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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

Enviado: Qua Mai 30, 2012 8:24 pm
por Lord Nauta
Prezados Colegas,


Em face do modesto inicio do programa de recuperação do Poder Naval brasileiro, quanto aos meios de superfície, manifestado fisicamente através do PROSUPER começo a ficar apreensivo. Já caminhamos para o segundo semestre de 2012 e a decisão referente ao mesmo ainda não foi anunciada. Todos sabemos que após o anúncio do vencedor existe um tempo razoável de negociações técnicas e comerciais. Após este processo os novos meios começam então a serem construídos.Devido ao envelhecimento em bloco dos principais meios de escolta (Niterói e Type 22/I) e o nº de navios a serem obtidos não permitirem a substituição 1x1 e possível que por volta de 2023 iremos testemunhar a versão brasileira da Jeune École do almirante Théophile Aube. Talvez, espero, que a ''pressão'' do pré-sal possibilite uma velocidade maior na renovação da Esquadra.
Estou torcendo para que isto de fato aconteça.


Sds

Lord Nauta

Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

Enviado: Qua Mai 30, 2012 9:19 pm
por gral
Lord Nauta escreveu:Devido ao envelhecimento em bloco dos principais meios de escolta (Niterói e Type 22/I) e o nº de navios a serem obtidos não permitirem a substituição 1x1 e possível que por volta de 2023 iremos testemunhar a versão brasileira da Jeune École do almirante Théophile Aube.
Realmente espero que isto não aconteça.

Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

Enviado: Qua Mai 30, 2012 10:31 pm
por LeandroGCard
Lord Nauta escreveu:Prezados Colegas,


Em face do modesto inicio do programa de recuperação do Poder Naval brasileiro, quanto aos meios de superfície, manifestado fisicamente através do PROSUPER começo a ficar apreensivo. Já caminhamos para o segundo semestre de 2012 e a decisão referente ao mesmo ainda não foi anunciada. Todos sabemos que após o anúncio do vencedor existe um tempo razoável de negociações técnicas e comerciais. Após este processo os novos meios começam então a serem construídos.Devido ao envelhecimento em bloco dos principais meios de escolta (Niterói e Type 22/I) e o nº de navios a serem obtidos não permitirem a substituição 1x1 e possível que por volta de 2023 iremos testemunhar a versão brasileira da Jeune École do almirante Théophile Aube. Talvez, espero, que a ''pressão'' do pré-sal possibilite uma velocidade maior na renovação da Esquadra.
Estou torcendo para que isto de fato aconteça.


Sds

Lord Nauta
Para quem se interessar em avaliar o comentário do Lord mais profundamente.

http://www.mar.mil.br/egn/cepe/trabCurr ... Mattos.pdf


Leandro G. Card

Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

Enviado: Qui Mai 31, 2012 11:17 am
por Marino
Leandro e Lord, este é um trabalho acadêmico.
Na EGN, como nas demais escolas militares, os oficiais-alunos possuem total liberdade acadêmica para escreverem qualquer concepção que julguem conveniente.
Isto não quer dizer que a concepção seja correta para ser adotada pelo Brasil.
Em verdade, é o EMA o responsável pelos estudos, não acadêmicos, que nortearão a MB.
Lembremos-nos do esquecido tópico de estratégia quando ele nos mostrava que ao abandonarmos a disputa pelo controle do mar abandonávamos também todos os recursos, econômicos e militares, para a força oponente.
E isso para o Brasil significa abandonar 95% das exportações, toda a produção de petróleo no mar, as importações de insumos que necessitamos, etc.
Então, uma Jeune Ecole não é uma concepção estratégica válida para o Brasil, ela só aceleraria a nossa derrocada.

Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

Enviado: Qui Mai 31, 2012 11:23 am
por Marino
E para dar esperança das coisas andarem com mais celeridade, um post do Justin no fórum irmão:

Justin Case escreveu:Amigos,

Notícia recente:

http://noticias.terra.com.br/brasil/not ... o+PIB.html
SUMMIT-Brasil quer elevar gasto com defesa de 1,5% para 2% do PIB
30 de maio de 2012 • 20h02

Por Ana Flor e Jeferson Ribeiro

BRASÍLIA, 30 Mai (Reuters) - O Brasil pretende aumentar seus gastos na área de defesa dos cerca de 1,5 por cento atuais do Produto Interno Bruto para 2 por cento em até dez anos, afirmou nesta quarta-feira o ministro da Defesa.

O crescimento, segundo Celso Amorim, faz parte de um ajuste para que o Brasil se aproxime do investido por outros países dos Brics -que investem mais, em média 2,5 por cento do PIB.

"Temos que nos acostumar a olhar quais são os parâmetros de comparação. O Brasil é um país sul-americano, latino-americano... mas o Brasil também é um dos Brics e não pode se deixar de ver dessa maneira diante de um mundo em que nós ainda não conseguimos banir o conflito", disse Amorim em entrevista durante o Reuters Latin American Investment Summit.

O ministro acrescentou que o Brasil precisa se preparar para situações como "uma corrida por recursos naturais".

"Nós temos que estar preparados para reagir ou até dissuadir alguma tentativa de invasão no território nacional ou nos seus recursos", disse.

Para atingir a meta, entretanto, o governo precisará reverter o movimento dos anos recentes, em que o orçamento da pasta sofreu cortes. Em 2011, por exemplo, o orçamento para custeio e investimento da pasta foi 1,1 bilhão de reais inferior ao de 2010, somando 14,6 bilhões de reais.

Para 2012, o ministério prevê 13,2 bilhões de reais para custeio e investimento e tem uma promessa para elevar esse orçamento em mais 1,6 bilhões de reais. Esses valores desconsideram os gastos com a folha de pagamento, que consome a maior parte dos recursos destinados para a área de defesa.

Amorim argumentou que um aumento desse percentual de investimentos em defesa pode levar o país novamente à condição de exportador de material bélico.

"Já exportamos (no passado) muitos blindados, foguetes terra-terra e estamos desenvolvendo vários desses armamentos que podem ser exportados".

CADEADO NA PORTA

Os investimentos serão norteados pelo trabalho de um grupo que estuda as prioridades de Defesa brasileira. No topo da agenda, citou o ministro, está a compra de caças militares, em estudo desde o governo Fernando Henrique Cardoso.

Para Amorim, o tema já "está maduro para ser decidido" e reafirmou que a escolha pode ocorrer ainda neste semestre, mas depende da presidente Dilma Rousseff.

"Os caças estão aguardando uma decisão. É importante que essa decisão saia logo, porque é uma deficiência que já se faz notar", disse.

Questionado sobre a possibilidade dessa decisão ser adiada por conta das dificuldades econômicas mundiais e a menor taxa de crescimento brasileiro, o ministro descartou a possibilidade.

"Certas coisas são necessárias", ponderou.

"Você pode dizer: hoje eu estou ganhando menos, tenho que diminuir minhas despesas. Mas você vai deixar de ter um cadeado na porta? Acho que a gente não pode deixar de ter o cadeado na porta", argumentou.

Amorim disse que o Brasil ficou decepcionado com o cancelamento da licitação nos Estados Unidos para compra de aviões turbo-hélice de ataque ligeiro, mercado dominado pelos supertucanos construídos pela Embraer. Mas, segundo ele, isso não terá impacto direto na decisão sobre a compra dos caças.

O Brasil analisa as ofertas dos jatos Rafale, francês, Gripen NG, sueco, e F-18 Super Hornet, norte-americano.

"São quantias tão diferentes, que eu dar impressão que se eles comprarem da Embraer vai ter um impacto benigno, não sei. Um contrato é de 300 milhões (de dólares), outro é de 5 bilhões (de dólares), mais ou menos. Agora, obviamente nós ficamos decepcionados", salientou.

O ministro disse que autorizou, nos últimos dias, a compra de quatro lanchas colombianas que servirão para Exército e Marinha patrulharem os rios da Amazônia. O negócio é de 10 milhões de dólares e pode ser expandido nos próximos anos.

(Reportagem adicional de Esteban Israel e Paulo Prada)
Abraços,

Justin

Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

Enviado: Qui Mai 31, 2012 11:31 am
por LeandroGCard
Marino escreveu:Leandro e Lord, este é um trabalho acadêmico.
Na EGN, como nas demais escolas militares, os oficiais-alunos possuem total liberdade acadêmica para escreverem qualquer concepção que julguem conveniente.
Isto não quer dizer que a concepção seja correta para ser adotada pelo Brasil.
Em verdade, é o EMA o responsável pelos estudos, não acadêmicos, que nortearão a MB.
Lembremos-nos do esquecido tópico de estratégia quando ele nos mostrava que ao abandonarmos a disputa pelo controle do mar abandonávamos também todos os recursos, econômicos e militares, para a força oponente.
E isso para o Brasil significa abandonar 95% das exportações, toda a produção de petróleo no mar, as importações de insumos que necessitamos, etc.
Então, uma Jeune Ecole não é uma concepção estratégica válida para o Brasil, ela só aceleraria a nossa derrocada.
Olá Marino,

A própria apresentação do trabalho deixa claro que ele é apenas um estudo acadêmico do autor, que aliás nem toma o partido da Jeune École, apenas apresenta o que ela poderia ser se adaptada à realidade atual e ao contexto brasileiro. Mas no final ele deixa bem claro que estaríamos renunciando a muita coisa se esta visão fosse de fato adotada.

O interessante do trabalho é que ele explica o que é esta Jeune École, dá sua contextualização histórica e analisa os resultados que ela trouxe para a marinha francesa, que a adotou.


Leandro G. Card

Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

Enviado: Qui Mai 31, 2012 11:33 am
por Marino
Exato, e na primeira oportunidade a própria França abandonou a concepção.

Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

Enviado: Qui Mai 31, 2012 11:49 am
por Marino
Revista Forças de Defesa

POLÍTICA
O Brasil não pode deixar de ter pelo menos dois porta-aviões para sua defesa

Romulo Federici, consultor da revista Forças de Defesa, entrevistou Hugo Napoleão, deputado federal (PSD-PI) da Frente Parlamentar Super-Sub

Forças de Defesa – Prezado deputado Hugo Napoleão, o senhor poderia fazer um resumo da sua carreira política e de duas atividades?

Deputado Hugo Napoleão – Advogado militante, formado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica - PUC-RJ. Eleito Deputado Federal de 1975 a 1979 e de 1979 a 1983; Governador do Estado do Piauí entre os anos de 1983 e 1986; Senador com mandato de 1987 a 1995 e reeleito para o mandato de 1995 a 2001, quando assumi novamente o Governo do Piauí, até 31 de dezembro 2002. Passei por um período de 8 anos sem mandato, retornei à advocacia, contudo ainda continuei exercendo atividades políticas. Em 2011 fui eleito Deputado Federal do PSD pelo Piauí para mandato de 2011 a 2015.

Durante o período em que fui Senador, exerci o cargo de Ministro no Ministério da Cultura, Ministério da Educação e depois o Ministério das Comunicações.

Fui presidente regional e depois nacional do Partido da Frente Liberal – PFL, do qual fui um dos fundadores na eleição de Tancredo Neves, juntamente com Marco Maciel, Aureliano Chaves, Jorge Bornhausen, José Agripino e tantos outros. Fui durante sete anos líder do PFL no Senado Federal, o que correspondeu a sete dos oito anos do presidente Fernando Henrique Cardoso.

Sou membro da Academia Piauiense de Letras, com obras publicadas, inclusive “Educação e Democracia’’, um livro de contos, “O mundo admirável das comunicações”, “Fatos da História do Piauí” e muitos discursos parlamentares nas sessões da Câmara, Senado e sessões do Congresso Nacional.

Sou membro do Conselho de Economia, Ciência e Política da Federação do Comércio do Estado de São Paulo. Tenho, ainda, uma série de condecorações nacionais e estrangeiras.

FD – O que o levou a ter interesse pelo tema de construção naval militar no país?

Hugo Napoleão – Inicialmente, por causa de meu bisavô, Raimundo Nonato Pessegueiras do Amaral, que era da Marinha. Ele veio a ser o Chefe de Gabinete do Barão do Rio Branco no Ministério das Relações Exteriores durante todo o período em que o Barão exerceu o cargo de Ministro do Estado. Minha mãe gostava muito dele e me passou por herança umas abotoaduras em forma de âncora, que pertenciam a ele dos tempos de Marinha, inclusive elas estão comigo até hoje.

Tinha também meu primo, muito querido, Eduardo Antonio Martins do Rego, que era capitão de fragata e morreu em um acidente automobilístico no Rio de Janeiro. Lembro-me que ele trabalhara nas máquinas do NAeL Minas Gerais. Essas coisas foram se somando e apesar de serem questões familiares já me traziam certa simpatia pelas questões navais.

Hoje, sendo representante do Estado do Piauí, pretendo instituir uma Escola de Marinha Mercante no Estado, que apesar de possuir uma pequena faixa costeira, dispõe de posição geográfica estratégica, pois faz fronteira com o Maranhão, estado onde se estuda uma das alternativas para a Segunda Esquadra.

Essas situações me levam a acreditar no futuro promissor na área de Defesa Nacional, inclusive fiz parte da formulação da Estratégia de Defesa Nacional quando ainda Ministro.

FD – O senhor já teve oportunidade de visitar algum navio da Marinha?

Hugo Napoleão – Sim. Visitei o contratorpedeiro Piauí e muitas instalações militares no Rio de Janeiro, inclusive o então Ministério da Marinha que na época era sediado no Rio de Janeiro. Tive, ainda, o prazer de conhecer a Capitania dos Portos do Piauí.

FD – O quadro de pessoal da Marinha é composto por profissionais do mais alto nível, com treinamento de excelência, e apesar da relativa melhora nas últimas décadas e de reiterados discursos de autoridades, políticos, sobre seu reequipamento e modernização a Marinha ainda convive, assim como as outras Forças Armadas, com um estado constrangedor de penúria. Como teremos condições de construir uma estrutura militar à altura da representação internacional que o Brasil tem hoje?

Hugo Napoleão – Uma estrutura militar à altura da nossa representação internacional depende, em primeiro lugar, de uma percepção e vontade do Estado. É necessária a irrigação de recursos para pesquisa científica que é essencial ao programa militar.

A concentração de meios em centros de excelência, seguindo a tendência mundial de não dispersão, a preparação de especialistas no desenvolvimento da produção, a operação de equipamentos militares sofisticados, enfim, todos esses pontos estão intimamente associados à questão da disponibilidade de recursos orçamentários para alcançar esses fins.

A segurança da nossa população é o alto valor que temos a preservar e exige em contrapartida um dispêndio permanente e eficaz de recursos.

FD – Qual é o objetivo da criação da frente parlamentar Super-Sub na Câmara dos Deputados e como ela vai contribuir para reverter o quadro de sucateamento que aflige a nossa Marinha?

Hugo Napoleão – A Frente Parlamentar Super-Sub pela Construção Naval para a Defesa Nacional tem por objetivo a defesa desses quatro pontos abordados: estrutura militar, irrigação de recursos, concentração de meios em centros de excelência e preparação de especialistas.

Precisamos assegurar recursos orçamentários para pesquisa, fomento industrial, e programa de longo prazo para aquisição de material estratégico. A frente Super-Sub baseia-se na concepção de que a aquisição de equipamento naval para a Marinha do Brasil deve ser considerada um Programa de Estado e não de Governo, como ficou demonstrado através do Prosub.

O Congresso Nacional, em matéria de relações exteriores, não deve ser co-adjuvante, já que pela Constituição, a política externa é da competência privativa do Presidente da República, entretanto, isso não o exime de acompanhar e participar. Por isso constituímos a Frente Parlamentar Super-Sub, pela Construção Naval para Defesa Nacional.

Digo ainda, que em matéria de Defesa, não somos coadjuvantes, mas coparticipantes da Nacionalidade.

Quanto à sua indagação, a Marinha preparou o PAEMB (Plano de Articulação e Equipamento da Marinha do Brasil), do qual o Prosuper e o ProSub são etapas iniciais. O PAEMB prevê a construção, no período que vai de 2010 a 2030, de 60 a 70 navios de guerra, compreendendo submarinos convencionais, submarinos nucleares, navios-patrulha, fragatas, navios de multipropósito e porta-aviões.

Ressalte-se que a faixa oceânica brasileira é uma das maiores do mundo e o espaço do Atlântico Sul exige uma extensa e articulada frota interligada por uma bolha eletrônica de alta eficiência, para permitir a transmissão de comandos e dados de fonte terrestre, marítima e aérea. Isso tudo exigirá a concentração de um grande pólo naval, repetindo assim o conceito que nos levou a criar a Embraer.

O que é necessário é fazer uma nova esquadra dentro do “estado-da-arte” constante da tecnologia militar.

FD – Nos EUA costuma-se dizer que a primeira pergunta feita pelo presidente ao ser informado acerca de algum problema internacional é “onde está nosso porta-aviões mais próximo?”. Qual sua opinião sobre a posse de um ou dois porta-aviões pela Marinha do Brasil?

Hugo Napoleão – Com as dimensões da costa brasileira e os quadros complexos de desenvolvimento geopolítico, quer na América Latina, quer na África e nas proximidades da Antártida, o Brasil não pode deixar de ter pelo menos dois porta-aviões para assegurar a sua Defesa.

FD – O senhor já tem a informação sobre quando se dará a criação da 2ª Esquadra?

Hugo Napoleão – Em relação à 2ª Esquadra, a principal indagação é se ela ficará no Nordeste. Uma das alternativas estudadas é a Baía de São Marcos, no Maranhão, e é preciso justamente cuidar da Amazônia azul, e neste caso, o Maranhão seria a porta de entrada. Evidentemente que há alternativas em estudo, entretanto essa me parece extremamente adequada.

FD – Essa alternativa tem sido bem recebida?

Hugo Napoleão – O assunto não veio à baila ainda, sob o ponto de vista de grande imprensa. Porém, para as pessoas que estão lidando com o assunto, há uma concordância em que a situação é favorável.

FD – O que politicamente está sendo feito para que o projeto da 2ª esquadra saia do papel?

Hugo Napoleão – A frente parlamentar super-sub auxilia as gestões junto ao poder público com o intuito de dar apoio político para que a 2ª Esquadra saia o mais breve possível do papel.

FD – Em relação à Guerra das Malvinas, qual seria sua opinião sobre a soberania das ilhas?

Hugo Napoleão – A questão da soberania das ilhas é um tema que diz respeito aos dois países em conflito, porque ambos a reclamam.

De um lado a proximidade do território argentino e os efeitos do tratado de Montego Bay, que praticamente inter-relacionam as águas entre o continente e a ilha, de certa forma vão tratar os rumos necessários.

Agora, se de um lado há a proximidade alegada pela Argentina, de outro há a ocupação feita pelo Reino Unido que alega que a população está de acordo com a administração britânica.

O Brasil, quando do rompimento de relações entre a Argentina e o Reino Unido, passou a representar os interesses da Argentina e tem se mantido equidistante. Embora respeite o pensamento da Argentina em defender a posse sobre as Ilhas Malvinas, espera que este conflito seja resolvido pacificamente, pelas vias diplomáticas, nunca através de um conflito armado, como ocorreu no passado.

FD – Este impasse em relação às Malvinas demonstrou o total despreparo da Argentina, uma vez que bastou apenas o ataque de um submarino inglês para afugentar toda a Esquadra. Qual sua opinião sobre essa questão?

Hugo Napoleão – Os submarinos, na visão estratégica atual, são o que há de mais moderno e o que há de mais próximo de uma arma absoluta, quase perfeita. Por isso estamos pensando em 14 submarinos convencionais e 5 nucleares, sendo um número suficiente para defesa dos interesses brasileiros no Atlântico Sul.

É muito importante dizer que nós tencionamos resumir a nossa produção de submarinos em estaleiros nacionais, o que se caracterizaria pela transferência de tecnologia. Isso é fundamental e indispensável de acordo com nosso contexto.

Não há razão para compras de ocasião. Digo, ainda, que isso nos levará a um desenvolvimento 100% brasileiro.

FD – Hoje a Sociedade Brasileira está mais envolvida com as questões de Defesa Nacional e muitos discutem a estratégia e o reequipamento das Forças Armadas em sites especializados da Internet. Como o senhor vê esse maior envolvimento civil em questões militares?

Hugo Napoleão – Acredito que em um mundo globalizado, onde a Internet tem influência decisiva, não podemos deixar de considerar que os cidadãos participem mais intensamente das questões de Estado.

FD – O Ministério da Defesa tem uma das maiores fatias do orçamento da União, contudo a maior parte dos recursos é destinado ao pagamento de pessoal (ativos e inativos), e despesas de custeio, sobrando muito pouco para investimentos em novos equipamentos. Que solução vê para essa questão em longo prazo?

Hugo Napoleão – Essa é uma questão tanto da União quanto dos Estados. Há um crescente aumento nas folhas de pagamento, isso tudo é extremamente delicado. Essa questão de custeio assombrou os exércitos de todas as nações ocidentais, principalmente após a 2ª Grande Guerra. Para a redução desse problema precisamos aumentar a qualidade de nossos efetivos e não primar pela quantidade.

FD – Praticamente todos os anos o orçamento com Defesa sofre contingenciamentos e este ano não foi a exceção. Com isso as Forças Armadas têm sua operacionalidade afetada com essa falta de repasse dos recursos, o que consequentemente faz com que as compras de novos equipamentos sejam afetadas. O que os parlamentares podem fazer para minimizar o efeito dos contingenciamentos, cujo efeito mais dramático, sentido recentemente, foi o incêndio que destruiu a Estação Naval Brasileira na Antártica, erguida há mais de 30 anos?

Hugo Napoleão – Esse foi um desastre de proporções catastróficas, sobretudo porque estamos tratando de investimentos na área de pesquisa e é isso que o Brasil sobremodo necessita, sendo assim esse desastre é irreparável.

Vamos tentar, a partir do executivo, que demonstra vontade, tratar disso. O líder Guilherme Campos, do meu partido, o PSD, sugeriu que todos dispusessem parte dos seus orçamentos para destinar à reconstrução da Estação Naval.

Os contingenciamentos orçamentários são um instrumento, por vezes necessário, inclusive para saúde econômica do Estado, não limitado ao Brasil. Dada a natureza de planejamento de longo prazo das despesas militares, eses contingenciamentos produzem efeito de retardo, mas não de impedimento.

O importante é que se mantenha a regularidade no repasse dos recursos para programas que às vezes se estendem por décadas, como é o caso do PAEMB.

FD – Comenta-se que já ocorreu a disponibilização de recursos para compra de um Navio de Apoio, indispensável para manutenção da Esquadra no mar. O senhor teve conhecimento dessa informação?

Hugo Napoleão – O que houve mais recentemente foi a aquisição de três navios-patrulha, o que motivou um discurso meu em 12 de março no plenário da Câmara dos Deputados, estranhando que dentro de toda uma programação existente, nós estejamos adquirindo, como “compra de oportunidade”, três navios-patrulha, os chamados OPVs, produzidos por um grupo britânico.

Essa compra vai contra o sentido do programa do PAEMB, afinal esse não é o escopo do que nós queremos. O que desejamos não é adquirir equipamento de outros países, simplesmente por adquirir, pois tal situação acarretará em um desvirtuamento do todo o programa da Marinha do Brasil e não é isso que queremos. Buscamos propiciar conhecimento científico para a nossa gente, com a transferência de tecnologia para que o Brasil seja autossuficiente.

FD – Qual a mensagem final que o senhor gostaria de deixar aos nossos leitores?

Hugo Napoleão – Peço aos civis e militares que não se deixem dividir por incitações externas e conflitos entre essas duas partes essenciais da nacionalidade. O talento político brasileiro encontrou uma fórmula que nos permitiu evitar a decadência que ocorreu em muitas das Forças Armadas de países limítrofes. Há grandes interesses que promovem essa divisão, que passam muitas vezes despercebidos aos brasileiros de excelentes intenções. A moderação, sem injustiças, é um dos instrumentos para o soerguimento da Defesa Nacional.

O Brasil é hoje a sexta maior economia do mundo, depois de EUA, China, Japão, Alemanha e da França e em breve será a quinta. Mas ser a quinta maior economia não significa ser a quinta maior potência, porque aí dependemos de dois fatores. O primeiro é composto pelos índices sociais e educacionais, a questão do IDH, no qual estamos aquém do necessário e a questão também da distribuição espacial da riqueza, que embora tenha melhorado, ainda não conseguiu chegar a todos os níveis da população.

O segundo fator é que para sermos potência precisamos, além dos melhores índices sociais e econômicos, ter Forças Armadas adequadas e bem equipadas para a defesa e para manter a integridade de toda a comunidade nacional.Estamos com o Pré-Sal que precisa ter sua defesa garantida com uma Esquadra bem equipada e infelizmente ainda temos problemas com navios piratas em nossa costa, atacando navios mercantes, os quais precisam ser defendidos também.Nada será feito sem uma Marinha bem instrumentalizada, uma Força Aérea que possa eficientemente cobrir o território nacional e de um Exército bem preparado e equipado.

As Forças Armadas brasileiras precisam ser respeitadas e estimuladas pela opinião pública brasileira.

Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

Enviado: Qui Mai 31, 2012 1:42 pm
por Lord Nauta
Prezados Amigos,


Grato pela atenção ao tópico em que faço referencias a Jeune École. Estudei esta concepção estratégica a cerca de 20 anos atrás. Caso a mesma fosse adotada no Brasil seria de fato uma renúncia a riquezas incalculáveis. Entretanto ao projetarmos a MB em 2025 com base nos programas em andamento veremos uma predominância de navios auxiliares, navios de patrulha e submarinos e uns poucos navios de superfície com real valor militar. Esta composição prevista e muito similar ao propugnado pelo almirante Théofhile Aube para a Marinha francesa em um momento de transição e de poucos recursos orçamentários. Apesar das noticias de aumento de investimentos para as FAA's ( de 1,5 para 2,0% do PIB...em dez anos ) e muito difícil vislumbrar, até por questões históricas e estruturais (já comentadas anteriormente) um rápido avanço na modernização e ampliação de nossas forças singulares, uma vez que a carência em todas e generalizada.

Sds


Lord Nauta

Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

Enviado: Qui Mai 31, 2012 3:50 pm
por FCarvalho
Marino escreveu:E para dar esperança das coisas andarem com mais celeridade, um post do Justin no fórum irmão:

Justin Case escreveu:Amigos,

Notícia recente:

http://noticias.terra.com.br/brasil/not ... o+PIB.html
Isso é uma piada, não? Se é uma piada, além de péssimo gosto, diria, duvidoso até, é absurdamente sem graça. Aliás, é patético e não tem graça nenhuma. :?

Antes, é risível a argumentação do MD quanto ao tema recursos. Nada que contribua objetivamente para modificar o status quo. Pelo contrário.

abs.

Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

Enviado: Qui Mai 31, 2012 4:10 pm
por Lord Nauta
FCarvalho escreveu:
Marino escreveu:E para dar esperança das coisas andarem com mais celeridade, um post do Justin no fórum irmão:

Isso é uma piada, não? Se é uma piada, além de péssimo gosto, diria, duvidoso até, é absurdamente sem graça. Aliás, é patético e não tem graça nenhuma. :?

Antes, é risível a argumentação do MD quanto ao tema recursos. Nada que contribua objetivamente para modificar o status quo. Pelo contrário.

abs.

Além do aumento proposto ser ridículo e sempre bom lembrar que ao contrario dos outros ministérios os pagamentos de soldos,pensões...etc, estão incluídos no total do orçamento do MD.
Discurso vazio para plateias desinformadas. :evil:

Sds


Lord Nauta

Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

Enviado: Qui Mai 31, 2012 4:26 pm
por Andre Correa
Eu ainda acredito que, com todo respeito a pessoa do sr Ministro Celso Amorim, ele foi unicamente nomeado para Ministro da Defesa para quebrar o gelo e "sossegar o leão"... ou seja, para acabar com a liberdade de críticas da época do sr Nelson Jobim, e deixar as FFAA's de molho, o maior tempo possível...

Já não apreciava o trabalho dele no Ministério anterior, e acredito que está a sair-se pior ainda na Defesa.

Bom, essa é a minha opinião. 8-]

[009]

Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

Enviado: Qui Mai 31, 2012 4:36 pm
por saullo
Esse discurso vazio para plateias desinformadas, como o Lord Nauta postou, tem sido visto com muita frequencia ultimamente.
Se faz o discurso, o plano, o projeto e depois pouco sai do papel.
O governo do Brasil em geral faz planos e projetos de montão e realiza quase nada perto das necessidades.
Pois vamos lá a alguns exemplos:
4 SSD e 1 SSN até 2025...tempo à beça.
50 helicópteros de transporte para 3 forças...
2000 VBTP-MR em mais de 20 anos...de novo tempo demais.
28 KC-390...esse sai porque tera funções de transporte e transporte envolve a população carente, índios e urnas de votação.

Por outro lado:
E os caças ?
E os RCB sem carros de combate realmente operacionais ?
E os escoltas em número decente ?
E os aviões do PA ? 12 A-4 é quase piada...
E os helicópteros ASW ? Porque 6 MH-60 encomendados até agora é pouco.

Enfim, tem mais coisas, mas o destaque é que para acertar o passo, precisa-se de muito gasto e esse aumento de 0,5 % do PIB em 10 anos, cai em mais mesmo...é pouco em muito tempo.

Abraços

Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

Enviado: Qui Mai 31, 2012 4:36 pm
por saullo
Esse discurso vazio para plateias desinformadas, como o Lord Nauta postou, tem sido visto com muita frequencia ultimamente.
Se faz o discurso, o plano, o projeto e depois pouco sai do papel.
O governo do Brasil em geral faz planos e projetos de montão e realiza quase nada perto das necessidades.
Pois vamos lá a alguns exemplos:
4 SSD e 1 SSN até 2025...tempo à beça.
50 helicópteros de transporte para 3 forças...
2000 VBTP-MR em mais de 20 anos...de novo tempo demais.
28 KC-390...esse sai porque tera funções de transporte e transporte envolve a população carente, índios e urnas de votação.

Por outro lado:
E os caças ?
E os RCB sem carros de combate realmente operacionais ?
E os escoltas em número decente ?
E os aviões do PA ? 12 A-4 é quase piada...
E os helicópteros ASW ? Porque 6 MH-60 encomendados até agora é pouco.

Enfim, tem mais coisas, mas o destaque é que para acertar o passo, precisa-se de muito gasto e esse aumento de 0,5 % do PIB em 10 anos, cai em mais mesmo...é pouco em muito tempo.

Abraços

Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

Enviado: Qui Mai 31, 2012 4:40 pm
por Gerson Victorio
Realmente...tá tudo parado...