bem provável que a a sobrevivência da Embraer no mercado dependa dessa operação.
Além disso, é interessante lembrar alguns pontos, especialmente no que diz respeito à "soberania" levantada por muitos. Atualmente o maior acionista da Embraer é um fundo chamando Brandes Investment, que até dias atrás detinha 15,05% (hoje tem algo em torno de 14%) das ações ordinárias da empresa. Em segundo lugar vem outro fundo, o Mondrian Investments, com 10,12% das ações ordinárias. O primeiro brasileiro que aparece é o BNDESPar com 5,37% das ações, pouco mais que os 5,03% do Blackrock, outro fundo estrangeiro. Na tesouraria da Embraer estão 1,03% das ações e o resto está pulverizado entre diversos investidores do Brasil e do exterior. Reparem que dos quatro acionistas com mais de 5% três são fundos estrangeiros que somados possuem cerca de 30% da empresa.
Destaco aqui também a entrevista do Ozires Silva, ex-presidente e um dos fundadores da Embraer:
http://www.valor.com.br/empresas/523732 ... ires-silva
Não tenham dúvidas de uma coisa: se a Boeing não fechar essa parceria com a Embraer, vai fechar com qualquer outra. Aí, efetivamente, estaremos fodidos. Nós contra Airbus, Bombardier, Boeing e outra afiliada.
Penso de maneira semelhante, mas tenho receio quanto ao futuro da Embraer com essa parceria Airbus-Bombardier. Não dá pra ignorar e pensar que as coisas vão se manter tão boas pra Embraer.Túlio escreveu:ramme escreveu:Vou repetir o post que fiz em um outro tópico por entender que esse aqui é muito mais adequado.
É bem provável que a a sobrevivência da Embraer no mercado dependa dessa operação.
Além disso, é interessante lembrar alguns pontos, especialmente no que diz respeito à "soberania" levantada por muitos. Atualmente o maior acionista da Embraer é um fundo chamando Brandes Investment, que até dias atrás detinha 15,05% (hoje tem algo em torno de 14%) das ações ordinárias da empresa. Em segundo lugar vem outro fundo, o Mondrian Investments, com 10,12% das ações ordinárias. O primeiro brasileiro que aparece é o BNDESPar com 5,37% das ações, pouco mais que os 5,03% do Blackrock, outro fundo estrangeiro. Na tesouraria da Embraer estão 1,03% das ações e o resto está pulverizado entre diversos investidores do Brasil e do exterior. Reparem que dos quatro acionistas com mais de 5% três são fundos estrangeiros que somados possuem cerca de 30% da empresa.
Destaco aqui também a entrevista do Ozires Silva, ex-presidente e um dos fundadores da Embraer:
http://www.valor.com.br/empresas/523732 ... ires-silva
Não tenham dúvidas de uma coisa: se a Boeing não fechar essa parceria com a Embraer, vai fechar com qualquer outra. Aí, efetivamente, estaremos fodidos. Nós contra Airbus, Bombardier, Boeing e outra afiliada.
Concordo parcialmente. Na verdade, se a Boeing não fechar com a EMBRAER, qual seria a "qualquer outra"? Há alguma "qualquer outra" que detenha 46% do mercado de Aviação Regional por aí, além de outra fatia grossa (que não sei quanto é) do mercado de Aviação Executiva, e não fiquei sabendo? Assim, sigo sustentando que é um negócio mais interessante para a Boeing do que para a EMBRAER (não que seja desinteressante para ela, e é aí a parte em que mais concordo contigo), e que, ao menos a meu ver, assegura-lhe uma posição bem mais confortável do que a da empresa dos EUA na mesa de negociações. Caso o negócio não saia, volta a valer a velha frase do Cel Ozires Silva: "melhor ser a cabeça do rato do que o rabo do leão". Esta frase foi proferida em uma entrevista a uma revista de Defesa no anos 90, em resposta a um questionamento sobre se a EMBRAER iria ficar para sempre na Aviação Regional ou se iria migrar para a Comercial. Foi uma resposta conservadora mas, ao menos para a época, extremamente sensata: de fato, melhor ser líder de um segmento menor do que lanterninha no maior. E isso ela pode continuar sendo, com ou sem Boeing. Já esta teria que começar do zero, com todos os riscos e custos associados a isso, para tentar acompanhar a Airbus que, com sua fatia da Bombardier, assume a primeira posição (ou, mais corretamente, tem grande chance de assumir). Complicado para a Boeing...
Outra: interessante esta composição acionária, o maior grupo estrangeiro (uns 14%) é um fundo de investimentos dos EUA, o segundo um fundo de pensões do UK (uns 10%) e o terceiro outro fundo de investimentos dos EUA (uns 5%). Se lembrarmos da Grande Crise da década passada veremos que, com as desregulamentações massivas do mercado financeiro dos EUA promovidas por Clinton e aprofundadas por Bush Jr e que foram a causa-máter (ou ao menos uma das mais importantes) da citada crise, uma porção de altos executivos de fundos de investimentos e pensões perderam seu patrimônio e até pegaram cadeia. O recado está claro: não se deve brincar com o dinheiro das pessoas.
Daí extraio que o simples fato de haver grandes quantidades de ações em mãos estrangeiras não equivale a dizer que podem fazer o que quiserem com a EMBRAER: quem bota dinheiro quer ganhar mais dinheiro (lembremos, quando estourou a "bomba" do interesse da Boeing, as ações da EMBRAER foram à estratosfera e o maior acionista tratou de se desfazer de cerca de 1% aproveitando a alta, e isso, tratando-se de uma empresa cujo valor de mercado chega a quase USD 100B, significa faturar cash quase um bi de um dia para o outro, é dinheiro pra burro, POWS!!! ), não sair fazendo patriotadas & molecagens.
É o que penso.
1. Nenhum acionista ou grupo de acionistas, brasileiro ou estrangeiro, poderá exercer votos em cada Assembleia Geral em número superior a 5% do número de ações em que se dividir o capital social. Tal limitação tem como objetivo desestimular a concentração excessiva de ações ou American Depositary Shares (ADS) em mãos de um único acionista ou grupo de acionistas vinculados;
2. O total de votos em qualquer Assembleia Geral permitido a acionistas estrangeiros, seja isoladamente ou em grupo, estará limitado a 40% do total de votos presentes à assembleia;
3. Vedação à aquisição, por qualquer acionista ou grupo de acionistas, de participação igual ou superior a 35% do capital da Embraer, salvo com expressa autorização da União, na qualidade de detentora da Golden Share, e sujeita à realização de uma Oferta Pública de Aquisição (OPA);
4. Obrigatoriedade de divulgação de posição acionária sempre que: (i) a participação de um acionista atinja ou supere 5% do capital da sociedade; e (ii) a participação de qualquer acionista se eleve em múltiplos de 5% do capital da Empresa.
Marechal-do-ar escreveu:Talvez isso ajude a entenderem a questão do controle da Embraer: http://ri.embraer.com.br/show.aspx?idCa ... 5Mr8VT9g==
Em especial:1. Nenhum acionista ou grupo de acionistas, brasileiro ou estrangeiro, poderá exercer votos em cada Assembleia Geral em número superior a 5% do número de ações em que se dividir o capital social. Tal limitação tem como objetivo desestimular a concentração excessiva de ações ou American Depositary Shares (ADS) em mãos de um único acionista ou grupo de acionistas vinculados;
2. O total de votos em qualquer Assembleia Geral permitido a acionistas estrangeiros, seja isoladamente ou em grupo, estará limitado a 40% do total de votos presentes à assembleia;
3. Vedação à aquisição, por qualquer acionista ou grupo de acionistas, de participação igual ou superior a 35% do capital da Embraer, salvo com expressa autorização da União, na qualidade de detentora da Golden Share, e sujeita à realização de uma Oferta Pública de Aquisição (OPA);
4. Obrigatoriedade de divulgação de posição acionária sempre que: (i) a participação de um acionista atinja ou supere 5% do capital da sociedade; e (ii) a participação de qualquer acionista se eleve em múltiplos de 5% do capital da Empresa.
Se a Boeing ou a Airbus quisessem teriam entrado no mercado de jatos menores no passado. Não fizeram e não farão isso pois é um mercado mais competitivo e menos rentável. O que elas precisam é manter o cartel que tem para aeronaves maiores. As aquisições de Bombardier e Embraer só fazem sentido para matar um futuro concorrente na faixa em que essas empresas dominam.Túlio escreveu:Sei lá, aí tenho que concordar com o FCarvalho, quantos trocentos USD bilhões vão ter que gastar para isso? Até talvez desse nos tempos do OBRAHMA, já hoje acho brabo. Vão ter que partir de tecnologias que não têm para chegar não sabem onde. Sério que te parece viável em uma economia focada no mercado?Duka escreveu:Acredito que se a Embraer não se associar com a Boeing, inevitavelmente a Boeing irá desenvolver sua própria linha de aviões regionais. Nesse caso, aquilo que a Embraer sabiamente evitou durante anos, concorrer com as gigantes, se materializará contra a sua vontade (não será a Embraer que irá subir, e sim as outras que irão descer).
Então, nesse caso, uma parceria no setor de vendas e pós-venda pode ser algo desejável (ou até mesmo necessário), para sobreviver nesse novo cenário.