DEFESA AÉREA - A Lei do Abate

Assuntos em discussão: Força Aérea Brasileira, forças aéreas estrangeiras e aviação militar.

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Re: DEFESA AÉREA - A Lei do Abate

#91 Mensagem por FCarvalho » Sex Mar 14, 2025 3:00 pm

Aproveitando o debate sobre o alcance\raio de ação do Gripen E\F, a partir de Anápolis as distâncias aéreas até as principais bases aéreas da FAB nas cinco regiões do país são:

Região Norte:

Anápolis - Manaus > 1.905 km
Anápolis - Belém > 1.656 km
Anápolis - Porto Velho > 1.828 km
Anápolis - Boa Vista > 2.489 km

Região Nordeste:

Anápolis - Natal > 1.905 km
Anápolis - Recife > 1.785 km
Anápolis - Salvador > 1.183 km

Região Centro Oeste:

Anápolis - Campo Grande > 755 km

Região Sudeste:

Anápolis - Rio de Janeiro > 949 km

Região Sul:

Anápolis - Santa Maria > 1.567 km
Anápolis - Porto Alegre > 1.543 km

Conforme a SAAB, o Gripen E\F apresenta as seguintes características:

Alcance combustível interno e externo sem reabastecimento: 4.075 km (sem armento)
Alcance combustível interno sem reabastecimento: 2.500 km (sem armamento)
Raio de Combate sem reabastecimento: 1.300 km (incluindo 30 min on station + 4 Meteor\2 Iris-T + tanque externo ventral)

A partir destas informações é possível vislumbrar que na configuração adotada acima e o raio de ação especificado, o Gripen E\F só é capaz de chegar com sobras ao Rio de Janeiro e Campo Grande, e com pouca margem a Salvador.
Isto posto, operando a partir de Anápolis a defesa aérea do país, o caça sueco é capaz apenas de cobrir com eficiência a região centro oeste e sudeste.
Como a FAB não costuma operar seus caças na configuração indicada pela empresa, pode-se antever uma certa folga nos números apresentados quanto ao desempenho do caça para mais ou para menos, a depender do que for usado como padrão de interceptação, o que ainda não está definido.




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Re: DEFESA AÉREA - A Lei do Abate

#92 Mensagem por Goldfinger » Sex Mar 14, 2025 4:43 pm

FCarvalho escreveu: Sex Mar 14, 2025 3:00 pm Aproveitando o debate sobre o alcance\raio de ação do Gripen E\F, a partir de Anápolis as distâncias aéreas até as principais bases aéreas da FAB nas cinco regiões do país são:

Região Norte:

Anápolis - Manaus > 1.905 km
Anápolis - Belém > 1.656 km
Anápolis - Porto Velho > 1.828 km
Anápolis - Boa Vista > 2.489 km

Região Nordeste:

Anápolis - Natal > 1.905 km
Anápolis - Recife > 1.785 km
Anápolis - Salvador > 1.183 km

Região Centro Oeste:

Anápolis - Campo Grande > 755 km

Região Sudeste:

Anápolis - Rio de Janeiro > 949 km

Região Sul:

Anápolis - Santa Maria > 1.567 km
Anápolis - Porto Alegre > 1.543 km

Conforme a SAAB, o Gripen E\F apresenta as seguintes características:

Alcance combustível interno e externo sem reabastecimento: 4.075 km (sem armento)
Alcance combustível interno sem reabastecimento: 2.500 km (sem armamento)
Raio de Combate sem reabastecimento: 1.300 km (incluindo 30 min on station + 4 Meteor\2 Iris-T + tanque externo ventral)

A partir destas informações é possível vislumbrar que na configuração adotada acima e o raio de ação especificado, o Gripen E\F só é capaz de chegar com sobras ao Rio de Janeiro e Campo Grande, e com pouca margem a Salvador.
Isto posto, operando a partir de Anápolis a defesa aérea do país, o caça sueco é capaz apenas de cobrir com eficiência a região centro oeste e sudeste.
Como a FAB não costuma operar seus caças na configuração indicada pela empresa, pode-se antever uma certa folga nos números apresentados quanto ao desempenho do caça para mais ou para menos, a depender do que for usado como padrão de interceptação, o que ainda não está definido.
Não existe caça no mundo capaz de cobrir todo território nacional a partir de Anápolis. Seria necessário um RAIO de ação de quase 3000 km. Sabe o que mais fica a essa distância de Anápolis ? Santiago de Chile (2.900km) e Lima no Peru (3.050km) :shock:




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Re: DEFESA AÉREA - A Lei do Abate

#93 Mensagem por FCarvalho » Sex Mar 14, 2025 6:50 pm

Goldfinger escreveu: Sex Mar 14, 2025 4:43 pm Não existe caça no mundo capaz de cobrir todo território nacional a partir de Anápolis. Seria necessário um RAIO de ação de quase 3000 km. Sabe o que mais fica a essa distância de Anápolis ? Santiago de Chile (2.900km) e Lima no Peru (3.050km) :shock:
Eu não quis imputar qualquer incapacidade do caça no que diz respeito a defesa aérea do país na sua íntegra, mas apenas apontar a partir da informação do raio de ação, sob determinadas condições descritas pela própria SAAB, o desempenho que ele teria a partir de Anápolis. Apenas isso.

Aliás, apontar as limitações do caça da FAB não é nenhum demérito para ele, ao contrário, é algo a meu ver importante e necessário, diria impositivo, para que sociedade, políticos e governo de plantão tenham bem claro que é impossível à força aérea fazer defesa dos céus do país na íntegra apenas com meia dúzia, uma dúzia ou três dúzias deles. Simplesmente não cabe, não serve, e é totalmente inútil para a FAB cumprir suas obrigações. E diria que qualquer um que disser o contrário, seja civil ou militar, está usando de má fé, causando engodo e defendendo outros interesses que não os do país.

O raio de ação do caça pode variar de acordo com as configurações emprestadas ao modelo que a FAB se propuser. Assim, um Gripen E equipado com três tanques subalares + 2 Meteor + 2 Iris-T com certeza terá um raio de ação maior ou menor que 1.300 km, não sei dizer ao certo; assim, se ele usar dois tanques adicionais com uma variação de carga de armas, poderá igualmente voar determinada distância e voltar, no fim tudo depende da configuração usada.

A FAB, a meu ver, deve usar apenas 2 Meteor + 2 Iris-T, e talvez um tanque extra, na função QRA, regularmente em Anápolis, mas acredito que é muito mais fácil ver os Gripen do GDA operando apenas com 2 Iris-T, e quem sabe um tanque ventral. Esse é o padrão visto nos F-5EM desde que os Phyton III\IV e Derby foram adotados há quase vinte anos. E os Mike são bem conhecidos pela perna curtíssima que tem, o que não é o caso dos Gripen E.

O que precisa ficar claro à luz dos dados acima é que o número de Gripen E\F na FAB, sejam 36, 30 ou 6 unidades, por melhor que ele seja para nós, simplesmente é incapaz de defender o país por inteiro do jeito alguns acreditam, principalmente no governo e nos bastidores da política nacional, como se ainda estivéssemos nos anos 1940\1950, com a capital no RJ. Ou simplesmente porque pouco importa, o Brasil além de Brasília não existe mesmo. :?

A capacidade do raio de ação do Gripen E só surtirá efeito para nós no momento em que ele estiver baseado em localidades a partir das quais ele possa de fato atuar sobre grande parte da região em que está, no mínimo. E isso significa dizer que com apenas 36 unidades, se chegarmos lá, a FAB se verá forçada a dividir o pouco que já tem por, no mínimo, 3 bases aéreas em três regiões diferentes, a fim de dispor de uma cobertura aérea minimamente crível e efetiva, e não esse fake que sempre tivemos nos últimos 80 anos.

Vai dar para quebrar o galho? Sim, com certeza. É o necessário? Óbvio que não. Mas é o que nós temos para agora. Amanhã ou depois caso alguma coisa aconteça fora da agenda da ignorância nacional ou do script da parte do país que realmente "importa de verdade" para os abastados de Brasília-RJ-SP, bom, o que a gente pode fazer é deitar na rede, embalar, e vê o que acontece. E boa sorte para quem ainda estiver por aqui.




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Re: DEFESA AÉREA - A Lei do Abate

#94 Mensagem por FCarvalho » Sex Mar 14, 2025 7:23 pm

Só para constar. Saindo de Anápolis, Santa Cruz, Natal, Canoas ou Campo Grande, o raio de ação do Gripen E\F equipado com aposto pela SAAB na sua apresentação, ou seja, 1.300 km, é mais que suficiente para dar cabo da defesa aérea das respectivas regiões na íntegra, e até além.

Isto já não acontece em Manaus devido às distâncias muito maiores que o caça seria obrigado a percorrer até chegar nas linhas de fronteira ou ZEE no litoral da região. Para exemplificar, Manaus dista mais de 1.300 km de Belém. A menor distância da BAMN até outra capital é de cerca de 650 km até Boa Vista. A maior distância fica por conta de se chegar à Palmas, no estado do Tocantins.

Neste sentido, a FAB irá ter que pensar em formas diferentes de operar a defesa aérea na região norte, tendo em vista que, partindo apenas de Manaus, é impossível chegar em qualquer vetor não colaborativo voando na faixa de fronteira em tempo antes do mesmo evadir-se, ou ser interceptado ainda dentro do espaço aéreo nacional. Sobretudo se tratando dos milhares de "papa-tangos" do tráfico que pirulam por aqui o ano inteiro de janeiro a dezembro. E os caras estão se modernizando a cada ano, visto que até jatinhos executivos agora servem para este exercício de transporte ilícito. E a FAB hoje na prática não pode fazer absolutamente nada quanto a isto. Os Super Tucano em BV e PV não pegam nem 10% do tráfego aéreo irregular da região.

Assim, a meu ver, ou se dispõe de dois esquadrões na região norte, em Belém e Manaus, de forma a cobrir a totalidade da região, inclusive a ZEE de todo o litoral, ou se coloca na BAMN uma quantidade tal de caças que se possa fazê-los circular regularmente pelas principais bases aéreas e de dispersão da FAB na região, de modo a tentar cobrir o melhor possível a defesa aérea. E para isso, pelo menos 18 a 24 caças seriam necessários. Existem 4 bases aéreas operacionais na região, e outras duas bases de desdobramento, em São Gabriel da Cachoeira no Alto Rio Negro, e Eirunepé no Alto Juruá. Me parece que tanto manter uma esquadrão robusto em Manaus quanto dois esquadrões na região são opções que não passam pela cabeça do cmdo da FAB hoje, e nem no longo prazo, tendo em vista a situação vergonhosa a que se chegou no programa Gripen E\F.

De qualquer forma, sou de opinião que é impositivo que a defesa aérea da região norte seja pensada fora da caixinha dos discursos habituais de sempre, em que as prioridades são sempre as mesmas, com a defesa da menor parte do país, mas a que tem a mão na carteira, é privilegiada e conforma tudo o mais no planejamento da FAB. E se for para continuar assim, melhor seria ter comprado algum caça usado empoleirado e cheio de areia dos estoques yankees, que pelo menos não teríamos perdido tanto tempo, e nem precisado gastar uma bolada de dinheiro público à toa simplesmente para ficar do mesmo jeito de antes, sem dar um passo à frente.




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Re: DEFESA AÉREA - A Lei do Abate

#95 Mensagem por FCarvalho » Sex Mar 14, 2025 7:31 pm

Há sim. Talvez uma notícia que possa no futuro justificar não um, mas dois esquadrões de caça da FAB na região norte.

O IBAMA finalmente liberou a Petrobrás para explorar a margem equatorial.

Será que dessa vez com a região contando com o seu próprio pré-sal finalmente vamos ter alguma importância real na agenda da defesa e nos planos das ffaa's? :roll:

Quem sabe rola até um trocadinho para as ffaa's arrumarem a vida por aqui.

A ver.




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Re: DEFESA AÉREA - A Lei do Abate

#96 Mensagem por FCarvalho » Ter Mar 18, 2025 1:01 pm

DECEA desenvolve conceito inovador no controle de tráfego aéreo

Projeto para a operacionalização do Performance-Based Communication and Surveillance (PBCS) na FIR Atlântico será implementado até 2026

https://www.defesanet.com.br/aviacao/de ... ego-aereo/

Este é um setor que se não fosse a FAB investir o pouco que recebe, com certeza deixaria o pais na rabeira da fila no mundo entre os países com controle de tráfego aéreo.
Mas, ao contrário do que se possa pensar ou dizer, estamos entre os 3 melhores sistemas de controle de tráfego aéreo do mundo, e o CINDACTA\SISDACTA é referencia no mundo inteiro, inclusive até mesmo para os norte americanos.




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Re: DEFESA AÉREA - A Lei do Abate

#97 Mensagem por J.Ricardo » Ter Mar 18, 2025 2:25 pm

Cara, você tá equivocado heim
não saiu nenhuma notícia a respeito da aprovação da exploração da margem equatorial, muito pelo contrário, tá uma tremenda queda de braço e a Marina até agora só não foi demitida por conta dessa baboseira de COP30.




Não temais ímpias falanges,
Que apresentam face hostil,
Vossos peitos, vossos braços,
São muralhas do Brasil!
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Re: DEFESA AÉREA - A Lei do Abate

#98 Mensagem por FCarvalho » Qua Mar 19, 2025 12:43 pm

J.Ricardo escreveu: Ter Mar 18, 2025 2:25 pm Cara, você tá equivocado heim
não saiu nenhuma notícia a respeito da aprovação da exploração da margem equatorial, muito pelo contrário, tá uma tremenda queda de braço e a Marina até agora só não foi demitida por conta dessa baboseira de COP30.
A Marina só não pegou o beco esse ano porque a tal COP30 é só em novembro, e o governo não quer se estressar com isso dando um pé na bunda da sua estrelinha ecológica.
Mas já existe decisão política interna ao governo tomada e pronta para ser posta em ação quanto à exploração da margem equatorial. Mas, o PR é daqueles que só faz as coisas se todo mundo concordar, como se fosse uma assembleia de condomínio.
E como ele não quer se queimar com a sua querida companheira, vão empurrando o negócio com a barriga.
Mas ano que vem, não tem mais nada que impeça o governo de botar o trem nos trilhos neste assunto, ainda mais pela importância econômica que o processo tem. E 2026 é mais um daqueles anos atípicos em que tudo neste país para para ver a banda de Brasília passar piscando o olho para nós.




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Re: DEFESA AÉREA - A Lei do Abate

#99 Mensagem por FCarvalho » Qua Mar 19, 2025 12:45 pm



Se bobear, os mesmos F-5 que fizeram essa interceptação ainda estão operacionais lá em Santa Cruz, 43 anos depois.

[009]




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Re: DEFESA AÉREA - A Lei do Abate

#100 Mensagem por FCarvalho » Qua Mar 19, 2025 12:49 pm



Ao menos neste caso, os Mirage III foram aposentados compulsoriamente. Naquela época o Ilyushin foi interceptado somente depois de atravessar metade do país, já próximo de Brasília devido o raio de ação dos Mirage III.
Pergunta: quantos países vocês conhecem que deixam um alvo não responsivo atravessar metade do país para só ser interceptado depois que está muito próximo da sua capital? :roll:
Hoje em dia, talvez, isso poderá ser feito um pouco mais longe, quem sabe. Ou não, já que até combustível anda bem escasso na aviação de caça.

[009]




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