Re: Mundo Árabe em Ebulição
Enviado: Sáb Abr 02, 2016 4:26 pm
Para não passar em branco:
Quênia vai homenagear professor muçulmano que morreu para proteger cristãos
Fonte: Guiame.com.br, com informações de Christian Today - abril 2, 2016
Salah Farah, um professor de escola muçulmano do Quênia que morreu após proteger cristãos quando terroristas islâmicos invadiram um ônibus, será homenageado postumamente pelo governo do país.
Farah, coordenador de uma escola na cidade de Mandera, estava voltando de ônibus para sua cidade em 21 de dezembro após uma viagem à Nairóbi, capital do país. Extremistas religiosos do grupo Al-Shabab pararam o ônibus no caminho. Eles mandaram que os cristãos e os muçulmanos se separassem. Soldados do grupo em geral poupam os muçulmanos em ataques, matando os cristãos.
O professor e outros muçulmanos no ônibus se recusaram, com Farah dizendo que “somos todos quenianos. Ou mata todos ou não mata ninguém”. Ele foi baleado, morrendo no hospital um mês depois durante uma cirurgia para retirar estilhaços que ameaçavam sua vida.
“Somos irmãos. A religião é a única diferença. É por isso que eu peço aos meus irmãos muçulmanos que cuidem dos cristãos, para que eles também cuidem de nós. Assim viveremos em paz, juntos”, disse ele em entrevista à imprensa local quando ainda estava internado.
O presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta, anunciou ao parlamento nesta quinta-feira que Salah receberá postumamente a Ordem do Grande Guerreiro, uma das mais altas condecorações do país.
“Sim, nós somos os guardiões de nossos irmãos. Eu saúdo e peço a homenagem de vocês a Salah Farah”, disse ele aos deputados, citando o Velho Testamento.
Segundo Rasheed Farah, imrão de Salah, o presidente ligou para a família na quinta-feira para perguntar como estão os cinco filhos de Salah.
“Ele disse para eu não me preocupar, que o governo vai ajudar as crianças. Prometeu visitar a cidade para conhece-los. Eu fico muito feliz com as homenagens. As pessoas precisam ser lembradas que somos um povo só”, disse ele à imprensa local.
Em 2011, o Quênia enviou tropas para manter a paz na Somália, em guerra civil desde a década de 90. O objetivo era impedir que o conflito se expandisse para o norte do país, onde os muçulmanos são maioria. Tropas do grupo Al-Shabab se opõem à intervenção, e atacam o Quênia desde então. Há um ano, o grupo matou 148 pessoas em uma universidade no país.
Leandro G. CardMuçulmanos protegem cristãos de ataque terrorista
Reuters, 01 abril 2016
"Demos a alguns dos não-muçulmanos a nossa roupa religiosa para vestirem. Eles ameaçaram matar-nos mas recusámo-nos a ajudá-los"
Atacantes do grupo terrorista Al-Shabab cravejaram de balas um autocarro queniano esta segunda-feira, matando duas pessoas. Mas um passageiro contou à Reuters que ele e outros muçulmanos desafiaram as exigências dos atacantes de ajudar a identificar os cristãos que viajam com eles.
O ataque aconteceu em Mandera, no nordeste do Quénia. Há um ano, atacantes da Al-Shabab entraram num autocarro nesta zona e mataram todos os 28 passageiros que não eram muçulmanos.
Abdi Mohamud Abdi, um muçulmano que estava no autocarro atacado esta segunda-feira, disse à agência Reuters que mais de 10 atacantes da Al-Shabab entraram no autocarro, e ordenaram aos passageiros muçulmanos que se separassem dos cristãos, mas eles recusaram. "Até demos a alguns dos não-muçulmanos a nossa roupa religiosa para vestirem no autocarro para não serem tão facilmente identificados. Ficámos todos muito juntos", disse.
"Os atacantes ameaçaram matar-nos, mas nós recusámos [ajudá-los] e protegemos os nossos irmãos e irmãs. Finalmente desistiram e foram embora, mas avisaram que voltariam", contou o passageiro à Reuters.
"Al-Shabab só ataca cristãos dos países que invadiram a Somália"
Em ataques anteriores, a Al-Shabab, grupo terrorista islamita com base na vizinha Somália, já matou muçulmanos juntamente com pessoas de outras religiões.
Um representante das autoridades locais confirmou à Reuters que os atacantes "estavam a tentar identificar quem era muçulmano e quem não era", mas os passageiros muçulmanos recusaram-se a ajudar. Os atacantes fugiram do local.
Quénia bombardeia Al-Shabab para vingar ataque a universidade
O porta-voz do grupo terrorista Al-Shabab, Absiasis Abu Musab, disse num comunicado enviado à agência Reuters que o grupo tinha disparado contra o autocarro. "Alguns dos inimigos cristãos morreram e outros ficaram feridos". De acordo com a polícia queniana, registaram-se dois mortos e quatro feridos.
A Al-Shabab declarou que ia continuar a atacar o Quénia até que Nairobi retire as tropas da força da União Africana que combatem os terroristas na Somália. Acrescentou que o nordeste do Quénia, onde ocorreu o ataque, deveria pertencer à Somália.