prometheus escreveu: Qui Out 12, 2023 12:01 am
Suetham escreveu: Qua Out 11, 2023 11:03 pm
Não. Os americanos iriam ao socorro de Israel, além de pressionar eles a não usar o artefato nuclear. Israel para o Eixo da Resistência é o "Pequeno Satã", antecedendo a isso, existe o "Grande Satã", eles sabem que os americanos baixariam o porrete pra cima deles se atacassem Israel no cenário descrito pelo Guga, eles só fariam isso se Israel atacasse primeiro o Irã. Além disso, o Guga está certo na sua declaração inicial, todos nós saberemos o momento que o Hezbollah entrou na briga efetivamente.
Ola, desculpe novamente a inocência. Mas por que uma organização como o Hamas inicia uma operação como essa claramente já voltando-se logo de inicio p uma guerra (captura de reféns) sabendo que as forças de ambos são desproporcionais e que por obvio um massacre ocorreria? Está certo que busčam um reconhecimento que não vem pelas vias tradicionais (nem internacionais) mas não seria melhor esperar uma resposta de um país como o Irã com o Hezbollah (mais bem preparado e etc) para, em seguida, buscar estratégicamente se aproveitar da situação?
Ninguém saberia a real motivação deles, se alguém souber, precisa contar pra todos, porque ainda é um fator desconhecido, o que temos são algumas indicações. No meu entendimento, com os recursos que adquiriram via terceiros, a maioria deles do Irã - o Hamas mesmo menciona isso agradecendo o apoio iraniano - visavam surpreender o mundo muçulmano com suas ações e motivá-los a aumentar o apoio para a causa palestina, até mesmo incitando ações diretas contra Israel/aliados, demonstrando que a IDF não é tão forte como demonstra, embora, eu acredito que o Hamas não esperava que o governo de Israel não desse a mínima para os israelenses/estrangeiros mantidos em cativeiro, eles queriam a libertação de centenas de terroristas presos em Israel em troca da soltura dos que foram capturados por eles, vale lembrar que isso é inédito na história do Hamas x Israel.
Não dá para discorrer sobre o assunto sem entrar em outras questões. Alguns históricos sobre tudo isso:
1 - Conflito
Existem duas dimensões do conflito envolvendo Israel:
a) religioso - entre o mundo islâmico e o judaísmo apoiado pelo cristianismo evangélico, sendo a mesquita de Al-Aqsa o elemento principal
b) secular - entre Israel e a Palestina com foco na condição de Estado e nacionalidade dos palestinos
A dimensão secular é de importância secundária e só é utilizada por intervenientes que consideram as motivações religiosas demasiado inconvenientes ou perigosas, por exemplo, o regime secular no Egito. A dimensão religiosa é o principal motor do conflito no que diz respeito ao envolvimento dos países do Golfo(GCC) e da população muçulmana em geral em todo o mundo. A dimensão religiosa e a jihad em geral são um tremendo empreendimento comercial que as organizações jihadistas capitalizam. O modelo de negócio vende a jihad que é melhor entendida como um análogo contemporâneo das cruzadas medievais e não das conquistas árabes iniciais. É uma recaptura da terra sagrada muçulmana tomada pelos infiéis.
2 - Israel
O principal interesse de Israel é secular e as suas instituições centrais - tanto o governo como as forças armadas/segurança são de natureza secular. O aspecto religioso do sionismo só recentemente emergiu como uma força líder devido às consequências da evolução política e demográfica do país ao longo de muitas décadas. Só se tornará mais proeminente com o tempo à medida que as taxas de natalidade diminuem, exceto na demografia religiosa. O interesse religioso é o deslocamento total da população não-judia e a transformação de Israel num regime mono religioso. O recente escândalo com um haredi cuspindo nos cristãos é um exemplo dessa mentalidade.
https://www.timesofisrael.com/condemnat ... jerusalem/
Um grande problema é a recente reforma judicial que colocou o Supremo Tribunal de Israel sob o controle do Knesset(Parlamento), dando ao ministro(Netanyahu), o controle sobre o pessoal que até recentemente estava protegido da intervenção política do Supremo Tribunal - aqui seria o equivalente do Presidente do Senado do Brasil - Rodrigo Pacheco - assumir todo o controle político do STF. Isto significa que o pessoal “secular” das forças armadas/inteligência pode ser substituído por pessoal “religioso”. O Sionismo Revisionista (partido Likud) é “secular”. O Sionismo Religioso (partido Shas etc) e o Supremacismo Judaico (partido Otzma Yehudit etc) são “religiosos”. Este é um novo paradigma esquerda-direita que substituiu o anterior baseado no Sionismo Trabalhista x Sionismo Revisionista.
O Ministro da Justiça responsável pela reforma – Itama Ben-Gvir (Otzma Yehudit) – é amplamente odiado e deverá ser usado como bode expiatório por Netanyahu(Likud) que tem um interesse pessoal em evitar processos judiciais.
3 - Hamas(Já falei anteriormente)
https://defesabrasil.com/forum/viewtopi ... 6#p5641996
4 - Violência
Desde 1967, pode-se afirmar objetivamente que Israel se empenha na limpeza sistemática e deliberada da Palestina, as declarações recentes demonstram que eles querem expulsar os palestinos e enviá-los para o Sinai, mas o Egito nunca concordará com isso. As motivações ou o reajuste de atitude são irrelevantes. Esta é a tendência geral imutável e encontra cada vez mais apoio entre a população que evolui demograficamente do Sionismo Trabalhista passando pelo Sionismo Revisionista, até ao Sionismo Religioso/Supremacismo Judaico. A brutalidade da IDF não é significativamente diferente das ações do Hamas, mas é enquadrada de forma diferente pela propaganda israelense e americana. Por exemplo, a prática de profanar os corpos dos mortos é usada por ambos os lados, embora escolham métodos diferentes para o público, por exemplo, recusam-se a devolver os corpos às famílias como "castigo". Israel utiliza deliberadamente métodos culturais e psicológicos de opressão contra a população palestina como um todo, numa escala muito maior, devido às restrições à violência física impostas por interventores externos. Essa malícia é em grande parte desconhecida no Ocidente devido a insights e propaganda limitados.
5 - Civis
O Hamas "oficialmente" não tolera ataques a civis. Contudo, um detalhe importante é esquecido na propaganda israelense no Ocidente. Todos os colonos recebem armas do governo israelense e, como os assentamentos em territórios capturados depois de 1967 são ilegais da perspectiva deles, todos os colonos são considerados militantes pelo Hamas. Da mesma forma, todos os colonos em território capturado em 1948 e anexados a Israel em violação da Carta da ONU são tratados da mesma maneira e a população israelense nesses territórios são tratadas como militantes, uma vez que habitam território ilegal e recebem armas do governo israelense. Hamas identifica “ território ocupado” pela população expulsa, não fronteiras legais e constituídas, por isso eles chamam Israel de "Palestina ocupada". Qualquer casa pertencente a palestinos expulsos é “ocupada”. Além disso, o Hamas considera que o recrutamento universal que afeta tanto homens como mulheres é um elemento anulador. A doutrina de defesa de Israel é de defesa total. No que diz respeito ao Hamas em Israel, não existem “civis” no sentido ocidental do termo. Israel distorce deliberadamente esse fato e apresenta os colonos armados e os reservistas como equivalentes a civis que nunca serviram nas forças armadas e estão desarmados.
6 - Motivação
A motivação dos ataques é religioso e cultural. Os militantes que lutam na jihad são tratados como heróis entre a população muçulmana radical. Os jihadistas têm uma motivação de combate fundamentalmente diferente dos israelenses seculares e a lógica ocidental não pode ser aplicada a isso. A morte heroica em martírio é um fator motivador para as populações religiosas e empobrecidas e o Hamas fornece apoio material às famílias. Os únicos israelenses com motivação religiosa estão isentos do serviço militar(haredis sob o acordo Torato Umanuto). O Hamas tem interesse no objetivo em promover os “mártires”, enquanto Israel tem interesse em limitar a informação sobre as vítimas. A censura militar em Israel afeta todos os aspectos da sociedade e da mídia israelense e é constantemente combatido por organizações cívicas. Em termos de políticas de segurança, Israel está muito mais próximo de um regime militar do que de uma democracia ocidental.
7 - Propaganda
O Hamas fez e ainda está fazendo ampla propaganda das suas ações para incitar uma revolta em todos os territórios palestinos, membros palestinos na Cisjordânia já estão começando essa incitação. A natureza horrível do conteúdo é deliberada e dirigida à população que sofre brutalidade e depredações semelhantes por parte das forças israelenses e dos colonos. Pretende proporcionar uma sensação de empoderamento e desencadear raiva e reações violentas ao mostrar Israel como fraco. O Hamas não conseguiu obter uma resposta ampla desde o início das hostilidades - até o Hezbollah - e a Fatah pode ser responsável por esse fracasso, mas isso pode mudar à medida que a IDF entrar em Gaza. As respostas de outros países muçulmanos foram em grande parte silenciadas, mas isso também pode mudar ao longo do tempo, à medida que a IDF entrar em Gaza.
Israel tenta deliberadamente limitar a propagação da narrativa do Hamas, já que a agitação em massa na Palestina e nos países muçulmanos é o seu maior medo, aliás, o pesadelo diplomático para Israel/EUA é juntar a Turquia, Arábia Saudita e Irã na condenação das ações que, por ventura, serão iniciadas em Gaza, Biden já parece bem mais reticente quanto a isso. Contudo, o foco dos israelenses está em mudar a narrativa para negar o “heroísmo” que é o fator motivador do Hamas, comparando-os ao ISIS. Israel entende que não tem capacidade de influenciar a percepção nos países muçulmanos, por isso bombardeia os países ocidentais com propaganda, redes de trolls nas redes sociais para equilibrar isso.
Você percebe que isso está descarado quando até mesmo o India Today faz artigo desmentindo alegações:
https://www.indiatoday.in/amp/fact-chec ... 2023-10-11
E, essa não é a primeira alegação envolvendo vídeos gerados na Guatemala, ontem mesmo vi um vídeo de uma menina decapitada dizendo ser o Hamas, mas os fatos foram verificados e descobriram que também eram da Guatemala, a propaganda está totalmente ativa nas redes sociais e fica até difícil compartilhar notícias, porque a quantidade de desinformação está extremamente alto.
Se o Hezbollah agir, agirá após a IDF realizar a incursão terrestre em Gaza, eles não farão nada substancialmente maior do que criar dor de cabeça para a IDF ao norte antes de totalmente se comprometerem visualizando sinais de desgaste de Israel e, mesmo assim, não creio que eles farão essa invasão pelo norte, eles irão convidar a IDF a partir para a ofensiva, enquanto eles realizam os disparos de foguetes em direção à Israel:
O mais próximo do que o Hezbollah pode fazer seria a incursão semelhante ao Hamas, só que em uma escala maior, nada mais do que isso. É um exército profissional com mais de 50 mil soldados, com fogos de longo alcance que, mesmo que diminuíssemos em termos de eficácia, seriam semelhantes aos da AFU, isso criaria alvos viáveis como depósitos da linha de frente, peças de artilharia da IDF e veículos blindados, eles não poderiam sustentar o avanço, ainda mais em desvantagem numérica. Se o Hezbollah entrar, será o grupo pró-iraniano na briga atuando na posição de defesa.