Concordo consigo, DELTA22. A atitude americana de nem ao menos considerar as negociações entre Brasil, Turquia e Irã coloca sob supeita todo o TNP (coisa que já deveria estar sob supeita desde o momento em que o artigo 6º não foi cumprido, ou seja, nunca!), mas creio que tanto Rússia quanto a China estão esperando a carta do Irã à AIEA (prazo de uma semana após o acordo) pois por enquanto o que os americanos têm são apenas esboços para uma possível sanção.DELTA22 escreveu:Acho que devemos começar a ver estes fatos por outro ângulo. Acho importante entendermos que esta reação americana acaba de abrir espaço para que todos os países signatários do TNP o coloque, no mínimo, sob observação. Se não vejamos: se um país acusado de não estar cumprindo o acordo por não flexibilizar posição em uma questão que o próprio tratado permite que seja feito (enriquecimento à 20%), o que não lhe condena legalmente, e este país se permite abrir para uma hipotetica negociação que levaria talvez à renúncia (ou revisão de objetivos) desse direito soberano e tem mesmo assim seu "gesto" colocado sob suspeita, recebendo em troca sanções, o que pensarão os outros países signatários que possuem tecnologia nuclear em nível similar se não perguntar ""serei eu a próxima vítima?""??? Contam-se nos dedos de uma mão quem tem tecnologia de enriquecimento e não possui a bomba.
Como entender o movimento americano? Na minha opinião de leigo (não sou militar nem nunca fui, não faço parte do governo, não sou da ABIN, nada dessas coisas...), as sanções que querem impor os EUA via ONU, tem por objetivo causar problemas internos no Irã, que desestabilizariam o governo interno, apressando sua caída. Essa é uma tentativa antiga de Washington desde que se instalou naquele país o regime dos Aiatolás. Penso ser muito inocente acreditar que o interesse neste assunto seja apenas uma questão nuclear. Os serviços secretos sabem que o Irã está longe da bomba. O que não é divulgado, intencionalmente ou não, é que a AIEA está no Irã fazendo suas inspeções de rotina e sabem tudo o que se passa por lá. É só ler os relatórios da Agência, não há ressalvas quanto às inspeções das instalações naquele país.
Li aqui, um texto que diz que usinas de urânio natural não são inspecionadas, e que por este caminho é que segue a bomba do Irã. Bem, há controversas. Todo o programa nuclear argentino é baseado em urânio natural e está sob regulação da AIEA. Reatores HWR e CANDU produzem sim plutonio, porém não se pode acusar um país de estar fabricando uma bomba só por possuí-los, caso da Argentina por exemplo. Acho que a análise foi vaga, e sinceramente, é difícil acreditar que alguém esteja repassando informações de serviços secretos e/ou teve acesso irrestrito à estes, para poder afirmar tais coisas.
É preciso compreender que o Brasil não está defendendo o Irã. Está defendendo a si próprio. As mesma acusações sobre a questão nuclear que estão sendo feitas ao Irã poderiam perfeitamente serem feitas ao Brasil. No entanto, o Irã é a "bola da vez" por uma questão estratégica dos EUA. Quando aquela região não for mais "interessante", para onde virarão as "canhoneiras"?? Acho que deixar abrir precedente neste caso é colocar o Brasil na rota de colisão.
[]'s a todos.
Aguardemos os próximos dias. Se o Irã seguir adiante com a carta à AIEA e dependendo do conteúdo desta, talvez Rússia e China inibam as pretensões americanas lá no CS, TALVEZ.