Jobim quer OTAN fora do Atlântico Sul
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Re: Jobim quer OTAN fora do Atlântico Sul
Eu não creio que ele disse que o único ataque que o brasil sofreu foi pelo mar, mas como não ouvi o discurso do MD não vou opinar.
O autor do texto se contradiz em algums pontos, depois vou dar mais uma lida.
O autor do texto se contradiz em algums pontos, depois vou dar mais uma lida.
- Marino
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Re: Jobim quer OTAN fora do Atlântico Sul
Sempre é bom ler a fonte:
Palestra do ministro da Defesa do Brasil, Nelson A. Jobim no
Encerramento da Conferência Internacional - “O Futuro da Comunidade Transatlântica”
(Lisboa, Instituto de Defesa Nacional - 10.09.2010)
“Srs. e Sras.
O que manifestarei a seguir corresponde ao meu entendimento sobre o tema e não se constitui em
posição oficial do Governo brasileiro. Esta intervenção tratará da minha perspectiva sobre a revisão do
Conceito Estratégico da OTAN e o futuro da Comunidade Transatlântica.
Não pretendo resenhar a história da Organização. No entanto, faz-se necessária uma pequena
contextualização histórica.
O elemento central que impulsionou a criação da OTAN, em 1949, foi o acirramento das tensões entre
os Estados Unidos e a União Soviética. Essas tensões tiveram expressão aguda no Teatro Europeu. As
tropas das duas superpotências rivais demarcavam áreas de influência.
Devemos lembrar que o “longo telegrama” de George Kennan data de 1946. É de 1947 o seu artigo na
“Foreign Affairs” - “The Sources of Soviet Conduct”. Esse texto foi o marco do que viria a ser
conhecido como "Doutrina da Contenção", iniciada na Presidência Truman.
Nesse cenário, destaco dois fatos:
Primeiro, a crise deflagrada pelo bloqueio de Berlim, entre 1948 e 1949, e,
Segundo, o término do monopólio nuclear norte-americano pouco depois do tratado da Aliança
Atlântica.
Com a ascensão da união soviética, em 1949, ao restrito clube das potências nuclearmente armadas, os
temores apenas se intensificaram. Diante dessa realidade, a OTAN constituía elemento basilar de
defesa da Europa Ocidental em face da ameaça soviética.
Pode-se afirmar, apesar dos riscos envolvidos, que o foco da organização encontrava-se claramente
delineado: constituía-se no pilar fundamental da arquitetura do mundo bipolar.
Esse foco sofreu grande abalo. Começou com as "Revoluções de Veludo" do Leste Europeu. E
continuou com a "Queda do Muro" de Berlim e com a própria dissolução da União Soviética.
Parece-me que o panorama em torno do qual a OTAN se organizara deixou de existir, tudo por quê:
Primeiro, a guerra fria desapareceu, sob o patrocínio da Administração Reagan;
Segundo, consumou-se a derrocada do socialismo real; e,
Terceiro, ruiu-se a hipótese de aniquilação termonuclear mútua entre os Estados Unidos e a hoje
desaparecida União Soviética.
No entanto, a apoteose do otimismo em relação ao mundo pós-guerra fria durou menos de uma década.
Tal apoteose havia sido consagrada em dois momentos:
- No artigo de Francis Fukuyama sobre o "fim da história" e;
- Na articulação internacional em torno da reversão da invasão do Kuwait pelo Iraque, no início dos
anos 90.
Srs. E sras.
Mesmo no contexto da “Nova Ordem Internacional”, proclamada pelo presidente Bush-pai, a OTAN
não foi abolida, como imaginavam alguns. Continuou a servir de instrumento para o avanço dos
interesses de seu membro exponencial, os Estados Unidos da América, e, subsidiariamente, dos aliados
europeus.
Participou da pacificação da bósnia, a partir de 1995. Já em 1999, iniciou-se a ampliação da
Organização. Foram incorporados os Estados antes pertencentes ao finado Pacto de Varsóvia:
República Tcheca, Hungria e Polônia.
Nesse mesmo ano, a OTAN bombardeou posições sérvias durante a Guerra do Kosovo, à margem do
Conselho de Segurança das Nações Unidas.
(Lembro da análise de Michael Walzer e de sua crítica em relação a decisão dos generais da OTAN em
não enviar tropas de infantaria para o Teatro de Operações. Tal decisão viabilizou o massacre de
populações kosovares pelas tropas sérvias ...)
Ainda em 1999, publicou-se o Novo Conceito Estratégico da Aliança Atlântica.
O Novo Conceito ampliou o escopo e o raio de atuação da Aliança – não mais restrito ao Teatro
Europeu. Uma interpretação literal desse conceito nos leva a afirmar que a OTAN passaria a poder
intervir em qualquer parte do mundo.
Os pretextos para operações poderiam ser vários: anti-terrorismo; ações humanitárias; tráfico de
drogas; agressões ao meio ambiente; ameaças à democracia, entre outras.
Devemos considerar, também, o mal-estar relacionado ao sentimento russo produzido pela expansão
da OTAN para o Leste.
Várias iniciativas visaram a mitigar esse sentimento, refletidas, por exemplo, na criação do Conselho
Permanente OTAN-RÚSSIA de 1997.
No entanto, cremos que se mantém problemática a relação entre a organização e o principal estado
sucessor da antiga União Soviética.
A incorporação dos Países Bálticos à OTAN, em 2004, ao que parece, somente não contou com
oposição mais enfática da Rússia em função do interesse daquele país pelo apoio norte-americano à
sua versão local - Chechênia - da “Guerra ao Terrorismo”, esta declarada pelo presidente George W.
Bush em 2001, após os atentados de 11 de setembro.
Os planos dos Estados Unidos de instalar elementos do seu sistema antimíssil na Europa Oriental,
abandonados pelo Presidente Obama, apenas contribuíram, à época, para acirrar os ânimos das
autoridades russas que parecem ver na Aliança Atlântica um instrumento do expansionismo norteamericano.
Ademais, a recente intervenção russa na Geórgia parece indicar que o Kremlin não estaria mais
disposto a ceder espaço diante da ampliação da área geográfica abrangida pela OTAN.
No que toca ao "Novo Conceito Estratégico" da Organização, é patente a similaridade entre as
propostas em estudo e a agenda internacional dos Estados Unidos – o que, a bem da verdade, não
constitui propriamente surpresa.
Nota-se claramente uma tentativa de demonstração de abertura no diálogo entre a Aliança Atlântica e
organismos internacionais, agrupamentos políticos, países e regiões. Reafirmam-se valores como
democracia, respeito às minorias e solução pacífica das controvérsias.
Outro aspecto significativo é a reiteração do caráter regional da organização. Também o é a sugestão
de que seus exercícios militares sejam previamente coordenados com os Estados contíguos às
operações – em especial com os não pertencentes à OTAN.
Apesar disso tudo, vale reproduzir um dos itens do capítulo quinto do documento - “NATO 2020:
Assured Security; Dynamic Engagement”.
Ele trata das missões primárias da OTAN a serem eventualmente materializadas no novo conceito
estratégico. Leio:
“Desdobrar e sustentar capacidades expedicionárias para operações militares além da área abrangida
pelo tratado quando requerido para impedir um ataque na área abrangida pelo Tratado ou para proteger
os direitos e outros interesses vitais dos membros da Aliança.”
Parece óbvio que tal missão enseja extrema flexibilidade. Detenho-me na literalidade do texto.
Ela pode levantar questionamentos a respeito do caráter efetivamente regional da OTAN. Para além de
enquadrar ações como aquelas desenvolvidas no Afeganistão no contexto da “International Security
Assistance Force” (ISAF), o texto permite justificar intervenções da organização em qualquer parte do
mundo ("... Para proteger ... Outros interesses vitais dos membros da aliança" !).
O mesmo se passa com a menção à possibilidade de consultas sob os auspícios do Artigo 4 do Tratado
do Atlântico Norte - ameaça a um ou mais dos Estados Membros - em episódios que envolvam
“segurança energética”.
Temos, ainda, a recomendação de que a Aliança prepare-se para contingências relacionadas à mudança
climática. Tudo isso gera indagações.
Peço permissão para afirmar que, a meu ver, o elemento fulcral dessa problemática tem a ver com a
extrema dependência européia das capacidades militares norte-americanas no seio da OTAN.
Muitos analistas, inclusive no Brasil, acreditam que ela poderia fornecer verniz de legitimidade às
ações militares que os decisores estadunidenses não queiram abraçar de maneira unilateral ou não
possam ver aprovados no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Do ponto de vista brasileiro - Estado amante da paz e que mantém relações amistosas com a totalidade
dos 28 países que compõem a Organização - o Conselho de Segurança da ONU, apesar de sua restrita
e superada composição, constitui, ainda, a única instância internacional capaz de legitimar o uso da
força.
Nesse sentido, vejo com reservas iniciativas que procurem, de alguma forma, associar o "Norte do
Atlântico" ao "Sul do Atlântico" – esta, o "Sul", área geoestratégica de interesse vital para o Brasil.
As questões de segurança relacionadas às duas metades desse oceano são notoriamente distintas. O
mesmo se diga sobre hipotético "Atlântico Central".
Tais questões devem merecer respostas diferenciadas – tão mais eficientes e legítimas quanto menos
envolverem organizações ou Estados estranhos à região.
A nosso juízo, enquanto perdurar a dependência da Europa em relação aos Estados Unidos no campo
da segurança e da defesa, não será factível discernir, de modo inequívoco, onde começam os interesses
do primeiro - os Estados Unidos - e onde terminam os interesses dos últimos - os europeus.
Exemplo disso é a provável incorporação, no conceito estratégico da OTAN, da defesa antimísseis
balísticos como “missão essencial” da Aliança Atlântica.
Além de altamente polêmica, do ponto de vista de sua efetiva instrumentalidade militar, parecem-me,
no mínimo, controversas as resultantes políticas da instalação desse tipo de sistema para o
relacionamento europeu com a Rússia e o Irã. Ademais, a alegação de que o escudo antimíssil
protegeria a região de ataques de grupos terroristas soa muito pouco plausível.
Logo, sob o risco de alguma simplificação, a dependência anteriormente apontada indica que, ao
menos no médio prazo, a União Européia poderá não se constituir em ator geopolítico à altura de seu
peso econômico e soft power.
Apesar dos inúmeros esquemas, propostas, acordos e iniciativas propugnados no passado com o
objetivo de permitir à Europa alguma autonomia no plano militar em relação aos Estados Unidos, o
fato é que esse desiderato não se concretizou de modo pleno.
São três as razões essenciais para tanto:
Primeiro, a falta de consenso entre os membros da união européia;
Segundo, o incentivo ao comportamento do tipo "boléia" (ou, no português do Brasil, “carona”) que a
presença militar norte-americana enseja a muitos estados e;
Terceiro, as ações estadunidenses no sentido de preservar sua capacidade de influência na Europa.
Resta saber em que medida o Tratado de Lisboa, recém-aprovado, mudaria essa realidade. O item
sétimo do artigo 28 desse tratado, parece responder essa dúvida de forma razoavelmente clara. Leio:
“Os compromissos e a cooperação neste domínio (segurança e defesa comuns) respeitam os
compromissos assumidos no quadro da Organização do Tratado do Atlântico Norte, que, para os
Estados que são membros desta organização, continua a ser o fundamento da sua defesa coletiva e a
instância apropriada para a concretizar.”
Perdoem-me se fui transparente. Mas, assim é o Brasil.
Muito obrigado.”
Palestra do ministro da Defesa do Brasil, Nelson A. Jobim no
Encerramento da Conferência Internacional - “O Futuro da Comunidade Transatlântica”
(Lisboa, Instituto de Defesa Nacional - 10.09.2010)
“Srs. e Sras.
O que manifestarei a seguir corresponde ao meu entendimento sobre o tema e não se constitui em
posição oficial do Governo brasileiro. Esta intervenção tratará da minha perspectiva sobre a revisão do
Conceito Estratégico da OTAN e o futuro da Comunidade Transatlântica.
Não pretendo resenhar a história da Organização. No entanto, faz-se necessária uma pequena
contextualização histórica.
O elemento central que impulsionou a criação da OTAN, em 1949, foi o acirramento das tensões entre
os Estados Unidos e a União Soviética. Essas tensões tiveram expressão aguda no Teatro Europeu. As
tropas das duas superpotências rivais demarcavam áreas de influência.
Devemos lembrar que o “longo telegrama” de George Kennan data de 1946. É de 1947 o seu artigo na
“Foreign Affairs” - “The Sources of Soviet Conduct”. Esse texto foi o marco do que viria a ser
conhecido como "Doutrina da Contenção", iniciada na Presidência Truman.
Nesse cenário, destaco dois fatos:
Primeiro, a crise deflagrada pelo bloqueio de Berlim, entre 1948 e 1949, e,
Segundo, o término do monopólio nuclear norte-americano pouco depois do tratado da Aliança
Atlântica.
Com a ascensão da união soviética, em 1949, ao restrito clube das potências nuclearmente armadas, os
temores apenas se intensificaram. Diante dessa realidade, a OTAN constituía elemento basilar de
defesa da Europa Ocidental em face da ameaça soviética.
Pode-se afirmar, apesar dos riscos envolvidos, que o foco da organização encontrava-se claramente
delineado: constituía-se no pilar fundamental da arquitetura do mundo bipolar.
Esse foco sofreu grande abalo. Começou com as "Revoluções de Veludo" do Leste Europeu. E
continuou com a "Queda do Muro" de Berlim e com a própria dissolução da União Soviética.
Parece-me que o panorama em torno do qual a OTAN se organizara deixou de existir, tudo por quê:
Primeiro, a guerra fria desapareceu, sob o patrocínio da Administração Reagan;
Segundo, consumou-se a derrocada do socialismo real; e,
Terceiro, ruiu-se a hipótese de aniquilação termonuclear mútua entre os Estados Unidos e a hoje
desaparecida União Soviética.
No entanto, a apoteose do otimismo em relação ao mundo pós-guerra fria durou menos de uma década.
Tal apoteose havia sido consagrada em dois momentos:
- No artigo de Francis Fukuyama sobre o "fim da história" e;
- Na articulação internacional em torno da reversão da invasão do Kuwait pelo Iraque, no início dos
anos 90.
Srs. E sras.
Mesmo no contexto da “Nova Ordem Internacional”, proclamada pelo presidente Bush-pai, a OTAN
não foi abolida, como imaginavam alguns. Continuou a servir de instrumento para o avanço dos
interesses de seu membro exponencial, os Estados Unidos da América, e, subsidiariamente, dos aliados
europeus.
Participou da pacificação da bósnia, a partir de 1995. Já em 1999, iniciou-se a ampliação da
Organização. Foram incorporados os Estados antes pertencentes ao finado Pacto de Varsóvia:
República Tcheca, Hungria e Polônia.
Nesse mesmo ano, a OTAN bombardeou posições sérvias durante a Guerra do Kosovo, à margem do
Conselho de Segurança das Nações Unidas.
(Lembro da análise de Michael Walzer e de sua crítica em relação a decisão dos generais da OTAN em
não enviar tropas de infantaria para o Teatro de Operações. Tal decisão viabilizou o massacre de
populações kosovares pelas tropas sérvias ...)
Ainda em 1999, publicou-se o Novo Conceito Estratégico da Aliança Atlântica.
O Novo Conceito ampliou o escopo e o raio de atuação da Aliança – não mais restrito ao Teatro
Europeu. Uma interpretação literal desse conceito nos leva a afirmar que a OTAN passaria a poder
intervir em qualquer parte do mundo.
Os pretextos para operações poderiam ser vários: anti-terrorismo; ações humanitárias; tráfico de
drogas; agressões ao meio ambiente; ameaças à democracia, entre outras.
Devemos considerar, também, o mal-estar relacionado ao sentimento russo produzido pela expansão
da OTAN para o Leste.
Várias iniciativas visaram a mitigar esse sentimento, refletidas, por exemplo, na criação do Conselho
Permanente OTAN-RÚSSIA de 1997.
No entanto, cremos que se mantém problemática a relação entre a organização e o principal estado
sucessor da antiga União Soviética.
A incorporação dos Países Bálticos à OTAN, em 2004, ao que parece, somente não contou com
oposição mais enfática da Rússia em função do interesse daquele país pelo apoio norte-americano à
sua versão local - Chechênia - da “Guerra ao Terrorismo”, esta declarada pelo presidente George W.
Bush em 2001, após os atentados de 11 de setembro.
Os planos dos Estados Unidos de instalar elementos do seu sistema antimíssil na Europa Oriental,
abandonados pelo Presidente Obama, apenas contribuíram, à época, para acirrar os ânimos das
autoridades russas que parecem ver na Aliança Atlântica um instrumento do expansionismo norteamericano.
Ademais, a recente intervenção russa na Geórgia parece indicar que o Kremlin não estaria mais
disposto a ceder espaço diante da ampliação da área geográfica abrangida pela OTAN.
No que toca ao "Novo Conceito Estratégico" da Organização, é patente a similaridade entre as
propostas em estudo e a agenda internacional dos Estados Unidos – o que, a bem da verdade, não
constitui propriamente surpresa.
Nota-se claramente uma tentativa de demonstração de abertura no diálogo entre a Aliança Atlântica e
organismos internacionais, agrupamentos políticos, países e regiões. Reafirmam-se valores como
democracia, respeito às minorias e solução pacífica das controvérsias.
Outro aspecto significativo é a reiteração do caráter regional da organização. Também o é a sugestão
de que seus exercícios militares sejam previamente coordenados com os Estados contíguos às
operações – em especial com os não pertencentes à OTAN.
Apesar disso tudo, vale reproduzir um dos itens do capítulo quinto do documento - “NATO 2020:
Assured Security; Dynamic Engagement”.
Ele trata das missões primárias da OTAN a serem eventualmente materializadas no novo conceito
estratégico. Leio:
“Desdobrar e sustentar capacidades expedicionárias para operações militares além da área abrangida
pelo tratado quando requerido para impedir um ataque na área abrangida pelo Tratado ou para proteger
os direitos e outros interesses vitais dos membros da Aliança.”
Parece óbvio que tal missão enseja extrema flexibilidade. Detenho-me na literalidade do texto.
Ela pode levantar questionamentos a respeito do caráter efetivamente regional da OTAN. Para além de
enquadrar ações como aquelas desenvolvidas no Afeganistão no contexto da “International Security
Assistance Force” (ISAF), o texto permite justificar intervenções da organização em qualquer parte do
mundo ("... Para proteger ... Outros interesses vitais dos membros da aliança" !).
O mesmo se passa com a menção à possibilidade de consultas sob os auspícios do Artigo 4 do Tratado
do Atlântico Norte - ameaça a um ou mais dos Estados Membros - em episódios que envolvam
“segurança energética”.
Temos, ainda, a recomendação de que a Aliança prepare-se para contingências relacionadas à mudança
climática. Tudo isso gera indagações.
Peço permissão para afirmar que, a meu ver, o elemento fulcral dessa problemática tem a ver com a
extrema dependência européia das capacidades militares norte-americanas no seio da OTAN.
Muitos analistas, inclusive no Brasil, acreditam que ela poderia fornecer verniz de legitimidade às
ações militares que os decisores estadunidenses não queiram abraçar de maneira unilateral ou não
possam ver aprovados no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Do ponto de vista brasileiro - Estado amante da paz e que mantém relações amistosas com a totalidade
dos 28 países que compõem a Organização - o Conselho de Segurança da ONU, apesar de sua restrita
e superada composição, constitui, ainda, a única instância internacional capaz de legitimar o uso da
força.
Nesse sentido, vejo com reservas iniciativas que procurem, de alguma forma, associar o "Norte do
Atlântico" ao "Sul do Atlântico" – esta, o "Sul", área geoestratégica de interesse vital para o Brasil.
As questões de segurança relacionadas às duas metades desse oceano são notoriamente distintas. O
mesmo se diga sobre hipotético "Atlântico Central".
Tais questões devem merecer respostas diferenciadas – tão mais eficientes e legítimas quanto menos
envolverem organizações ou Estados estranhos à região.
A nosso juízo, enquanto perdurar a dependência da Europa em relação aos Estados Unidos no campo
da segurança e da defesa, não será factível discernir, de modo inequívoco, onde começam os interesses
do primeiro - os Estados Unidos - e onde terminam os interesses dos últimos - os europeus.
Exemplo disso é a provável incorporação, no conceito estratégico da OTAN, da defesa antimísseis
balísticos como “missão essencial” da Aliança Atlântica.
Além de altamente polêmica, do ponto de vista de sua efetiva instrumentalidade militar, parecem-me,
no mínimo, controversas as resultantes políticas da instalação desse tipo de sistema para o
relacionamento europeu com a Rússia e o Irã. Ademais, a alegação de que o escudo antimíssil
protegeria a região de ataques de grupos terroristas soa muito pouco plausível.
Logo, sob o risco de alguma simplificação, a dependência anteriormente apontada indica que, ao
menos no médio prazo, a União Européia poderá não se constituir em ator geopolítico à altura de seu
peso econômico e soft power.
Apesar dos inúmeros esquemas, propostas, acordos e iniciativas propugnados no passado com o
objetivo de permitir à Europa alguma autonomia no plano militar em relação aos Estados Unidos, o
fato é que esse desiderato não se concretizou de modo pleno.
São três as razões essenciais para tanto:
Primeiro, a falta de consenso entre os membros da união européia;
Segundo, o incentivo ao comportamento do tipo "boléia" (ou, no português do Brasil, “carona”) que a
presença militar norte-americana enseja a muitos estados e;
Terceiro, as ações estadunidenses no sentido de preservar sua capacidade de influência na Europa.
Resta saber em que medida o Tratado de Lisboa, recém-aprovado, mudaria essa realidade. O item
sétimo do artigo 28 desse tratado, parece responder essa dúvida de forma razoavelmente clara. Leio:
“Os compromissos e a cooperação neste domínio (segurança e defesa comuns) respeitam os
compromissos assumidos no quadro da Organização do Tratado do Atlântico Norte, que, para os
Estados que são membros desta organização, continua a ser o fundamento da sua defesa coletiva e a
instância apropriada para a concretizar.”
Perdoem-me se fui transparente. Mas, assim é o Brasil.
Muito obrigado.”
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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- Marino
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Re: Jobim quer OTAN fora do Atlântico Sul
Interessante colocarmos o texto acima ao lado das críticas.
Há um desmonte das mesmas.
Há um desmonte das mesmas.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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- Wingate
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Re: Jobim quer OTAN fora do Atlântico Sul
Você tem toda razão, mas é o que temos no momento. O que você descreveu é obviamente necessário, mas ainda é para o futuro.Flotilha com armas yankes/otan e orions yankes. Legal.
Queremos falar grosso? ICBMs anti navios, armas anti satélies, subs totalmente nacionais e NUKES!!!
Temos que jogar com o que temos...
Wingate
- prp
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Re: Jobim quer OTAN fora do Atlântico Sul
Com certeza, o Jobim só falou o óbvio, não tem nada a ver com a matéria da página anterior, que o autor criou suas próprias convicções sem nehuma base no que o Jobim falou.
- tflash
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Re: Jobim quer OTAN fora do Atlântico Sul
Realmente, tenho que retirar o que comentei à pouco, a não ser que o Jobim tivesse declarado isto num ambiente mais informal mas a ser assim, não era para ser citado.
Kids - there is no Santa. Those gifts were from your parents. Happy New Year from Wikileaks
- Bourne
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Re: Jobim quer OTAN fora do Atlântico Sul
Imperialista!!!!!!!!!!!!cabeça de martelo escreveu:Eu proponho a invasão imediata do Brasil, os homens vão para escravos e as mulheres...bem depois de passar o crivo as melhores vão ter a honra de serem minhas concubinas (já tenho mulher).
O Bourne pode vir para Portugal que o mulherio gosta de emos.
E fica do lado da Espanha
-
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Re: Jobim quer OTAN fora do Atlântico Sul
O que NJ falou, o que grande parte dos entusiastas e profissionais da área minimamente ambientado com os aspectos geopoliticos percebem aqui no Brasil.
Não há nenhuma relação nova nem surpreendente. Exceto o fato de um funcionário do primeiro escalão do estado brasileiro se pronunciar de forma clara e objetiva.
O Brasil deseja e busca a convivência pacífica entre os povos. Se entende como uma nação cristã, democratica e soberana.
Deseja aumentar os laços de cooperação e comercio com todo o mundo. Mas sempre de forma horizontal. Nada de subserviência ou tratamento discriminatório.
"Se não podemos entrar na festa pela porta da frente, e se não podemos comer e beber como todos os convidados. Então não vamos participar da festa".
Não há nenhuma relação nova nem surpreendente. Exceto o fato de um funcionário do primeiro escalão do estado brasileiro se pronunciar de forma clara e objetiva.
O Brasil deseja e busca a convivência pacífica entre os povos. Se entende como uma nação cristã, democratica e soberana.
Deseja aumentar os laços de cooperação e comercio com todo o mundo. Mas sempre de forma horizontal. Nada de subserviência ou tratamento discriminatório.
"Se não podemos entrar na festa pela porta da frente, e se não podemos comer e beber como todos os convidados. Então não vamos participar da festa".
Se na batalha de Passo do Rosário houve controvérsias. As Vitórias em Lara-Quilmes e Monte Santiago, não deixam duvidas de quem às venceu!
- cabeça de martelo
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Re: Jobim quer OTAN fora do Atlântico Sul
Bourne escreveu:Imperialista!!!!!!!!!!!!cabeça de martelo escreveu:Eu proponho a invasão imediata do Brasil, os homens vão para escravos e as mulheres...bem depois de passar o crivo as melhores vão ter a honra de serem minhas concubinas (já tenho mulher).
O Bourne pode vir para Portugal que o mulherio gosta de emos.
E fica do lado da Espanha
Seu, seu, falangista nazi pulha pidesco!!!
- cabeça de martelo
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Re: Jobim quer OTAN fora do Atlântico Sul
Marino posso confessar uma coisa? Eu gostei do que ele disse por toda uma série de razões. Não é todos os dias que vemos um politico a dizer o que realmente pensa, cá em Portugal deve ter sido uma estreia.
- soultrain
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Re: Jobim quer OTAN fora do Atlântico Sul
Marino, esse foi o discurso lido, o politico, ele depois falou de "improviso", podem ouvir aqui de viva voz uma parte que coloquei atrás.
O NJ não foi o único orador Brasileiro, a história da invasão do Brasil por via marítima foi de um Almirante da MB, creio.
O NJ não foi o único orador Brasileiro, a história da invasão do Brasil por via marítima foi de um Almirante da MB, creio.
soultrain escreveu:As palavras do NJ foram bem mais fortes e contundentes, ele não disse só isso não. Ele afirmou que o Brasil não tinha nenhum interesse em pertencer à OTAN, enquanto esta dependesse tanto dos EUA. Fez duas perguntas, quem é o maior contribuidor liquido na Aliança? Quando houve tropas Americanas comandadas por um General de quatro estrelas de outro país? Como eu já tinha referido noutro tópico no dia da conferência.
Podem ouvir de viva voz o NJ, para não restarem duvidas:
http://www.tsf.pt/paginainicial/AudioeV ... id=1660152
Para bom entendedor, imagina o resto da intervenção.
[[]]'s
"O que se percebe hoje é que os idiotas perderam a modéstia. E nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento"
NJ
- Marino
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Re: Jobim quer OTAN fora do Atlântico Sul
Valeu Soul pelo link.
Mas nada vi que já não estivesse em seu discurso, pelo menos subtendido.
Que a Nato deveria olhar COM o sul, e não PARA o sul, é algo óbvio. Aqui na AL já tivemos mais de 41 golpes de estado, muitos "patrocinados". Mesmo que seja dentro de uma visão externa à AL, penetração chinesa na África, p. ex, vai "sobrar" para os sulistas.
Ou seja, parcerias são aceitáveis, desejadas até.
Que sejamos alvo de "observações" e preocupações, não.
Que os americanos não submetem suas tropas a qualquer comandante que não seja americano, é uma afirmação que não devia causar espanto. É a constatação da realidade. Não tenho nenhum prurido em falar isto claramente, a quem quer que seja.
Mas nada vi que já não estivesse em seu discurso, pelo menos subtendido.
Que a Nato deveria olhar COM o sul, e não PARA o sul, é algo óbvio. Aqui na AL já tivemos mais de 41 golpes de estado, muitos "patrocinados". Mesmo que seja dentro de uma visão externa à AL, penetração chinesa na África, p. ex, vai "sobrar" para os sulistas.
Ou seja, parcerias são aceitáveis, desejadas até.
Que sejamos alvo de "observações" e preocupações, não.
Que os americanos não submetem suas tropas a qualquer comandante que não seja americano, é uma afirmação que não devia causar espanto. É a constatação da realidade. Não tenho nenhum prurido em falar isto claramente, a quem quer que seja.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: Jobim quer OTAN fora do Atlântico Sul
E eu concordo em absoluto, acho que ele foi correcto em tudo o que disse, aliás como já disse, quero o NJ para nosso ministro de defesa!!!!!
"O que se percebe hoje é que os idiotas perderam a modéstia. E nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento"
NJ
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Re: Jobim quer OTAN fora do Atlântico Sul
e ainda criticam o homem aí no Brasil...mal habituados!!!!
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