MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

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marcelo l.
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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#886 Mensagem por marcelo l. » Qua Mai 26, 2010 4:26 pm

Sem medo de crescer

Amir Khair, O Estado de S. Paulo, 23/05/10
Desde 2004 vem ocorrendo uma estratégia de desenvolvimento econômico baseada na utilização mais intensa do potencial de consumo do País. Contribuem para isso os aumentos do salário mínimo, políticas de distribuição de renda, crédito consignado e política agressiva dos bancos oficiais na oferta de crédito a taxas de juros mais baixas. Isso levou à percepção de que o País poderá atravessar um longo período de crescimento econômico próximo a 5% ao ano. Essa percepção está levando as empresas locais e do exterior a investirem aproveitando as oportunidades criadas pela elevação do consumo.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2004 a 2008, o crescimento anual médio do Produto Interno Bruto (PIB) e do consumo foi 4,8%. Em 2009 recuou 0,2%. Para manter essa média de 4,8% o crescimento neste ano teria que ser de 10,1%. Os dados preliminares do Banco Central (BC) para o primeiro trimestre apontam para um crescimento anualizado de 9,9%. As previsões são menores nos próximos trimestres, resultando num crescimento entre 7% a 8% para 2010.

Como não estamos acostumados com crescimentos desta ordem é natural que surjam preocupações com uma retomada da inflação. Para tentar esfriar o consumo, o BC já iniciou o processo de elevação da Selic e o Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão (MPOG) ampliou o corte das despesas orçamentárias para R$ 31,8 bilhões, incluindo o corte recém anunciado de R$ 10 bilhões.

Creio que o impulso da demanda não será contido pela ação do BC e do MPOG. Fora o investimento que está bombando, o que impulsiona o crescimento econômico é o consumo, sendo as famílias responsáveis por 75% dele e o governo 25%. Vejamos cada um desses componentes.

1. Consumo das famílias. O que comanda o consumo das famílias é a massa salarial e a oferta de crédito. A massa salarial responde ao nível de emprego que poderá crescer acima de dois milhões no saldo de novos trabalhadores com carteira assinada neste ano, e os rendimentos médios deverão apresentar ganhos acima da inflação.

A oferta de crédito pode atingir uma expansão de 20% neste ano e as taxas de juros ao consumidor, dado o alto spread bancário, se descolaram da Selic, ou seja, ela pode subir, mas as taxas na ponta do consumo não se mover. Por trás disso está o interesse do sistema financeiro em ofertar crédito seguindo o exemplo dos bancos oficiais que obtiveram bons lucros com ampliação de mercado. Portanto, não creio que se possa contar com redução do consumo das famílias.

2. Consumo do governo. Representa 25% do consumo total, dos quais 57% do governo federal. Os 43% das despesas dos Estados e Municípios acompanham normalmente a evolução das receitas, que estão subindo em níveis semelhantes às do governo federal: 12% acima da inflação. Portanto, Estados e municípios ao invés de contribuírem para diminuir a pressão do consumo, irão aumentá-la. Mas digamos conservadoramente, que sejam neutros. No governo federal existe forte engessamento do orçamento, devido a vinculações constitucionais ligando despesas a receitas, além, de compromissos incompressíveis com a Previdência Social, ameaçada pelo Congresso de mais despesas com os reajustes de aposentadorias e fim do fator previdenciário. Assim, no máximo 10% da despesa pode ser comprimida sem afetar os investimentos. Nessas condições a contribuição do setor público seria de apenas 1,4% do consumo total. Caso os Estados e municípios utilizem integralmente sua arrecadação para despesa, por se tratar de ano eleitoral, a participação do setor público seria anulada.

A conclusão que se poderia tirar é que, essa política de por o pé no freio, é inócua e o risco é ter uma inflação tendendo ao limite superior da meta de 6,5%. Não creio, no entanto, que isso vá ocorrer.

O pressuposto para a conclusão de que a inflação tenderá ao limite superior da meta é a de que a oferta interna não conseguiria acompanhar a velocidade de expansão do consumo. Há que considerar, no entanto, que segundo o IBGE, de 2004 a 2009, o PIB cresceu 4,0% na média por ano, o consumo 4,6% (5,2% nas famílias e 3,2% no governo). O diferencial entre produção e consumo foi coberto pelo crescimento de 10,5% nas importações. Mas, o importante é que os investimentos, de olho na expansão do consumo das famílias, cresceram 6,3%, portanto, estão contribuindo para elevar a capacidade de produção do País e permitir a ampliação da oferta interna.

De fato, o nível de utilização da capacidade instalada, usado nas análises como sinalizador de risco inflacionário, se ultrapassar um nível que consideram perigoso, não parece preocupar, pois segundo dados da Confederação Nacional da Indústria atingiu na média deste primeiro trimestre 81,6%, a mesma do período 2004/2008, período de bom crescimento econômico.

Mas se as empresas contribuem para elevar a oferta, o BC tem trabalhado na direção oposta à redução da inflação. O nível elevado da Selic e seu anunciado crescimento atuarão sobre as decisões do setor privado, que ao calcular a taxa de retorno de seu investimento podem constatar que vale mais a pena postergá-lo, usando sua disponibilidade financeira em aplicações em títulos do governo federal. Assim, pode ser afetada parte do potencial de investimentos do setor produtivo, criando problemas futuros de redução de oferta e, portanto, de inflação.

Há que considerar, também, que a elevação da Selic, cria um gasto adicional de governo e eleva a demanda. Para os aplicadores que ganham com essa elevação, há um aumento do consumo pelo efeito riqueza.

Sob o aspecto da formação das expectativas, o BC ao agir de forma conservadora, prevendo a formação de uma inflação futura, pode induzir os agentes a se antecipar ao cenário da inflação projetada, com consumidores antecipando compras e empresas tentando remarcar preços. É a contra-teoria das expectativas, que pode estar ocorrendo quando existe um BC considerado como um dos mais conservadores do mundo.

Felizmente, além dessas considerações de caráter interno, tem-se uma situação ímpar no mundo devido à crise. Neste e nos próximos anos se terá uma mega oferta internacional de bens e serviços devido à estagnação nos países desenvolvidos e sua pressão para exportação, facilitada pela depreciação estrutural de suas moedas. Além disso, a China aumentará a pressão para colocar produtos em mercados emergentes, como compensação parcial das perdas de exportação aos países desenvolvidos. Assim, não faltarão produtos do exterior para atender eventuais faltas de produtos produzidos localmente. E o que é importante, com qualidade e preços competitivos.

Crescimento maior neste ano é natural dada a fraca base de comparação, o que não se repetirá em 2011. Portanto, não creio que se terá ameaça de inflação por falta de produção ou de oferta externa neste e nos próximos anos. Pelo contrário, é a política de expansão do consumo que torna viável o crescimento em níveis mais elevados e sustentáveis, reduzindo custos de escala para as empresas, estimulando a produtividade e atiçando a competitividade. É daí que brotam os lucros para a poupança necessária aos investimentos, uma vez que 90% deles vêm das empresas.

Finalmente, face aos riscos crescentes de uma crise europeia mais séria, é melhor tirar logo o pé do freio e colocá-lo no acelerador. Sem medo de crescer.




"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#887 Mensagem por Bourne » Qua Mai 26, 2010 6:50 pm

Lembram do que o Ciro Gomes falou quando saiu do governo de que se nada fosse feito o país caminhava para uma crise cambial e/ou fiscal. Bueno, parece que tem um pessoal no governo federal que pensa muito parecido com ele e começou a agir para evitar tais transtornos e, possivelmente, o aborto do ciclo de crescimento pelo estrangulamento externo e/ou problemas na dívida pública. Mesmo que a revelia do pessoal do BC. Se bem que está na hora certa de tomar as medidas.




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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#888 Mensagem por Wolfgang » Qua Mai 26, 2010 6:56 pm

Bourne escreveu:Lembram do que o Ciro Gomes falou quando saiu do governo de que se nada fosse feito o país caminhava para uma crise cambial e/ou fiscal. Bueno, parece que tem um pessoal no governo federal que pensa muito parecido com ele e começou a agir para evitar tais transtornos e, possivelmente, o aborto do ciclo de crescimento pelo estrangulamento externo e/ou problemas na dívida pública. Mesmo que a revelia do pessoal do BC. Se bem que está na hora certa de tomar as medidas.
Nada muito preocupante. Será uma correção de rumo apenas. O Brasil continuará crescendo a 5% ao ano durante 10 ou 12 anos ainda. :wink:




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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#889 Mensagem por Túlio » Qua Mai 26, 2010 7:06 pm

Fiquei impressionado com o post do Marcelo e gostaria de pedir ao nosso véio Bourne que o analisasse melhor, tipo esmiuçar um pouco e explicar pra choldra tipo eu... 8-]




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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#890 Mensagem por Bourne » Qua Mai 26, 2010 7:37 pm

Túlio escreveu:Fiquei impressionado com o post do Marcelo e gostaria de pedir ao nosso véio Bourne que o analisasse melhor, tipo esmiuçar um pouco e explicar pra choldra tipo eu... 8-]
O cara foca a análise unicamente na inflação e conclui que pode meter o pé no acelerador que não terá inflação dada situação atual da economia. Ignora o resto. O Banco Central tem opinião diferente e sobe a taxa básica de juros.

Creio que a falha na análise do cara recai sobre dois aspectos: risco de endividamento externo e do governo. A primeira provocada pela moeda nacional valorizada artificialmente através do influxo de capitais de curto prazo atraidos pelo baixo risco e alta rentabilidade proporcionada pela SELIC. Um aberração no mundo civilizado que ajuda a distorcer o câmbio e prejudicar o setor produtivo. O resultado é que a tendência é começar a ter déficit em conta corrente para sustentar o crescimento do consumo interno, mas levando ao endividamento externo e maior fragilidade financeira frente ao mundo. Em uma crise mundial que vai acontecer isso pode ser fatal e criar tantos transtornos que não só aborta o ciclo de crescimento, como também, transforma as reservas em pó. Mesmo que o Brasil consiga internacionalizar o real o transformando em uma moeda forte, ainda sim está sujeito a crises cambiais, apesar de serem mais distantes e um alvo menos prioritário dos especuladores. Por exemplo, a Grã-Bretanha e outros países europeus como França entraram em crises cambiais na década de 1980 de forma frequente.

O endividamento do governo é o ponto chave para a sua capacidade de intervir com políticas anti-cíclicas quando eclode uma crise, ou seja, gastar mais e reduzir impostos. Porém se o governo continua se endividamento em tempos de prosperidade vai levar os tempos de crise a serem muito mais severos. Por que não tem como incentivar a economia e será obrigado a fazer um ajuste fiscal em tempo de crise. É o caminho para o inferno. Exemplo atual: Grécia. Ajuste fiscal se faz em tempos de crescimento econômico para gerar o mínimo de dor.

Agora, os caras do governo ignoram isso? É claro que não. O que o governo Lula faz agora é reduzir os gastos do governo propositalmente com o objetivo de reduzir a demanda interna e crescimento econômico por três razões. A primeira para dar fôlego para o governo intervir numa futura crise, além de ser um fator a menos de risco vistos como fragilidade para o ataque de especuladores. A segunda reduzir a demanda interna para reduzir a importação e a pressão por endividamento externo. Por fim convencer os caras do BC frente ao seu altismo que pode reduzir os juros que há perigo de inflação, mas também evitando que altas taxas de juros atraiam capital especulativo e distorçam a taxa de câmbio. Também pode adicionar a tentativa de aumentar o investimento, mas aí complica.

O que o próximo governo vai fazer? Seguir a cartilha. Essa vai ser a tocada nos próximos dois ou três anos se não houver nenhuma crise mundial. A busca é manter o crescimento ao longo dos anos de 4 a 5%. Não deixarão crescer mais que isso nos próximos anos para evitar as fragilidades. Depois só Deus sabe...




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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#891 Mensagem por Túlio » Qua Mai 26, 2010 7:51 pm

Tá, mas e a tendência, com tímidas incursões à Rússia e China, da internacionalização do real, com vistas a torná-lo moeda de reserva? Isso não faz diferença na questão da dívida/déficit externa(o)?




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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#892 Mensagem por Carlos Mathias » Qua Mai 26, 2010 7:52 pm

HEREGE! :x :roll: :mrgreen:




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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#893 Mensagem por Túlio » Qua Mai 26, 2010 7:57 pm

Sério, quero APRENDER, POWS!!!




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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#894 Mensagem por Carlos Mathias » Qua Mai 26, 2010 8:25 pm

Mas já ouvistes outras linhas de pensamento?




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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#895 Mensagem por Bourne » Qua Mai 26, 2010 8:38 pm

Carlos Mathias escreveu:Mas já ouvistes outras linhas de pensamento?
Pergunta para o pessoal do BC o que eles acham :mrgreen:




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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#896 Mensagem por Carlos Mathias » Qua Mai 26, 2010 8:50 pm

Sim, já ouvistes outras linhas de pensamento?

Se ouvíssemos todas as correntes, talvez a última crise não fosse tão grave, ou ao menos não tão grave.




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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#897 Mensagem por Bourne » Qua Mai 26, 2010 8:54 pm

Túlio escreveu:Tá, mas e a tendência, com tímidas incursões à Rússia e China, da internacionalização do real, com vistas a torná-lo moeda de reserva? Isso não faz diferença na questão da dívida/déficit externa(o)?
Todos os acordos para usar moedas nacionais nas transações entre dois países tem esse objetivo. Porém funciona para países grandes que desejam transformar as suas moedas também em reserva como é o caso da China, Rússia e outros. Por sinal, a China fechou um enorme investimento na Venezuela utilizando metade em dólares e metade em yuans. Quando é um país grande e outro nanico a tendência é que a moeda do grande seja também adotada como boa parte das reservas do país nanico.

A vantagens está em não precisar de moeda estrangeira para se prevenir de ataques especulativos, pois todos os pagamentos são feitos em moeda nacional que está sob o controle do Estado. Não vai faltar moeda para efetuar o pagamento. Assim, é possível encontrar crédito mais em conta e com maior prazo de pagamento para empresas e governo traduzidos em maior margem de manobra. Não quer dizer que não esteja sujeito a crises cambiais e ataques especulativos, mas está mais protegido.

Vai perguntar da cesta de moedas do BRIC? Pois é, não vai dar certo e dúvida que queiram por em prática. Por que se aderir perde o essencial de ter uma moeda de reserva: poder. Isto é, a capacidade de gerir a sua política macroeconômica como quiser sem dar satisfação a outros Estados. Além do mais ter uma moeda de reserva significa que os países que contraem empréstimos e são alvos da expansão de empresas nacionais ficam mais apegados e presos ao circulo de poder do país em questão.




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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#898 Mensagem por Bourne » Qua Mai 26, 2010 8:58 pm

Carlos Mathias escreveu:Sim, já ouvistes outras linhas de pensamento?

Se ouvíssemos todas as correntes, talvez a última crise não fosse tão grave, ou ao menos não tão grave.
É claro que conheço. Vamos resumir em três grandes visões sobre a crise:

I - Extremados marxistas. É o sinal do fim do capitalismo.

II - As crises são normais. O mundo está de pé. Vamos aguardar a próxima.

III - Os caras do BC. Se controlarmos a inflação tudo estará bem. O problema é que os burocratas não fazem as reformas e não deixam o mercado trabalhar.

Agora mistura os três e saem milhares de combinações.




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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#899 Mensagem por Túlio » Qua Mai 26, 2010 9:06 pm

Bourne escreveu:
Túlio escreveu:Tá, mas e a tendência, com tímidas incursões à Rússia e China, da internacionalização do real, com vistas a torná-lo moeda de reserva? Isso não faz diferença na questão da dívida/déficit externa(o)?
Todos os acordos para usar moedas nacionais nas transações entre dois países tem esse objetivo. Porém funciona para países grandes que desejam transformar as suas moedas também em reserva como é o caso da China, Rússia e outros. Por sinal, a China fechou um enorme investimento na Venezuela utilizando metade em dólares e metade em yuans. Quando é um país grande e outro nanico a tendência é que a moeda do grande seja também adotada como boa parte das reservas do país nanico.

A vantagens está em não precisar de moeda estrangeira para se prevenir de ataques especulativos, pois todos os pagamentos são feitos em moeda nacional que está sob o controle do Estado. Não vai faltar moeda para efetu :? 8-] ar o pagamento. Assim, é possível encontrar crédito mais em conta e com maior prazo de pagamento para empresas e governo traduzidos em maior margem de manobra. Não quer dizer que não esteja sujeito a crises cambiais e ataques especulativos, mas está mais protegido.

Vai perguntar da cesta de moedas do BRIC? Pois é, não vai dar certo e dúvida que queiram por em prática. Por que se aderir perde o essencial de ter uma moeda de reserva: poder. Isto é, a capacidade de gerir a sua política macroeconômica como quiser sem dar satisfação a outros Estados. Além do mais ter uma moeda de reserva significa que os países que contraem empréstimos e são alvos da expansão de empresas nacionais ficam mais apegados e presos ao circulo de poder do país em questão.

Uma moeda 'BRIC' seria então um novo Euro, pronto para estourar mais adiante? :? 8-]




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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

#900 Mensagem por Bourne » Qua Mai 26, 2010 9:10 pm

Túlio escreveu:Uma moeda 'BRIC' seria então um novo Euro, pronto para estourar mais adiante? :? 8-]
Não como o euro, mas pior por que são países muito mais diferentes do que os europeus e sem fortes laços. Na primeira desavença alguém vai agir por conta própria e implodir tudo. Por que os governantes tem compromisso com o próprio país e não como uma moeda ou manter uma taxa de câmbio fixa com outras moedas.




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