A FAB teria sido um erro?

Assuntos em discussão: Força Aérea Brasileira, forças aéreas estrangeiras e aviação militar.

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#91 Mensagem por faterra » Sex Jan 25, 2008 2:28 am

Texto tirado do site da Força Aérea Brasileira
http://www.fab.mil.br/HTM/missao.htm

Definição da missão da Aeronáutica
Considerando as atribuições legais da Aeronáutica, sua amplitude, o seu caráter ambivalente e a visão institucional de como são realizadas, a definição da missão da Aeronáutica tem foco na sua atribuição principal e razão de ser como Força Armada, de forma que possa ser facilmente entendida por todos os seus componentes.
A Aeronáutica deverá defender o Brasil, impedindo o uso do espaço aéreo brasileiro e do espaço exterior para a prática de atos hostis ou contrários aos interesses nacionais.
Para isto, a Aeronáutica deverá dispor de capacidade efetiva de vigilância, de controle e de defesa do espaço aéreo, sobre os pontos e áreas sensíveis do território nacional, com recursos de detecção, interceptação e destruição.
A missão deverá nortear todas as atividades da Aeronáutica e estará sempre orientada pela destinação constitucional das Forças Armadas, por leis e por diretrizes do Comandante Supremo.
Deste modo, fica assim definida a Missão da Aeronáutica:
“MANTER A SOBERANIA NO ESPAÇO AÉREO NACIONAL COM VISTAS À DEFESA DA PÁTRIA”.

Fonte: ICA 11-1

Base Legal

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988

De acordo com o art. 142 da Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, as Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.

LEI COMPLEMENTAR N O 97 DE 9 DE JUNHO DE 1999

Sem comprometimento de sua destinação constitucional, cabe também às Forças Armadas o cumprimento das atribuições subsidiárias explicitadas na Lei Complementar n o 97, de 9 de junho de 1999, que dispõe sobre as normas gerais para a organização, o preparo e o emprego das Forças Armadas.

LEI COMPLEMENTAR Nº 117 DE 2 DE SETEMBRO DE 2004

A Lei Complementar n o 117, de 2 de setembro de 2004, altera os artigos 13, 15, 16, 17 e 18 da Lei Complementar n o 97, de 9 de junho de 1999.

LEI Nº 11.182, DE 27 DE SETEMBRO DE 2005

A Lei Nº 11.182, de 27 de setembro de 2005, cria a Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC.

Atribuições Constitucionais do Comando da Aeronáutica

DEFENDER A PÁTRIA;
GARANTIR OS PODERES CONSTITUCIONAIS, A LEI E A ORDEM

Atribuições Subsidiárias do Comando da Aeronáutica

Cooperar com o desenvolvimento nacional
Cooperar com a defesa civil
Orientar, coordenar e controlar as atividades de aviação civil
Prover a segurança da navegação aérea
Contribuir para a formulação e condução da política aeroespacial nacional
Estabelecer, equipar e operar, diretamente ou mediante concessão, a infra-estrutura aeroespacial, aeronáutica e aeroportuária
Operar o Correio Aéreo Nacional
Cooperar na repressão a delitos transnacionais


Baseado no predisposto acima, creio que ocorreu uma inversão de atribuições, passando a atribuição constitucional para o segundo plano. Com a aparente priorização da aviação de transporte militar (muito importante), da aviação executiva federal e da aviação civil em geral, a FAB está perdendo (se é que já não perdeu) o foco de sua missão primordial - A DEFESA AÉREA NACIONAL.
Seu principal vetor para esta defesa foi sucateado. As reformas e atualizações que estão sendo, ou serão, feitas nos vetores existentes, estão acontecendo em cima de sucatas. O processo de aquisição de "novos" vetores que estão acontecendo de fato é uma aquisição de sucata estrangeira, e pelo já descrito nos diversos tópicos deste Fórum, bem arregaçados (há! ia me esquecendo! houve a aquisição dos M2000C/D - em processo de extinção na Armée de l'Air). :shock: :oops:
Pergunta de leigo: como fica o treinamento dos pilotos de caça da FAB? Como eles praticam as modernas doutrinas de combates aéreo? Será que, de fato, a "modernização" de F-5 A/B/E é suficiente para prepará-los para encararem uma pseudo ofensiva venezuelana? :cry:
Isto para não entrarmos em hipóteses piores. :cry: :oops:
Por favor, se alguém se dignar a responder a isto, que o faça despido de toda e qualquer brasilidade. A situação da FAB já é bastante constrangedora.
Por fim, enalteço e louvo todo o esforço e o espírito despojado dos pilotos desta valorosa Instituição. Ela e eles não merecem estar nesta situação.
Me desculpem se com isto ofendo alguém. Não é minha intenção.




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#92 Mensagem por Vinicius Pimenta » Sex Jan 25, 2008 1:37 pm

faterra escreveu:Baseado no predisposto acima, creio que ocorreu uma inversão de atribuições, passando a atribuição constitucional para o segundo plano. Com a aparente priorização da aviação de transporte militar (muito importante), da aviação executiva federal e da aviação civil em geral, a FAB está perdendo (se é que já não perdeu) o foco de sua missão primordial - A DEFESA AÉREA NACIONAL.
Seu principal vetor para esta defesa foi sucateado. As reformas e atualizações que estão sendo, ou serão, feitas nos vetores existentes, estão acontecendo em cima de sucatas. O processo de aquisição de "novos" vetores que estão acontecendo de fato é uma aquisição de sucata estrangeira, e pelo já descrito nos diversos tópicos deste Fórum, bem arregaçados (há! ia me esquecendo! houve a aquisição dos M2000C/D - em processo de extinção na Armée de l'Air). :shock: :oops:


Gostaria que me dissesse quando foi política DA FAB priorizar outras aviações. Que eu saiba a FAB vem tentando há anos adquirir seu F-X, seguidamente derrubado pela politicagem governamental.

Pergunta de leigo: como fica o treinamento dos pilotos de caça da FAB? Como eles praticam as modernas doutrinas de combates aéreo? Será que, de fato, a "modernização" de F-5 A/B/E é suficiente para prepará-los para encararem uma pseudo ofensiva venezuelana? :cry:


O treinamento é de acordo com a equipagem disponível. Não impede que se façam cursos de intercâmbio em outras Forças Aéreas, como acontece com freqüência. A Venezuela ainda precisa de muito feijão com arroz para uma "pseudo ofensiva".

Por favor, se alguém se dignar a responder a isto, que o faça despido de toda e qualquer brasilidade. A situação da FAB já é bastante constrangedora.


A situação não é confortável em relação à aviação de caça mas não concordo com certos absurdos que carecem de seriedade ditos em relação à Força não só por aqui (não necessariamente por você).




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#93 Mensagem por faterra » Sex Jan 25, 2008 8:42 pm

Bom, eu não disse que foi política da FAB esta priorização. Mas que aconteceu, salta aos olhos. Grande parte do esforço desprendido pela FAB foi em benefício da Aviação Civil nestes(as) últimos(as) anos/décadas - altamente necessária e prioritária, diga-se de passagem.
A Aviação de Transporte VIP vai muito bem, obrigado, com a aquisição de vetores novos e seminovos. E novas aquisições estão a caminho ou em processo de definição de vetor.
A Aviação de Transporte Militar também conseguiu repor aquilo que quis, faltando pouco para sua complementação, inclusive com um projeto de novo vetor, o C-390, em andamento. [009]
Tudo isto está muito bom, está muito bem, mas, precisava jogar para escanteio a Aviação de Caça? Justamente o verdadeiro e primordial objetivo da existência da FAB? :shock:
Já definiram, pelo menos, o vetor a ser adquirido? Cadê a devida pressão para que ela despenque do papel e caia na realidade? O único caça novo que a FAB conseguiu foi o A-29, muito útil para as finalidades muito específicas para que foi projetado. E só. Por mais útil, válido e importante seja a reforma/atualização de sucatas, existentes ou "novas", para mim continua sendo desperdício de esforço, de dinheiro e certo (ou alto) risco para os pilotos - ainda mais quando é nossa única alternativa. :shock: :oops:
Se os brigadeiros não cairem de pau em cima dos políticos e não fizerem um lobby poderoso ficarão outras décadas com a vontade voando e a sucata na mão. Projetos, por mais sérios e necessários ou os mais banais, mesquinhos e suspeitos, conseguem levantar vôo com estes congressistas. Qual é o milagre?
A FAB é constituída por profissionais altamente preparados que sabem muito bem o que deve ser feito. Se ela não quiser se envolver diretamente, contrate um lobbista que o faça para ela. Sensibilize os principais formadores de opinião deste país e faça-os trabalhar para ela.
Hoje, como nunca houve, existe uma "certa vontade política" no governo e nos políticos em ver este "problema" resolvido.
Bem, eu realmente sou leigo neste assunto. O que aqui exponho é um mero desabafo, uma tosca tentativa de responder ao Vinícius.
Espero que não esteja falando nenhuma bobagem, e se assim o estiver, peço que me perdoem. Isto é somente o que estou conseguindo enxergar nesta situação caótica e grotesca. :oops: :cry:




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#94 Mensagem por Vinicius Pimenta » Sex Jan 25, 2008 8:52 pm

Algumas questões: é muito mais fácil convencer políticos e a sociedade brasileira (e dar satisfações a vizinhos e ao mundo - sim, fazemos isso) a comprar aeronaves não combatentes. Lembre-se que estamos num país "sem inimigos" e temos "prioridades sociais".

Só como exemplo, sabe qual foi uma das justificativas que tiveram que ser usadas para a FAB conseguir comprar os R-99 A e B, que são de longe as principais aeronaves da Força? Combater o narcotráfico e o desmatamento. Por aí você já vê como as coisas são. :wink:

A aviação VIP é a mais fácil, pois lida diretamente com os políticos. Quem quer voar em velharia? :wink:

A aviação de caça é justamente a que envolve as maiores pressões. Tem a ver com alinhamento político do comprador com o fornecedor, tem a questão de provar necessidade e tem um outro fator fundamental: preço.

O valor do F-X, de míseros 36 caças, é praticamente o DOBRO do que foi gasto com TODA modernização da Força Aérea. :wink:

São coisas básicas que devem ser pensadas.




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