sergiobraz escreveu:Não sei se já foi comentado aqui, portanto estou colocando esta notícia que saiu no CB de hoje:
4ª Frota
Condoleezza tranqüiliza Amorim
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Silvio Queiroz
Da equipe do Correio
Paulo H. Carvalho/CB - 11/12/07
Simon e Suplicy: reunião com os ministros Amorim e Jobim
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, recebeu ontem um telefonema da secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, preocupada em desfazer o mal-estar criado no país e no continente pela decisão de Washington de reativar sua 4ª Frota, com jurisdição sobre a América Latina. Na conversa com Amorim, que se seguiu a uma reunião do chanceler brasileiro com o embaixador americano, Clifford Sobel, Condoleezza insistiu em que a medida “tem por objetivo a cooperação” e se baseará no respeito ao direito internacional, especialmente ao direito do mar.
A reativação da 4ª Frota, estabelecida no contexto da Guerra Fria e da doutrina de “contenção do comunismo” nos anos 1950 a 1970, provocou reações indignadas entre os governos sul-americanos, muitos deles de orientação esquerdista. No Brasil, o tema foi debatido no Senado pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, e hoje os senadores Pedro Simon (PMDB-RS) e Eduardo Suplicy (PT-SP) discutirão o assunto com Amorim e com o ministro da Defesa, Nelson Jobim.
No telefonema para o colega brasileiro, a secretária de Estado garantiu que a iniciativa não representa um incremento do esforço militar norte-americano na região. Condoleezza explicou que a 4ª Frota vai operar com o mesmo montante de recursos que já estava destinado para operações no continente. A secretária informou ainda que o embaixador brasileiro em Washington, Antônio Patriota, receberá explicações mais detalhadas do subsecretário de Estado, John Negroponte.
Nas reuniões que manterão com Amorim e Jobim, os dois senadores transmitirão a preocupação expressa no Congresso com a coincidência entre o anúncio feito pelos Estados Unidos e a descoberta de grandes reservas de petróleo no litoral brasileiro. “Não há razão para a reativação dessa frota armada, muito menos no momento em que se descobrem imensos campos petrolíferos na costa”, disse Simon. A referência de Condoleezza ao direito internacional, particularmente ao direito do mar, parece endereçado também a temores levantados sobre o reconhecimento da soberania brasileira até o limite de 200 milhas
Este assunto é muito mais delicado do que se comenta. A tentativa de nos tranqüilizar é brincadeira, é como um bandido com uma pistola em mãos e encostada em nossa cabeça dissesse pra ficar tranqüilo, que a tal arma na cabeça não passa de um mal entendido, e que respeitará a legalidade. Legalidade de quem? As leis do bandido???
Os EUA têm o hábito de desrespeitar tudo o que existe de bom senso no mundo, o caso do Iraque e Afeganistão são os exemplos mais recentes.
Os direitos internacionais apregoados pelos americanos são baseados em seus interesses internos. Cada um que cuide de si, mas os americanos sabem muito bem como se cuidar.
São nestas horas, são em depoimentos deste tipo (Condoleezza Rice), atitudes deste tipo (4ª Frota), etc., que me fazem questionar a compra de equipamentos militares dos americanos. Nestas horas devemos estar alinhados com os que possuem os mesmos tipos de problemas, alinhados com aqueles que sempre "descumpriram" as ordens americanas e levaram adiante o desenvolvimento de seus próprios equipamentos militares e geraram (e geram) preocupações nos yankees.
Assim sendo, me preocupo com equipamentos de outras nações altamente ligadas aos americanos, entre elas, Suécia e Israel. Em caso de um cenário não favorável a nós... E a França? O que fizeram com os argentinos não está no gibi, então...
A verdade é uma só, se deseja que o País cresça e possa ser um "grande", então que se defenda (muito bem) suas conquistas e seu povo. A única forma de se fazer isso é investindo (e muito) em uma sólida indústria de defesa, com tecnologias desenvolvidas aqui e adequadas as nossas realidades e necessidades (nada de importar modelos que funcionam "lá" e não adequadamente aqui).
Percebe-se nitidamente que os políticos brasileiros estão consciente disso tudo, sabem que agora é necessário investir em defesa, mas sabem também que não se constrói uma estrutura sólida e eficiente do dia pra noite. Hoje deve ter muitos deles arrependidos do que fizeram nos finais dos anos 80 e principalmente nos anos 90, quando deixaram que nosso parque industrial militar se dissolvesse. Hoje devem estar conscientes que o que era bonito no passado, ou seja, a acabar com a indústria da destruição humana, não passa de uma retórica americana para se tornar definitivamente a única e hegemônica potência militar do planeta. Hoje estão conscientes que entregaram as chaves do cofre e ainda pediram o bandido para tomar conta do cofre.
Do que vale ser apenas consciente e não agir??? Por que pedir explicações aos EUA sobre a 4ª Frota? Os americanos estão em seus direitos, eles sempre agiram assim e não me surpreende em nada esta postura e decisão. Cabe a nós usarmos nossos direitos, não os legais e apelos aos direitos internacionais (que não passam de acordos de cavalheiros e que podem ser rompidos a qualquer instante), mas o direito de nos defender efetivamente, seja de quem for.
Não é hora de se lamentar e questionar, é hora de agir, tomar decisões pra ontem, saber que os custos envolvidos em defesa não são gastos, mas sim investimentos. Se nunca teremos chances de nos defender de um conflito com os americanos, mas que lhes dê o benefício da dúvida aos mostrarmos com ações efetivas que não estamos aqui para brincar. Podemos deixar isso claro investindo em um real sistema de defesa, e isto não implica em sermos rotulados de imperialistas, não no sentido de país expansionista.
Se hoje os políticos se mostram preocupados, é porque conseguiram a luz da consciência dos problemas, se já se conscientizaram, então eu exijo ações concretas e não medidas paliativas (pedir explicações).
Saudações,
Orestes