FIGHTERCOM escreveu: ↑Qui Nov 19, 2020 6:21 pm
Apesar de ser um grande defensor do Gripen para a FAB, não vejo futuro para o Sea Gripen na MB. Aliás, não vejo futuro algum para nenhum caça na MB! Para uma força que errou tremendamente no seu planejamento e hoje se encontra nessa penúria com relação aos meios de superfície, querer falar em aviação de caça só demonstra que os almirantes não entenderam a gravidade da situação.
Os recursos $$$ que o governo federal teria que dispender para um possível desenvolvimento da versão Sea Gripen (ou alguém aqui acha que a Saab vai bancar?!) seria melhor aproveitado na aquisição de mais unidades do Gripen F para a FAB ou até mesmo no desenvolvimento e fabricação de drones, que convenhamos, seria mais proveitoso para a Marinha.
Para mim, a MB do jeito que está hoje, com o PHM, é mais operante do que na época em que estava com o NAe São Paulo (fica a dica, #operacional). Ela deveria esquecer essa tara por “NAes e caças” e trabalhar para a aquisição futura de duas unidades de um LHD (tipo o Juan Carlos, da Navantia) e focar sua aviação em helicópteros e drones. Já estaria de bom tamanho!
Abraços,
Wesley[/Justificar]
Olá Wesley,
Vou ser repetitivo mas é preciso esclarecer alguns pontos.
O atual PEM 2040 é fruto, em partes, do aprendizado do almirantado com os erros passados. Tanto é assim que ele não define tempo e nem custos individualmente para os projetos apontados no mesmo. Existe apenas uma única temporalidade: 2040. Ou seja, a marinha tem a intenção de orquestrar sua modernização ao longo dos próximos vinte anos, a partir de um fator fulcral: disponibilidade de verbas. Isto significa na prática, que à exceção dos projetos já em andamento e com orçamento definido, nada mais naquele plano tem garantia de receber aporte financeiro, e portanto, de sair do papel algum dia.
O projeto SIGAAZ terá financiamento próprio, indiferente às outras demandas da MB, e a partir de fonte ainda a ser identificada. Neste momento, há vários GT na marinha elaborando os requisitos básicos do mesmo. O planejamento dispõe que a partir de 2021 tenhamos o lançamento do mesmo. É bom lembrar que o SIGAAZ possui diversos componentes e inúmeras etapas constitutivas que transpassam diversos setores da marinha, como comando e controle, comunicações, engenharia, aviação naval, logística e outros órgãos que terão parte e responsabilidades sobre a sua total integração e funcionamento. O SIGAAZ vai demandar o envolvimento de quase todos os setores da marinha, e inclusive, demandar decisões inter forças a despeito do uso de vetores, como a patrulha naval. Este projeto, salvo engano, será gerenciado via MD em termos de aquisição de sistemas, tendo sua implantação e operação gerenciadas pela Marinha.
Quanto ao Gripen N, como disse ao Gabriel,
a marinha não irá colocar um único centavo neste modelo. Ponto. Isto é fato, não é uma ideia minha. Sequer é uma hipótese aventada no PEM 2040. Portanto, não há qualquer base concreta para admitir gastar dinheiro do erário nesta proposta da SAAB.Agora e nem em qualquer tempo.
O que existe em matéria de planejamento é a substituição dos A-4M no médio a longo prazo. Isto significa que os 6 caças modernizados permanecerão em uso, pelo menos, até 2035. Isto contudo não significa que a MB não envide respostas a esta questão antes deste prazo. Em havendo soluções de oportunidade que se apresentem vantajosas, elas serão aproveitadas, desde que pertinentes em termos de custos e orçamento para a MB. Pelo que leio dos documentos e falas da marinha sobre esta questão, a possibilidade de o Gripen C/D ou E/F ser o futuro caça do VF-1 é muito expressiva. Desde que os custos sejam cabíveis ao orçamento, claro. Este é um ponto consensual dentro da alta administração naval e do próprio MD.
No que cabe a atual realidade, a MB está comprometida financeiramente com a aquisição e construção das 4(6) Tamandaré até 2028, e a conclusão do processo de recebimento dos sub nacional até 2023 e do subnuc para 2029. Poderá haver dentro das possibilidades financeiras disponíveis uma segunda encomenda das Tamandaré visando a complementação da esquadra, e talvez, da classe Riachuelo, a fim de aposentar os IKL. No caso do segundo lote das fragatas, seria uma solução a ser contemplada, dependendo dos números a serem colocados e do aporte financeiro, entre 2029(2031) e 2036. Da mesma forma os submarinos, que seguiriam o seu processo construtivo ao longo de toda a década de 2020.
Afora estes dois grandes compromissos para os quais a MB já tem toda uma engenharia orçamentária elaborada e em efetiva instrução, não existem mais projetos de envergadura que visem aquisição material em andamento. Os projetos de pesquisa e desenvolvimento de novos sistemas de armas, produtos e serviços estão limitados ao orçamento anual, que não raro, nunca é disponibilizado na íntegra pelo poder político.
Cabe destacar que a MB está tentando viabilizar os navios de patrulha e outros meios de apoio naval para os DN, e demais órgãos de apoio, através do recebimento de percentagem do fundo naval, já aprovado salvo engano no congresso nacional, ou ainda por ser aprovado. Com este fundo de 10% da marinha mercante será possível envidar a aquisição de novos meios para o serviço de patrulha naval e de apoio.
Por fim, é preciso dizer que os VANT, e outros vetores comentados por você estão sendo tratados dentro do projeto SIGAAZ. A sua aquisição e operação se dará na medida em que o projeto for sendo implementado.
Os helos na marinha tem uma importância fulcral, e nunca se descuidou dessa área, pelo contrário, há muitos anos vem se tentando resolver o problema da substituição dos Bell Jet Ranger e dos Esquilos. Nada foi conseguido até agora por pura e simples falta de verbas, e diria até, por prioridades mal formatadas dentro da organização financeira da MB. Aparentemente os H-135M serão os substitutos dos Bell em um negócio entre o MD e Airbus Helicopters envolvendo os H225M. Mas há de se confirmar. Faltaria resolver os Esquilo, Os Super Linx estão sendo recebidos modernizados, e os Sea Hawk espera-se poder adquirir um lote adicional, enquanto os UH-15/15A devem ter suas entregas finalizadas até 2022. Há previsão de mais um esquadrão em Florianópolis, equipado com os UH-15, como foi feito em Belém. Mas para isso depende da disponibilidade destes helos a serem ainda recebidos. Se forem mesmo trocados por H-135M, então essa esquadrão vai ter de esperar bem mais tempo para vir a luz. Lembrar que Natal e Salvador precisam também de helos, e Manaus, estavam cotadas também para receber os UH-15. Mas tudo depende de verba para aquiescer os helos necessários para tudo isso. Pelo que me consta, os UH-14 foram retirados de serviço.
Enfim, temos duas grandes prioridades neste momento e que vão se alongar durante os próximos 10 anos: o projeto das Fragatas Tamandaré e o Prosub. Tudo o mais está subordinado a estes dois programas em termos de investimentos. Se houverem lotes subsequentes, passaremos pelo menos a primeira metade dos anos da década de 2030 ainda recebendo navios e submarinos novos. O SIGAAZ uma vez lançado ano que vem, se o for, é a 3a prioridade da MB neste momento, contando com a "concorrência" dos navios patrulha, para os quais a MB parece ter lançado um novo olhar em termos de necessidade e prioridade. Mas estes tem uma possível fonte longeva e regular para resolver os seus problemas na forma do FMM.
É possível verificar então que o VF-1, e o VEC-1 e seus Traders, não são exatamente uma prioridade neste momento para a MB, a não ser naquilo que diga respeito à manutenção de sua operacionalidade com os vetores de que dispõe. A ideia de fundo que gestou estes esquadrões foi a retomada da asa fixa para a aviação naval. É um processo longo, complexo, e que exige ultrapassar muitos percalços, inclusive aqueles de questionamento da sua natureza e utilidade. E não és o primeiro e nem o único a questionar a existência dos A-4M na aviação naval. Mesmo dentro da FAB ainda há resistência a ideia de a MB possuir seus próprios caças.
Não vou me deter em comentários sobre doutrina de aviação naval, sua importância e necessidade, por não ser o foco da questão aqui. Temos um tópico sobre isso inclusive aqui perdido em algum lugar. Mas fato é que o VF-1 (VEC-1) foi e é um investimento da MB em longuíssimo prazo. Formar uma cultura de asa fixa não é algo que se faz do dia para a noite, e muito menos se joga pela janela ou na lata do lixo por imposições/restrições orçamentárias mais do que conhecidas. O MD está trabalhando para tentar resolver este problema, que não é só da marinha, mas da Defesa no Brasil.
abs