Fórum Defesa Brasil

Na LOA 2024, o orçamento para o Programa Gripen teve uma variação de apenas 1,2% em relação à 2023 (R$1.358 milhões 2024 x R$1.375 milhões de 2023). Representa tão pouco que deve ser devido a variação cambial.

E aquele escambo com os suecos? Gripens por KC390, deu ruim?!


Abraços,

Wesley

Não sei. Deve estar em discussão. Essas coisas nunca são rápidas, até pelo fato de se tratar entre 12 e 16 Gripens e em 2027 estarão entregando 11 unidades para nós da encomenda atual. Um novo lote seria de entregas para 2028 em diante.

Quantos Gripen E a linha de montagem da Embraer pode entregar por ano?
A depender destes números, também, o negócio pode caber na temporalidade do contrato atual.
Mas eu duvido que se consiga inserir mais unidades até 2027 se o orçamento da FAB não mudar junto com o contrato.
E entregas depois de 2027 vão no mínimo atrapalhar o planejamento de um segundo lote dos caças.
Problema para SAAB e Embraer resolverem com os governos e forças aéreas de seus países.

Com a FAB alardeando um segundo lote de Gripen E\F há anos - e tendo agora em vista uma possível opção de mais caças ao segundo lote - visto que os 36 atuais não garantem as necessidades da defesa aérea do país, surgem especulações sobre se operar um único vetor de caça seria o ideal ao Brasil, uma vez que se criaria uma dependência muito grande e de longo prazo com os suecos, que estão prestes a entrar oficialmente para a OTAN, o que pode, ou não, sugerir mudanças de comportamento nos padrões comerciais, políticos, industriais, tecnológicos e diplomáticos daquele país em relação a negócios de material de defesa.

Sabe-se que a FAB mantém em seu planejamento estratégico operar um caça de 5a G de preferência made in Embraer e\ou com parcerias externas. Mas sabe-se também que o país não tem tradição de manter e custear os projetos da Defesa, o que ameaça este projeto ou de nunca sair do papel, ou de nunca chegar a termo; ou acabar levando anos a fio para ser terminado, e quando o for, já estar ultrapassado. Já vimos este filme muitas vezes antes.

A SAAB tem feito diversos acordos com a Embraer em diversos campos tecnológicos, e ao que parece ambas empresas parecem estar muito satisfeitas uma com a outra no que diz respeito ao projeto Gripen E\F. Naturalmente os suecos são candidatíssimos a continuar esta parceria para um possível caça de 5a G, o qual também está nos planos suecos para a próxima década.

Eles tem estudos que remontam ao começo do séc XXI sobre as tecnologias de 5a G através do projeto FS2020, e o governo sueco já se comprometeu com investimentos junto à SAAB para iniciar os estudos de um possível caça sueco de próxima geração. O quanto a Embraer pode ou não estar envolvida nestes estudos não se sabe. E as empresas não falam sobre o assunto. O plano sueco é substituir os antigos Gripen C\D a partir de 2035 quando se espera serem retirados de serviço.

Bom, projetar, desenvolver, fazer voar e operacionalizar um caça exige esforços de no mínimo uma década, vide o Gripen E\F, o que por si já deixa os políticos tupiniquins ressabiados pelo fato de não poderem eventualmente tirar vantagem disso, o que não acontece na politica sueca, ou se acontece, com certeza é com bem menos frequência do que no Brasil. Assim, a decisão por aderir ou não ao projeto sueco de 5a G passa a ser uma diretiva decisória da FAB até 2025, se realmente quisermos ter parte nele ainda na próxima década em conjunto com os suecos.

Por outro lado, esta decisão não é, e não pode ser, puramente do alto comando da FAB, mas antes de tudo tem de ser e é Política(com P maiúsculo mesmo), nos mais altos escalões. E aí entra a figura do MD, MRE, MICD, MCTI, MF e MPlanj, BIDS, ABIMDE, AIAB, SIMDE e todos que direta ou indiretamente tem interesse no processo. É, e deve ser, uma decisão conjunta e, principalmente, de Estado. O que é raro e muito complicado no Brasil.

As entregas do Gripen E\F podem se estender até o começo dos anos 2030 caso a FAB\Governo converta as opções do contrato de 2014 para mais 14 a 16 caças, o que sugere duas linhas de ação: uma a entrega ainda dentro do cronograma atual, que depende estritamente de um orçamento cada vez mais insolvente da FAB, ou de novo cronograma pós 2027, e que a depender da disponibilidade de verbas, tende a se esticar até os anos 2030 eventualmente, vide o atual ritmo de entregas. Isto de uma forma ou outra implicará no planejamento de um novo lote\contrato, que a depender de quantas unidades sejam adquiridas poderá se alongar mesmo pela década de 2030 por inteira. Neste caso, é duvidoso que qualquer governo admita falar em um novo caça para a FAB enquanto ela ainda recebe a conta gotas os Gripen E\F.

Talvez seja o caso de se pensar, o que creio é a realidade vista no estado maior da FAB de um caça de 5a G somente para a década de 2040. E mesmo assim, vamos precisar de argumentos mais que convincentes para fazer o governo de plantão dispor de verbas para investimento nele. Aliás, se for o caso de receber tal caça a partir do início de 2040, vamos nos obrigar a uma decisão e investimentos já no começo da próxima, quando ainda vamos estar recebendo o Gripen, e pior, pagando as parcelas da sua aquisição, que são de longuíssimo prazo.

A FAB já recebeu, e ainda recebe, propostas de outros países\empresas para seus projetos de 5a G, mas que obviamente ficam apenas no campo dos estudos e análise, dado o compromisso com o caça sueco, pelo menos, nos próximos 30 anos.

Mesmo assim, com tudo o que se falou até aqui, será mesmo que operar um único caça e por a defesa aérea do país nas mãos também de um único fornecedor é de fato ideal para a FAB, em um mundo cada vez mais conturbado e envolto em conflitos de interesses, e quiçá embates diretos entre si?

Se quisermos uma resposta e nos anteciparmos aos acontecimentos, melhor começar agora a pensar sobre estas questões. Depois pode ser tarde demais para eventuais respostas de ocasião e\ou oportunidade como é praxe na Defesa do Brasil. Elas podem simplesmente não existir.

Trecho da entrevista do Comandante da FAB publicada hoje no O Globo:

Qual seria esta outra Aeronave? Será que ainda pensam no Gripen Naval?

Acredito que seja o F-16. Da FAB, do ano passado:
(mas deixo claro que não gosto dessa alternativa)

A alternativa tem que ser UCAV, que fiquemos apenas com 36 aeronaves. Adquirir F-16 seria o cúmulo da imbecilidade, tem nem como mensurar o quão imbecil seria esse negócio, seria comparável ao EB adquirir Leo 1A5 ao invés de Leo 2.

Se realmente querem algo tripulado e como a Coréia do Sul está adquirindo KC-390, considerando que cabe mais um lote do mesmo valor ou maior, peguem aquele semi-furtivo lá, na versão de baia interna e fecha a conta. Só ver os valores que estão negociando o F-16V, é capaz de ser mais caro ainda que o KF-X.

gabriel219 escreveu: ↑Seg Fev 12, 2024 9:51 am A alternativa tem que ser UCAV, que fiquemos apenas com 36 aeronaves. Adquirir F-16 seria o cúmulo da imbecilidade, tem nem como mensurar o quão imbecil seria esse negócio, seria comparável ao EB adquirir Leo 1A5 ao invés de Leo 2.

Se realmente querem algo tripulado e como a Coréia do Sul está adquirindo KC-390, considerando que cabe mais um lote do mesmo valor ou maior, peguem aquele semi-furtivo lá, na versão de baia interna e fecha a conta. Só ver os valores que estão negociando o F-16V, é capaz de ser mais caro ainda que o KF-X.

Não seria um caça nacional semelhante a um F-16? De qualquer maneira mesmo que nacional ainda sim, seria burrice!!!

Não que os caças estejam sendo substitutidos por UCAV, os MIg 31 continuam super úteis na Ucrânia, mas um novo caça precisa ser totalmente diferente dos Gripens!!

knigh7 escreveu: ↑Seg Fev 12, 2024 9:46 am Acredito que seja o F-16. Da FAB, do ano passado:
(mas deixo claro que não gosto dessa alternativa)

SE o desejo da FAB é que seja Made in USA, que seja o FA-18 E/F. Pelo menos as turbinas teriam alguma comunalidade com os Gripens.

F-16 não faz o menor sentido.


Abraços,

Wesley

Parece que o tempo fechou geral para os suecos na FAB. E eles não estão conseguindo desanuviar a cabeça do alto comando.

O fato do país deixar de ser um dos raros na Europa não alinhados deu alguma segurança aos brigadeiros no sentido de investir no projeto do Gripen E\F. Mas isto mudou completamente com a entrada deles na OTAN, porque, querendo ou não, isto irá modificar completamente não apenas a política externa, como, e principalmente, a defesa sueca. Com impactos diretos no Gripen E\F.

O que antes era visto como uma espécie de seguro neste programa, subiu em cima do muro e está sob avaliação agora em termos de segurança do projeto em si para o longo prazo.

Voltamos à pergunta do meu post acima. Será que apostar em um único caça para toda a defesa aérea do país é de fato a melhor solução?

Pela resposta da entrevista do cmte da FAB, parece que não.

Em todo caso, acho que a velocidade com que vários projetos de caças de 5a G tem aparecido e se tornarão vetores concretos no mercado em menos de 10 anos, faz pensar que a adoção no curto prazo seja uma alternativa posta na mesa. E temos várias opções entre os modelos que pretendem estar disputando o mercado mundial. E a FAB, presume-se, deve buscar um negócio parecido com o gerou o Gripen E\F, de forma a manter-se a linha de raciocínio do seu programa estratégico.

Não deixa de ser uma busca interessante se feita desde já, pois tende a por os suecos sob pressão no sentido de manter a sua parceira com a FAB e Embraer no Gripen E\F e em projetos futuros, com óbvias implicações nas questões orçamentárias e financeiras para nós.

A ver o que a FAB pode estar, ou não, procurando lá fora neste momento.

Pode ser um segundo lote de Gripem, e outra parte uma outra aeronave

Uma outra aeronave que a FAB pode estar pensando. Lift fazendo o papel de caça de segunda linha não é nenhuma novidade.
E os suecos estão produzindo partes e peças do T-7 para a Boeing.
Um vetor com pelo menos 350 unidades já garantidas na linha de produção.
Os suecos irão substituir os SAAB SK-105 de treinamento avançado até o final desta década. E a tendência parece ser adotar os treinador da Boeing, por motivos óbvios.
O T-7 pode ser nacionalizado por aqui e ainda receber vários inputs do próprio Gripen E\F. Para a FAB isso seria muito importante em termos de custos e manutenção.
A turbina é basicamente a mesma do Gripen C\D, o que já conta pontos a favor dele.
Armar este vetor é só questão de tempo, com a Boeing já falando em uma versão de caça leve monoposto\biposto dele.
A ver.

Notar que o cmte da FAB não fala em um outro caça, mas em outra aeronave.
Isto abre um leque relativamente grande de interpretações já que o negócio seria com os suecos.
Neste sentido, uma outra aeronave também pode ser isto aqui:



Os E\R-99 não vão durar para sempre. E a vida das células atuais vai até mais 15 anos, se muito.

Não é certeza ou confirmação, mas o imbróglio na fronteira com a Venezuela e Guiana pegou todos os cmtes de surpresa, e ao que parece, está todo mundo agora preocupado em não ser visto, e nem pego novamente, com as calças nas mãos.

Alguns projetos podem ser adiantados e outros revistos em suas prioridades e cronogramas.

Um que a realidade não faz com o serviço público.